quinta-feira, 27 de novembro de 2008

OS ÚLTIMOS 20 ANOS DE INCOMPETÊNCIA E MUITO MAIS... [ II parte ]

Para entender em toda a extensão diacrónica o que foi o Cavaquismo, interessa indagar como começou.

Estas duas imagens que seguem, retiradas da revista Grande Reportagem ( de J.M. Barata Feyo e José Júdice e onde escreviam António Barreto e Vasco Pulido Valente, além de Adelino Gomes, Sousa Tavares e Rui Araújo), de 21.2.1985 e 11.4.1985 ( clicar para ampliar e ler na integra), dão a imagem adequada ao início.
Nessa altura, Cavaco Silva era um militante do partido, funcionário público, professor universitário, depois de ter sido ajudante de Sá Carneiro no governo da AD.
O artigo da revista, titulava: A noite dos facas longas, em que Mota Pinto, aparecia como o cordeiro sacrificial, depois de ter celebrado acordos de coligação quase contra-natura, com a esquerda do PS, de Mário Soares que metera há muito o socialismo na gaveta, e levaria no cachaço por isso mesmo, no futuro próximo.
Para além dos retratados, há mais no quadro que a vista não alcança: Eurico de Melo, Santana Lopes, António Capucho, José Manuel Júdice, Calvão da Silva e outros ainda.

Nessa altura, já Portugal tinha entrado em negociações com a Europa, para uma entrada em forma. O acordo de adesão, ao longo de dez anos, tinha sido negociado, nos últimos anos com os dois figurões da imagem à direita: Ernâni Lopes e...António Marta, o vice-governador do Banco de Portugal agora na berlinda, por causa da sua honra e palavra e do desmentido a Dias Loureiro. O presidente Cavaco Silva, num comunicado, chamou-lhe implicitamente...mentiroso.



Em Maio de 1985, Cavaco Silva, a pretexto de fazer a rodagem a um carro Citroën, de gama média, foi ao XII Congresso do PSD, na Figueira da Foz e venceu aqueles figurões todos juntos, com um discurso de profecias num destino sinfónico.

As imagens que seguem, tiradas da Grande Reportagem de 24 de Maio de 1985, dão conta da entourage de Cavaco, nessa altura: Fernando Nogueira, Eurico de Melo, Amândio de Azevedo, Correia Afonso. O renovado PSD. De Dias Loureiro, Marques Mendes e Duarte Lima, nem sombra visível, nessa altura.
No entanto, são estes, que aparecem já em destaque, oito anos depois, em Março de 1993, na imagem e texto da revista Visão de 25 de Março de 1993.

O artigo de Lurdes Feio que se pode ler, começa assim: Quando a filha casou, Cavaco Silva convidou apenas dois ministros: Fernando Nogueira e Dias Loureiro. O mesmo aconteceu por ocasião da festa do 50º aniversário de Maria Cavaco Silva.

Nessa época discutia-se já o nome do candidato às presidenciais do ano seguinte. Freitas do Amaral era persona quase non grata e por aí ficou.



Em Junho de 1985, com o governo de coligação de Mário Soares e Mota Pinto em queda livre, foi assinada, com pompa e circunstância, a adesão de Portugal à CEE.
Repare-se na imagem que ficou para a posteridade, tirada da Grande Reportagem de 15.6.1985: uma imagem desgraçada, desfocada e irreal. Governantes que já não governavam; figuras pardas como Andreotti, atrás deles, indivíduos que nunca deveriam ter estado na política e fizeram a vida nela. Os imprescindíveis.




A partir daí, Cavaco conseguiu uma e depois outra maioria absoluta. Soares ganhou a presidência a Freitas do Amaral, por um triz de algumas, poucas centenas de milhar de votos, com os comunistas a ajudar e Portugal entrou na era da prosperidade das ajudas comunitárias.
Algumas delas, foram logo aplicadas a preceito, em reflexo das PEC´s PAC`s e outros PEDIP´s e QCA´s.
Nos anos noventa, apareceram os hipermercados, o consumo à larga, o crédito mais fácil ( em meados da década). O QCA aguentou estoicamente isso tudo.
Em 1992, apareceu uma revista, dirigida por Álvaro Mendonça, com colaboração de Leonardo Ferraz de Carvalho ( já falecido e grande coleccionador de revistas...).
O número um, mostrava Belmiro de Azevedo, junto à palavra erros. O cavaquismo, explicado, nas páginas do meio com uma declaração cândida de um anónimo dirigente de um grupo económico nortenho ( não havia muitos nessa altura...), em que dizia ( clicar para ler na integra), preto no branco:

Muitas das nossas empresas vão servir para sacar fundos da CEE. A seguir ou se vendem ou se liquidam. Tal e qual.

