sexta-feira, 13 de abril de 2007

SÓCRATES NÃO É UM POLÍTICO iPod

José Sócrates pode ter ganho o embate televisivo. E os seus argumentos podem ter, isoladamente, convencido. Mas, claramente, perdeu em dois outros terrenos. Supôs que quanto mais tempo mediasse entre a dúvida e a resposta, mais a questão pareceria uma flor sem água e acabaria por secar. Enganou-se: a dúvida era um cacto e não precisava de muita água para a ir regando.

Depois mostrou que, por mais seduzido pela Internet que o Governo seja, ainda não percebeu as implicações deste novo meio em termos de corrosão de uma imagem e da sua imagem.

Na idade da tecnologia mediática, o papel dos meios de comunicação tradicionais são importantes, mas os novos meios atingem as novas elites sociais e todos os que num PC encontram uma arma impossível de controlar. Os blogues são os agentes secretos de hoje.
Que fazem com que uma mensagem cresça como uma onda gigante e seja impossível de surfar nela.
A geração iPod tem mais poder nas suas mãos. Inclusivamente o de uma nova democracia que se esvai entre os dedos do Estado e das multinacionais.

O Governo, no futuro, vai ter de gerir mais o que as pessoas querem realizar, do que dizer o que elas devem fazer. Assim, o poder não se esgota nos media tradicionais. Gordon Brown, futuro primeiro-ministro britânico, dizia há dias: I’ve got a iPod and I know how to use it.

Foi isso que Sócrates não percebeu.
Talvez tenha ganho o debate.
Perdeu o longo debate de erosão da sua imagem na Internet.
Sócrates não é um político iPod.


F.S.

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3 Comments:

At 13 de abril de 2007 às 21:16, Anonymous Anónimo said...

Documento entregue à Câmara da Covilhã não coincide com o apresentado na RTP
Certificados de Sócrates com notas e datas diferentes


Um certificado de habilitações de José Sócrates, cujo original está na posse da Câmara Municipal da Covilhã, não coincide com o certificado que consta do seu dossier de aluno na Universidade Independente (UnI) e que foi revelado na RTP, na quarta-feira, pelo próprio primeiro-ministro.

Esse documento, a que o PÚBLICO teve acesso, apresenta seis notas divergentes com as que surgem no certificado que José Sócrates mostrou na Grande Entrevista, e que é igual ao que o PÚBLICO consultou na UnI.

Acresce que também as datas não coincidem. No certificado da Covilhã – emitido a 26 de Agosto de 1996 e que teve por objectivo a reclassificação de José Sócrates enquanto funcionário do quadro daquela autarquia – é referido que o então secretário de Estado Adjunto do Ambiente “concluiu” a licenciatura a 8 de Agosto de 1996.

Por sua vez, no certificado da UnI, emitido a 17 de Junho de 2003, lê-se que a conclusão do curso ocorreu a 8 de Setembro de 1996 – ou seja um mês depois da data indicada no outro documento.

Na entrevista concedida à RTP, o primeiro-ministro validou esta data como sendo a correcta. Contactado pela TVI, o gabinete de José Sócrates admitiu, contudo, que o primeiro-ministro possa ter sido induzido em erro, tendo por base o último certificado da Independente. E que a data correcta para o termo da licenciatura é mesmo a do certificado que foi enviado para a Covilhã.

Há, contudo, neste documento outros dados que não estão de acordo com os certificados dos três estabelecimentos de ensino por onde Sócrates passou: o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), e a UnI.

Comparando os três documentos, resulta que o certificado da Covilhã dá como tendo sido feitas na UnI duas cadeiras – Computação Numérica, do 2º ano, e Investigação Operacional, do 3º – que foram sim concluídas no ISEC e no ISEL.

A cadeira de Computação Numérica tem ainda outro problema: ao contrário do que lá está registado, a nota final não foi de 14 valores mas sim de 15 (valor que se mantém correcto no certificado final da licenciatura, inserido no dossier de aluno de Sócrates na UnI).

