É CRIME... FALAR, ESCREVER, PENSAR...
O homem é o único animal que discursa, tal como é o único animal que sabe rir...
Dizia-se isto no tempo em que não havia teleponto, telemóvel e televisão, quando discurso ainda tinha a ver com a dimensão logos, isto é, com a razão, com a palavra posta em comunicação, onde a complexidade dos músculos que permitem a gargalhada até levava Bergson a concluir que não há nada de cómico fora do que é propriamente humano.
É que o cómico nasce quando os homens reunidos em grupo voltam a sua atenção para um deles, calando a sua sensibilidade e exercendo só a sua inteligência.
Assim, tenho de recordar José Ortega y Gasset, para quem quando a paixão invade as multidões, é crime de lesa-pensamento o pensador falar.
Porque para falar tem que mentir. E o homem que aparece antes de mais entregue ao exercício intelectual não tem o direito de mentir.
Não, não estou a pensar no Dalai Lama e nos actos de policiamento dos chineses sobre o território Tibetano, sob a soberania de Pequim.
Não vou continuar a dizer que a perestroika, que nos dá lojas de trezentos, jogos olímpicos, comércio, diplomacia, casinos e fundações do Oriente, pode ser interrompida pelos incómodos da glasnot.
Os mil e duzentos metros quadrados do pavilhão bem ginasticado não são um salão do Portugal dos Pequeninos, onde se prometia a baixa dos impostos, a redução das prestações sociais, o aumento da carga fiscal. Abaixo os sindicalistas, os funcionários públicos, os professores, os magistrados, os farmacêuticos, os médicos, os notários, os enfermeiros. Estamos contra todos, mas não estaremos contra todos ao mesmo tempo, nem deixaremos de comprimir os chamados direitos adquiridos.
Prefiro convidar os portugueses a espreitar para o hall da minha casinha, que não foi desenhada quando eu apenas era desenhador na autarquia da Serra da Estrela.
Esqueçam o espelho com moldura dourada, esqueçam que não vos apresentei os meus pais, os meus filhos e a minha namorada, como fez o outro.
Nem sequer vos convido para se sentarem no sofá da sala.
Apenas uma biquinha no café da esquina, que os meus assessores de comunicação hão-de pagar.
Não estou para aturar intelectuais que não aceitam reconhecer o Pinto Ribeiro como nomeador, os tais que recordam os actos de tirania dos mitificados príncipes perfeitos e que continuam a dizer que as luzes da iluminação especulativa não devem assentar na rotina do despotismo.
O Charrua que se lixe.
A tipa de Vieira do Minho que se esqueça, o Balbino que gaste o dinheirinho com o Zé Maria Martins.
Um reformador como deve ser pode continuar a ter os muitos pés de barro dos muitos directores-regionais do Norte e do Sul, essses aparelhismos verbeteiros dos micro-autoritarismos sub-estatais, com direito a advogado e a avençado pago pelas verbas do orçamento de Estado contra os protestantes, huguenotes e quejandos.
Qualquer João Figueiredo sabe para que servem as meras rodas dentadas do anónimo mecanismo do Leviathan e do PRACE.
O Estado é isto, meus senhores, a abstracção de um discurso de estadão, no tempo da folle du logis e da teledemocracia.
Os indivíduos, infelizmente, são meros elementos fungíveis de uma tabela estatística que suporta as regras das sondagens e dos estudos de opinião pública.
Aliás, quanto mais à esquerda se pensa o poder, mais ilusão têm os detentores do mesmo quanto à bondade dos meios que utilizam, dado que se deixam elevar pela altitude dos fins que julgam prosseguir.
Os tais instrumentos ditos inquisitoriais, com excessos ditos purgas, porque os chefes e engenheiros de almas, abrasados pelos fins dos superiores interesses do país, se desleixam das correias de transmissão e das rodas dentadas do Estado-Aparelho.
Se os chefes têm, com eles, a doutrina, nenhuma parcela da força do estadão lhes pode fugir, e todos os opositores que não queiram comer à mesa do orçamento passam à categoria de filhos das trevas.
E este é o país do rigor, da competência, de mais qualidade, de mais qualificações, de modernização, onde, infelizmente, até nos acusam de irmos depressa demais.
Quando o país estava atrasado demais, parado demais, sem compreender a urgência da mudança.
O mundo está a mudar e os país tem de mudar com o mundo.
Nós, chefes, somos a força da modernização, o futuro que precisamos de construir e não somos dos que vão para onde sopra o vento, atrás de qualquer protesto.
Nem sequer somos dos que alimentam a descrença e fomentam o pessimismo, como dizia Marcello Caetano, antes de ser metido na Chaimite. Somos o partido progressista de Portugal.
Temos connosco o Jorge Coelho, que bem sabe fazer oposição à oposição, sem se comprometer com apoios à Maria de Lurdes.
Temos o principie Almeida Santos, que sempre apoiou a Ota por causa das pontes que podem ser dinamitadas por terroristas e que ainda é capaz de juntar cem mil pessoas na rua.
Nós somos o novo estado, o rigor, a modernidade, a Europa, o mundo, a competência, o aborto, a luta contra os berloques na língua, o Lemos de Castelo Branco, o Teixeira dos Santos, o Mariano Gago, o Santos Silva, mesmo que já não sejamos o Campos Cunha, a SEDES, o Freitas do Amaral. E até podemos vir a ser o Vital Moreira, o José Miguel Júdice e o Pedro Mexia.
Somos como sempre fomos, o Costa Cabral, o Fontes Pereira de Melo, o Afonso Costa, o António de Oliveira, o Cavaco Silva, mesmo sem uma ideia de Portugal e sem uma ideia de Europa.
Mesmo sem qualquer ideia de ideias.
Por mim, voltando a Ortega, apenas repito: reivindico inteiramente o direito de me manifestar tal como sou. Ingresso na política, mas sem abandonar um átomo da minha substância...
Reclamo o pleno direito de se fazer uma política poética, filosófica, cordial e alegre.
