OS ÚLTIMOS 20 ANOS DE INCOMPETÊNCIA E MUITO MAIS...
Expresso 9.06.2007
24 Horas 5.02.2007
Em Junho de 1986, Dias Loureiro, era um aparatchick do PSD.
No caso, era Secretário-geral do partido. E nessa altura, nem havia oposição interna.
Em Julho de 1987, o PSD ganhou as eleições, com uma vitória pela segurança, por maioria absoluta.
O PS de Vítor Constâncio, teve pouco mais de 22%.
Em Outubro, depois de Cavaco, mencionar que na Bolsa se andava a vender gato por lebre, esta afundou.
Quem ganhou dinheiro, na bolsa, perdeu-o nessa altura.
No ano seguinte, começaram as privatizações, incluindo a dos bancos, sob a batuta do PSD de Cavaco.
Vítor Constâncio saiu da direcção do PS, com o pretexto de intromissão de Mário Soares.
Freitas do Amaral quis accionar o PSD por causa das dívidas da campanha eleitoral.
Vital Moreira e Zita Seabra sairam do PCP.
As rádios locais, ganharam carta de alforria, com destaque para a TSF, da Cooperativa que dura até hoje.
Em 1989 e 1990 e 1991, com o Independente, começaram os casos sérios com o PSD e os seus governantes e também os do PS ligados ao presidente Soares ( Beleza, Saúde e Melancia).
Os casos do Fundo Social Europeu, viriam a seguir, em meados dos noventa, embora já em 1986, o jornal Semanário não tinha qualquer dúvida sobre as fraudes que já tinham começado.
No caso, era Secretário-geral do partido. E nessa altura, nem havia oposição interna.
Em Julho de 1987, o PSD ganhou as eleições, com uma vitória pela segurança, por maioria absoluta.
O PS de Vítor Constâncio, teve pouco mais de 22%.
Em Outubro, depois de Cavaco, mencionar que na Bolsa se andava a vender gato por lebre, esta afundou.
Quem ganhou dinheiro, na bolsa, perdeu-o nessa altura.
No ano seguinte, começaram as privatizações, incluindo a dos bancos, sob a batuta do PSD de Cavaco.
Vítor Constâncio saiu da direcção do PS, com o pretexto de intromissão de Mário Soares.
Freitas do Amaral quis accionar o PSD por causa das dívidas da campanha eleitoral.
Vital Moreira e Zita Seabra sairam do PCP.
As rádios locais, ganharam carta de alforria, com destaque para a TSF, da Cooperativa que dura até hoje.
Em 1989 e 1990 e 1991, com o Independente, começaram os casos sérios com o PSD e os seus governantes e também os do PS ligados ao presidente Soares ( Beleza, Saúde e Melancia).
Os casos do Fundo Social Europeu, viriam a seguir, em meados dos noventa, embora já em 1986, o jornal Semanário não tinha qualquer dúvida sobre as fraudes que já tinham começado.
Semanário de 7.06.1986
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Logo em 1990, Oliveira Costa, Secretário de Estado dos assuntos fiscais de Cavaco e que introduziu as várias reformas fiscais em Portugal ( com destaque para o IRS e IVA), esteve sob a mira de um Inquérito parlamentar, sobre os célebres perdões fiscais ( o caso curioso da Cerâmica Campos de Aveiro e Alvarães, é um deles), mas os perdões foram de rebimba o malho, no erário público.
Aparentemente, ninguém ligou muito, e há testemunhos que garantem ter sido Cavaco Silva, nessa altura, demasiado leniente para com esses desmandos e principalmente com os critérios de atribuição dos fundos e política de investimentos.
Há quem garanta ainda que o modelo de desenvolvimento então gizado e adoptado, está na raiz dos nossos problemas endémicos, que nos colocam sistematicamente na cauda da Europa, embora por breves anos tivéssemos a ideia propagandeada que afinal éramos um exemplo para o mundo moderno. Um oásis e um elemento do pelotão da frente.
Em 1994, o desgaste do autoritarismo ( a ditadura da maioria, denunciada por Soares), levou a um buzinão monumental, na ponte sobre o Tejo.
Dias Loureiro era o ministro das polícias, depois de ter passado por outras pastas de governo. Daniel Sanches, era o director do SIS.
