sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

UM BOM ANO DE 2005

São os nossos votos para todos os nossos leitores.
Gostava-mos muito de oferecer a todos vós uma garrafa de Champanhe brut Moet & Chandon, mas como pagamos todos os nossos impostos e não devemos nada ao fisco e como a nossa Câmara Municipal tem gasto muito dinheiro em chamadas eróticas e viagens ao estrangeiro, não há cheta para uma gasosa.


Zé da Ponte

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FRACASSO E REVEILLON



A família andava mal de finanças.
Acabou-se a desleixo.
O Senhor João José dizia aos filhos e sobrinhos.
Cara de enterro.
Estou falido. Arruinado.
Não me querem presidente. Eu que fui bom.
A família acostumada ao luxo. Dinheiro. Desperdício.
Festas. Champanhe. Uísque importado.
Acabou. Este reveillon não há festa.
A mulher não estava preparada para este golpe.
O que disseste João José? Nem o Bacalhau no ano novo?
Não. Ruína. Falência. Pescada e é se querem.
E as minhas amigas o que vão dizer?

O que quiserem. Acabou. Foi bom enquanto durou.
A mulher explodiu.
Incompetente. Fracassado. Um merdas.
João José escondeu o rosto. Chorou. A mulher cuspiu na sua cabeça.
Chegou o réveillon. Ambiente pesado.Calado.
E amanhã ? Para o almoço ? Vamos passar fome João José? A mulher trocista.
João José calado. Sacou o revólver 38.
Matou a mulher. Certeiro. Na testa. Dois tiros.
Olhou para a mulher. Caída de perna aberta.
Aqui está. Um belo bacalhau de fim de ano.

O bacalhau não é tudo na vida.

Mas é muito importante na vida de um casal.

Rui Gordo

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PINTOS À VOLTA DO TACHO!

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TAXONOMIA PARLAMENTAR

Reflexões suscitadas pela proximidade de eleições legislativas...



Sem querer entrar em grandes rigores históricos, podemos dizer que a sociedade na Idade Média se encontrava dividida em três ordens: Nobreza, Clero e Povo; alguns historiadores apontam uma quarta ordem, a Burguesia, outros consideram esta como uma subclasse emergente do Povo.

Na Assembleia da República as coisas passam-se mais ou menos da mesma maneira: também os deputados podem ser divididos em deputados de facto, deputados-de-cú, deputados obscuros e deputados-Batman.

Os deputados de facto são a Nobreza da Assembleia. Participam activamente nas guerras feudais entre os clãs parlamentares (os Pêésses, os Pêéssedês, os Pêcêpês, os Pêpês e os Pêévês). Alguns pertencem mesmo a venerandas dinastias que ultrapassam o tempo e os regimes. Das hostes dos deputados de facto saem, em geral, os Líderes Nacionais — espécie de família real do espectro político nacional —, e os apelidados de “barões”, que como o nome indica são os caudilhos das distritais dos clãs.

O Clero de São Bento (Beneditino?) são os deputados-de-cú. Tal como os membros das ordens monásticas, pouco mais sabem dizer do que “Ámen”; e fazem-no de um modo assaz original: sempre que o voto de obediência (vulgo, disciplina partidária) assim o exige, levantam o traseiro do assento (acto sucedâneo da genuflexão) e já está — missão cumprida.

Sobre os deputados obscuros é difícil falar — por razões óbvias. Supõe-se que sejam o equivalente ao Povo, pois também deles não reza a História; e se estes aspiravam a ascender à Burguesia, aqueles têm como meta da sua carreira política tornarem-se deputados-Batman.

Os burgueses eram geralmente artesãos ou mercadores enriquecidos com o comércio resultante das viagens intra e intercontinentais. Os deputados-Batman não serão artesãos, mas tornaram o comércio das viagens que não fazem uma verdadeira arte. Ao fim e ao cabo, vai dar tudo ao mesmo...

Para terminar, uma singela homenagem aos nossos representantes em São Bento — desta e de futuras legislaturas. (Cantar ao som da música de «Os Índios da Meia-Praia», de José Afonso.)

«Os Índios do Hemiciclo»
escrito em colaboração com Dina Cruz



Aos deputados que temos
lá prós lados de S. Bento
vou fazer uma cantiga
se pra tal tiver talento.
Pelo tacho aqui vieram,
digam lá se é ou não é.
É preciso aproveitar:
isto quem paga é o Zé.

Quando os meus olhos tropeçam
no voo de um avião,
deputados à janela
dizem adeus ao povão.

Não é só lá em Bruxelas
que há um Batman-deputado:
cá há muito Homem-Morcego
qu’inda não foi apanhado.

Eles trabalham com afinco,
mas nunca estão em S. Bento.
É como diz o slogan:
«Vá para fora cá dentro!»

Quem dera que o povo tenha
tino e sabedoria
e na eleição que venha
lhes retire a mordomia.

«Olá» dizem a Lisboa,
«Adeus» ao eleitorado.
Nada os prende às promessas
que deviam ter honrado.

Oito anos de poleiro
e a reforma é garantida:
são sete cães a um ócio,
isto, sim, é que é vida!
Tantos homens e mulheres
a comer do mesmo bolo.
«Isto aqui é uma festa»,
quem diz o contrário é tolo.
Só um ou dois é que pensam
e o resto é pau-mandado:
lembram aqueles cãezinhos
de pescoço articulado.

É sempre a mesma conversa:
levanta, senta, levanta.
Quando os monos intervêm
até a gente se espanta.

Das Comissões nomeadas
de resultado previsto,
saiu o que temos visto:
outras três foram criadas.

E se a TV apanhar
algum deles a dormir
surge logo a defesa:
«Ele estava a reflectir!»

Da tribuna alguém discursa:
é o «Blá! Blá! Blá!» de sempre.
Isto está-me a parecer
missa de corpo presente...

Tantos homens e mulheres
a comer do mesmo bolo.
«Isto aqui é uma festa»,
quem diz o contrário é tolo.

E toca de papelada
no vaivém do Parlamento.
Quando é que reciclamos
o lixo que há em S. Bento?

Fernando Gouveia

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"VOLTAR A ACREDITAR" EM QUÊ?


"Voltar a acreditar" é o lema do PS para esta campanha. E já começaram a aparecer os cartazes. "Voltar a acreditar em Portugal", li no primeiro que vi, à entrada e Lisboa, como, se de repente, tivessem voltado os dias do Euro 2004 e voltássemos a ter uma selecção para nos alegrar os dias e distrair dos problemas. Enquanto o Governo continua a anunciar medidas atrás de medidas - privatização das Ogma, concursos para novos helicópteros, novo plano de combate aos incêndios, abertura de vagas para funcionários judiciais ... -, como se estivesse ainda mais em funções do que antes de se ter demitido, a única coisa que o PS tem para dizer é um pedido de fé. "Voltar a acreditar". Mas acreditar em quê se tudo o que o novo PS de Sócrates parece ter para dar são os restos do PS de Guterres?
Os cabeças de lista dados a conhecer esta semana são uma imensa desilusão, uma sucessão de homens do aparelho e senadores socialistas, com anos de exercício em São Bento e passagens mais ou menos conturbadas pelos governos de Guterres. Enfim, a "tralha guterrista". Será nela que Sócrates quer que os portugueses voltem a acreditar?
Quando em 1995, Guterres formou governo, Portugal descrispou-se, descontraiu-se, sentiu que podia ser um país moderno e europeu, um país à imagem da Expo e com euros no bolso. Acreditou. Como gostaria de voltar a acreditar. Mas como voltar a acreditar nesses dias, sem lembrar tudo o que se seguiu? Sem lembrar o estertor do guterrismo? Sem lembrar que esse mesmo país a seguir se descobriu "de tanga" e mal-amado? Em vez de voltar a acreditar, Sócrates arrisca-se é a que os portugueses se voltem a lembrar de todo os erros que o agora líder socialista diz que é preciso não voltar a cometer.
Para além da "tralha guterrista", pouco mais há a notar nos nomes escolhidos pelo secretário-geral do PS. Quando a grande novidade dos cabeças de lista socialistas é Matilde Sousa Franco - uma tentação a que o PS não resistiu e que já fez escola no PSD (com Fernanda Mota Pinto e Teresa Almeida Garrett, viúva de Lucas Pires) - está muito dito sobre o que o PS tem para oferecer.
As primeiras prestações de uma das supostas estrelas do PS socrático - Manuel Pinho, quadro do grupo Espírito Santo, que já vinha a colaborar com Ferro Rodrigues e será o cabeça de lista por Aveiro - também deixam muito a desejar. Questionado sobre o que um eventual governo socialista fará para resolver o problema do défice, o nome do PS para a economia não pode responder apenas qualquer coisa do género de que o PS terá uma táctica e uma estratégia.
E o que dizer de Pedro Silva Pereira? Claro que um partido deve ter um porta-voz, mas não há mais ninguém no PS para falar sobre tudo e mais umas botas, para reagir a qualquer assunto?
Sócrates tem uma atenuante: entre a sua eleição como secretário-geral do PS e a decisão de Sampaio em dissolver a Assembleia da República não passaram dois meses. Fraca desculpa. Quem há três anos se prepara para ser líder do PS tem de ter feito o trabalho de casa.
E tem uma vantagem: se os seus cabeças de lista demonstram a sua incapacidade para renovar o partido, os de Santana Lopes mostram o quanto o PSD já não acredita no seu líder.
EUNICE LOURENÇO

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quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

ÚLTIMAS...