Outra coisa seria coarctar-me injustamente.
JAM
Dizia-se isto no tempo em que não havia teleponto, telemóvel e televisão, quando discurso ainda tinha a ver com a dimensão logos, isto é, com a razão, com a palavra posta em comunicação, onde a complexidade dos músculos que permitem a gargalhada até levava Bergson a concluir que não há nada de cómico fora do que é propriamente humano.
É que o cómico nasce quando os homens reunidos em grupo voltam a sua atenção para um deles, calando a sua sensibilidade e exercendo só a sua inteligência.
Assim, tenho de recordar José Ortega y Gasset, para quem quando a paixão invade as multidões, é crime de lesa-pensamento o pensador falar.
Porque para falar tem que mentir. E o homem que aparece antes de mais entregue ao exercício intelectual não tem o direito de mentir.
Não, não estou a pensar no Dalai Lama e nos actos de policiamento dos chineses sobre o território Tibetano, sob a soberania de Pequim.
Não vou continuar a dizer que a perestroika, que nos dá lojas de trezentos, jogos olímpicos, comércio, diplomacia, casinos e fundações do Oriente, pode ser interrompida pelos incómodos da glasnot.
Os mil e duzentos metros quadrados do pavilhão bem ginasticado não são um salão do Portugal dos Pequeninos, onde se prometia a baixa dos impostos, a redução das prestações sociais, o aumento da carga fiscal. Abaixo os sindicalistas, os funcionários públicos, os professores, os magistrados, os farmacêuticos, os médicos, os notários, os enfermeiros. Estamos contra todos, mas não estaremos contra todos ao mesmo tempo, nem deixaremos de comprimir os chamados direitos adquiridos.
Prefiro convidar os portugueses a espreitar para o hall da minha casinha, que não foi desenhada quando eu apenas era desenhador na autarquia da Serra da Estrela.
Esqueçam o espelho com moldura dourada, esqueçam que não vos apresentei os meus pais, os meus filhos e a minha namorada, como fez o outro.
Nem sequer vos convido para se sentarem no sofá da sala.
Apenas uma biquinha no café da esquina, que os meus assessores de comunicação hão-de pagar.
Não estou para aturar intelectuais que não aceitam reconhecer o Pinto Ribeiro como nomeador, os tais que recordam os actos de tirania dos mitificados príncipes perfeitos e que continuam a dizer que as luzes da iluminação especulativa não devem assentar na rotina do despotismo.
O Charrua que se lixe.
A tipa de Vieira do Minho que se esqueça, o Balbino que gaste o dinheirinho com o Zé Maria Martins.
Um reformador como deve ser pode continuar a ter os muitos pés de barro dos muitos directores-regionais do Norte e do Sul, essses aparelhismos verbeteiros dos micro-autoritarismos sub-estatais, com direito a advogado e a avençado pago pelas verbas do orçamento de Estado contra os protestantes, huguenotes e quejandos.
Qualquer João Figueiredo sabe para que servem as meras rodas dentadas do anónimo mecanismo do Leviathan e do PRACE.
O Estado é isto, meus senhores, a abstracção de um discurso de estadão, no tempo da folle du logis e da teledemocracia.
Os indivíduos, infelizmente, são meros elementos fungíveis de uma tabela estatística que suporta as regras das sondagens e dos estudos de opinião pública.
Aliás, quanto mais à esquerda se pensa o poder, mais ilusão têm os detentores do mesmo quanto à bondade dos meios que utilizam, dado que se deixam elevar pela altitude dos fins que julgam prosseguir.
Os tais instrumentos ditos inquisitoriais, com excessos ditos purgas, porque os chefes e engenheiros de almas, abrasados pelos fins dos superiores interesses do país, se desleixam das correias de transmissão e das rodas dentadas do Estado-Aparelho.
Se os chefes têm, com eles, a doutrina, nenhuma parcela da força do estadão lhes pode fugir, e todos os opositores que não queiram comer à mesa do orçamento passam à categoria de filhos das trevas.
E este é o país do rigor, da competência, de mais qualidade, de mais qualificações, de modernização, onde, infelizmente, até nos acusam de irmos depressa demais.
Quando o país estava atrasado demais, parado demais, sem compreender a urgência da mudança.
O mundo está a mudar e os país tem de mudar com o mundo.
Nós, chefes, somos a força da modernização, o futuro que precisamos de construir e não somos dos que vão para onde sopra o vento, atrás de qualquer protesto.
Nem sequer somos dos que alimentam a descrença e fomentam o pessimismo, como dizia Marcello Caetano, antes de ser metido na Chaimite. Somos o partido progressista de Portugal.
Temos connosco o Jorge Coelho, que bem sabe fazer oposição à oposição, sem se comprometer com apoios à Maria de Lurdes.
Temos o principie Almeida Santos, que sempre apoiou a Ota por causa das pontes que podem ser dinamitadas por terroristas e que ainda é capaz de juntar cem mil pessoas na rua.
Nós somos o novo estado, o rigor, a modernidade, a Europa, o mundo, a competência, o aborto, a luta contra os berloques na língua, o Lemos de Castelo Branco, o Teixeira dos Santos, o Mariano Gago, o Santos Silva, mesmo que já não sejamos o Campos Cunha, a SEDES, o Freitas do Amaral. E até podemos vir a ser o Vital Moreira, o José Miguel Júdice e o Pedro Mexia.
Somos como sempre fomos, o Costa Cabral, o Fontes Pereira de Melo, o Afonso Costa, o António de Oliveira, o Cavaco Silva, mesmo sem uma ideia de Portugal e sem uma ideia de Europa.
Mesmo sem qualquer ideia de ideias.
Por mim, voltando a Ortega, apenas repito: reivindico inteiramente o direito de me manifestar tal como sou. Ingresso na política, mas sem abandonar um átomo da minha substância...
Reclamo o pleno direito de se fazer uma política poética, filosófica, cordial e alegre.
Outra coisa seria coarctar-me injustamente.