Em 1995, Duarte Lima foi ouvido na PJ, sobre casos que envolviam o seu património, incluindo uma quinta perto de Soares e que este achou bizarra. Abílio Curto, foi detido por corrupção ( anos depois foi condenado em prisão efectiva, numa raridade quase única neste tipo de casos. Quando entrou na cadeia, declarou solenemente: o dinheiro foi todo para o PS.
Vital Moreira garantiu logo que não.
Em 1996, Sampaio, ganhou as eleições.
Nesses anos todos, um escândalo de proporções semelhantes ao do actual BPN, ocorria nos Açores, o da Caixa Económica Faialense.
Emanuel de Sousa, primo de Natália Correia, era o centro das atenções e o processo acabou em nada, depois da falência escandalosa e de o Banco de Portugal ter enterrado dezenas de milhões de contos.
Depois deste panorama escandaloso, com a entrada de mais dinheiro da CEE e depois UE, com os quadros comunitários de apoio, para estradas pontes, estádios e obras faraónicas ( a primeira foi logo o CCB), apareceu a banca privada e os negócios.
O BPN apareceu em 1993, integrando a Soserfin e a Norcrédito.
Américo Amorim foi dos primeiros fundadores.
Um escândalo fiscal, criminal, envolvendo o empresário ainda anda por aí.
Em 1998, a Sociedade Lusa de Negócios apareceu, sob a batuta de Oliveira e Costa.
O BPN ficou-lhe associado desde então.
Em 2002, o BPN adquiriu o banco Efisa e Dias Loureiro era figura destacada. Tal como Augusto Mateus e Oliveira Martins, do PS.
Nessa mesma altura, O BPN adquiriu também o Banco Insular de Cabo verde.
O resto, do que viria a seguir, são problemas a que Dias Loureiro, não pode fugir. E na Assembleia da República, alguém lhos há-de lembrar, para bem de todos, se assim for. E o pormenor da conversa de 19 de Abril de 2001, ás 4 horas da tarde, é mesmo isso: um mero pormenor.
Dias Loureiro, provavelmente, não virá a ser responsabilizado criminalmente. Dificilmente alguém, aí chegaria, porque a lei penal que temos não comporta o aproveitamento de lugares privados, de quem sai de lugares públicos, por mero efeito de... oportunidade política.
Aparentemente, ninguém ligou muito, e há testemunhos que garantem ter sido Cavaco Silva, nessa altura, demasiado leniente para com esses desmandos e principalmente com os critérios de atribuição dos fundos e política de investimentos.
Há quem garanta ainda que o modelo de desenvolvimento então gizado e adoptado, está na raiz dos nossos problemas endémicos, que nos colocam sistematicamente na cauda da Europa, embora por breves anos tivéssemos a ideia propagandeada que afinal éramos um exemplo para o mundo moderno. Um oásis e um elemento do pelotão da frente.
Em 1994, o desgaste do autoritarismo ( a ditadura da maioria, denunciada por Soares), levou a um buzinão monumental, na ponte sobre o Tejo.
Dias Loureiro era o ministro das polícias, depois de ter passado por outras pastas de governo. Daniel Sanches, era o director do SIS.
Em 1995, Duarte Lima foi ouvido na PJ, sobre casos que envolviam o seu património, incluindo uma quinta perto de Soares e que este achou bizarra. Abílio Curto, foi detido por corrupção ( anos depois foi condenado em prisão efectiva, numa raridade quase única neste tipo de casos. Quando entrou na cadeia, declarou solenemente: o dinheiro foi todo para o PS.
Vital Moreira garantiu logo que não.
Em 1996, Sampaio, ganhou as eleições.
Nesses anos todos, um escândalo de proporções semelhantes ao do actual BPN, ocorria nos Açores, o da Caixa Económica Faialense.
Emanuel de Sousa, primo de Natália Correia, era o centro das atenções e o processo acabou em nada, depois da falência escandalosa e de o Banco de Portugal ter enterrado dezenas de milhões de contos.
Depois deste panorama escandaloso, com a entrada de mais dinheiro da CEE e depois UE, com os quadros comunitários de apoio, para estradas pontes, estádios e obras faraónicas ( a primeira foi logo o CCB), apareceu a banca privada e os negócios.
O BPN apareceu em 1993, integrando a Soserfin e a Norcrédito.
Américo Amorim foi dos primeiros fundadores.
Um escândalo fiscal, criminal, envolvendo o empresário ainda anda por aí.