O Escritor José Luis Peixoto, desmente que seja o cabeça de Lista do B.E. - Bloco de Esquerda, pelo círculo de Portalegre.
3 de Janeiro de 2005
O escritor José Luis Peixoto, de Galveias, é o cabeça de lista do B.E. - Bloco de Esquerda, pelo círculo eleitoral de Portalegre.

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ASSEMBLEIA MUNICIPAL!


Ainda na mesma Assembleia Municipal, foi aprovado por maioria, o Orçamento do Município e o Plano Plurianual de Investimentos para o ano de 2005.
Agilmente elogiado por um ou dois eleitos do PS e pelo tom derretido de um dos eleitos do PSD, o documento põe em causa, mais uma vez a seriedade com que este município tem sido gerido com o Dr. Taveira Pinto no poder.
É grave, muito grave.
Questionado o Presidente da Câmara, acerca da existência de um ponto no orçamento, denominado "Outros" do capítulo de "rendimentos da propriedade", ao qual é atribuída uma verba de receita de 2oo mil contos, agitando o real traseiro na presidencial cadeira, não é dada à CDU qualquer resposta.
Reiterada a questão à mesa da assembleia, é por fim respondido que se insere aqui o alúguer de máquinas, por exemplo.
É grave, muito grave.
Com que seriedade é feito este documento?
E com que seriedade a Câmara PS o executa, se os srs. vereadores não sabem sequer que o aluguer de máquinas tem um capítulo próprio, definido na lei (anexo I do DL 26/2002 de 14 de Fevereiro)?
É grave, muito grave.
O PS e o PSD na Assembleia Municipal, aprovaram um saco-azul para o Dr. Taveira Pinto se manobrar no ano das eleições autárquicas.
É grave, muito grave.
Voltando ainda à análise do ponto "Outros" do capítulo "rendimentos da propriedade", como é que se prevê uma receita municipal de 200 mil contos, excluindo-se rendas de terrenos, activos no sub-solo, habitações, edifícios e bens do domínio público?
É grave, muito grave.
Serão coisas pequeninas, sr.presidente?

CarolMark

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DO CORREIO...


Caros Amigos
Vocês brincam certamente, mas Ponte de Sor está atravessar um momento muito sério de crise politica e de politicos.É sabido que o nosso concelho tem um défice bastante grande em pessoas capazes e competentes para melhorar efectivamente este concelho e esta região.Mas o que se tem passado pelo menos nesta duas ultimas legislaturas autárticas é motivo de reflecção para todos nós.Ponte de Sor e nós PonteSorenses não merecemos este executivo nem outro qualquer semelhante.Este executivo não tem o minimo de interesse pelo concelho,pela cidade,pelos munícipes, está votado completamente ao abandono, á descredibilizaçao e ao interesse privado de um grupo de priveligiados. E o momento de haver uma oposiçao séria e credivel a toda esta situaçao, que somos todos nós, vamos mostrar a esses Srs que não servem para decidir os destinos do nosso concelho.Em Outubro será a contagem final e chamar-se-á à responsabilidade quem tem cometido tamanhas atrocidades na nossa terra.
Um socialista

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COM A CARTEIRA OU COM O CORAÇÃO? (VISTO DO LADO DO PSD E DO PP)


Rui Pimentel / VISÃO


O PSD deseja a bipolarização na próxima campanha eleitoral, mas parece não saber como a conseguir e encontra-se com limitações muito significativas para funcionar como um pólo de atracção activo para o eleitorado. Pelo contrário, parece estar mais a ser um pólo de rejeição do que de atracção. As limitações do acordo com o PP têm um papel na dificuldade de bipolarizar, impossível de fazer sem pretender sugar todos os votos anti-PS, o mesmo terreno em que o PP vai actuar.

Esta dificuldade vem também do estado actual do partido, que a tendência para a unipessoalização reforça. Esta tendência acentua a fragilidade do PSD e castra a capacidade de pensar a política fora dos jogos locais e da realidade autárquica, as únicas sobre as quais existe experiência na direcção partidária. O partido está debilitado, entregue a dirigentes de secção promovidos a presidentes de distritais, que, desde que entraram na JSD, têm carreiras de profissionais políticos. Pensam que exagero? Publiquem e analisem os currículos, retirem-lhes os cargos públicos de nomeação governamental, ou de acesso por listas em lugares electivos e secundários - vereadores, membros de assembleias municipais, deputados do meio da lista - e vejam o que sobra de "vida" profissional. Estas pessoas nas direcções partidárias fazem aquilo que sempre souberam fazer: preservar o seu "espaço", que é também o seu emprego, para o que aliás não precisam necessariamente de "ganhar", basta-lhes permanecer numa quota razoável de poder e de cargos, que o estatuto de um partido nacional como o PSD tem garantidamente.

A tendência é para cada vez mais o partido ficar dependente da liderança e do pequeno grupo de estrita confiança que a apoia. Este é um dos problemas mais graves de partidos como o PSD e o PS, onde o caminho para a desertificação é idêntico. Notoriamente, não chega para uma direcção nacional de um grande partido, que tem que defrontar a condução do país, falar para milhões de eleitores e competir num árduo mercado comunicacional.

Santana Lopes parte para as eleições com a pior imagem possível: a de um político incompetente, inconstante e errático, que gera confusão em tudo o que toca. Este será um enorme óbice para o PSD, cuja oferta eleitoral aparece mais dependente do destino pessoal do seu líder do que do seu papel de grande partido nacional. A situação de repúdio activo de uma parte do próprio eleitorado do PSD pela candidatura de Santana Lopes, sem existir qualquer entusiasmo pela alternativa Sócrates, tinha dado ao PSD uma janela de oportunidade para conseguir uma margem de manobra para a mudança, que poderia ainda ter permitido uma vitória eleitoral Recusando-se a mudar a liderança e enterrar este episódio infeliz, o partido pode ter comprometido o seu futuro. Aliás, esta situação é pouco sadia, até porque muita gente no PSD sabe que este comportamento é suicidário e há alguma má-fé na esperança que sejam as urnas a afastarem Santana Lopes da direcção do PSD. Mesmo sabendo que isso pode significar um longo período de governação socialista.

Neste contexto, Santana Lopes fará tudo para bipolarizar a campanha eleitoral, numa atitude contraditória, direi mais, habitualmente contraditória, com a ruptura da coligação que ele ajudou a dar-se, e com o acordo com o PP, que o limita politicamente. Limitado pelo acordo com o PP, pelo menos numa fase inicial da campanha, porque depois vai valer tudo, Santana Lopes tenderá a fazer uma campanha à "esquerda", desenvolvendo o mesmo tipo de ambiguidades "sociais" a que Paulo Portas tem também dado voz enquanto "Paulinho das feiras".

A versão de um governo sitiado e derrubado por grandes interesses bancários e pelos fraudulentos fiscais será a chave dessa campanha. E não é líquido que não possa obter alguns sucessos, porque haverá sempre intelectuais deslumbrados pela coreografia, como sempre aconteceu no passado. Santana Lopes "levou-os" no teatro, "levou-os" com a operação Gehry, e leva-os sempre que usar com habilidade as próprias ambiguidades de uma intelectualidade subsidiada, que responde a quem lhe dá a aparência de importância. Mas, em relação ao grande eleitorado, duvido que a operação tenha sucesso. Ela empancará na má imagem de Santana Lopes como primeiro-ministro e na sua falta de credibilidade como alguém com genuínas preocupações sociais e com capacidade para desenvolver políticas estruturantes.

Dito tudo isto, não me esqueço que há muitas características da sua acção que são simbióticas com o modo como hoje a comunicação social é e que isso lhe dá uma enorme vantagem, sobre a qual aliás construiu a sua carreira política e os seus sucessos eleitorais. A sua variante de populismo vive dessa simbiose e a próxima campanha eleitoral tem para Santana Lopes um enorme vantagem à partida: é sobre ele, é um plebiscito sobre ele com todas as vantagens e inconvenientes que isso tem. Por isso, o populismo dominará a campanha do PSD como nunca aconteceu. É verdade que Cavaco Silva também teve essa tentação, mas a estrutura psicológica e a competência técnica e política de ambos não tem comparação. Cavaco Silva foi um dador de esperança, mobilizou vontade de mudar, Santana Lopes atrai pelo caos, pela imprevisibilidade, pelo espectáculo do seu eu, pela publicidade. Até agora foi o bastante, mas hoje as características genuinamente mediáticas da personagem têm o óbice da péssima imagem do primeiro-ministro.

Por tudo isto, Santana Lopes tentará ultrapassar os mediadores - a comunicação social escrita em particular -, para se concentrar na imagem e na palavra afectiva, e nos efeitos televisivos. A ideia da campanha nas aldeias, ou nas "repúblicas" de Coimbra é um pouco bizarra para quem quer dar um sinal de modernidade, mas o que interessa é a criação de motivos de espectáculo televisivo pelo inesperado. É uma variação tardia do banho no Tejo de Marcelo. Resumindo e concluindo, a grande questão em aberto, e sobre a qual não tenho ainda certeza, é a de saber se haverá ou não bipolarização. Tudo indica que com Santana Lopes haverá, mas ainda não é certo.