JAM
Etiquetas: Amigos do Partido Socialista, Câmara Municipal de Ponte de Sor, José Sócrates, Liberdade, Partido Socialista, Política, Portugal o Grande Circo
19 Comments:
deixe estar, eu ponho-o aqui:
"Disseram liberdade?
8:00 | Segunda-feira, 17 de Mar de 2008
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Parece que o país anda um pouco agitado. Manifestações gigantescas de "indignação", "liberdades ameaçadas", "mal-estar difuso", comportamentos "antidemocráticos" do Governo e outras coisas igualmente assustadoras. No mesmo dia em que fazia aprovar um regulamento interno que muito boa gente do seu partido considera uma "chapelada", o líder do PSD, o desastrado Luís Filipe Menezes, anunciou que vai requerer um debate parlamentar com a presença do primeiro-ministro, para discutir "o estado da democracia e a forma como as liberdades estão a ser exercidas".
E como é que as liberdades estão, então, a ser exercidas? Nesse mesmo dia, sábado passado, 100.000 professores ocuparam Lisboa para contestar a política de educação do Governo e exigir a demissão da ministra. Quinze dias antes, tinham sido 50.000, convocados pela CGTP, para contestar em bloco a política do Governo. A mesma CGTP que, saída de um congresso onde o PCP lhe assinou a sentença de morte de qualquer veleidade de independência sindical, tratou logo de avisar que, daqui até 2009, vai intensificar a luta social para "evitar nova maioria absoluta do PS" - um programa político e não sindical. Parece que, por aqui, as liberdades são exercidas sem problema...
Aparentemente, o líder da oposição viu na agenda política da CGTP uma oportunidade a não perder para juntar a batalha de fundo e ideológica do PCP às necessidades conjunturais do PSD, que ele conseguiu estilhaçar em breves quatro meses de insuperáveis asneiras. Chegou mesmo ao ponto de se fazer fotografar ao lado dos dirigentes da Fenprof e de ver na manifestação de domingo passado "um sinal irreversível do corte emocional do país com o Governo de Sócrates". Indignado com os "ataques do Governo ao sindicalismo" e com a "invasão de sedes de sindicatos", um eufórico Luís Filipe Menezes anuncia já ter "restaurado o estatuto e a credibilidade do PSD" e, por isso, e ao contrário do que pensava oito dias antes, já vê o partido no governo daqui a ano e meio disposto a "mudar Portugal". Com a ajuda da CGTP. Como se vê, também a liberdade partidária não parece estar em causa, assim como a liberdade de delirar em público.
Noutra frente, também as invocadas malfeitorias antidemocráticas do Governo encontraram terreno para várias outras indignações. De repente, diversos jornais e jornalistas deixaram de lado o trabalho de analisar a razão ou a falta dela de professores e ministra da Educação, para passarem a achar suficiente a acusação dos professores de que estão a atentar contra a sua "dignidade". O jornal 'Público', desesperadamente em busca de uma caução de esquerda (perdida quando o seu director, entre outras coisas, se lembrou de ver na invasão do Iraque uma espécie de 25 de Abril no Médio Oriente), passou a semana que antecedeu a manifestação dos professores a fazer a promoção dela. Quando a Fenprof anunciou de véspera 70.000 manifestantes, o 'Público' confirmou: iam ser 70.000; quando a Fenprof, no dia após, corrigiu para 100.000, o 'Público' adoptou logo os 100.000 como número oficial e definitivo. E quando alguns polícias e GNR foram a quatro das 1200 escolas do país perguntar quantos manifestantes viriam a Lisboa, o 'Público' tratou imediatamente de fazer manchete com a acusação da Fenprof de que se tratava de uma manobra intimidatória, seguramente planeada ao mais alto nível: nem por um momento se ponderou a possibilidade de ser verdadeira, e mais razoável, a explicação dos polícias envolvidos de que tinham apenas querido planear e facilitar o trânsito para e em Lisboa.
Mais sugestivo ainda foi o episódio acontecido em Chaves com o ministro Augusto Santos Silva (colunista do 'Público' até à sua ida para o Governo). Chegando à sede local do PS para uma reunião privada do partido, o ministro foi recebido por uma manifestação "espontânea" de gente a gritar-lhe, entre outros mimos, o de "fascista". O homem indignou-se, como eu me teria indignado. E desabafou que não apenas o PCP não detinha o exclusivo histórico da luta antifascista, como também, e como toda a gente sabe, lutou contra o fascismo, mas não pela liberdade e pela democracia e sim pela "instauração da sociedade socialista", derrotada na Fonte Luminosa, em 1975 - uma verdade inquestionável e, até hoje, um divisor das águas passadas que se mantém actual. Pois, no dia seguinte, o 'Público' virava as coisas ao contrário e, sem pudor algum, considerava que aquilo que merecia repúdio não era a manifestação contra o exercício do direito de reunião partidária, mas sim a "reacção desabrida" (título do jornal!) do ministro. O que diria o PCP, o que diria Menezes, o que diria o 'Público' se amanhã o Governo ou o PS organizassem manifestações à porta das sedes do PCP ou do PSD a chamarem-lhes fascistas? Como se vê, também a liberdade de opinião não parece estar em perigo - pelo menos a da oposição.
Esta palavra liberdade é uma palavra muito séria. Não é para ser usada para aí aos quatro ventos por quem só se lembra dela quando lhe convém. Entre outras coisas, a liberdade implica a coragem de dar a cara por aquilo em que se acredita. Não me merecem nenhum respeito os professores que passaram a semana anterior à manifestação a falar aos jornais sob anonimato ou nome fictício - perante a complacência ou mesmo cumplicidade dos jornalistas. Diziam que assim se precaviam contra represálias da "ditadura" da ministra da Educação. E, ao aceitaram tal anonimato e a sua justificação, os jornalistas fizeram-se cúmplices dessa acusação gratuita de que a ministra é pessoa para perseguir quem se lhe opuser. Também cá tenho algumas cartas anónimas de professores desses, invariavelmente forradas de insultos e difamações pessoais de toda a ordem. Em nome da liberdade e da sua dignidade ofendida, dizem. Dizem, mas não sabem: a liberdade é outra coisa. E a dignidade também.