Em 1998, a Sociedade Lusa de Negócios apareceu, sob a batuta de Oliveira e Costa.
O BPN ficou-lhe associado desde então.
Em 2002, o BPN adquiriu o banco Efisa e Dias Loureiro era figura destacada. Tal como Augusto Mateus e Oliveira Martins, do PS.
Nessa mesma altura, O BPN adquiriu também o Banco Insular de Cabo verde.
O resto, do que viria a seguir, são problemas a que Dias Loureiro, não pode fugir. E na Assembleia da República, alguém lhos há-de lembrar, para bem de todos, se assim for. E o pormenor da conversa de 19 de Abril de 2001, ás 4 horas da tarde, é mesmo isso: um mero pormenor.
Dias Loureiro, provavelmente, não virá a ser responsabilizado criminalmente. Dificilmente alguém, aí chegaria, porque a lei penal que temos não comporta o aproveitamento de lugares privados, de quem sai de lugares públicos, por mero efeito de... oportunidade política.
Sábado 14.05.2004
O cavaquismo, o soarismo, o guterrismo, o blococentralismo está tão cheio destes fenómenos espantosos que seria altamente improvável, agora, um sobressalto ético para lhes pôr cobro.
O melhor exemplo recente, é o de Jorge Coelho, um irmão, para Dias Loureiro.
As componentes deste bloco, centralizado em interesses privadíssimos, organizou entretanto uma Cooperativa que funciona quase como a antiga União Nacional, em coesão e eficácia, em vários níveis, com um destaque elevado no jornalístico e de direcção de informação.
Em finais dos anos 80, ainda se falava numa mítica Direita que afinal nunca existiu: os seus elementos, de resto, integraram-se nos lugares devidos e em devido tempo.
O melhor exemplo recente, é o de Jorge Coelho, um irmão, para Dias Loureiro.
As componentes deste bloco, centralizado em interesses privadíssimos, organizou entretanto uma Cooperativa que funciona quase como a antiga União Nacional, em coesão e eficácia, em vários níveis, com um destaque elevado no jornalístico e de direcção de informação.
Em finais dos anos 80, ainda se falava numa mítica Direita que afinal nunca existiu: os seus elementos, de resto, integraram-se nos lugares devidos e em devido tempo.
Expresso
29.04.1989
29.04.1989
Dias Loureiro é o símbolo disso tudo. E vai pagar um preço por estas razões elencadas que aqui ficam e assim se ilustram, com um ênfase especial no artigo sobre a lei de Gresham. Chegou a altura de uma análise retrospectiva dos anos de ouro do cavaquismo e do mal que nos trouxe, disseminado e daninho.
A pior desgraça que nos foi acontecendo, nestes últimos vinte anos, tem um nome: incompetência. Ou incapacidade que vai dar ao mesmo.
A pior desgraça que nos foi acontecendo, nestes últimos vinte anos, tem um nome: incompetência. Ou incapacidade que vai dar ao mesmo.
José
Etiquetas: BPN, Incapacidade, Incompetência, Portugal, Portugal o Grande Circo, Vigarices
27 Comments:
Talvez fosse bom saber-se se, desses tantos milhões que andam desaparecidos se alguns não terão pago algumas campanhas eleitorais e, se sim, quem foi eleito com esse dinheiro.
Como se esperava, Cavaco Silva não tem nada a dizer sobre o que se está a passar em relação ao BPN, incluindo as histórias com membros do Conselho de Estado por si nomeados. Não quer falar, mas falou. Apenas para se defender. Como fez com os Açores, para garantir os seus pequenos poderes, e não fez na Madeira, onde a democracia foi posta em causa. Para Cavaco, Portugal começa e acaba em Cavaco. E a função do Presidente é defender o seu nome (mesmo quando ele não esteve em causa) e os seus poderes. Já o bom nome da democracia, que a presença de Dias Loureiro no Conselho de Estado põe em causa, não lhe interessa grande coisa.