O PP não quer de todo a bipolarização e joga uma campanha de grande risco. É um sinal flagrante do desprezo que o PP tem pela actual liderança do PSD a confiança que manifesta na incapacidade que, mesmo com Santana Lopes, esta não consiga polarizar seja o que for. Parece-me, apesar de tudo, confiança a mais, até porque o efeito de bipolarização não depende apenas das lideranças, mas também do tratamento comunicacional da campanha e não há razão para duvidar da maior facilidade e legibilidade que uma campanha bipolarizada tem para os "media".

Os temas de campanha do PP estão à vista, e, junto com o PS, é o único partido que está verdadeiramente em campanha. A sua estratégia é clara: enquanto existir governo, os ministros do PP continuam a governar como se não estivessem em gestão e demissionários, deixando o ónus da contradita ou das dificuldades legais para outrem, que poderão sempre oportunamente acusar de estar a pôr em causa o interesse nacional. Como se está a ver, esta estratégia resulta, com Paulo Portas a tomar decisões nas OGMA e Nobre Guedes quanto aos resíduos tóxicos, tudo matérias controversas e claramente fora do âmbito de um governo de gestão, perante o beneplácito de Belém. A atitude contrasta com a dos ministros do PSD, que ficaram inibidos e eles, sim, parecem que deixaram de ser ministros, numa atitude espelhar com a do primeiro-ministro, que não sabe muito bem o que fazer e até onde ir.

Quando se esgotar este período de governação no fio da navalha, o PP parecerá, como pretende querer para efeitos de propaganda, mais "credível", "merecedor de confiança" e "estável", os temas de afirmação do partido, que são, ao mesmo tempo, os termos de combate ao PSD. Serve-lhe o acordo, mas precisa de acalmia na campanha, e acalmia na campanha significa perda de votos no PSD.

Numa fase inicial, e sempre dentro desta mesma plataforma, o PP atacará somente o PS, o PCP e o BE, porque não precisará de atacar frontalmente o PSD. Mas não penso que isto possa durar toda a campanha e, mais cedo ao mais tarde, os conflitos emergirão, até porque a área de crescimento e consolidação do PP será nos mesmos votos que o PSD pretenderá manter ou conquistar. Em teoria é tudo muito bonito, em campanha será bastante mais feio, forte e duro.
José Pacheco Pereira

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

PESSOAL, NÃO ESQUECER DE IR AO CIRCO?

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MEMÓRIAS...

Em conversa com os meus netos vem-me à memória o episódio das eleições de 1969 para a Assembleia Nacional do "Estado Novo", que a oposição democrática resolveu disputar, aproveitando a "abertura marcelista" de então para agitar a opinião pública contra o regime.
As dificuldades eram enormes.
Apesar do alargamento do sufrágio então decretado, eram uma minoria os recenseados, com presença esmagadora dos funcionários públicos, dos militares e agentes das forças de segurança, dos religiosos e dos apaniguados do regime, todos oficiosamente inscritos, por força da lei ou do zelo da Legião Portuguesa.
Muitos oposicionistas não constavam dos cadernos, por terem direitos políticos suspensos, ou por simples corte arbitrário das autoridades, que manipulavam livremente o recenseamento eleitoral.
A massa do povo estava fora da vida política.
Como a lei não previa que as listas concorrentes constassem de um boletim único, a oposição tinha de imprimir os seus próprios boletins de voto e distribui-los pelos eleitores, o que era uma tarefa trabalhosa e dispendiosa, e só cobriu parte dos eleitores inscritos.
Para que os boletins de voto fossem iguais aos da Acção Nacional Popular (novo nome da antiga União Nacional, o partido oficial), conseguimos saber pelos tipógrafos comunistas clandestinos como seriam os dela, tendo depois feito imprimir os nossos com o mesmo tipo de papel e de impressão.
Qual não foi a nossa surpresa quando nas vésperas da eleição recebemos os boletins de voto da ANP, impressos num papel de textura e de tonalidade ostensivamente diferentes e com uma impressão facilmente reconhecível pelo tacto.
Tinham alterado à última da hora os boletins de voto, para os diferenciarem propositadamente dos nossos, de modo a inibir quem tivesse receio de ser identificado como votante da oposição...
Fui designado delegado da CDE numa das assembleias de voto, que teve lugar na escola primária do largo da igreja.
Mas a mesa era composta exclusivamente por agentes do regime e presidida por um conhecido legionário cá da vila.
A minha cadeira de delegado estava a mais de 5 metros da mesa, pelo que era impossível fiscalizar o que quer que fosse.
Os meus veementes protestos só me valeram uma ameaça de expulsão.
No final impugnei por escrito todos os votos da ANP, por serem manifestamente reconhecíveis pelo tacto e pela transparência do papel, violando por isso o segredo do voto, pois permitiam distinguir também os votos da oposição, por comparação.
Os meus protestos nem sequer foram decididos.
A mesa encerrou os trabalhos com a proclamação dos resultados, naturalmente com a vitória fácil do partido oficial.
Assim foram as penúltimas eleições no Estado Novo!
Foi um erro a ida da oposição até às urnas (o que acontecia pela primeira vez em eleições para a AN na história do "Estado Novo"), dando um arremedo de legitimidade ao "marcelismo".
Era evidente que o regime não se transformaria voluntariamente pela via eleitoral.
Em 1973, aprendida a lição, a oposição fez novamente campanha mas retirou-se nas vésperas do sufrágio.
Era a última fantochada "eleitoral" solitária do Estado Novo.
O regime entrara em contagem decrescente para o seu fim.
V.M.

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A PROSTITUTA VIRGEM - Novo Romance de Rui Gordo


A Prostituta Virgem
O Pai de Adelaide é assassinado à sacholada por Alcides, que se gabou publicamente, de ter desflorado a jovem.
A rapariga, envergonhada, aceita o convite de uma tia rica para ela e a mãe irem morar em sua casa na Amadora.
Porém, António, seu primo, agora um homem importante na terra, faz-lhe a vida negra, por telefone e até a acusa de prostituta ao encontrá-la com uma criança de tenra idade nos braços no meio da zona ribeirinha.
Quem desflorou Adelaide?
O que é que o pai de Adelaide sabia sobre Alcides?
Porque é que Alcides passou tão rapidamente de militante do P.S.D para militante do P.S. depois de um passado agitado de militância no P.C.T.P/ M.R.P.P.?
Um romance polémico que prenderá o leitor da primeira à última letra.
Preço de capa 30 euros.
Aceitam-se cheques pré - datados
Rui Gordo

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ESCREVO E FAÇO LIVROS


Caro Director,
Estou de momento desempregado.
Tenho dedicado o meu tempo a escrever livros.
Sou de Vale de Vilão mas resido em Ponte de Sor e descobri o vosso bloggue e reparei que tem muita gente que escreve poesia e histórias de ficção.
Eu queria ver se era possível arranjar-me os contactos deles ou se pode fazer com que eles me critiquem o meu trabalho.
Já agora eu estou a vender os meus romances por 30 Euros que é um preço justo pois sou eu que pago a edição.
Podem encomendar aqui e eu envio à cobrança.
Com os melhores cumprimentos sou
Rui Gordo

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EM PORTALEGRE CIDADE...

PASSAGEM DE ANO 2004/2005

Dia 31 de Dezembro
Organização: Câmara Municipal de Portalegre
A partir das 22.00h
Mercado Municipal

«Rumba Caliente»
Conjunto de 8 Bailarinos (4 pares) que executarão um show animado e coreografado sobre musicas latinas e brasileiras, muito festivas e ritmadas. Usarão dois guarda-roupas diferentes.

«Canta Brasil»
Grupo brasileiro que dispensa apresentações. Habitual em programas de televisão e bandas sonoras de novelas. Uma oportunidade de ter este animado grupo em Portalegre para marcar o ritmo da entrada do novo anos com alegria e boa disposição. Com dois discos editados no mercado, os Canta Brasil trarão a alegria e cor necessárias a uma festa de fim de ano, com músicas conhecidíssimas como “Ana Júlia”, “Dança do Canguru” ou “Morango do Nordeste”.

DJ ABBA – Warm Up
DJ João Bonito (Rádio Mix FM e Queen’s Lisboa)
DJ Nuno Calado (Antena 3 e Sic. Radical)

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CORRIDA DE S.SILVESTRE EM AVIS




Mais de duas centenas de atletas de todo o país disputam na próxima sexta-feira, em Avis, a Corrida de S. Silvestre, a partir das 15 horas.


Na prova vão marcar presença atletas de vários clubes como JOMA, Sport Club Marítimo, Clube de Futebol Os Elvenses, Sport Club União Torrense, entre outros.Para além disso, destaque ainda para o facto da prova ser composta por dois circuitos distintos, consoante os escalões.
Assim, os benjamins, os infantis e os iniciados disputam um percurso de características planas com 1 000 metros; os juvenis femininos têm que completar uma volta com 2 027 metros num percurso com subidas e descidas.Já a prova dos juvenis masculinos, juniores, seniores e veteranos femininos é composta por duas voltas ao percurso anterior, num total de 4 054 mestros; aos juniores, seniores e veteranos masculinos compete um percurso de 6 081 metros (três voltas ao circuito).
Os primeiros classificados dos escalões de seniores, juniores e veteranos irão receber prémios que oscilam entre os 200€ e os 15€. Os primeiros cinco classificados dos restantes escalões recebem prémios em material desportivo. Estarão ainda em disputa taças para as 15 primeiras equipas.
O concelho de Avis termina, assim, o ano 2004 com a Corrida de S. Silvestre, a mais antiga do distrito de Portalegre.

