sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PORTUGAL E ITÁLIA CADA VEZ MAIS PERTO...


Esta capa do Sol de hoje é um retrato do actual estado da nação.
Veremos o que isto vai dar, mas a situação pode remeter, pelo ambiente geral, para o que se passou em Itália, na primeira metade dos anos noventa do séc. passado.
Governava o PS de Bettino Craxi (que Mário Soares depois disso visitou na Tunísia e onde reafirmou a inocência do condenado em pesada pena de prisão por crimes de corrupção) e na altura, Claudio Martelli, que tinha sido ministro da Justiça (imagine-se!), tomou conta do partido, até se saber que estava enterrado até ao pescoço na mesma cloaca infecta da corrupção politico-partidária, mostrada à luz do dia pela operação mani pulite, cuja investigação era orientada por uma equipa de magistrados, cujos quatro principais estão aqui retratados nesta foto e artigo da revista Época (da Mondadori que pertenceria a Berlusconi) , de 28.1.1996.
Martelli foi depois condenado, por corrupção, no âmbito da operação Tangentopolli (luvas para contratos...) e acabou como apresentador de programas de tv, num canal de...Berlusconi.


Nessa altura, em Itália, já se falava no perigo da república de juízes...e por cá, se esta investigação da Face Oculta avançar, irá fatalmente aparecer quem dirá o mesmo.
Os Vitais Moreira e Júdices e outros já estão a pensar no modo como vão articular o discurso.
É por isso uma questão de tempo.
A diferença com a Itália dos anos noventa , porém, pode resultar de outra circunstância: o código de processo penal italiano, na época e em projecto para entrar em vigor, era aquele que nós acabamos por adoptar, mais ou menos na mesma época, mas ainda sem as mais de vinte alterações que entretanto lhe foram introduzindo.
Uma das particularidades do código italiano era a de as escutas serem amplamente divulgadas nos media. E ninguém se queixava da violação de direitos, liberdades e garantias.

José

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8 Comments:

At 6 de novembro de 2009 às 19:22, Anonymous Anónimo said...

É do Quando o telefone toca?
Queria ouvir Amigos para siempre, uma música dedicada à terna amizade entre Armando Vara e José Sócrates. Obrigado.

 
At 6 de novembro de 2009 às 20:21, Anonymous A.B.C. said...

O problema maior da corrupção não são os 10% de comissão cobrada nas adjudicações de obras e contratos públicos, mas os 100% da própria adjudicação de obras e contratos inúteis: os 50% do seu custo, os 10% de comissão ao corrupor e os 40% de ganho extra que o empresário corrompido exige como contrapartida da comissão. No fundo, o corruptor é o político, pois é ele quem extorque o dinheiro, o lugar e a quota, para um fim ilegítimo.

Se fossem apenas os 10%, a sociedade encararia, como na óptica cunharodríguica (TSF, 3-11-2009), a corrupção como uma crise natural das sociedades desenvolvidas e resignar-se-ia ao pagamento do imposto da corrupção, como nas zonas de guerra e terrorismo as empresas se habituam a pagar às guerrilhas o imposto revolucionário. Isto é, a comissão dos políticos corruptos, e das suas redes nas grandes instituições e empresas dependentes do Estado, seria uma espécie de um imposto caciqueiro normal da democracia representativa: o povo elege representantes que vão administrar o Estado e estes cobram-lhe uma percentagem dos negócios realizados em troca desse serviço.

O problema é o custo social principal da corrupção: o custo de oportunidade da decisão de obras e contratos inúteis, ou com muito baixo grau de utilidade, em detrimento de obras e contratos necessários e de consenso prioritário, ou/e aumento da dívida pública. Isto são 100% da obra e não apenas os 10% da comissão do político, que também distribui uma parcela dessa comissão, extorquida aos empresários, directamente por si e pelos seus agentes nos institutos e empresas dependentes do Estado. Ou, num processo mais sofisticado, recebe apenas um prémio de licenciamento à cabeça (a licença para entrar no circuito corrupto...) para garantir no futuro um lugar nos órgãos sociais e uma parcela do capital da empresa entretando engordada.