Ao "lado dos afectos" retribui-se com o "lado dos afectos". Há tempos, Dias Loureiro, por causa do livrinho do "menino de ouro", veio dizer que "o optimismo de Sócrates faz muito bem a Portugal". Ao permitir-se andar na "crista da onda", Loureiro, voluntariamente ou não, deixa o caminho livre para Sócrates irradiar o seu "optimismo" sobre a pátria numa altura de aperto. Passámos a semana passada a "discutir" uma fala errada de Ferreira Leite e entramos nesta suspensos da "novela" Dias Loureiro. Logo mais até Constâncio vai fazer a sua "perninha" numa entrevista a Judite de Sousa, o "diário da manhã" falado do regime. Nestes momentos, interessa não apenas ver quem perde com certas situações mas também quem ganha com a sua indefinição. O BPN, independentemente das questões de polícia, é ou não é um assunto politicamente jeitoso? Como diria uma vendedora de castanhas da Rua Augusta perante a chegada do frio, veio mesmo a calhar.
Para quem não tenha entendido à primeira, Cavaco Silva, esta manhã, em declarações à margem da inauguração da Casa de Vasco da Gama e do Museu de Sines, insistiu que “o Presidente da República não pode pactuar com insinuações ou mentiras que ponham ou possam pôr em causa o seu bom-nome”. “Quando isso é assim, eu não posso deixar de reagir. O Presidente da República tem de ser uma referência de seriedade para toda a população e as nossas indicações recolhidas na Presidência da República eram muito, muito claras”, acrescentou. Cavaco Silva recusou-se, no entanto, a comentar se pretende retirar a confiança a Dias Loureiro, nomeado para o Conselho de Estado por sua escolha pessoal, ou se a sua manutenção lhe causa algum incómodo, uma vez que a lei é omissa quanto à destituição dos membros daquele órgão.
Eu continuo sem entender. “Sua Alteza Real, o Rei da Prússia, ordena aos seus súbditos que esqueçam que foi accionista do Banco Prussiano de Negócios, que há muitos dos seus ex-ministros e amigos pessoais na galeria de ex-administradores do banco e que a um deles até o indicou e mantém como Conselheiro do Reino. O Rei, por ser Rei, tem que ser adorado e respeitado por todos.” Nem me dá para rir, nem consigo cumprir a ordem. O humor presidencial é mesmo difícil. Risos e sorrisos não se obtêm por decreto régio.
E o Assalto ao Banco da Figueira da Foz,por parte de Palma Inácio e companhia?
Olha que o P. I. é um militante e dirigente do Partido Socialista e traiu os antigos camaradas de armas.
"Ainda em 1967 bandidos comunistas assaltam a dependência do Banco de Portugal na Figueira da Foz e fogem com o dinheiro, que não é pouco. Mas o que é que andam a fazer a PIDE e a GNR e a PSP? Até essas forças já me falham?"
Oliveira Salazar
Hermínio Palma Inácio foi um homem de combate pela liberdade e pela democracia.
Participou numa tentativa de golpe de Estado, protagonizou o primeiro desvio político de um avião, participou no assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz, planeou tomar a Covilhã.
Nasceu em 1922 em Ferragudo, pequena aldeia de pescadores, no concelho de Lagoa, mas passou a juventude em Tunes, no concelho de Silves.
Desde jovem que mostrou garra e vontade de mudar o cenário político.
Aos 18 anos, abandonou Tunes e alistou-se voluntariamente na Aeronáutica Militar, sendo colocado na Base Aérea nº 1, em Sintra.
Aqui tirou o curso de mecânico de aeronaves e o de piloto civil para aviação comercial.
Foi também nesta altura que estabeleceu relações com Humberto Delgado e com os círculos contestatários a Salazar.
Jovem sonhador e amante da liberdade, Palma Inácio viveu tentando cumprir a missão da sua vida: devolver a liberdade ao povo português. Preso pela Pide, várias vezes conseguiu fugir e partir para a clandestinidae e para o exílio.
Participou, em 1947, numa tentativa de golpe de Estado, ao lado de vários oficiais generais, entre eles o general Marques Godinho (natural de Galveias).
O papel de Palma Inácio consistia em sabotar os aviões.
Cumpriu a missão como planeado, mas a operação correu mal.
Começou aqui a sua primeira fuga. Foi preso perto de Loures e encarcerado no Aljube.
Torturado durante doze dias e impedido de falar durante cinco meses, Palma Inácio nunca revelou o nome do oficial que o tinha incumbido da operação.
Protagonizou também o primeiro desvio político de um avião, que haveria até de fazer as manchetes nos jornais internacionais.
Na manhã de 10 de Novembro de 1961, véspera das eleições gerais em Portugal, Palma Inácio e mais quatro operacionais tomaram de assalto o avião da TAP que fazia o percurso Casablanca para Lisboa, obrigando o piloto a sobrevoar a capital a baixa altitude, lançando panfletos antifascistas sobre a capital portuguesa.