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COSMÉTICOS "CARITA"

PONTO DE VENDA MAIS PRÓXIMO DE PONTE DE SOR:
PARFUMERIES
PERFUMERÍA LARA
Francisco Lujan, 6 -
6004 Badajoz - tél : +34 92 425 76 11



ALGUNS PRODUTOS:

AUX 3 SOURCES



IDEAL DOUCEUR


CARITA LE VISAGE

PERFUME:


EAU DE PARFUM


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terça-feira, 28 de dezembro de 2004

PESSOAL, VAMOS AO CIRCO?

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ISTO CADA VEZ VAI MAIS LINDO, VAI...

Caro leitor você sabe que o Presidente da Câmara de Ponte de Sor, é neste momento o "poeta pimba" Luís Jordão?
É verdade estamos entregues à pimbalhada...
Porque o Presidente da Câmara Municipal Taveira Pinto, o Vereador Carita, o Vereador Margalho e o Vereador Gomes, estão de viagem túristica em França.
Normalmente na Câmara Municipal de Ponte de Sor, as comitivas são constituidas por dois elementos do executivo municipal.
Mas como estamos no fim do mandato a comitiva "é à grande e à francesa"...
Cá para nós o vereador Carita foi tratar da sua linha de cosméticos!

Os outros três "grandes cromos" foram passear!

Isto tudo, à nossa custa, somos nós que pagamos.


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O DISTRITO DE PORTALEGRE, ESTÁ CADA VEZ MELHOR...


O procedimento eleitoral das eleições de 20 de Fevereiro está em marcha. Foi publicado pela Comissão Nacional de Eleições o mapa oficial da distribuição territorial dos 230 deputados pelos 22 círculos eleitorais, correspondentes aos 18 distritos administrativos do Continente, às duas regiões autónomas e aos dois círculos de residentes no estrangeiro (Europa e resto do Mundo). Tirando estes dois últimos, que legalmente elegem dois deputados cada um, independentemente do número de eleitores neles recenseados (em geral baixo), os demais 226 deputados são repartidos pelos círculos eleitorais do território nacional proporcionalmente ao número de eleitores de cada um. Por isso pode haver variações de eleição para eleição, se tiver havido variação relativa da população. Foi o que sucedeu desta vez, em que o Madeira elege mais um deputado (passa a ter 6) em prejuízo de Portalegre, que agora elege somente dois...
Vital Moreira

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2005




1. Temos razões para encarar o ano de 2005 com algum optimismo? É possível começar a inverter o ciclo de decadência e de pessimismo em que Portugal mergulhou? As duas perguntas só podem ter uma resposta positiva se, por um momento, os responsáveis políticos, que se prepararam para disputar as eleições de Fevereiro, resolverem encarar a realidade e falar verdade ao país.

É pedir muito? A avaliar pelos primeiros foguetes da campanha eleitoral, parece que sim.

O PPD de Santana não tem alternativa senão seguir em frente, mesmo que em frente esteja o abismo. Disse aos portugueses que a austeridade acabara e que a retoma estava ao alcance da mão. Acaba o seu mandato à frente do Governo envolvido no imbróglio do défice orçamental e na modorra de um crescimento medíocre, a gritar aqui d'el-rei, que a culpa é de Ferreira Leite, do PS, do Presidente, do PSD, dos azares da vida. Não vai agora dizer que a realidade é outra, que se enganou, que o rumo também tem de ser outro. Condenou-se a si próprio. Resta-lhe a demagogia, o faz-de-conta e o choradinho a que já ninguém liga nenhuma.

Com o PS de Sócrates, a história é outra. Só muito dificilmente conseguirá perder as eleições, mas o mérito por enquanto não é próprio, é do Governo ainda em funções e do seu primeiro-ministro.

Os socialistas têm, pois, dois caminhos alternativos pela frente até 20 de Fevereiro. O primeiro, mais fácil e mais tentador, é deixar correr o marfim, alimentando a ideia de que o único problema do país é o Governo e que tudo se comporá com a sua substituição.

O outro é mais difícil, mais exigente mas, porventura, mais compensador no médio prazo. É falar verdade aos eleitores sobre as escolhas muito difíceis que terão se ser feitas nos próximos anos para recuperar a competitividade da economia, voltar a crescer acima da média europeia e encontrar de novo o caminho para uma sociedade moderna, desenvolvida e solidária. Explicar que o dinheiro não chega para tudo, dizer que escolhas são essas e as razões que as tornam inevitáveis, fazer, em suma, aquilo que compete aos políticos e que é dar sentido e fundamento a essas escolhas, por mais difíceis que sejam.

O "slogan" escolhido pelo PS - "devolver a confiança" - é ambíguo. O clima que começa a ser perceptível entre os socialistas faz, no entanto, temer o pior. Que confiança pode querer dizer, afinal, facilitismo e que bastam meia dúzia de ideias de tom moderno, mesmo que vazias de conteúdo e assentes em falsas ilusões.

Sócrates ainda merece o benefício da dúvida mas terá de começar rapidamente a dizer alguma coisa mais substancial sobre aquilo de que o país precisa. Caso contrário, pode ganhar as eleições até com maioria absoluta, mas não mobilizará as pessoas para aquilo que tem de ser feito e perpetuará a instabilidade política que parece ser hoje a manifestação mais preocupante da encruzilhada em que o país se encontra.

Como dizia recentemente Vítor Constâncio, em Portugal está tudo à prova - as elites e as instituições, incluindo os partidos e os seus dirigentes. Só será possível sair daqui se se for capaz de pensar o longo prazo, de interiorizar o que significa funcionar dentro de uma unidade económica e monetária com uma moeda forte e no quadro da globalização dos mercados. O "se" quer dizer as elites políticas, mas também empresariais, sindicais, intelectuais e profissionais. É pedir muito?

Normalmente, as sociedades só tomam decisões difíceis em momentos de crise profunda. A Europa a que pertencemos está cheia de exemplos, mais ou menos bem sucedidos, de reformas corajosas e impopulares, algumas das quais já estão a dar os seus frutos. Haverá em Portugal a percepção suficiente da gravidade da crise e da urgência e da dificuldade das soluções? É difícil de saber. Mas se houver, então serão penalizados, de uma forma ou de outra, os partidos que se recusarem a falar verdade.

2. O mundo continua no fio da navalha, deixando muita coisa em aberto para 2005. E, no entanto, há sinais de esperança. Alguns deles na nossa boa velha Europa que, apesar de tudo, se move na boa direcção. O seu magnetismo continua o melhor e o mais eficaz "soft power" que tem para oferecer ao mundo, como escreveu ontem nestas páginas Ralf Dahrendorf. A Turquia foi a mais recente e corajosa prova de que a União sabe e quer exercer esse poder.

Tem na coluna do "haver" muitas coisas ainda a seu favor para enfrentar os desafios de um mundo tão perigoso e tão incerto como aquele em que vivemos. Recorrendo a outra voz lúcida, de Jacques Delors, é bom ter presente que a UE "continua a ser a primeira potência comercial do mundo e que é cortejada por quase todas as outras nações para assinar acordos de comércio e de cooperação". É também o primeiro dador mundial de ajuda ao desenvolvimento e humanitária. É graças a ela que o Protocolo de Quioto ainda está vivo. Até hoje, voltando a Delors, "tem reagido bem aos sucessivos desafios que a História lhe tem lançado". "Acolhendo as jovens democracias espanhola, grega e portuguesa, ajudando a reunificar a Alemanha, integrando no seu seio os países que saíram do jugo comunista." Aceitando a Turquia, "quando o maior desafio histórico é o do 'choque de civilizações'".

Do lado do "deve", tem muitos problemas pela frente, o maior dos quais e provavelmente o mais decisivo - para os europeus e para o mundo - será a forma como resolver a questão transatlântica, se quer continuar a ser uma potência mundial. Como rival dos EUA, não tem futuro. Como aliada, mesmo que mais independente, pode alterar a balança do mundo para o lado certo.

E tem também o tremendo desafio da sua economia, se quer enfrentar com segurança os novos colossos económicos que emergem na China ou na Índia e preservar o lado melhor do seu modelo social num mundo globalizado. Mas também neste domínio a Europa se está a mover. Desde os casos exemplares das reformas levadas a cabo pelos países escandinavos que são hoje as economias mais competitivas do mundo, ombreando com a América, até à velha locomotiva europeia, onde é a coligação entre os sociais-democratas e os verdes que está a levar a cabo algumas reformas difíceis, impensáveis há meia dúzia de anos.

Com um bom impulso de Bruxelas revigorando os objectivos da agenda de Lisboa (é esse, talvez, o maior desafio de Barroso), a União pode inverter o seu declínio económico, como está a tentar inverter o seu declínio político.

3. Para nós é fundamental que isso aconteça. É uma condição necessária para que Portugal tenha futuro. Mesmo que já não seja suficiente.