Espanta-me a falta de reflexão sobre a inversão ética da tese aqui contida: se alguém se recusa a subscrever as opiniões que emite é porque está com medo; e, se está com medo, é a prova de que a liberdade está ameaçada. Onde houver um cobarde, portanto, será sempre sinal de que a liberdade está em perigo - a conclusão até pode estar certa filosoficamente, o caminho para lá chegar é que representa uma inversão de valores. Se todos falássemos sob anonimato sem dúvida que viveríamos ainda em ditadura. E sabem quem seriam os primeiros a calar-se?"
Miguel Sousa Tavares, Expresso de 15 de Março 08
espero que os dois ultimos paragrafos sejam bem lidos.
Pobre "criança" este sr. Ricardo Cardoso!
Onde estavas tu em 1958?
Onde estavas tu em 1962?
Onde estavas tu em 1969?
Onde estavas tu em 1974?
Onde estavas tu em 1975?
Ainda não tinhas nascido, é verdade, pobre "criança"!
Quanto ao MST, esse já tinha, já lutava junto com F.S.T. e da S.M.B.A. e em 1974, aquando da minha saída. de Caxias, estava com o pai o "Xico Tareco" à espera dos presos que viam chegar a luz da Liberdade, por isso merece todo o respeito, porque soube como muitos de nós lutar pela Liberdade, pode escrever e falar sobre o tema e nunca foi(nem é candidato) a "boy".
Agora tu pobre "criança" não sabes do que falas não passas de uma "criança" candidata a "boy".
Por isso não te sirvas de escritos de homens sérios e honestos para provocar outros homens sérios e honestos.
Cresce e aparece, não tens passado, para evocar a Liberdade.
O M.S.T. (apesar de eu, nem sempre concordar com os seus escritos)e os seus familiares sempre lutaram por ela, coisa que a "criança" sr. Ricardo Cardoso e família nunca fizeram!!!
Os Sócretinos fizeram o seu anunciado comício de apoio ao governo.
Fizeram-no num pequeno pavilhão, com muita tecnologia, muita bandeira, muito show-off e muito profissionalismo.
Afinal o objectivo era mostrar um partido mobilizado, alegre e festivo; Dinheiro, especialistas e profissionais não faltam.
Tudo pensado, desde os aplausos à Sinistra Ministra, às “lantejoulas” do Engenheiro.
Mas, nem com tudo isto conseguíram esconder a sua inabilidade para conviverem com a crítica e com a contestação, não conseguíram deixar de querer combater a “rua” com uma “rua” que não têm.
Desde a afirmação patética do Almeida Santos, talvez envergonhado pela dimensão do comício, de que se o PS desejasse fazia uma manifestação de 100 mil pessoas sem grande dificuldade, até ao passeio pelo exterior do pavilhão, como que querendo afrontar os 200 professores, que em silencio tinham estado (já se tinham ido embora) no exterior do pavilhão.
Não há brilho, luzes, espectáculo que possam fazer num palco que esconda a arrogância e ao cheiro de medo que exalam.
E, também lhes posso garantir que deste lado, do lado dos cidadãos que se preocupam com o rumo que segue este país e que desejam ter uma palavra sobre o seu futuro, há muita gente determinada em afirmar a sua cidadania.
Não vai ser pelo medo e pela ameaça que nos vão calar.
Também não adianta tentar colar-nos um rótulo de “Comunistas” na testa. Eu não sou comunista, nunca fui do Partido Comunista nem do Bloco de Esquerda, nem de nenhum outro partido dessa área, (embora quem o seja não me pareça estar a cometer nenhum pecado), sempre lutei do lado da liberdade e do direito a ter uma postura e uma opinião própria e não ditada pela cabeça de outros.
Como eu há por aí muitos milhares, cada vez mais determinados em lutar por aquilo em que acreditamos.
Cada vez mais há gente a procurar a realidade, em debatê-la fora do condicionamento das televisões e da propaganda.
Cada vez mais as pessoas falam em fóruns, em blogs, em e-mails, nas ruas por todo o lado.
Cada vez mais há mais gente a não aceitar que lhe coloquem palas e lhes digam o que devem pensar.
o q diss foi q concordava com a ideia de que o primeiro passo para ser-se livre é assumir a cara pelas suas opiniões, sendo que qualquer opinião é legitima.
sinceramente não lhe reconheço legitimidade moral para me dar liçoes de liberdade, e nao tenho culpa do espermatozoide da minha pessoa ter fecundado no ano em q o cavaco ganhou as primeiras eleições.
té á proxima, ó caro anonimo!
Pobre «coitadinho» do Ricardo Cardoso, filho do «cavaquismo».
O teu percurso e o da tua família é conhecido de todos nós, não te armes naquilo que não és.
Vai escrever uns textos a mando de alguém para o «ecos do prior», que por aqui todos te conhecem bem demais.
Ao ler hoje o este velho texto do grande escritor Maquiavel, lembrei-me logo do Ricardo Cardoso e do seu percurso, assenta-lhe como um fatinho da dielmar comprado no Varela:
DE HIS QUI PER SCELERA AD PRINCIPATUM PERVENERE
Ma perché di privato si diventa principe ancora in dua modi, il che non si può al tutto o alla fortuna o alla virtù attribuire, non mi pare da lasciarli indrieto, ancora che dell'uno si possa più diffusamente ragionare dove si trattassi delle repubbliche. Questi sono quando, o per qualche via scellerata e nefaria si ascende al principato, o quando uno privato cittadino con il favore delli altri sua cittadini diventa principe della sua patria. E, parlando del primo modo, si monstrerrà con dua esempli, l'uno antiquo l'altro moderno, sanza intrare altrimenti ne' meriti di questa parte, perché io iudico che basti, a chi fussi necessitato, imitargli.