Cavaco Silva tinha obrigação estrita de saber disto, destes fenómenos. O que fez, para os evitar? Confiou na PGR de Cunha Rodrigues, com as leis que tínhamos? Foi? Parece que sim.





Anos depois disso, os desmandos maiores, vieram a revelar-se,num amplo panorama de desperdício, cujo melhor exemplo pode ser este, dado por uma das figuras paradigmáticas da nossa desgraça e que em 24.10.1997, no primeiro número da revista Factos, dirigida por Dinis de Abreu, dizia assim, profetizando os anos que viriam e mostrando o verdadeiro retrato de Portugal: Quem fala de corrupção em África não conhece Portugal. A tecnologia da corrupção é nossa.

Quem assim alvitrava, dirigira como Comissário ( um dos muitos que havia), a Expo 98. Um exemplo acabado e paradigmático, do modelo de desenvolvimento do ideário cavaquista de tendência bloco central.
Foi assim que chegamos onde estamos e é bom não esquecer. E o epitáfio, pode muito bem ser este: Vive-se em Portugal, uma prosperidade fictícia. Cardoso e Cunha, um indefectível do cavaquismo, sabia bem do que falava


Clique nas imagens para ler na integra

José

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12 Comments:

At 27 de novembro de 2008 às 22:52, Anonymous Anónimo said...

Parece que o Presidente no seu comunicado de Domingo omitiu algumas informações importantes:
- Cavaco Silva terá recebido quase 100 mil euros de homens ligados ao BPN.

 
At 27 de novembro de 2008 às 22:54, Anonymous Anónimo said...

Bolinha vermelha
Nos outros países ainda é pior e ninguém pôs em causa o regulador", disse Vítor Constâncio. A despudorada desresponsabilização e a pose sonsa e cândida (já antes exercitada por Dias Loureiro) de quem, mesmo perante o óbvio, não aceita a imputação de qualquer falha, causaram-me náuseas.

O método de lavagem continuou: o (outro) socialista de serviço, António Vitorino, esclareceu o País que "afinal, ficou provado que o BdP agiu bem".

Seria melhor que este tipo de programas fosse para o ar mais tarde e com a competente bolinha vermelha no lado direito do ecrã – é que às 21h00 ainda há muita gente a pé em fase de maturação física e intelectual e este tipo de coisas pode criar desvios e equívocos na formação do carácter da juventude.

Carlos Abreu Amorim
Correio da Manhã
26 Novembro 2008

 
At 27 de novembro de 2008 às 22:57, Anonymous Anónimo said...

Por favor, não façam perguntas ao presidente.
Numa democracia liberal os cidadãos são o soberano.
Logo, quando o soberano faz perguntas, os detentores e cargos públicos têm é que responder.
O que é que aconteceu quando alguns cidadãos começaram a fazer perguntas sobre as ligações de Cavaco Silva ao BPN?
O próprio Cavaco Silva deu o tom. Fazer perguntas ao presidente é uma atitude condenável, sobretudo quando feitas por jornalistas cuja função deve ser tudo menos perguntar.
O jornalista que se preze não faz perguntas ao presidente.
Os cavaquistas seguiram o líder tentando suprimir a discussão. “Quem faz perguntas ao presidente só pode ser um idiota”.
“As perguntas são lamentáveis”. “Porque é que não fazem perguntas ao Mário Soares?”
“As perguntas atacam a honorabilidade do presidente”. “Sim, o presidente tem umas ligações pouco recomendáveis, mas o PS também as tem”.
“Essa pergunta não tem importância nenhuma, logo não deve ser feita”. “Quem faz perguntas ao presidente é porque tem segundas intenções”. “Porque é que não fazem antes perguntas ao Sócrates?”