Voltando a Vítor Constâncio, tirámos os maiores benefícios da união económica e monetária, no momento em que ela foi lançada (o dinheiro barato chegou para tudo e mais alguma coisa no final dos anos 90), mas ninguém quis saber das novas regras do jogo, muito mais duras e exigentes, nem do preço a pagar por elas. Ou seja, não fizemos as reformas necessárias nem soubemos aproveitar as novas oportunidades. Alimentamo-nos hoje de uma ideologia defensiva, corporativa e estatizante. As nossas elites teimam em viver divorciadas do mundo real.

Resta saber se vamos continuar nesta rota até batermos no fundo ou se haverá forças para inverter o caminho. É isto que se joga em 2005

Teresa de Sousa

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2004

PEDRO...

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CURIOSIDADES !!!!!


É verdade parece que o nosso vereador CARITA se virou para a "beleza" !!!!
Fiquem bem
Boas Festas
walk in the bridge


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ANTRO DE CORRUPTOS

O Presidente estava preocupado.
Começaram a caçar os corruptos.
O Presidente não era nada honesto.
Preciso fazer alguma coisa. Tomar precauções.
Resolveu marcar uma reunião. Com políticos do seu partido.
Era uma noite de sexta-feira. Na mansão do presidente ali na encosta
Estavam todos reunidos. O presidente, os vereadores, o director.
E a belíssima Assessora.
O uísque corria solto. Os ânimos exaltavam.
Serviam-se charutos e empadinhas.
O vereador não tirava os olhos da assessora do presidente.
O director também estava interessado.
Foi quando o presidente percebeu. E gritou com voz arrastada.
- esta assessora é minha. Ninguém toca nela.
Completamente bêbado, agarrou o vereador pelos colarinhos.
A assessora sorriu .
- Eu sou de todos vocês. A corrupção deixa-me toda excitadinha.
Vamos para a cama. Um de cada vez.
Todos alinharam.

A política é promíscua.

Rui Gordo

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POESIA...

As Mãos


Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade
.



Manuel Alegre

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NUMA MENSAGEM DE NATAL

Esta frase, «Não é fácil perdoar, não é fácil compreender quem tenha atitudes que nós não tomaríamos, mas o Natal é isso mesmo tentar fazer o que não fazemos normalmente todos os dias», mostra uma obsessão.
Nem numa mensagem, que é suposto ser proferida na maior das neutralidades e distância face à luta política, deixam de vir ao de cima a incubadora e as facadas.
Não há em S. Bento um espelho que fale a verdade?
José Pacheco Pereira

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sexta-feira, 24 de dezembro de 2004



O pontedosor.blogspot.com
deseja a todos os seus leitores
Feliz Natal

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A RACIONALIDADE ECONÓMICA É UMA TRETA!




Natal e racionalidade
Em Portugal, há mais de dois milhões de pessoas a viver abaixo do limiar de pobreza
A racionalidade económica é uma treta!
Uma cortina de fumo, que o capitalismo agita para nos impor a sua visão do mundo, como se fosse a única possível.
Faz de conta que somos todos iguais.
Faz de conta que temos todos as mesmas oportunidades.
Faz de conta que a sociedade é justa.

Faz, ainda, de conta que os ricos são escolhidos de Deus e os pobres, infelizes mentecaptos. Gente que não quer trabalhar, que se mete nos copos, que se entrega às drogas e depois sofre as consequências. Bastava quererem, esforçarem-se e era vê-los felizes e contentes.

A racionalidade dominante é ideológica, mas faz de conta que não. Finge ser verdade que só é pobre quem não presta, como deixa implícito que a meritocracia é o outro nome da democracia. Daí que represente a exclusão social como uma fatalidade, inultrapassável e natural à personalidade e à falta de qualidade dos excluídos. E muitos parecem acreditar.

Vem tudo isto a propósito da presença de cerca de dois mil sem abrigo na cantina da Cidade Universitária, em Lisboa, para uma ceia de Natal, oferecida pela Comunidade Vida e Paz. Longe de mim pôr em causa a actividade da instituição, que, há 15 anos, faz o que pode para minorar as carências dos excluídos. É uma acção meritória e bem intencionada. Portanto, louvável. Mas não resolve o problema. Apenas satisfaz momentaneamente a fome de comida e de calor humano, sentidas pelos sem-abrigo.

Pobres a sério

Mais interessante pode ser o projecto de «reabilitação, reinserção e dignificação humana», que a Vida e Paz também mantém, com uma duração de 13 meses. Mas como não o conheço em pormenor, não me pronuncio. De qualquer forma, por melhor que seja, será sempre insuficiente.

Em Portugal há mais de dois milhões de pessoas a viver abaixo do limiar de pobreza. Um documento apresentado no Congresso Português de Demografia, mostrava que, pelo menos, dois em cada dez portugueses «viviam», há quatro anos, com menos de 60% do rendimento médio da população, ou seja, com um orçamento inferior a 283 euros por mês.

Os indicadores disponíveis não fazem pensar que o panorama tenha melhorado. Portanto, alguma coisa está mal, muito mal, e não pode ser resolvida com o recurso à caridade, venha ela de onde vier. Nem com iniciativas solitárias de inserção, por mais estimáveis que sejam.

Trata-se de um grave e verdadeiro problema social, socialmente produzido. E que, em muitos casos, estará na origem de outros, como o alcoolismo ou a toxicodependência. Trata-se de patologias que não podem ser fulanizadas, senão por quem tem alguma coisa a ganhar com o equívoco.

Não há ricos e pobres por decisão divina. A exclusão não é uma coisa natural. Nada disso vem na matriz genética, seja de quem for. Não é verdade que sejamos todos iguais perante as oportunidades, que a sociedade oferece aos seus constituintes. A sociedade não é justa. O direito do mais forte, não é um direito. É uma dominação. Um abuso. Está na altura de emendarmos a mão.
Mário C.

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POBRE PAÍS, O NOSSO...

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego aumentou 3,8 por cento em Novembro, face ao mesmo mês de 2003, mantendo-se a tendência de desaceleração do desemprego, indicou ontem o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). No final de Novembro, estavam inscritos 471.190 desempregados, mais 17.463 do que no período homólogo e mais 3381 do que no mês de Outubro, o que traduz um aumento mensal de 0,7 por cento. Relativamente ao mesmo mês de 2003, o aumento do desemprego atingiu mais os homens (5,3 por cento) do que as mulheres (2,7 por cento).

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NÃO HÁ PRESSA





1. Há cerca de um mês que Jorge Sampaio anunciou que iria dissolver a Assembleia e convocar novas eleições, mas só anteontem é que assinou o respectivo decreto. Isto finalmente feito, poderíamos perfeitamente ter eleições daqui a 12 dias, como sucede em Inglaterra, mas não, vamos ter de esperar ainda dois meses, porque a lei eleitoral assim o exige. Considerando que a dita campanha já começou na prática, são três meses de desgaste político para que, no final, tudo se resuma a uma questão que já toda a gente percebeu ser a única coisa que está em jogo: saber se queremos ou não continuar a ser desgovernados por Santana Lopes e a sua gente.

Simultaneamente, um grupo de cidadãos lisboetas, usando uma prerrogativa legal que caracteriza os países democráticos, requereu a realização de um referendo ao mais que controverso túnel do Marquês de Pombal. Aceite a realização do referendo, seria lógico e recomendável que se aproveitasse a ida às urnas, em 20 de Fevereiro, para se consultar sobre este ponto os eleitores de Lisboa. Nos Estados Unidos, até as presidenciais são aproveitadas para um sem-número de referendos e eleições locais. Nós, porém, somos mais avançados: a lei proíbe expressamente a realização de referendos locais entre a data da convocação de eleições legislativas e a sua realização. Por outro lado, como o processo de convocação de um referendo precisa de 110(!) dias úteis, a contar, neste caso, de 20 de Fevereiro, a data possível para o referendo iria cair em cima das autárquicas de Outubro - o que também é vedado. Conclusão: esmiuçadas todas as possibilidades legais e desvendados os meandros secretos da vontade do legislador, os lisboetas só poderão dar a sua opinião sobre o túnel do Marquês quando ele estiver já previsivelmente acabado.

Eis o sistema jurídico-político em que vivemos, objecto de grande orgulho dos seus autores. Junte-se a isto uma Constituição tão prolixa quanto bloqueadora - em nome da qual é possível, por exemplo, continuar a exigir a regionalização que os portugueses já recusaram - e temos o retrato paradigmático do edifício legal que dá corpo a um país eternamente suspenso, paralisado e sem pressa alguma de recuperar o tempo perdido.

2. O folheto de autopropaganda do Governo, a pretexto do Orçamento, publicado com alguns jornais diários de anteontem, custou muito mais do que os cem mil euros de que fala Morais Sarmento. Cem mil euros terá sido apenas o custo da publicação: falta os custos do papel, da impressão e da redacção e concepção, sem dúvida a cargo de uma dessas empresas de assessoria e imagem que sempre vivem junto de Santana Lopes e prosperam com as suas necessidades de promoção pessoal e disponibilidades de dinheiros públicos.

O folheto não é, como diz Morais Sarmento, apenas um meio de explicar aos portugueses onde é gasto o dinheiro dos seus impostos - para além do próprio folheto. É um despudorado instrumento de propaganda política, ridícula e até pirosa, pensada para ignorantes ou patetas - os tais "portuguesas e portugueses" a quem Santana Lopes gosta de se dirigir no início dos seus discursos, convencido, como está, que continua a derramar mel sobre eles.