Agatocle siciliano, non solo di privata fortuna, ma di infima et abietta, divenne re di Siracusa. Costui, nato d'uno figulo, tenne sempre, per li gradi della sua età, vita scellerata; non di manco accompagnò le sua scelleratezze con tanta virtù di animo e di corpo, che, voltosi alla milizia, per li gradi di quella pervenne ad essere pretore di Siracusa. Nel quale grado sendo constituito, e avendo deliberato diventare principe e tenere con violenzia e sanza obligo d'altri quello che d'accordo li era suto concesso, et avuto di questo suo disegno intelligenzia con Amilcare cartaginese, il quale con li eserciti militava in Sicilia, raunò una mattina el populo et il senato di Siracusa, come se elli avessi avuto a deliberare cose pertinenti alla repubblica; et ad uno cenno ordinato, fece da' sua soldati uccidere tutti li senatori e li più ricchi del popolo. Li quali morti, occupò e tenne el principato di quella città sanza alcuna controversia civile. E, benché da' Cartaginesi fussi dua volte rotto e demum assediato, non solum possé defendere la sua città, ma, lasciato parte delle sue genti alla difesa della ossidione, con le altre assaltò l'Affrica, et in breve tempo liberò Siracusa dallo assedio e condusse Cartagine in estrema necessità: e furono necessitati accordarsi con quello, esser contenti della possessione di Affrica, et ad Agatocle lasciare la Sicilia. Chi considerassi adunque le azioni e virtù di costui, non vedrà cose, o poche, le quali possa attribuire alla fortuna; con ciò sia cosa, come di sopra è detto, che non per favore d'alcuno, ma per li gradi della milizia, li quali con mille disagi e periculi si aveva guadagnati, pervenissi al principato, e quello di poi con tanti partiti animosi e periculosi mantenessi. Non si può ancora chiamare virtù ammazzare li sua cittadini, tradire li amici, essere sanza fede, sanza pietà, sanza relligione; li quali modi possono fare acquistare imperio, ma non gloria. Perché, se si considerassi la virtù di Agatocle nello intrare e nello uscire de' periculi, e la grandezza dello animo suo nel sopportare e superare le cose avverse, non si vede perché elli abbia ad essere iudicato inferiore a qualunque eccellentissimo capitano. Non di manco, la sua efferata crudelità e inumanità, con infinite scelleratezze, non consentono che sia infra li eccellentissimi uomini celebrato. Non si può, adunque, attribuire alla fortuna o alla virtù quello che sanza l'una e l'altra fu da lui conseguito.
Ne' tempi nostri, regnante Alessandro VI, Oliverotto Firmiano, sendo più anni innanzi rimaso piccolo, fu da uno suo zio materno, chiamato Giovanni Fogliani, allevato, e ne' primi tempi della sua gioventù dato a militare sotto Paulo Vitelli, acciò che, ripieno di quella disciplina, pervenissi a qualche eccellente grado di milizia. Morto di poi Paulo, militò sotto Vitellozzo suo fratello; et in brevissimo tempo, per essere ingegnoso, e della persona e dello animo gagliardo, diventò el primo uomo della sua milizia. Ma, parendoli cosa servile lo stare con altri, pensò, con lo aiuto di alcuni cittadini di Fermo a' quali era più cara la servitù che la libertà della loro patria, e con il favore vitellesco, di occupare Fermo. E scrisse a Giovanni Fogliani come, sendo stato più anni fuora di casa, voleva venire a vedere lui e la sua città, et in qualche parte riconoscere el suo patrimonio: e perché non s'era affaticato per altro che per acquistare onore, acciò ch'e' sua cittadini vedessino come non aveva speso el tempo in vano, voleva venire onorevole et accompagnato da cento cavalli di sua amici e servidori; e pregavalo fussi contento ordinare che da' Firmiani fussi ricevuto onoratamente; il che non solamente tornava onore a lui, ma a sé proprio, sendo suo allievo. Non mancò, per tanto Giovanni di alcuno offizio debito verso el nipote; e fattolo ricevere da' Firmiani onoratamente, si alloggiò nelle case sua: dove, passato alcuno giorno, et atteso ad ordinare quello che alla sua futura scelleratezza era necessario, fece uno convito solennissimo, dove invitò Giovanni Fogliani e tutti li primi uomini di Fermo. E, consumate che furono le vivande, e tutti li altri intrattenimenti che in simili conviti si usano, Oliverotto, ad arte, mosse certi ragionamenti gravi, parlando della grandezza di papa Alessandro e di Cesare suo figliuolo, e delle imprese loro. A' quali ragionamenti respondendo Giovanni e li altri, lui a un tratto si rizzò, dicendo quelle essere cose da parlarne in loco più secreto; e ritirossi in una camera, dove Giovanni e tutti li altri cittadini li andorono drieto. Né prima furono posti a sedere, che de' luoghi secreti di quella uscirono soldati, che ammazzorono Giovanni e tutti li altri. Dopo il quale omicidio, montò Oliverotto a cavallo, e corse la terra, et assediò nel palazzo el supremo magistrato; tanto che per paura furono constretti obbedirlo e fermare uno governo, del quale si fece principe. E, morti tutti quelli che, per essere malcontenti, lo potevono offendere, si corroborò con nuovi ordini civili e militari; in modo che, in spazio d'uno anno che tenne el principato, lui non solamente era sicuro nella città di Fermo, ma era diventato pauroso a tutti li sua vicini. E sarebbe suta la sua espugnazione difficile come quella di Agatocle, se non si fussi suto lasciato ingannare da Cesare Borgia, quando a Sinigallia, come di sopra si disse, prese li Orsini e Vitelli; dove, preso ancora lui, uno anno dopo el commisso parricidio, fu, insieme con Vitellozzo, il quale aveva avuto maestro delle virtù e scelleratezze sua, strangolato.
