quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O TRATADO DE LISBOA CONTADO ÀS CRIANÇAS E AO POVO

Era uma vez uma associação de Estados chamada União Europeia a que Portugal tem presidido no segundo semestre de 2007. Segundo as regras da associação, não muito diferentes das de um condomínio residencial, a administração rodava de vez em quando entre os seus membros, de modo que qualquer Estado, mesmo destituído de tamanho ou peso, assumia ciclicamente essas funções. O primeiro- -ministro de Portugal, um tal de José Sócrates, andava eufórico com a experiência. Pela primeira vez reunia-se com altas personagens da política europeia. Queria brilhar neste seu novo papel de líder da Europa e estava disposto a fazer tudo o que fosse necessário para cumprir o guião que lhe puseram à frente.

A associação União Europeia atravessava uma fase difícil.
Nos últimos anos tinham entrado novos membros do Leste, alguns turbulentos como a Polónia, e o grupo estava agitado com as mudanças de funcionamento que eram necessárias para incorporar toda a gente. Depois, alguns povos da Europa tinham rejeitado há uns anos em referendo um texto jurídico pomposamente intitulado Constituição Europeia. O fracasso da Constituição nunca foi bem digerido. O sentimento oficial era de crise, de falta de rumo, de impasse.

Então, alguém teve uma ideia: fazer um tratado que incorporasse 90% da Constituição falhada, mantendo o que já existia e introduzindo algumas inovações: um presidente fixo em vez da regra das presidências rotativas, uma comissão mais pequena, um ministro dos Negócios Estrangeiros e um método de votação que preservava o poder dos Estados grandes, ao mesmo tempo que penalizava os estados médios (como Portugal).
O tratado foi concluído sem particular demora ou divergência. De imediato instalou-se a euforia. Portugal oferecia, com generosidade, a uma Europa doente um novo tratado unificador e um líder messiânico: o nosso José Sócrates. A Nova Europa nascia em Lisboa.

No meio da festa, no circo de felicitações, no exercício de relações públicas em que a União Europeia se tem tornado, quase ninguém parou para reflectir sobre o tratado que se chamará, para nosso orgulho vazio, Tratado de Lisboa. Pois, era uma vez um tratado largamente dispensável, que pouco inova em relação aos tratados anteriores, que onde inova criará novos e sérios problemas (já se vê o conflito entre o futuro presidente permanente e o presidente da Comissão Europeia), que prejudica os interesses de Portugal e que não resolve nenhum dos problemas críticos da União Europeia: a estagnação social e económica, o afastamento das populações, o défice de legitimidade e de democracia.
Mas o ambiente geral era de alegria.

Como no interior do Titanic antes de bater no icebergue.

P.L
.

Etiquetas: , , ,

1 Comments:

At 26 de outubro de 2007 às 15:00, Anonymous Anónimo said...

já que como primeiro-ministro do rectângulo não passa de uma gigantesca insignificância política, podia aproveitar a presidência interina da união ilusão europeia - e porque a vida não são só negociatas - para colocar o putin na ordem:

Amnistía Internacional ha pedido hoy a las autoridades rusas que no se repitan en Ingushetia "los errores cometidos en Chechenia", a la vista del rápido deterioro de la situación en esa república de la Federación Rusa, tras el incremento de las desapariciones forzadas, los secuestros y otras violaciones de derechos humanos.
In:www.elpais.com/articulo/
internacional/AI/denuncia/aumento/
violaciones/derechos/humanos/sur/
Rusia/elpepuint/
20071025elpepuint_16/Tes

além disso, agora é que teria uma oportunidade fantástica de ir ao parlamento europeu gritar: acordem!

O Partido Popular Europeu - Democratas Europeus os socialistas europeus , principais grupos políticos em parlamento da UE , se negaram a apoiar o projeto da resolução que expressa preocupação pelas supostas “tendências autoritárias na Rússia, informa Ria-Novosti. A minuta do documento foi preparado pelos grupos de liberais europeus e os verdes. De acordo com os democratas e os socialistas , à véspera da cúpula Rússia –UE de 26 de outubro que será realizada na cidade portuguesa de Mafra , “é contraproducente volver a repetir o dito em outra ocasião”.
[sic]
In:port.pravda.ru/news/mundo/
25-10-2007/19931-criticas-0

 

Enviar um comentário

<< Home