É também uma antevisão daquilo que irá ser a substância da mensagem política desta maioria, daqui até 20 de Fevereiro. José Luís Arnault está convencido (estará mesmo?) de que é quanto baste para evitar o desastre anunciado. Ele conta com o "espectacular" fenómeno circense constituído pelos números de oratória de Santana Lopes. Espera que o líder faça o que for necessário para compensar a ausência do essencial, sobejamente demonstrado nestes abissais quatro meses: a total ausência de ideias e projectos para o país, o desconhecimento profundo de qualquer assunto da governação, a falta de sentido de Estado e o brio do serviço público. Para tal, vamos ter um Santana "estadista", um Santana tragicamente humano, pontapeado na incubadora, esfaqueado pelas costas, armadilhado pelo Presidente, o próprio partido, a banca e os "lobbies", um Santana "em combate" ou em lágrimas, abandonado por todos ou acompanhado pelo "país profundo", pelo espírito de Sá Carneiro e pelas terras já imensamente beneficiadas pelo seu Governo de secretários de Estado "descentralizados". O que for preciso.

3. Mas é preciso também que, daqui até Fevereiro, o PS e José Sócrates mostrem que aprenderam a lição profunda que estes últimos anos e, em especial, estes últimos quatro meses encerram. O país está farto destes "políticos-proveta", saídos directamente dos bancos da escola, das associações de estudantes e das sibilinas juventudes partidárias para o poder. Está farto dos caciques autárquicos, dos cabos eleitorais e dos animadores de congressos partidários, confundidos com estadistas. Está farto de pseudopolíticos que nunca sobreviveram na vida civil, fora da protecção partidária e do abrigo do Estado, que nunca souberam o que era terem de ganhar a vida por si mesmos, terem de pagar a casa, o carro e o sustento dos filhos sem os dinheiros públicos. Está farto de gente que se serve da política em lugar de servir na política. Está farto dos oportunistas da democracia, que circulam entre a Assembleia da República, o Parlamento Europeu, o governo, os escritórios da advocacia de interesses, a administração das empresas públicas (que muitas delas existem apenas para os servir), ou a administração de empresas privadas cujos interesses favoreceram enquanto governantes.

E até agora, a avaliar pela gente de sempre, que já se empurra para tomar lugar no autocarro de Sócrates (e que mal que alguns diziam dele, há uns meses atrás...), nada faz crer que o provável futuro primeiro-ministro esteja disposto à ruptura ética que se impõe.

4. Num mês apenas, Bagão Felix destruiu a imagem de sentido de Estado que tinha conquistado no Governo anterior e na pasta da Segurança Social e a imagem de competência e distanciamento em relação às trapalhadas do primeiro-ministro que Portas e o PP queriam levar para a campanha eleitoral. Permitiu que Santana Lopes decretasse o fim da austeridade, a subida de pensões e salários e a descida de impostos, ao mesmo tempo que agravava o défice e transformava estes quatro meses num descontrolo indisfarçável dos gastos do Estado. Ameaçou pôr a banca, o "off-shore" da Madeira e os clubes de futebol a pagar impostos e recuou perante todos. Disse uma coisa numa semana e o seu contrário na semana seguinte, prometeu isto e fez aquilo, argumentou contra números, desmentiu contra as evidências, foi humilhado por Bruxelas, perdeu-se à vista de todos. Rapinou os fundos de pensões de gente que acreditou, após uma vida de trabalho, que os seus descontos estavam a salvo de um assalto do próprio Estado e não olhou a meios para salvar a imagem de gestor rigoroso, que não foi. Na hora do salve-se quem puder, não se envergonhou de aparecer, ao lado do primeiro-ministro, a lançar as culpas para o anterior Governo (de que ele próprio fez parte e onde foi o maior gastador!) e a acusar a sua antecessora nas Finanças de malfeitorias que ele próprio também fez no Orçamento que leva a sua assinatura. E, no fim, juntou-se a Santana Lopes para prometer que em 48 horas sacaria da cartola mais uma medida de génio para que, pelo terceiro ano consecutivo, o Governo aldrabe as contas públicas e ainda saia a gabar-se de ter mantido o défice abaixo dos 3 por cento. Um falhado David Copperfield no fracassado papel de ministro das Finanças. É bem feito, para quem aceita ser ministro das Finanças de um governo chefiado por Santana Lopes, o maior "big spender" da República (logo após, claro, o dr. Jardim, do Funchal.)

Miguel Sousa Tavares

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

DO CORREIO...


"חוק פרס" לדיון בשבוע הבא
ועדת החוקה חוק ומשפט של הכנסת תקיים מהשבוע הבא דיונים אינטנסיוויים לחקיקת "חוק פרס" (תיקון לחוק יסוד הממשלה, שנועד לאפשר את מינוי פרס למ"מ שני לראש הממשלה). בשבוע הבא תקיים הוועדה שלוש ישיבות רצופות בעניין זה, בימים שני, שלישי ורביעי. ראשון המוזמנים לוועדה יהיה היועץ המשפטי לממשלה, מני מזוז, שיתבקש לחוות את דעתו על היוזמה לתקן את חוק יסוד: הממשלה. בשבוע הבא יוזמנו לדיונים נציגי האקדמיה, בם פרופסורים ומומחים. יו"ר הוועדה, ח"כ מיכאל איתן, אמר אמש כי בשבוע שלאחר מכן תקיים הוועדה עוד שתי ישיבות בעניין, ורק לאחר מכן יובא התיקון לחוק לאישור מליאת הכנסת בקריאה ראשונה, כנראה ב-5 בינואר. לאחר אישור התיקון לחוק בקריאה ראשונה, תשוב ועדת החוקה ותתכנס לשני דיונים נוספים בעניין.שלשום הבטיח ח"כ איתן לשרון כי התיקון לחוק יושלם עד 10 בינואר. כלומר, אם סיעת העבודה תעמוד על כך שהצטרפות שריה לממשלה תיעשה רק אחרי אישור התיקון, תתעכב הצגת הממשלה החדשה עוד כשלושה שבועות לפחות.תקציב המדינה ל-2005 יאושר בכנסת, לכל המוקדם, באמצע או בסוף פברואר 2005, בשל הדחייה בהצגת ובאישור הממשלה. לכן, בינואר 2005 תפעל המדינה לפי תקציב חודשי המבוסס על תקציב 2004
תבוא על


Recebemos o seguinte correio vindo de Israel, o qual depois ser lido por um rabino, foi traduzido:
«Caros amigos do "pontedosor,blog":
Somos uma organização judaica ortodoxa, estamos interessados nos serviços do presidente da câmara do vosso concelho.
Com o seu ar ameaçador, o vosso presidente, acabava rápidamente com a OLP, como tambem é especialista em destruir pontes, fazia-nos jeito para acabar com os terroristas que ameaçam o nosso estado "livre" e "independente".
Pagamos bem pela transferência.
Votos de um natal de 2004, muito feliz.
Um ano de 2005 cheio de progresso.
O lider
תבוא על »

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POESIA...


Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta.

Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.

É preciso crescer esta noite inteira sem parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.

DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos
A Puta

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NATAL E SEXO



Adelaide era uma rapariga belíssima.
Seios fenomenais.
O rabo um poema.
Usava roupas provocantes.
Tinha apenas um problema.
Era um pouco atrasada. Só isso.
Chegou a época de Natal.
Adelaide estava animada.
Adelaide quele ganhale um plesente.
O que é que queres, Adelaide?
Uma bola de blicale.
Os pais levaram Adelaide ao feira nova.
Lá estava o Evaristo.
Fazia de pai natal.
Quelo sentale ao colo do pai natal.
Os pais deixaram.
Evaristo nem acreditou.
Aquela mulher belíssima. Perfeita. No seu colo.
Eu gosto de ti pai natal.
Evaristo, malandro aproveitou.
Levou a Adelaide para o depósito dos brinquedos.
No depósito fizeram sexo. Evaristo sorri.
Isto é que é um presente de natal.

Rui Gordo

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OS NOVOS PARADIGMAS DA REPRESSÃO [ II ]

A “Bauhaus”


Em matéria de Criatividade revolucionária e de repressão que sobre ela se abateu, uma referência particular deve aqui ser feita à escola alemã da “Bauhaus”, onde ensinaram Klee e Kandinsky, e que marcou uma viragem na ideologia e na prática estética. Fundada em 1919 pelo arquitecto alemão Walter Gropius, em Weimar, o seu estatuto era polivalente: bem mais arquitectónica que pictórica, a “Bauhaus” reunia ateliers para trabalhar a madeira, o metal, a pedra, o vidro; incluía espaços para a litografia, a encadernação, a tipografia, a impressão.
Um dos seus objectivos consistia justamente em romper com o ensino académico e uma certa forma de profissionalismo. Daí as acesas discussões entre professores e alunos. Tinha como premissa, por um lado, que a Arte não era ensinável, por outro lado considerava não haver diferenças entre o artesão e o artista, numa tentativa de valorizar o trabalho manual e de instituir capilaridades entre o artista e o artesão que assim mutuamente se enriqueciam.
A admissão dos alunos era aliás feita na base da apresentação de uma obra, não sendo exigido, à partida, nenhum diploma. Os alunos eram convidados a libertarem-se de todo e qualquer entrave à sua capacidade criadora. Oiçamos Gropius nalgumas passagens do programa de que foi o autor: “...o objectivo final de toda a actividade plástica é a construção. Arquitectos, pintores, devem reaprender a formalização da construção no seu conjunto e nos seus elementos, - as antigas escolas não conseguiram realizar esta unidade, e como teriam podido fazê-lo se a Arte não é ensinável ?- e devem voltar-se de novo para o atelier... Não há arte profissional”.
A “Bauhaus” passou em 1927 para Nassau, cidade operária, por dificuldades materiais, acabando por ser desmantelada em 1933, em Berlim, no mesmo ano em que Hitler subiu ao poder.