 
At 28 de novembro de 2008 às 00:15, Anonymous Anónimo said...

Em pouco tempo o Presidente da República tornou-se no alvo das atenções, sentiu-se obrigado a vir defender a sua honra num comunicado e acabou encurralado por Dias Loureiro que, apesar da clareza das mensagens enviadas por Belém, se fez de inocente, pediu uma audiência, violou depois o compromisso sagrado do sigilo e, fosse o que fosse que se tivesse passado na conversa em Belém, deixou Cavaco Silva sem alternativa senão dizer que não podia condenar quem nem sequer tinha ainda sido formalmente acusado.Desta forma, por via de boatos de origem indefinida e da acção do dirigente do PSD que se prestou a homenagear publicamente o "menino de ouro do PS" no lançamento de um livro, o país arrisca-se a regressar ao clima de uma guerra de "terra queimada" onde nenhuma referência se salva: nem Governo, nem oposição, nem Presidente. Em democracia não se deve brincar com o fogo - mas numa democracia em tempos de crise, optar pela táctica da "terra queimada" pode ser suicidário.

José Manuel Fernandes
Editorial do Público

 
At 28 de novembro de 2008 às 00:16, Anonymous Anónimo said...

Vivemos entre o absurdo, a omissão, a calúnia e a perplexidade. Os caprichos do momento contrariam, violentamente, as categorias da cultura, subvertendo não apenas a ética como a identidade. Alguma coisa está desarticulada, no tecido social português, quando um presidente da República vem a terreiro dizer que nada tem a ver com determinada instituição bancária. Nada fazia prever a inusitada declaração. Não conheço nenhuma notícia, insinuação, boato que conectasse o residente no palácio de Belém aos acontecimentos que transformaram um banco em assunto de primeira página. Talvez a circunstância de alguns altos dirigentes do PSD terem desempenhado cargos importantes no BPN estivesse na origem da aflição e do sobressalto presidenciais. É um despropósito. Cuja natureza o prof. Marcelo entendeu elogiar. Fez o elogio do nada. A confusão instala-se, cada vez mais, em Portugal. Se a não-notícia, contida neste boato inexistente, suscita o grave comunicado, torna-se imperioso o cotejo com a afronta, de que o dr. Cavaco foi objecto, na ilha da Madeira, quando o dr. Jardim o impediu de visitar o Parlamento da região. Aí, sim, o exercício do poder pela indignação encontrava razão de ser. Se o valor moral tem atenuantes, dependendo o juízo das circunstâncias, então, aceitemos a política como práticas de mentira para cada ocasião. O dr. Cavaco é responsável por muito de mau e de mal que incutiu no País. Acaso por incompetência política e fundas lacunas culturais. Podemos acusá-lo de uma série de amolgadelas na democracia; porém, de desonestidade, creio que nunca.

B.B.

 
At 28 de novembro de 2008 às 19:13, Anonymous Anónimo said...

Os portugueses são uns invejosos, isso não é novidade, temos inveja da França porque a mulher do presidente é mais bonita que a do nosso, invejamos o governo italiano que tem uma ministra mais jeitosa do que a Milu, temos inveja do vizinho que compra um carro novo, do irmão que tem melhores notas na escola, dos professores antes de ter vindo a Milú dar cabo da “escola pública” e, como não podia deixar de ser, dos políticos bem sucedidos. Se ser político já é defeito, ser político bem sucedido tanto na política como na vida empresarial é mesmo um pecado mortal.

Como é que este país há-de sair da cepa torta se condenamos todos os casos de sucesso. Jorge Coelho é um bom exemplo, chegou onde muitos nunca hão-de chegar por mais licenciaturas, mestrados, MB e doutoramentos que tirem, deveríamos estar todos orgulhosos de alguém ascender de uma penada ao topo do complexo mundo da gestão e até deveríamos dar graças a Deus por nunca mais o termos aturado nas televisões, e o que fazemos? Ganimos de dor de corno, fazemos insinuações torpes, passamos a vida a dar asas à nossa inveja!

