ONDE ESTÃO OS NOVOS EMPREGOS?
Operários continuam no desemprego três anos depois do fecho
da Delphi em Ponte de Sor
Trabalhadores da fábrica de componente automóveis que
continuam desempregados deixam de receber subsídio em Março.
Três anos após o fecho da fábrica Delphi, em Ponte de Sor,
no Alentejo, onde ficaram no desemprego 430 trabalhadores, há quem continue sem
perspectivas de emprego.
“A minha vida tem sido complicada. Estou a receber do
desemprego, tenho procurado emprego na Internet e na zona, através de amigos,
mas nada”, lamentou à agência Lusa Jorge Martins, de 51 anos, que trabalhou na
empresa ao longo de 28 anos.
As perspectivas futuras, para o antigo operário, “são zero”.
“Tenho dois filhos a estudar, é muito complicado, estou a entrar numa fase de
desespero”, sublinhou o ex-trabalhador, que exercia o cargo de supervisor de
qualidade na Delphi, fábrica de produção de componente automóveis.
A Delphi funcionou em Ponte de Sor durante 29 anos e era
considerada a maior unidade fabril do distrito de Portalegre, empregando 2,5%
da população daquele concelho alentejano.
A empresa, que fechou as portas no dia 31 de Dezembro de
2009, produzia apoios, volantes e airbags para vários modelos de veículos
automóveis.
Na opinião de Jorge Martins, a “pior fase” que a cidade de
Ponte de Sor vai viver, após o encerramento da fábrica, surgirá a partir de
Março, quando terminarem os subsídios de desemprego. “O comércio ainda circula,
mas, quando acabar o subsídio de desemprego, Ponte de Sor vai sofrer muito
mais”, antecipa.
Formador na Delphi, Joaquim Manuel Duarte exerceu o cargo de
responsável pela estandardização de processos, também trabalhou na unidade
fabril durante 28 anos e a mulher mais de 26.
Depois de ter procurado emprego um pouco por todo o lado,
nos últimos três anos, lamenta que sejam “negras as perspectivas quanto ao
futuro”. Aos 50 anos, Joaquim Manuel Duarte relatou que a mulher, de 49 anos,
também tem procurado emprego na região, mas ambos continuam “atados de pés e
mãos” e com uma filha a estudar na faculdade.
“A partir de Março, quando terminar o subsídio de
desemprego, vamos continuar a andar por aí e esperar que alguém, com poder de
decisão neste país, esteja interessado em alterar o rumo das coisas e olhar
para uma pessoa que pagou impostos durante 30 anos e, ao fim desse tempo todo,
é despedida. Deveria haver um regime de excepção”, defendeu.
Dotados de vários conhecimentos, graças às “inúmeras” acções
de formação que frequentaram na Delphi, os antigos operários defendem que, após
o encerramento da fábrica, deveriam ter sido aproveitados por empresários da
região para demonstrarem as qualificações que possuem.
Ao longo dos últimos anos, para passar o tempo, estes dois
homens têm aproveitado os dias para desenvolver várias actividades, como
frequentar acções de formação, estudar, praticar desporto ou trabalhar na
agricultura.
Lusa
Etiquetas: Cidade de Ponte de Sor, Emprego que não há, Empregos Onde Estão, Fecho da Delphi, O Concelho de Ponte de Sor Não Pode Ser Governado Por Mentirosos de Merda