Perguntará o leitor: porque não se contentam os corruptores políticos em receber 10% das obras e contratos necessários?... Porque a comissão dos políticos corruptos nas obras e contratos inúteis, ou de baixa utilidade e prioridade, é muito maior. Naquelas obras que não são úteis ou prioritárias, o empresário aceitará pagar não apenas a comissão normal de 5%, mas um prémio adicional pelo facto da obra inútil, ou de baixa utilidade, ter sido decidida. É maior o esforço do político que tem de persuadir o povo de que a obra ou contrato inútil é necessária e é também maior o perigo do gestor que arrisca o lugar pelo contrato inútil. Por exemplo: se houver um concurso para determinada obra útil, o empresário sabe que é um dos que pode ganhar; mas se for criado um concurso especialmente para ele para a realização de uma obra inútil, o empresário garante logo o ganho e ainda deve o favor especial ao político-gestor corrupto de lhe garantir um contrato que jamais faria, pois a obra não seria feita por ninguém.

Portanto, a corrupção é um crime insuportável ao povo pela dívida que lhe impõe, no presente e às gerações futuras, e pela perda de bem-estar da não realização pelo Estado de obras e contratos, compras e serviços, absolutamente necessários e prioritários: o hospital, a escola, a empresa; o médico, o professor, os produtos. É o povo quem decide a cura (ou a morte), a aprendizagem (ou o atraso), a riqueza (ou a pobreza).

Nas sociedades democráticas o poder reside em último grau no povo: não na aristocracia reinante, na oligarquia abusadora, ou na opressão do exército ou polícia, com cobertura dos magistrados. É o povo que tem o direito de se resignar perante a corrupção do Estado ou opor-se a essa corrupção. Todo o homem é irmão de outro porque pertencemos ao mesmo género: aquele que recebe um benefício directo (salário, pensão ou subsídio) tem obrigação moral de atender ao bem-estar dos outros e não somente pensar no seu privilégio atribuído pelo Estado. É possível haver um governo que atenda aos realmente necessitados e promova o bem-estar e desenvolvimento geral, através da contenção da corrupção.

 
At 7 de novembro de 2009 às 15:50, Anonymous L.C. said...

Sócrates está encurralado.
Entre uma oposição e uns amigos que não interessam muito.
A oposição dá cabo da cabeça do Primeiro. Os amigos dão-lhe cabo da paciência.
Não bastavam já os tios e os primos, agora os amigos e, ainda por cima, amigos que ele colocou no pedestal da política, das empresas públicas, da finança.

A oposição entala Sócrates entre a espada e a parede.
Os amigos deixam-no nervoso, à beira de um ataque.
Quando o seu amigo Armando Vara lhe telefona e comenta o caso da compra da TVI e por azar há escutas...tudo uma chatice.

Os portugueses votaram no homem julgando que agora ia haver sossego.
Enganaram-se.
A face Oculta comparada com o Freeport, até se pode dar este último como brinde e esquece-lo. A Face vai dar muitos folhetins desta saga socialista, agora no capítulo Sucatagate.

 
At 8 de novembro de 2009 às 19:15, Anonymous Anónimo said...

Hoje quando os portugueses ouvem o nome de José Sócrates desfilam pela sua memória os "casos".

1 - Dúvidas sobre a sua licenciatura, ao Domingo, e o "inglês técnico";
2 - Caso Cova da Beira, os lixos da Cova da Beira;
3 - Os "projectos de arquitectura" que Sócrates não terá feito mas assinado;
4 - O "Freeport";
5 - Os apartamentos de Sócrates e da sua mãe, ex-empregada doméstica;
6 - Agora o caso "Face Oculta", e a "sucata" de Ovar!

Os deuses estarão loucos perseguindo uma pessoa, Sócrates?

Ou é o Poder Político que condiciona a investigação, que não tem força para levar os casos até às últimas consequências, como a Justiça Francesa levou o do ex-PM Francês, do ex- Presidente da República francês, o do ex-ministro do Interior francês que até já foi condenado?

Tanto fumo tem de ter matéria combustível! Ou não?

A ONU tem um assunto a tratar brevemente:Nomear um Governo para Portugal! Assim uma espécie de "Comissão Administrativa" para Portugal!

Porque em Portugal vai acontecendo nos processos crime o que os miúdos fazem com os cromos: O PSD tem processos crime para a troca; o PS tem processos crime para a troca, o CDS tem processos crime para a troca!

Tenho vergonha desta política portuguesa!

 
At 9 de novembro de 2009 às 17:39, Anonymous Anónimo said...