Um filho do povo, nascido numa qualquer aldeia que só agora apareceu no mapa, estuda à noite, chega a secretário de Estado, toma conta dos dinheiros do partido que mais progresso trouxe ao país, limpa os arquivos do fisco com perdões fiscais mais simples do que o agora famoso Simplex, e o que fazemos? Mandamos aquele que deveria ser tratado como herói para os desconfortáveis calabouços da Polícia Judiciária, em vez de andar a limpar as medalhas e comendas está a contar grades.

Então um país que anda há décadas à procura da rolha em vez de tomar o exemplo de sucesso do Oliveira e Costa, manda o homem para a prisão, ele que poderia explicar como se passa de teso a possuidor de uma fortuna de milhares de milhões? Não teria sido mais inteligente dar-lhe um programa como o do Marcelo Rebelo de Sousa para, em doses semanais, nos ir ensinando na arte do enriquecimento colectivo. Sempre era melhor do que ouvir as baboseiras do professor, ditas a uma velocidade quase alucinante.

E o coitado do Dias Loureiro? O homem vem revelar as conversas que teve com o António Marta e logo no dia seguinte o ex-dirigente do Banco de Portugal vem dizer que não é verdade, alguém imagina o Dias Loureiro a tentar influenciar a actuação do BdP, logo ele que é a coisinha mais transparente que este país já viu, tão sincero que foi o primeiro português a beneficiar de uma declaração de inocência proferida por um Presidente da República? Nem o Salazar teve tal comenda concedida pelo Carmona.

Ora, se Cavaco Silva diz que não tem razões para duvidar das palavras de Dias Loureiro porque razão andamos todos a tentar encalacrá-lo, porque há-de o MP incomodar-se chamando-o para prestar declarações como testemunha? Se Dias Loureiro não sabe nada de contabilidade, assinou sempre de cruz, o que terá ele para testemunhar?

Somos mesmo um país de tansos, então não seria mais frutuoso que em vez de Dias Loureiro ter que andar a explicar a um qualquer procurador as coisas do deve e haver do BPN, nos viesse explicar como é que alguém tão honesto enriquece de forma meteórica, acabando de vez com o mito de que em Portugal os honestos nunca chegam a lado nenhum. Este país resolvia todos os seus problemas se de uma vez por todas os honestos tivessem uma oportunidade na vida, como aquela que Deus deu a Dias Loureiro.

É tempo deste país deixar de sofrer de dor de corno, até porque na Europa não há nenhum corno, que saiba no mundo só há um, o Corno de África.

 
At 28 de novembro de 2008 às 19:21, Anonymous Anónimo said...

1000 mil milhões de euros, o valor estimado do buraco financeiro do BPN, é o custo que o Governo determinou que os portugueses suportassem quando decidiu nacionalizar o banco. Este será também o valor da dimensão política de um défice de representatividade que passa pelas relações que, durante anos, o BPN manteve com o poder político, das quais já se conhecem, entre outros, os financiamentos esconsos que ocorreram na região autónoma da Madeira, os empréstimos concedidos a figuras proeminentes do poder político e os salpicos de BPN nos financiamentos das campanhas eleitorais de Cavaco Silva e do PS. Diversamente da dimensão criminal deste caso, que será sancionada por uma Justiça que é objecto de queixas pela generalidade dos portugueses, a sua dimensão política será brevemente sujeita a uma avaliação por parte daqueles que a irão pagar. Sem margem para lamentaçõe

 
At 28 de novembro de 2008 às 21:41, Blogger Chaparro said...

Uma triste e crua realidade... 20 anos mais tarde o que mudou? NADA! SIM mudou, estou mais velho, e fiz como muitos fizeram na altura fugi do meu país que me viu crecer e onde fui criado e educado, uma (Patria) para esses que como eu não viram nenhumas opurtunidades para os jovens acabados de se formarem, e a solução é como tantos jovens estão hoje a faze-lo a emigrarem para melhorarem o seu nivel de vida... Ficam por aqui aqueles que se vão conformando com este desgoverno...

E estou plenamente dacordo com tudo o que aqui foi dito...

 
At 28 de novembro de 2008 às 22:39, Anonymous Anónimo said...