Potrebbe alcuno dubitare donde nascessi che Agatocle et alcuno simile, dopo infiniti tradimenti e crudeltà, possé vivere lungamente sicuro nella sua patria e defendersi dalli inimici esterni, e da' sua cittadini non li fu mai conspirato contro; con ciò sia che molti altri, mediante la crudeltà non abbino, etiam ne' tempi pacifici, possuto mantenere lo stato, non che ne' tempi dubbiosi di guerra. Credo che questo avvenga dalle crudeltà male usate o bene usate. Bene usate si possono chiamare quelle (se del male è licito dire bene) che si fanno ad uno tratto, per necessità dello assicurarsi, e di poi non vi si insiste drento ma si convertiscono in più utilità de' sudditi che si può. Male usate sono quelle le quali, ancora che nel principio sieno poche, più tosto col tempo crescono che le si spenghino. Coloro che osservano el primo modo, possono con Dio e con li uomini avere allo stato loro qualche remedio, come ebbe Agatocle; quelli altri è impossibile si mantenghino. Onde è da notare che, nel pigliare uno stato, debbe l'occupatore di esso discorrere tutte quelle offese che li è necessario fare; e tutte farle a un tratto, per non le avere a rinnovare ogni d�, e potere, non le innovando, assicurare li uomini e guadagnarseli con beneficarli. Chi fa altrimenti, o per timidità o per mal consiglio, è sempre necessitato tenere el coltello in mano; né mai può fondarsi sopra li sua sudditi non si potendo quelli per le fresche e continue iniurie assicurare di lui. Perché le iniurie si debbono fare tutte insieme, acciò che, assaporandosi meno, offendino meno: e' benefizii si debbono fare a poco a poco, acciò che si assaporino meglio. E debbe, sopr'a tutto, uno principe vivere con li suoi sudditi in modo che veruno accidente o di male o di bene lo abbi a far variare: perché, venendo per li tempi avversi le necessità, tu non se' a tempo al male, et il bene che tu fai non ti giova, perché è iudicato forzato, e non te n'è saputo grado alcuno.
Il Principe,
di Niccolò Machiavelli
Hoje ouvi, com algum espanto a Sinistra Ministra da Educação definir claramente os objectivos deste governo em matérias de qualificações para os portugueses. “Este programa segue recomendações internacionais, que apontam como um problema grave o déficit de qualificação dos portugueses". Segundo ela, e ao contrário da Europa, só 30% dos nossos jovens seguem os cursos profissionalizantes e 70% prosseguem os seus estudos.
"O objectivo do governo é atingir, no próximo ano, a meta dos 50%, ou seja, que metade dos alunos do ensino secundário façam essa frequência em cursos profissionais e vocacionais", afirmou a ministra. Isto para o ano, que no futuro esperam atingir a meta dos 70 ou mesmo 80%.
É portanto objectivo deste governo e desta politica Europeia que só 20 em cada 100 crianças portuguesas acabem por tirar um curso superior. Os outros, esses sairão da escola pública, mais jovens, e com isso com uma carreira contributiva para o estado mais longa, directamente para o mercado de trabalho precário e mal remunerado.
Carne feita à medida dos grandes empresários para sustentar os seus negócios, gente condenada a viver com baixos salários e poucas perspectivas de futuro.
Afinal esta gente não defende mais qualificação para os portugueses, mas antes que vão trabalhar mais cedo.
O objectivo deveria ser de criar um ensino que possibilitasse, a um cada vez maior número dos nossos jovens, a capacidade e o conhecimento suficientes para poderem prosseguir os seus estudos até ao mais alto nível possível. Afinal não, só desejam que aprendam o mínimo necessário e suficiente para irem trabalhar.
Compreende-se por isso que a filosofia, a literatura e outras disciplinas mais humanistas, sejam assuntos a descartar dos programas. Compreende-se por isso que não haja grande necessidade de saberem as matérias para passar o ano.
Se um aluno não sabe quem foi ou o que fez D. João II não prejudica em nada a sua capacidade para estar sentado numa caixa de um hipermercado.
Vamos atrasar um ano a sua entrada no mercado de trabalho por um jovem não saber qual é o monte mais alto do mundo ou quantos planetas tem o sistema solar?
Esta corja parece pensar que não e por isso tudo faz para evitar chumbos nas nossas escolas (e também porque fica bem nas estatísticas).
Para os outros 20%, saídos das escolas particulares, do ensino feito com qualidade, fica aberto o caminho para prosseguírem os seus estudos e poderem assim aspirar a melhores profissões mais bem remuneradas.
O pior de tudo isto é que nem será o mérito a decidir o futuro de cada um, mas simplesmente o estrato social e económico de onde vierem.
Juntem isto a crianças, desde o primeiro ano, fechadas em escolas, muradas e gradeadas durante 11 horas diárias, a viverem sob o olhar de câmaras de vigilância e de uma disciplina rígida (Para o reforço da segurança nas escolas, o primeiro-ministro disse que “continuará sendo desenvolvido o monitoramento por cameras e os estudantes passarão a pagar todas as suas despesas dentro da escola com o cartão de aluno”).
Crianças educadas para aceitarem ser controladas, vigiadas, a obedecer a ordens sem discutir, sem refilar, e depois entregues a patrões como se de gado manso se tratasse.
Esta é a sociedade que esta gente, sob a supervisão dos Bilderberg, está a criar para os nossos filhos. É isto que queremos para eles?
Eu não, e por isso é que nunca me calarei nem deixarei de tudo fazer para os desmascarar.