Mas foi o assalto ao Banco de Portugal da Figueira da Foz que fez correr muita tinta nos jornais.
O grupo de operacionais que acompanhavam Palma Inácio, e que viriam a formar a LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária), estudaram as alternativas para angariar fundos para a sua causa.
Para os revolucionários, deveria ser o próprio regime a pagar as ofensivas revolucionárias.
O assalto ao Banco de Portugal da Figueira da Foz foi considerado o mais rude golpe de que há memória nas finanças da Ditadura.
O grupo levou cerca de 30 mil contos, fugiu num avião, que o trouxe até Vila do Bispo, de onde fugiu de carro para Espanha e depois França.
Depois deste, talvez o seu plano mais arrojado tenha sido a tentativa de tomada da Covilhã. Tomar a cidade, fazendo explodir todos os seus acessos, nomeadamente estradas e pontes, era um dos objectivos desta operação da LUAR.
No entanto, foi uma tentativa mal conseguida.
Palma Inácio foi preso, seguiu para Lisboa para depois ser julgado no Porto.
Através da ajuda da sua irmã, a residir em Londres, o algarvio evadiu-se novamente da prisão, sem deixar rasto.
Considerado pela PIDE como um dos indivíduos mais perigosos, quem o conheceu de perto sabe bem o valor de um homem que tudo fez para lutar contra a repressão.
Hoje, com 86 anos, Palma Inácio reside num lar em Lisboa, fundado por antigos alunos da denominada «Velha Guarda Casapiana».
O comunicado do Presidente da República acerca do BPN foi um disparate, serviu para desmentir o que ninguém disse. Se ninguém escreveu insinuações ou mentiras, o comunicado só pode ser entendido como sendo um espanta fantasmas, um sinal claro de que Cavaco Silva está muito incomodado com o que está a suceder em torno do BPN, o que, aliás, foi Pedro Passos Coelho.
Cavaco Silva tem razão ao dizer que a Presidência da República deve ser uma "referência de seriedade" mas isso não significa que esteja acima de qualquer escrutínio, ou que os jornalistas nem possam ousar questionar o Presidente da República pelos actos da sua vida privada. Nem o Presidente da República nem nenhum titular de um cargo público está acima desse escrutínio em nome da seriedade ou dignidade das instituições, antes pelo contrário, devem assumir a defesa da transparência.
Quer Cavaco queira, quer não queira as personalidades envolvidas directa ou indirectamente num buraco de mil milhões de euros, que vão ser pagos pelos portugueses, são-lhe ou eram muito próximas, foram seus companheiros de anos de partido ou do governo, onde tiveram uma posição destacada. Poderá não se o actual Presidente da República que está em causa, mas é o cavaquismo que uma década depois está no banco dos réus da opinião pública, e não é por Cavaco Silva ser Presidente da República que os portugueses devem deixar de discutir livremente tudo o que envolve o BPN.
Coitadinho dele...
Parece que Constâncio se queixou de estar a ser "alvo" de um "linchamento público".
Tenho tanta pena dele...
A reafirmação da confiança política e pessoal em alguém da estirpe de Dias Loureiro feita hoje pelo Presidente da República pode ser um acto pessoalmente louvável mas parece-me um gravíssimo lapso político.
Não havia necessidade. Note-se que o PR nem sequer tem poderes para demitir um membro do Conselho de Estado (na minha opinião mas há quem pense o contrário). Para o melhor e para o pior, Cavaco Silva, a partir de hoje, uniu parcialmente o seu destino político ao do seu amigo. O que me parece desajustado e deslocado.
Ao declarar a sua confiança em Dias Loureiro, Cavaco Silva declara que os conselheiros por si nomeados são seus subordinados. Ao fazê-lo, retira-lhes credibilidade e peso político dentro do Conselho. Transforma-os em meras extensões da presidência sem peso político próprio. Existem portanto dois tipos de conselheiros. Aqueles, como Ramalho Eanes, que estão lá por direito próprio, e aqueles, como Dias Loureiro, que estão lá porque o Presidente deixa que estejam.
Os portugueses pagaram um preço demasiado elevado pelas trafulhices do BPN, os mais de mil milhões de euros foi quanto custou o bilhete, demasiado dinheiro para que agora nos escondam toda a verdade sobre o BNP e a teia de negócios e influências tecidas em torno daquele banco.