A discrepância de notas repete-se em mais cinco cadeiras: a Mecânica dos Fluidos surge a nota 13, quando no certificado da UnI a avaliação é de 11; a Análise de Estruturas a nota é 18, sobe um ponto; a Betão Armado e Pré-Esforçado registam-se 17 valores, menos um ponto do que no certificado da UnI; a Geologia Aplicada a nota é 16, mais um ponto; e a Projecto e Dissertação a avaliação é de 17, menos um ponto.

As notas agora reveladas pelo certificado enviado para a Câmara Municipal da Covilhã correspondem às notas inscritas numa folha, apresentada como pauta ao PÚBLICO, que faz parte do dossier de aluno de José Sócrates. Na primeira investigação publicada sobre o caso neste jornal, no dia 22 de Março, já se dava conta das divergências de notas registadas nessa pauta e no certificado de habilitações que também constava do processo.

Ricardo Dias Felner
In:PÚBLICO

 
At 13 de abril de 2007 às 23:54, Anonymous Anónimo said...

O exemplo de Sócrates
José Sócrates faz parte daquela geração que já “nasceu para a política”. A política (no PSD ou, depois, sob o patrocínio de Guterres) foi desde o princípio a sua única a e autêntica carreira. O resto, a educação formal entrou por hábito, tal vez por prudência e manifestamente pela necessidade de estatuto “respeitável”, que a política hoje não dispensa. É hipócrita dizer, como se disse e ele próprio disse, que Portugal aceitaria sem reagir um primeiro-ministro com o secundário ou até com o título obscuro de “engenheiro técnico”. Não aceitaria. E Sócrates, como é natural, tentou arranjar uma licenciatura para o que desse e viesse. Não o preocupou muito (e porque haveria de o preocupar?) se o ISEL e a Universidade Independente lhe dariam péssima ou excelente formação profissional, para o que ele queria da vida, só interessava o papel.

Não lhe ocorreu com certeza na altura que o papel, só por si, valia pouco. Que a sua origem contava. Que a maneira como o tinha adquirido contava. Ou que as formalidades da sus concessão também contavam. Para um estranho à academia, coleccionar 55 cadeiras, presumivelmente, basta. Mas 55 cadeiras são 55 cadeiras. Não são um curso (no sentido literal de “caminho”) que gradualmente transmite um método e treina uma cabeça. Nada mais lógico do que este engano. Sócrates tirou o seu verdadeiro curso no Partido, na Assembleia da República, no Governo e na RTP (com Santana Lopes): e a campanha para secretário-geral do PS acabou, na prática, por ser uma espécie de doutoramento, aqui houve ordem, desígnio, progressão; e, “aproveitamento”. Não no ISEL e na Universidade Independente.

Quanto à substância do “caso”em litígio, não é possível examinar uma a uma as peripécias que levaram à licenciatura de Sócrates. Só é possível, e além disso indispensável, deixar claro, cristalinamente claro, que nenhum estudante deve em circunstância nenhuma seguir o exemplo dele: um exemplo que, segundo Sócrates, revela “nobreza de carácter” e que anteontem ofereceu com “orgulho aos portugueses”. Ninguém que pretende genuinamente aprender anda a saltar de escola em escola, ou escolhe uma universidade porque “é mais perto”, ou pede equivalências sob palavra, ou aceita o mesmo professor no mesmo ano para quatro cadeiras, ou se importa em especial com títulos. Sócrates simboliza tudo o que está errado no ensino que por aí existe. Como o acabrunhante espectáculo de quarta-feira, aliás, provou.

Vasco Pulido Valente
In:PÚBLICO

 
At 14 de abril de 2007 às 11:51, Anonymous Anónimo said...

É verdade que JS é actualmente dono do espaço anterioremente ocupado pelo hotel barragem?

 

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