Através de outra empresa
Dias Loureiro manteve ligações à SLN até dia 15 deste mês
Dias Loureiro manteve ligações à Sociedade Lusa de Negócios até 15 de Novembro deste ano, noticia a TVI, através de uma das empresas detidas pela SLN, a SPPM.

Dias Loureiro manteve ligações à Sociedade Lusa de Negócios até 15 de Novembro, noticia hoje a TVI. Na altura, o antigo administrador demitiu-se do cargo que detinha na SPPM, uma das empresas detida pela SLN, a principal accionista do Banco Português de Negócios.

Dias Loureiro tinha afirmou várias vezes nos últimos dias que cortou todos os vínculos com a Sociedade Lusa de Negócios em 2005.

Os documentos a que a TVI teve acesso mostram que Dias Loureiro entregou a carta de demissão da SPPM - uma empresa que produz componentes para automóveis - a 15 de Novembro, um dia antes do PS lhe negar uma audição no Parlamento, para prestar declarações sobre o BPN.

Em entrevista à RTP, Dias Loureiro garantiu que deixou a SLN em 2005, tendo dito na altura a Oliveira e Costa, presidente do BPN, que queria voltar à política.

Dias Loureiro afirmou ainda que, enquanto administrador da SLN, nunca teve ligações ao BPN.

SOL

 
At 29 de novembro de 2008 às 13:48, Anonymous Anónimo said...

"Corno" poderia ser a nova designação de "contribuinte". Se o Estado "avalizar" um banco que se dedica a gerir fortunas privadas, que nome é que quer que lhe chamem?

 
At 29 de novembro de 2008 às 17:59, Anonymous Anónimo said...

No reino da Amigolândia todos são amigos, as regras regem-se por regras simples, os amigos são para as ocasiões, o amigo do meu amigo meu amigo é, a amizade reina na Amigolância, acima das ideologias ou dos partidos, os laços de amizade são transversais. Há sempre um amigo colocado, entre cada um e o poder arranja-se sempre um amigo que comum que estabelece a ponte, se o presidente não for amigo, é o primeiro-ministro, se este não está no nosso circulo de amizade sempre se arranja um ministro ou, nas piores das hipóteses, um secretário de Estado. Os amigos, cidadãos de primeira da Amigolândia, tudo conseguem, o sucesso está sempre ao seu alcance, uns ficam pela política, outros chegam a banqueiros, outros ascendem a gestores de topo.

O Amendoeiro, que foi secretário-geral do partido do poder tem amigos por todo o lado, possuidor de uma grande inteligência soube, ao longo de anos, criar laços de amizade em todos os partidos. Homem de confiança do então primeiro-ministro enriqueceu nas bolsas de valores, vendeu acções de amizade a bom preço, de modesto jurisconsulto haveria de chegar a banqueiro bem sucedido, já depois de a Amigolândia ter deixado de ser o oásis ou a democracia de sucesso.

Amigo do presidente da Amigolância, admirador confesso do primeiro-ministro da Amigolândia, amigo dos homens das secretas, da banca, das autarquias, dos governos civis, dos governos regionais, das empresas de obras públicas, o Amendoeiro é um dos maiores amigos que se pode ter na Amigolância. Ele constrói um banco, ele lança empresas por todos os lados e sectores, ele nomeia ministros e secretários de Estado de vários governos, ele é compadre de amigos dos partidos do governo e da oposição, ele organiza jantares de homenagem, ele é um dos amigos com mais amigos na Amigolândia.

O Amendoeiro era um político de sucesso, um opinion maker de sucesso, um banqueiro de sucesso, um empresário de sucesso, tudo onde tocava tinha sucesso, fosse num candidato a presidente ou em quem quisesse ser primeiro-ministro, era o padrinho, o senador da Amigolância. Era tudo isto e muito mais, demais para que deixe de ser, para que perca a imunidade que lhe é conferida pelo estatuto de senador da Amigolândia, para que tenha que explicar, seja a quem for, qual foi a fórmula de sucesso da sua riqueza, como não perdeu dinheiro com o banco da Amigolândia, como saiu a tempo de ver as suas acções desvalorizadas, tudo isso sem saber nada de contabilidade.

Na Amigolândia quem tem amigos está sempre safo.

