AVENTURAS DO JOSÉ LUIS PEIXOTO NO MÉXICO
Máquina calculadora
O passado dia 25 de Novembro foi o trigésimo quarto que vivi e, ao mesmo tempo, foi o mais longo. Tenho quase a certeza de que não houve outro 25 de Novembro na minha vida em que tenha ganho 6 horas (24+6=32). O tempo não é algo que se dê ou que se receba. O tempo é algo que se negoceia com a natureza. Talvez por isso, essas 6 horas foram trocadas por 12 horas de imobilidade num voo longo (32-12=20). Quanto às 6 horas, terei de deixá-las na alfândega quando regressar a Lisboa (6-6=0). A natureza é muito ciosa do seu tempo. É muito difícil negociar com a natureza.
É muito mais fácil negociar com os mexicanos. Por um lado, 1 euro equivale a 17 pesos, mais coisa, menos coisa (coisa-coisa=coisa); por outro lado, os sorrisos são gratuitos e produzem-se em grandes quantidades. Há fábricas de sorrisos a laborar dia e noite. Depois, há a língua. O espanhol, no México, é a única coisa comestível que não é picante. É doce, é dulcito.
No dia 26, hoje, fui o indivíduo mais despenteado que tomou o pequeno-almoço no hotel El Diplomático. Eram 5 horas da tarde em Portugal, 11 horas no México. Às 7 e meia, quando comecei a falar no Centro de Lectura Condesa, eram 1 e meia da noite em Portugal. Boa hora.
Na primeira apresentação que alguma vez fiz no México, olhei para as pessoas demoradamente, li excertos dos romances e dois ou três poemas, a la hora de poner la mesa, deixei frases a meio, falei das Galveias, contei histórias e, algumas vezes, ri-me sozinho, mas com gosto. Dei uma entrevista antes e outra depois da apresentação. Conheci pessoalmente leitores que apenas conhecia por email e internets várias, autografei livros, sorri para fotografias de telemóvel e ofereci todos os livros que levei.
Agora, são 3 horas. Em Portugal são 9 da manhã. Vou dormir quando as pessoas estão a acordar. Ou seja, o habitual.
José Luís Peixoto
É muito mais fácil negociar com os mexicanos. Por um lado, 1 euro equivale a 17 pesos, mais coisa, menos coisa (coisa-coisa=coisa); por outro lado, os sorrisos são gratuitos e produzem-se em grandes quantidades. Há fábricas de sorrisos a laborar dia e noite. Depois, há a língua. O espanhol, no México, é a única coisa comestível que não é picante. É doce, é dulcito.
José Luís Peixoto
Etiquetas: Galveias, José Luís Peixoto, Literatura, México, Poesia
2 Comments:
Grande Zé Luís Peixoto, és o orgulho de todos nós.
muito obrigado José Luís, por levares o nome de Portugal por esse mundo fora com uma das melhores armas, a palavra, a escrita, o portugues, e mais contente fico quando não te esqueces da tua terra, das suas origens continua assim, porque so assim, caminhas para a frente.
mestre lopes
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