Caros conterrâneos peço desculpa por ter colocado o texto em italiano, cá vai o texto em Português:
Ao ler hoje o este velho texto do grande escritor Maquiavel, lembrei-me logo do Ricardo Cardoso e do seu percurso, assenta-lhe como um fatinho da dielmar comprado no Varela:
DOS QUE CHEGARAM AO PRINCIPADO POR MEIO DE CRIMES
DE HIS QUI PER SCELERA AD PRINCIPATUM PERVENERE
Mas, porque pode-se tornar príncipe ainda por dois modos que não podem ser atribuídos totalmente à fortuna ou à virtude, não me parece acertado pô-los de parte, ainda que de um deles se possa mais amplamente cogitar em falando das repúblicas. Estes são, ou quando por qualquer meio criminoso e nefário se ascende ao principado, ou quando um cidadão privado torna-se príncipe de sua pátria pelo favor de seus concidadãos. E, falando do primeiro modo, apontarei dois exemplos, um antigo e outro atual, sem entrar, contudo, no mérito desta parte, pois penso seja suficiente, a quem de tal necessitar, apenas imitá-los.
Agátocles siciliano, não só de privada mas também de ínfima e abjeta condição, tornou-se rei de Siracusa. Filho de um oleiro, teve sempre, no decorrer de sua juventude, vida celerada; todavia, acompanhou seus atos delituosos de tanto vigor de ânimo e de corpo que, tendo ingressado na milícia, em razão de atos de maldade, chegou a ser pretor de Siracusa. Uma vez investido nesse posto, tendo deliberado tornar-se príncipe e manter pela violência e sem favor dos outros aquilo que por acordo de todos lhe tinha sido concedido, depois de acerca desse seu desejo ter estabelecido acordo com Amilcar cartaginês, que se encontrava em ação com os seus exércitos na Sicilia, reuniu certa manhã o povo e o senado de Siracusa como se tivesse de deliberar sobre assuntos pertinentes à República e, a um sinal combinado, fez que seus soldados matassem todos os senadores e os mais ricos da cidade; mortos estes, ocupou e manteve o principado daquela cidade sem qualquer controvérsia civil. E, se bem por duas vezes os cartagineses tivessem com ele rompido e estabelecido assédio, não só pode defender a sua cidade como ainda, tendo deixado parte de sua gente na defesa contra o cerco, com o restante assaltou a África e em breve tempo libertou Siracusa do sítio levando os cartagineses a extrema dificuldade: tiveram de com ele estabelecer acordo e contentar-se com as possessões da África, deixando a Sicília para Agátocles.
Quem considere, pois, as ações e a vida desse príncipe, não encontrará coisa, ou pouca achará, que possa atribuir à fortuna: suas ações resultaram, como acima se disse, não do favor de alguém mas de sua ascensão na milícia, obtida com mil aborrecimentos e perigos, que lhe permitiu alcançar o principado e, depois, mantê-lo com tantas decisões corajosas e arriscadas. Não se pode, ainda, chamar virtude o matar os seus concidadãos, trair os amigos, ser sem fé, sem piedade, sem religião; tais modos podem fazer conquistar poder, mas não glória. Ademais, se se considerar a virtude de Agátocles no entrar e no sair dos perigos e a grandeza de seu ânimo no suportar e superar as adversidades, não se achará por que deva ser ele julgado inferior a qualquer dos mais excelentes capitães; contudo, sua exacerbada crueldade e desumanidade, com infinitas perversidades, não permitem seja ele celebrado entre os homens mais ilustres. Não se pode, assim, atribuir à fortuna ou à virtude aquilo que sem uma e outra foi por ele conseguido.
Nos nossos tempos, reinando Alexandre VI, Oliverotto de Fermo, tendo anos antes ficado órfão de pai, foi criado por um tio materno de nome Giovanni Fogliani; nos primeiros anos de sua juventude, foi encaminhado à vida militar sob o comando de Paulo Vitelli, a fim de que, tomado daquela disciplina, atingisse algum excelente posto da milícia. Morto Paulo, militou sob Vitellozzo, irmão daquele, e em muito pouco tempo, por ser engenhoso, de físico e ânimo fortes, tornou-se o primeiro homem de sua milícia. Mas, parecendo-lhe coisa servil o estar sob as ordens de outrem, com a ajuda de alguns cidadãos de Fermo, aos quais era mais cara a servidão que a liberdade de sua pátria, e com o favor de Vitellozzo, pensou ocupar Fermo. E escreveu a Giovanni Fogliani dizendo que, por ter estado muitos anos fora de casa, desejava ir visitá-lo e à sua cidade e conhecer o seu patrimônio; e, como não tinha trabalhado senão para conquistar honras, para que seus concidadãos vissem como não tinha gasto o tempo em vão, queria chegar com pompa e acompanhado de cem cavalos de amigos e servidores seus; pedia-lhe, pois, se servisse ordenar fosse ele recebido pelos cidadãos de Fermo com todas as honras, o que não somente o dignificaria, mas também a Fogliani, dado haver sido seu discípulo.
Não deixou Giovanni de despender esforços em favor de seu sobrinho: tendo feito com que os moradores de Fermo o recebessem com honrarias, alojou-o em suas casas. Aí, passados alguns dias e pronto para ordenar secretamente aquilo que era necessário à sua futura perfídia, Oliverotto promoveu soleníssimo banquete para o qual convidou Giovanni Fogliani e todos os principais homens de Fermo. Consumadas que foram as iguarias e após todos os demais entretenimentos usuais em semelhantes ocasiões, Oliverotto, com habilidade, abordou certos assuntos graves, falando da grandeza do Papa Alexandre, de seu filho César e dos empreendimentos dos mesmos. Tendo Giovanni e os demais respondido a tais considerações, ele, repentinamente, ergueu-se dizendo ser aquilo assunto para falar-se em lugar mais secreto, retirando-se para um cômodo onde Giovanni e todos os outros foram ter com ele. Nem ainda tinham se assentado, de lugares ocultos saíram soldados que mataram Giovanni e a todos os demais.