 
At 2 de dezembro de 2008 às 20:43, Anonymous Anónimo said...

Há muito que o cavaquismo tinha morrido mas esqueceram-se de o enterrar, adoeceu gravemente com o famoso tabu de Cavaco Silva e a consequência derrota na sua primeira candidatura presidencial, acabou por morrer quando os portugueses se aperceberam que dez anos de fundos comunitários desbaratados não mudaram os paradigmas da economia portuguesa, que enfrenta mais uma crise com os problemas de sempre.

O cavaquismo recusou o enterro e Cavaco Silva acabou por chegar a Belém, mais por falta de um adversário credível do que por mérito próprio, tudo parecia levar a crer que ganhava nova vida. OS cavaquistas voltaram a ter protagonismo na política portuguesa e acabaram por retomar a liderança do PSD, onde as manobras dos assessores do Presidente foram notícia. Com Cavaco na Presidência, Manuela Ferreira Leite na liderança do PSD e numerosas figuras dos tempos dos governos de Cavaco Silva em posições de destaque no mundo da economia, os cavaquistas voltaram a sonhar com o poder absoluto, liderar o Governo e a Presidência da República, algo que nunca conseguiram.

A estratégia era evidente, Manuela Ferreira Leite até usou as confidências de Belém para fazer oposição, chegando ao ponto de questionar Sócrates em público com as mesmas perguntas que a equipa de Cavaco Silva fazia em privado. Cavaco Silva passou a aproveitar todas as oportunidades para hostilizar o PS (mais o PS do que Sócrates), envenenando progressivamente as relações entre Presidência e Governo, quando não vetava um diploma fazia uma declaração venenosa para o governo. Deixou de manifestar solidariedade institucional, pôs fim aos elogios que costumava a fazer às reformas, ou apenas o fez muito longe do país e com o objectivo de brilhar.

Só que a mesma crise que serviu de espoleta para os cavaquistas retomarem a liderança do PSD, evidenciou que Manuela Ferreira Leite é um desastre político, criaram uma imagem da senhora que não tem correspondência nem na sua inteligência nem na sua capacidade para liderar um partido e, muito menos, um governo. Como não bastava a queda contínua nas sondagens de um partido liderado por uma Ferreira Leite aconselhada por Pacheco Pereira, a sondagem veio pôr a nu os bastidores da finança dos cavaquistas.

O país ficou a saber que alguns dos políticos mais bem mais próximos de Cavaco Silva estavam envolvidos na implosão do banco que eles próprios criaram. Os portugueses ficaram a conhecer os métodos pouco transparentes como geriram um banco, não olhando a meios para violar a lei. A ligação destas personagens a Cavaco Silva é tão forte que o próprio Cavaco Silva foi obrigado a emitir um comunicado familiar sem precedentes na história da República. Tudo isto nos dois ou três dias seguintes à detença de Oliveira e Costa, uma detenção que deixou meio mundo cavaquist em pânico pois o antigo tesoureiro do PSD terá dado a entender que não estaria disposto a ser o boi da piranha.

As dúvidas avolumaram-se e chegou-se o ponto mais baixo da Presidência da República, Cavaco dedicou várias intervenções públicas a Dias Loureiro, uma delas inocentando-o à margem da investigação em curso, justificando desta forma a manutenção do seu velho companheiro de BX num cargo cuja única vantagem prática reside na imunidade que confere ao ex-administrador do BPN.

Com os cavaquistas desorientados e à beira de se retirarem da política, com Cavaco a não vetar mais nada nem fazer qualquer comentário venenoso em relação ao Governo e Manuela Ferreira Leite a descer vertiginosamente nas sondagens, anuncia-se o fim do cavaquismo. Os cavaquistas desertam em pânico com receio dos danos colaterais que podem resultar da investigação ao BPN, Cavaco ficoui refém de José Sócrates e o PSD afunda-se enquanto ninguém está disposto a candidatar-se à sua liderança com as sondagens em baixa.

Podemos estar a assistir ao enterro do cavaquismo que poderá ter como consequência uma derrota pouco honrosa do PSD nas próximas legislativas e a não apresentação de uma nova candidatura presidencial por Cavaco Silva.

 

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