Não basta transformar Oliveira e Costa no boi da piranha, o buraco é demasiado grande para que as investigações se concentrem no antigo tesoureiro do PSD. É preciso puxar a ponta da meada até às últimas consequência, limpando o Estado dos homens do BPN.
Sebastião come tudo, tudo, tudo,tudo,...
Manuel Sebastião é da direcção da Ordem dos Economistas e vai ser presidente da Autoridade da Concorrência, estando a ordem de que é dirigente na alçada da autoridade de que será presidente. É legalmente incompatível, como fica evidente da leitura da Lei Orgânica. Mas parece que isso não incomoda nem o próprio, nem quem o nomeou
A m... não é só em Ponte de Sor é no País inteiro. O Último a sair que apague a luz.
E o Sr. Presidente Cavaco Silva, sempre tão preocupado com ele próprio, que o ofendam e o seu bom nome. Tem cada vez mais boca de ventriloco, parece que lhe dizem o que tem que falar, tão atarefado com - o presidente da república não pode permitir que-------------
isto, nem isto nem mais aquilo. Tenho dito. Traze o selo e fecha a porta.
E onde raio está o dinheiro? A PJ não pode fazer nada? A que bolsos foi ele parar? Somos um lindo povo. Comem-nos a papinha toda na nossa cabecinha e nós come e cala.
Ignorava que o antigo brigadeiro Pires Veloso sabia escrever. Livros, por exemplo. Para os mais novos (e como a blogosfera é mais infantil do que se julga), Pires Veloso foi comandante da região militar do Norte nos idos do PREC. Gostava de ter ido mais longe do que foi, mas a vida é mesmo assim. Cruel. Todavia, foi devidamente apascentado pelo PS e pelo PSD que, na altura, lhe criaram a ilusão de que tinha valia política. Fizeram o mesmo a Pinheiro de Azevedo, aliás. Veloso nunca perdoou a alguns camaradas de armas ter ficado para trás. Sobretudo a Eanes. Parece que agora escreveu o "livro do seu ressentimento". Faz de Eanes - só quem não conhece Eanes é que pode dizer barbaridades destas - um "amigo" do PC e pretende retirar-lhe o papel que aquele efectivamente desempenhou no "25 de Novembro". É pena que Mário Soares empreste a sua Fundação para apresentação da "obra" de Veloso em Lisboa. Só que Soares está cada vez mais Soares "Ferreira Alves" e menos Mário Soares. E, aí, tudo pode acontecer. Até dar guarida a tristezas destas.
Neste país as fundações são mais cás mães. Será que o Pinto também vai fazer uma à actriz mais ao marido e ao projecto que vai levar os pontessorenses ás ribaltas do teatro?
Aos poucos, como aconteceu com outro PR por causa de Macau, vai-se montando um cerco a Cavaco. Biltres de diversas extracções - uns mais "delicados" do que outros, mas a maioria a precisar de sangue e de "notícias" frescas para vender o respectivo peixe e "encobrir" o manto diáfano da fantasia que nos governa - insistem em "ligar" o Chefe de Estado ao tema BPN.
Não é preciso ter trabalhado em "informações" - e eu trabalhei, nas militares, no tempo em que elas eram vivas - para entender o que é que se está a tentar perpetrar e porquê.
Tenho pena que haja gente séria a fazer proselitismo com isto.
Ou outros, como Alfredo Barroso, que na sua qualidade de ex-chefe da Casa Civil de Soares, deve saber perfeitamente do que é que estou a falar.
Basta, no entanto, olhar à nossa volta - Parlamento, governo, gabinetes, partidos, elites da administração pública, banca - para ver como Macau acabou em bem. Em certo sentido, Cavaco é um "corpo estranho" a este regime. Mais.
É o único órgão eleito directamente pelo povo - as autarquias não contam para nada a não ser para afundar mais o regime e à Madeira "já chegaram" - que não foi "absorvido" pelo absolutismo democrático em vigor. É necessário explicador?
Depois do que já se sabe só há uma coisa a dizer: lamentável.
Só uma pergunta: Dias Loureiro não abandona o Conselho de Estado por se considerar inocente ou para beneficiar da imunidade que o cargo confere?
Se o ninguém o pode demitir e beneficia de imunidade é melhor ser membro do Conselho de Estado do que fugir para Londres, como fez Vale e Azevedo.