Depois desse homicídio, Oliverotto montou a cavalo, correu a cidade acompanhado de seus homens e assediou em seu palácio o supremo magistrado; em conseqüência, por medo, foram obrigados a obedecê-lo e formar um governo do qual ele se fez príncipe. E, mortos todos aqueles que, por descontentes, poderiam ofendê-lo, fortaleceu-se com novas ordens civis e militares de forma que, no período de um ano em que reteve o principado, não somente esteve forte na cidade de Fermo, como também se tornou causa de pavor para todas as populações vizinhas. Teria sido difícil a sua destruição, como difícil foi a de Agátocles, se não tivesse sido enganado por César Bórgia quando este, em Sinigalia, como já se disse, aprisionou os Orsíni e os Vitelli. Ai, preso também ele, foi estrangulado juntamente com Vitellozzo, mestre de suas virtudes e suas perfídias, um ano após haver cometido o parricídio.
Poderia alguém ficar em dúvida sobre a razão por que Agátocles e algum outro a ele semelhante, após tantas traições e crueldades, puderam viver longamente, sem perigo, dentro de sua pátria e, ainda, defender-se dos inimigos externos sem que os seus concidadãos contra eles tivessem conspirado, tanto mais notando-se que muitos outros não conseguiram manter o Estado, mediante a crueldade, nos tempos pacíficos e, muito menos, nos duvidosos tempos de guerra. Penso que isto resulte das crueldades serem mal ou bem usadas. Bem usadas pode-se dizer serem aquelas (se do mal for lícito falar bem) que se fazem instantaneamente pela necessidade do firmar-se e, depois, nelas não se insiste mas sim se as transforma no máximo possível de utilidade para os súditos; mal usadas são aquelas que, mesmo poucas a princípio, com o decorrer do tempo aumentam ao invés de se extinguirem. Aqueles que observam o primeiro modo de agir, podem remediar sua situação com apoio de Deus e dos homens, como ocorreu com Agátocles; aos outros torna-se impossível a continuidade no poder.
Por isso é de notar-se que, ao ocupar um Estado, deve o conquistador exercer todas aquelas ofensas que se lhe tornem necessárias, fazendo-as todas a um tempo só para não precisar renová-las a cada dia e poder, assim, dar segurança aos homens e conquistá-los com benefícios, Quem age diversamente, ou por timidez ou por mau conselho, tem sempre necessidade de conservar a faca na mão, não podendo nunca confiar em seus súditos, pois que estes nele também não podem ter confiança diante das novas e contínuas injúrias. Portanto, as ofensas devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, pouco degustadas, ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que sejam melhor apreciados. Acima de tudo, um príncipe deve viver com seus súditos de modo que nenhum acidente, bom ou mau, o faça variar: porque, surgindo pelos tempos adversos a necessidade, não estarás em tempo de fazer o mal, e o bem que tu fizeres não te será útil eis que, julgado forçado, não trará gratidão.
Nicolau Maquiavel
no:O Príncipe
10 de Dezembro de 1513
Este comentário foi removido pelo autor.
Sou muito ingenuo, certo ze? 20 valores se me dissesse isto e eu retirar-me-ia, sem macula, de "seu", só seu, blog.
Como disse, não vivi 58, nem ouvi a voz do general: isso em mim tem um sentido historico, relativo, importante.
O que acho é que o sr em nada contribui para pensar o futuro: não é da ponte de sor: é de de um modo de experenciar a internet: quando na internet se procura pela nossa cidade, a primeira coisa que aparece é esta patusca - de si charmosa, mas resignada a patetices recambolescas: diaro de che - que grande filme! -, cheio de fé, em busca de um passado perdido...
e é isto que é triste - enfim, ingenuidades: o problema é meu, bem o sei.
"João Silva said...
Pobre «coitadinho» do Ricardo Cardoso, filho do «cavaquismo».
O teu percurso e o da tua família é conhecido de todos nós, não te armes naquilo que não és.
Vai escrever uns textos a mando de alguém para o «ecos do prior», que por aqui todos te conhecem bem demais."
Para estes ditos, deveria de haver um artigo no codigo civil a dizer: sirva a lei de talião.
enfim, taliao não conheceu, de facto, a internet...
Esta é a reflexão com que o deixo.
Não sou filho de ladrões nem de quem tenha praticado qualquer crime e não venho aqui defender o Ricardo Cardoso que não conheço pessoalmente. Apenas venho comunicar o desprezo que sinto por quem para atacar outro, se serve do conhecimento que tem da sua família. Não é de homem nem de mulher.
É incrível de tal aconteça e só possível quando há falta de argumentos.
Qaunto ao Ricardo, acho que também um pouquinho mais de respeito pelos outros não lhe ficaria nada mal.
Realmente ainda considero este blog, o único espaço de liberdade escrita do conselho mas embora indirectamente, muitas vezes sinto-me ofendido com a leitura de alguns posts aqui colocados.
Olha para eles, ficaram muito sentidos com o texto do Nicolau!
Porque será?
Sinceramente
Esta coisa de escrever livremente na Net sabe bem, muito bem mesmo. Ler sobre nós ofensas ou desaforos sabe mal, muito mal...
Assim, desde que seguindo a regra de não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti, sinto que este espaço anónimo de liberdade é precioso e deve ser preservado. Muito obrigado!( ps. percebi que uns senhores aproveitam para se insultar em público...como uma senhora não tem ouvidos, uma internauta só lê o que lhe interessa - não li, não sei, nem me interessa saber... Muito obrigado, também, por esta liberdade.
Nestas férias da Páscoa, mais uma vez as crianças foram deixadas sem terem actividades enriquecedoras. Contaram-me que algumas autarquias dinamizam nesta altura visitas guiadas a museus e a espectáculos para os seus juvens.Será que a CMPS, não poderia, em Protocolo com a FAP e as Escolas, não poderiam agendar para estes períodos um conjunto de actividades para os jovens( p.ex.Ciclos temáticos - pintura, música e cinema, visitas guiadas a outros Museus,Concursos de pintura a aguarela, óleo, grafitti, azulejo, FAP..., esculturas em gesso, contraplacado, madeira, cortiça, pvc, tijolo,desperdícios de mármore ou granito, de manufactura de jóias em missangas, massas , pedrinhas , botões, ou outros... ...
Para informação, caso não saibam, a Associação Caminhar dinamiza actividades de ATL durante as férias.
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