Seguidamente, vários pintores foram exonerados das suas docências, nomeadamente Dix, Klee, Beckman, Baumeister, alguns forçados ao exílio. Em 1935 vociferava Hitler num dos seus discursos: “ É necessário que a Arte seja anunciadora do nobre e do belo, que seja a portadora do natural e do são”. O Führer diferenciava efectivamente duas Artes, um factor de saúde, de reconstrução e de perenidade, a outro sinal de degenerescência. Juiz da Arte degenerada, apóstolo da Arte ariana, Hitler qualificou de criminosos os criadores da Arte moderna.
Milhares de livros foram queimados também por ordem de Goebbels, o ministro da Propaganda. Ora, como dizia Heinrich Heine, “onde se queimarem os livros, queimam-se os homens”.
Goebbels decretou a pilhagem sistemática dos museus alemães, numa tentativa de pôr fim a essa “Arte degenerada”, que não exaltava os valores arianos. Numa lista de mais de 100 pintores condenados, acusados de criminosos, figuravam Picasso, Klee e Max Ernst, os Expressionistas, os Abstractos (Kandinsky) e os Judeus, (Chagall, Freundlich).

A guerra de anexação nazi não tinha ainda iniciado e já os valores estéticos e culturais alemães tinham sido profundamente atingidos. Antes da penetração das divisões alemãs e dos bombardeamentos, Goebbels sabia serem os valores estéticos e culturais alvos prioritários. A estratégia da solução final nazi incluía, à partida, a morte da criatividade alemã.
A 20 de Março de 1939, no mesmo mês da invasão da Checoslováquia, cerca de 5000 obras de artistas, consideradas não negociáveis, foram queimadas, em Berlim, numa caserna de bombeiros, no coração do Reich e, alguns meses mais tarde, a 30 de Junho, eram leiloados em Lucerna, na Suíça, cerca de 1250 obras de arte provenientes dos museus alemães, em proveito da Alemanha nazi. Um leilão que os artistas no exílio tentaram boicotar.
O alerta não fora escutado, porquanto o tema da “decadência cultural” figurava já, nos anos 20, no programa político da “Mein Kampf” de Hitler. O sacrifício dos valores artísticos culturais alemães já aí estava inscrito e anunciado. Houve vítimas em todas a frentes, e não só nas Artes. Literatura, Ciências, todo o pensamento crítico sofreu brutalidade e castração.

Não está de modo algum excluído que os livros voltem hoje a ser queimados, os museus pilhados e a Arte excomungada no Ocidente europeu, apesar de os tempos serem outros. A vitimização da Cultura não é coisa do passado, ela continua, e em força, na ordem do dia, só que essa vitimização se apresenta com outras roupagens.
No promíscuo e sórdido universo televisivo imperam Baião, Quim Barreiros ou Lili, entre outros, sem esquecer Herman José, que foi quem deu visibilidade social aos Pimbas. Sem esquecer a “Roda dos Milhões” e os “Big Brothers” de todos os matizes, mais ou menos acorrentados. Enfim, toda uma programação agressiva dos valores culturais, dos direitos humanos e da cidadania, nas vestes dum entretenimento populista de fancaria.
Herman José, o “dono da corte”, fez-se o protagonista, nos seus programas, de múltiplas agressões culturais, com a complacência, a cumplicidade e a participação de governantes deste país nessas emissões. Não tenho memória de a mulher ser tão achincalhada publicamente, como nesses programas. Que se recorde a Marylin Monroe dos “Parabéns”de triste memória. Quanto a Quim Barreiros, curiosamente figura top das festas académicas, basta recordar as suas interpretações no /" Bacalhau quer alho”/, ou ainda no /“Volta minha vaca louca/ Tenho saudades do teu bife"/, expressão gritante da zoomorfização da mulher portuguesa, da mulher “tout court”, e que não motivou qualquer protesto significativo! É certo que Maria Lamas morreu e Natália Correia também já foi a cremar... E o país real lá se vai rindo com estas peixeiradas!... A factura virá mais tarde, amargamente, duma maneira ou de outra.
Parafraseando Heinrich Hein, poder-se-ia dizer que onde se acanalha a mulher, para além de se matarem as mães, abrem -se covas para todos. Sem epitáfio. O que está em causa, note-se, não é pretender aqui fazer a educação de Herman José ou de Quim Barreiros, simples acidentes de percurso. O que importa é proceder à desmontagem e à desmistificação dos inconfessados agentes da fascização do tecido social.

Caducaram, por ora, os velhos paradigmas repressivos, tornados anacrónicos. O porrete cedeu o lugar à cenoura. Por isso as estratégias de resistência também não podem ser as mesmas. O xadrez mudou... e globalizou-se. A diplomacia do canhão cede cada vez mais o lugar à diplomacia dos circuitos (Brzeninsky). A repressão exercida pelos sistemas autoritários foi substituída, nas democracias, por outro tipo de agressão, difusa e sistemática.
continua...
A.B.

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COM A CARTEIRA OU COM O CORAÇÃO? (VISTO DO LADO DO PS, BE E PCP)


Rui Pimentel / VISÃO

Do ponto de vista da mecânica das eleições, a principal questão é a de saber se elas serão ou não bipolarizadas, se haverá ou não "voto útil", se se vota com a carteira ou com o coração, com os "interesses" ou com a ideologia? O que é interessante é que, sendo essas eleições já para amanhã, seguindo-se elas a uma crise política grave que implicou a dissolução da Assembleia, não se consiga ainda perceber como é que vão ser. Decididamente os portugueses que repudiam o que está também não se entusiasmam com o que vem. Este sentimento é que dá espaço à dúvida.
Várias estratégias eleitorais têm sido construídas na presunção de diferentes respostas a esta questão, embora surpreenda a inconsistência do que se pode perceber dessas estratégias pela prática dos partidos já em campanha. Não deve ser do Natal, é do ar generalizado de mediocridade que se respira e da convicção cada vez mais arreigada no eleitorado que pouco mudará nas políticas a curto prazo e não haverá políticas a mais nenhum prazo - ou seja, o que há de fundo para mudar continuará intangível.
Uma das razões por que isto acontece é que a diferença temporal estreita entre ciclos eleitorais mantém ainda muito viva a memória das razões que motivaram as mudanças eleitorais do último ciclo. As pessoas sabem que, há dois anos, o PS estava no poder, foi a desgraça que foi, e por isso votaram no PSD. Sabem também como acabou o Governo PSD-PP e da desgraça que também foi. A memória das duas desgraças penaliza a mais fresca, mas não é suficiente para apagar a mais distante. Por estranho que pareça, o único partido que tinha margem de manobra neste contexto de dupla memória negativa era o PSD, mas malbaratou-a completamente ao não saber tirar lições do desastre governativo de Santana Lopes. Se tivesse mudado de liderança, num processo de ruptura com o que está, teria possibilidades de obter um crédito de confiança face a um PS que permanece guterrista e com pequena legitimidade para falar de finanças e de reformas, ele que as enterrou no pântano actual e que não as fez no ciclo mais favorável das últimas décadas.
O PS pede uma maioria absoluta, o que tem sentido e não é de todo implausível. No entanto, pedindo a maioria absoluta, o PS parece ainda hesitar na sua convicção de lutar por ela, quanto mais de a ter. Beneficiando acima de tudo do repúdio do que está, o PS parece pensar que é o bastante para obter os votos necessários, o que é um engano total. Para obter uma maioria absoluta, uma disfunção arrancada a ferros de um sistema eleitoral construído para a impedir, o PS precisa não apenas que as pessoas não gostem do que está, mas que acreditem com força no que se lhes propõe. A maioria absoluta precisa ou de dramatização ou de personalidades fortes que motivam amores e ódios, que arrastem atrás de si eleitores motivados pela empatia que suscitam. Foi assim com Cavaco Silva, o único que o conseguiu duas vezes em Portugal.
Ora, as opções do PS são frouxas: evitam a todo o custo uma campanha activa, na sequência de uma oposição cinzenta e pouco eficaz, e limitam-se a comentar as evidências dos incidentes em que o Governo se mete diariamente. Só que nunca foi o PS que revelou esta evidência, foram principalmente aqueles a que Portas chama "atiradores furtivos". Por isso, nem o mérito de uma oposição eficaz tem Sócrates e o PS, para começar.
O PS e Sócrates, já em plena campanha eleitoral, tiveram dois momentos para se revelarem: um, pela positiva, afirmando a opção da co-incineração ; outro pela negativa, ignorando a proposta envenenada de Pinto da Costa para se opor a Rui Rio no Porto. Quanto ao primeiro, inclino-me para considerar que Sócrates fez bem, embora talvez devesse ser mais prudente no carácter taxativo da solução, para incorporar o trabalho posterior que talvez não devesse ser todo deitado ao lixo. Na questão Pinto da Costa, bem mais grave porque envolve a afirmação dos poderes democráticos face aos poderes fácticos, de atitudes claras face à justiça e à corrupção, de recusa do populismo futebolista, Sócrates cedeu. É péssimo sinal.
Quanto à recusa de alianças pré-eleitorais, o discurso do PS é o que se espera de quem pede maioria absoluta, embora nenhuma ilusão possa ser tida quanto ao que acontecerá, caso a não tenha. Sócrates, se tiver uma maioria relativa, no limiar da absoluta, tentará uma solução minoritária semelhante à de Guterres e ela pode funcionar. Guterres fez um mandato em minoria e governou como se estivesse em maioria. Caso precise de mais votos, Sócrates fará os acordos necessários com o BE e mesmo o PCP, sem grandes hesitações, e não terá grandes dificuldades em obter esse apoio pelo menos numa fase inicial da legislatura, Nenhum partido da esquerda contribuirá por acção e omissão para o retorno do PSD e do PP ao poder, enquanto estes partidos tiverem à frente Santana Lopes e Portas.
Esta situação é prometedora para o BE e mesmo para o PCP, tanto maior quanto o forem os seus resultados eleitorais. É do interesse de ambos que o PS não obtenha uma maioria absoluta e farão tudo para isso. Haverá voto útil em Sócrates vindo da "esquerda"? Talvez em menor grau do que aquele que virá de eleitores descontentes com o PSD. A condição para que isto aconteça depende também da campanha ser ou não bipolarizada, porque, se o for, haverá "voto útil" à esquerda no PS. A situação do BE e do PCP é espelhar a do PP e por isso tudo farão para evitar a bipolarização.
Ambos apelarão a nichos eleitorais seguros - o do BE em crescimento, o do PCP a encolher, o do BE com maior dinamismo social e comunicacional, o do PCP com maior capacidade de resistência e raízes sociais mais profundas. Também aqui a capacidade das lideranças para mobilizarem os eleitorados de núcleo duro pode ser decisiva e o BE tem a vantagem de estar na moda e o PCP não. No entanto, seria injusto para Jerónimo de Sousa minimizar a sua capacidade para, numa perspectiva defensiva, proteger o PCP de uma desagregação eleitoral mais acelerada.