Assim sendo, enquanto Dias Loureiro se agarrar ao estatuto depois de se saber que não sabe nada de contabilidade é o prestígio de Estado que está em causa e as dúvidas são legítimas.
Ao fazer ele próprio o julgamento de Dias Loureiro, apenas com base no testemunho deste, Cavaco associa-se ao destino do seu velho amigo, mesmo depois de se ter tornado público o seu envolvimento directo em negócios pouco claros e quando já se sabe que pode ter mentido nas declarações em que envolveu António Marta.
Mas agora um Presidente da República, em particular um que preza tanto o exercício da autoridade como o ex-Primeiro Ministro Cavaco Silva, precisa de "poder demitir" formalmente alguém?
Alguns factos, no XII Congresso do PSD, em 19 de Maio de 1985, perante a candidatura de João Salgueiro, apoiada pelo situacionismo dos defensores do Bloco Central apareceu, de forma surpreendente, Aníbal Cavaco Silva, que assumiu então a liderança. O PSD rompeu a coligação governamental, em 4 de Junho, depois da reunião de Mário Soares e Cavaco Silva, onde este se propôs avançar com os pacotes laboral e agrícola. Para quem ía fazer a rodagem do carro ao Congresso chegou muito longe, com muita vontade e ideias feitas.
Como Primeiro Ministro Cavaco Silva não se deve ter aconselhado muito quando em 1987 anunciou que se vendia "gato por lebre" na bolsa nacional, com as consequências conhecidas, curiosamente com Miguel Cadilhe como Ministro das Finanças e Oliveira e Costa como Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Cavaco pensou e falou.
1989, o ano da manifestação sindical da policia, conhecida pela manif dos "secos e molhados", curiosamente o ano em que proposta de criação de comissões parlamentares para análise dos casos do apartamento das Amoreiras de Miguel Cadilhe e da actuação da Ministra da Saúde, Leonor Beleza, por parte do PS e do PCP, foram chumbadas pelo PSD. No caso das policias o Primeiro Ministro Cavaco Silva reagiu com força, tendo inclusivamente declarado "que o sindicalismo policial está a ser instrumentalizado por forças extremistas, incluindo comunistas e alguns socialistas". Não faltou pragmatismo nem consciência do exercício do poder a Cavaco Silva nesta altura.
Também em 1989 se demitiu Costa Freire de Secretário de Estado da Saúde para um ano mais tarde ser preso, indiciado e constituído arguido por crime de burla.Cavaco Silva teve algo a ver com a demissão?Obviamente.
Em 1991 Cavaco Silva declarou "sem um governo de maioria voltamos às guerrilhas institucionais". Ideias fortes e apreço pelo exercício do poder, veremos o que dirá dentro de alguns meses!Por falar em 1991 é também o ano do caso do Bolama, há já muito tempo esquecido, infelizmente!
1992 é o ano em que o Governo de Cavaco Silva atribui 2 licenças a canais privados, à SIC de Pinto Balsemão e à Igreja Católica, curiosamente com o voto contra do Ministro Dias Loureiro (por ter sido preterido o projecto de Daniel Proença de Carvalho, após longas negociações com D. José Policarpo mediadas por Fernando Seara).
Este ano foi marcado por manifestações estudantis contra as propinas, por manifestações de agricultores procurando mais subsídios, pela passagem de 1200 militares à reforma em virtude da Lei de redimensionamento das Forças Armadas e pela manifestação de autarcas contra Cavaco Silva que incluiu até o encerramento simbólico de algumas Câmaras Municipais. A determinação de Cavaco Silva e o hábito de impor a sua vontade fica como marca indelével deste ano também.
Em 1994 perante imensas manifestações de estudantes, cargas policiais, o escândalo Duarte Lima, a luta contra o pagamento de portagens na Ponte 25 de Abril após o aumento decidido pelo Governo, a acusação a Leonor Beleza por parte do Ministério Público por causa da importação de sangue contaminado com SIDA, a demissão de Pedro Santana Lopes em choque com o Primeiro Ministro, a demissão de António Sousa Lara por causa do Caso Saramago, a demissão de Maria José Nogueira Pinto e o conflito entre o ministro Dias Loureiro e Ladeiro Monteiro que levam à demissão deste último do SIS, foi notória a prevalência da vontade e a obstinação até de Cavaco Silva.