E sera que não haverá noticias relacionadas com a nossa hurbe nao me parece que aquilo ali das bandas de montargil esteja tudo assim tão bem mas andam todos calados, algo se passará que há gato há, mas nem o PSD nem a CDU dizem nada será que hibernaram?

 
At 9 de novembro de 2009 às 18:56, Anonymous M. said...

Um Código de Conduta, para Corruptos?!...
Primeiro espantamo-nos com os crimes flagrantes, de roubalheira do Estado, de todas as formas e feitios, incluindo nos impostos.

Depois descobre-se a colaboração dos serviços públicos, ao mais alto nível de decisão, pelas cabeças que "mereceram" a confiança e nomeação política, incluindo o Chefe das finanças de Aveiro, ou lá onde é que o sucateiro declarava.

Depois, conhecemos os pormenores, aparecem os procedimentos omissos, ou aldrabados e "simplificados", transformados em "simplex", cretino, chico-esperto, e criminoso.

Depois, são as dificuldades da polícia em validar as provas flagrantes, que a lei vigente permite desqualificar e anular, por meros formalismos, quase impossíveis de cumprir, e que qualquer advogado da defesa pode esgrimir, para desespero da polícia, dos tribunais, e do cidadão comum.

Como música de fundo, vamos ouvindo a propaganda do poder, veiculada pela comunicação social, sustentada pelos parasitas do estado, a dizer que "lá fora" é igual ou pior.

Ainda o escândalo anterior não foi digerido, nem esquecido, e já aí está outro, fresco e viçoso, a pôr-nos os cabelos em pé.

E, para acabar connosco, o novo governo descobriu que, para combater a corrupção, não é preciso alterar o sigilo bancário nem os offshores. O que é preciso é um Código de Conduta. A modos que, a puxar pela ética e moral dos corruptos.

Como se não bastassem todos os indícios, todos os antecedentes, todos os boicotes, todo o atropelo da lei, todo o envolvimento e comprometimento, só mesmo um partido que não quer acabar com a corrupção, é que se podia sair com uma destas!

Um Código de Conduta, para Corruptos!

Já agora, em apoio da estratégia do Governo, e para que a coisa seja feita com conhecimento de causa, que o Código de Conduta para Corruptos seja coordenado e supervisionado pela sociedade Sócrates, Vara e Felgueiras, com a assessoria dos Tios e Primos do Primeiro Ministro.

 
At 9 de novembro de 2009 às 18:57, Anonymous Anónimo said...

«Aproxima-te um pouco de nós, e vê. O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A práctica da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima abaixo! Toda a vida espiritual, intelectual, parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As quebras sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguer. A agiotagem explora o lucro. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. O número das escolas só por si é dramático. O professor é um empregado de eleições. A população dos campos, vivendo em casebres ignóbeis, sustentando-se de sardinhas e de vinho, trabalhando para o imposto por meio de uma agricultura decadente, puxa uma vida miserável, sacudida pela penhora; a população ignorante, entorpecida, de toda a vitalidade humana conserva únicamente um egoísmo feroz e uma devoção automática. No entanto a intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada. Apenas a devoção insciente perturba o silêncio da opinião com padre-nossos maquinais. Não é uma existência, é uma expiação. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido! Ninguém se ilude. Diz-se nos conselhos de ministros e nas estalagens. E que se faz? Atesta-se, conversando e jogando o voltarete que de norte a sul, no Estado, na economia, no moral, o país está desorganizado e pede-se conhaque! Assim todas as consciências certificam a podridão; mas todos os temperamentos se dão bem na podridão!»

(Este texto foi originalmente escrito em 1871, mas, caso Eça de Queirós voltasse, podia constatar que nada mudou, e que para cúmulo temos uma Nova Desordem Mundial.)

 
At 17 de novembro de 2009 às 19:11, Anonymous Anónimo said...

À ATENÇÃO DE QUEM PUDER AJUDAR

A obra vergonhosa do Sr Carlos Saraiva, de "roubar" milhares de metros cubicos de água à barragem com a construção de um aterro com mais de 8 hectares,para a implatação de campos de golfe, JÁ RECOMEÇOU.

Verifiquem se tudo está devidamente autorizado e licenciado.

Por este andar qualquer dia temos o acesso à barragem vedado aos residentes e utentes , pois o terreno que vai do Parque de Campismo a Vale Vilão é agora propriedade deste senhor.

AS

 

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