Mesmo no fim do "Cavaquistão", em 1995, com o tabu de Cavaco e a sua consequente desistência de concorrer à liderança do PSD e apresentar-se a eleições como candidato a Primeiro-Ministro, foi clara a imposição da vontade de Cavaco, talvez nesta fase algo temerosa ou calculista.
umpriram-se mais uma vez os desejos do líder que é, para mim, desde essa altura o coveiro do PPD/PSD pelas suas constantes interferências e "influências".
Por mera curiosidade este Congresso de 1995 é também famoso pela frase "sulistas, elitistas e liberais" de Luís Filipe Menezes, dirigida aos não-nogueiristas, a primeira tirada famosa do actual presidente da Câmara Municipal de Gaia e que na altura o fez voltar para casa mais cedo do Congresso.
Posto isto e ponderados estes factos, alguém se convence que se Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República, quisesse a demissão de Dias Loureiro, Conselheiro de Estado por ele designado, não a teria na mão no mesmo dia?
O Cavaquismo existiu, durante dez anos (1985-1995), e alguns dos seus resíduos mais tóxicos ainda hoje infectam a paisagem política portuguesa. Para quem já se esquecera dos escândalos que então rebentavam semanalmente nas primeiras páginas dos jornais, aí estão mais alguns exemplos edificantes que ajudam a refrescar a memória.
Sempre pensei que o cavaquismo era assim uma espécie de salazarismo democrático, em que o seu mentor era um poço de virtudes morais, o seu aparelho político um saco de gatos e boa parte dos seus apoiantes mais firmes e mais ilustres uma cambada de oportunistas e arrivistas em busca de sucesso material rápido e a qualquer preço.
A rigidez autoritária do poço de virtudes morais sufocou o espírito crítico e deu asas ao negocismo infrene como emblema de progresso, afinal efémero e ilusório. A verdade é que o «monstro» nasceu e começou a alimentar-se no seio do cavaquismo e que a «má moeda» prosperou no interior das suas hostes. A memória do povo é que é curta.
Os resíduos tóxicos do cavaquismo perduram. E contaminam todo o «bloco central». Os interesses sobrepuseram-se às ideias e aos programas abrindo a via ao pragmatismo sem princípios e à política sem alma. Nos dois pólos do «bloco central», Belém e São Bento, vicejam os eucaliptos que criam o deserto à sua volta. Por isso não espanta que Manuel Dias Loureiro e Jorge Coelho sejam uma espécie de expoentes do sucesso da coisa.
DESDE á trinta anos que portugal tem sido governado por parasitas .
E o pior é que não nos vemos livres deles.
O PR não pode demitir Dias Loureiro, toda a intervenção que tem feito neste caso só tem prejudicado a sua imagem, o que pode levar a supor que sabe ou esteja mais envolvino na situação do que se pensa.Esperemos que a clarificação que se exige ser feita, mostre totalmente os envolvidos e que a fraca justiça deste país se consiga exercer.
A intervenção de Cavaco Silva a propósito da inocência de Dias Loureiro é o segundo erro cometido pelo Presidente da República em poucos dias, antes já tinha emitido um comunicado para declarar a sua própria inocência contra eventuais afirmações que personalidades desconhecidas poderiam vir a fazer. Cavaco declara a sua inocência sem ter sido acusado e afirma a inocência de um terceiro sem esperar pela conclusão das investigações e pela comissão parlamentar de inquérito.
Para quem esteve envolvido na administração de um banco envolvido na Operação Furacão e que, como noticiou o Público, esteve envolvido em negócios pouco transparentes, para além do conflito entre as declarações que proferiu e as de António Marta, Dias Loureiro tem um estatuto de cidadania invejável. Ainda as investigações mal começaram e beneficia da imunidade conferida pelo estatuto de membro do Conselho de Estado (vá-se lá perceber porque razão estes senhores beneficiam de imunidade) e, como se isso fosse pouco, ainda conta com uma declaração de inocência feita pelo Presidente da República.
Quando um magistrado ouvir Dias Loureiro está a ouvir alguém que antes disso prestou declarações ao Presidente da República e este declarou publicamente a sua confiança na inocência do amigo. O procurador não vai ouvir um qualquer cidadão igual a todos os outros perante a lei.
Alguém me explica o que significa a separação de poderes ou o que será a igualdade entre os cidadãos deste país
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