(continua)

José Pacheco Pereira



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quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

SÓ AGORA É QUE DESCOBRIU?



«Ninguém gosta daquela obra. A ponte fica acachapada»
Taveira Pinto


Todos os pontessorenses sabem que o presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor é UM CACHOPO ARMADO EM DITADOR, mas para mim é um grande QUADRÚPEDE
Se a estupidez do Taveira Pinto tivesse de pagar impostos o Sr. Ministro das Finanças tinha o défice do país resolvido.
Só este QUADRÚPEDE pagava os 556 milhões de euros.
Vem toda esta conversa a propósito da frase que transcrevo no inicio deste artigo, da autoria do QUADRÚPEDE, que preside à Câmara Municipal do nosso concelho, referindo-se à ponte do rio Sor.
Todos os pontessorenses preguntam:
Como é possível destruir a Ponte?
Como é possível cortar uma árvore centenária?
Como é possível autorizar uma obra destas?
Só nos resta exigir a este QUADRÚPEDE que se demita.
JÁ!
Jorge Martins

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terça-feira, 21 de dezembro de 2004

OS NOSSOS VOTOS...



O pontedosor.blogspot.com
deseja a todos os seus leitores
Votos de Feliz Natal
Um Ano Novo Sem Pintos & Companhia.

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OS NOVOS PARADIGMAS DA REPRESSÃO



A criação cultural, nomeadamente artística, não é um epifenómeno da história das mentalidades e das Ideologias. A repressão a que foi sujeita no passado, a visar alvos precisos e identificados, bem a prova: artistas silenciados, condenados à prisão, ao exílio ou assassinados, de que Garcia Lorca foi trágico exemplo, entre outros.
O estatuto da agressão mudou no entanto nestas últimas décadas, a qual atinge hoje, difusamente, todo o tecido social, com outras modalidades de intervenção, outros actores, na era dos circuitos imateriais, do imperialismo da imagem, da banalização e da desierarquização da informação. Não se trata mais de alvejar pontualmente a criatividade, mas de desvitalizar os seus alicerces. Seria longo proceder ao inventário dessa trajectória.
Procurarei situar alguns marcos, antes de pôr em evidência as novas modalidades de vitimização acima referidas e tomarei como modelo a criação artística.
A afirmação de novos valores criativos tem caminhado lado a lado com os combates pela Liberdade. Mais ainda: as ditaduras políticas instalaram-se, não raramente, após terem sido desmantelados os valores culturais e da Criatividade, o que por si só deveria constituir um sério alerta para o presente e o futuro.

O “Déjeuner sur l’ Herbe” de Manet, provocou um motim, de tal modo eram intoleráveis, para a época, a mancha larga do artista francês, as cores ousadas, o estilo espontâneo, contrário às regras académicas e à Tradição.
O Impressionismo foi penalizado pelas suas ousadias, ao dar uma maior importância ao contorno das coisas, ao contrariar o que imobiliza e define, ao privilegiar mais a matéria pictórica que a representação, ao considerar a visão do artista e a maneira de pintar mais decisivas que a coisa pintada. No primeiro Salão de 1859, foram desde logo afastadas pelo júri as obras de Manet e Millet. Pissaro e Sisley foram, também eles, proibidos nos Salões.
Cézanne, que já participara na primeira exposição dos Impressionistas franceses, e que veio a marcar decisivamente a história da Pintura, ficou amargamente confinado ao “Salão dos Recusados”, em 1863, tendo-lhe sido impedido o acesso aos Salões oficiais de 1864 e 1870. Apenas reconhecido em 1900, só em 1903 é que foi permitido ao pintor francês o acesso ao “Salão de Outono”, três anos antes de morrer.”
A exposição de 1874, que reuniu Cézanne, Degas, Monet, Pissaro e Sisley foi um escândalo, provocou injúrias e sarcasmos.

Os Cubistas, um pouco mais tarde, viriam, por seu turno, a ser violentamente fustigados pelo seu anti-academismo, desde as célebres “Meninas d’Avignon”, de Picasso, no “Bateau Lavoir”, em 1907. Que de Avignon não eram, pois que as meninas - prostitutas retratadas por Picasso eram originárias de um bairro de Barcelona.
Uma violência anti-cubista que atingiu o seu auge em 1912. Maus cidadãos, agentes anti-nacionais, assim foram provocatoriamente apelidados os pintores cubistas pela imprensa francesa da época. Calúnias que foram politicamente exploradas, de seguida, no decorrer da Grande Guerra de 1914-18, quando essa mesma imprensa escrevia “Kubismo”, com “K”, a insinuar uma colaboração entre o cubismo e os “boches”. Uma Arte acusada pois de anti-semitismo.
Mais tarde os novos alvos foram os Abstractos e os Surrealistas.
Por seu turno, nos Estados Unidos, em Nova York, a 16 de Abril de 1914, assistiu-se ao linchamento das efígies de Brancusi, o grande escultor romeno, e de Matisse, no dia do fecho da exposição em que ambos participavam. Com efeito a cor, instrumento privilegiado duma metamorfose pictórica (cf. “Banhistas com tartaruga”, 1908), sufocada desde o Renascimento pelos imperativos do modelo e do sombreado, renascia com Matisse. Inaceitável, a nova mensagem cromática do mestre francês, aos olhos do júri e da Academia americana. A França aliás, Pátria de Matisse, alimentou durante longo tempo grande desprezo pela sua obra, a tal ponto que o artista só vendia para a Rússia, Inglaterra mas também para a América. Ridicularizados foram ainda Derein e Vlaminck.

As considerações xenófobas eram uma constante, comprovadas nas colunas do quotidiano “Gil Blas”, pela pena de um crítico de serviço, ao escrever que no “Salão de Outono” e nos “Independentes”, os Muniquenses, os Eslavos e os Guatemaltecos pululam, uma pretalhada que coloniza Montrouge e Vaugirard”.
Inadmissíveis pois as cores puras desses artistas, a falta de classicismo do trabalho, a suposta ignorância da arte de desenhar. Inadmissíveis as representações não convencionais de naturezas mortas, a maneira diferente como eles analisavam a cor e a luz, o olhar não fotográfico sobre as coisas, tal como fez Delaunay. Insuportável, em suma, que esses artistas se aventurassem a decompor e a elaborar de outro modo a realidade exterior. Os dizeres do conselheiro Lampué, por ocasião desses "Salões de Outono”, são a este propósito, esclarecedores, numa carta que enviou ao Secretário de Estado francês para as Belas Artes, carta na qual se interrogava sobre o “direito de alugar um monumento público a malfeitores que se comportam no mundo das Artes como os Apaches na vida de todos os dias”, e em que perguntava “se alguma vez a natureza e a forma humana tinha sofrido tamanhos ultrajes”. Lampué referia-se ainda nessa carta às fealdades e às vulgaridades expostas e comentava que a dignidade do Governo francês fora duramente atingida com tais feitos de arte, ao albergar semelhantes horrores no “Grand Palais”, um monumento nacional. Mais uma vez se voltou a falar, por esta ocasião, de manifestações anti-artísticas e anti-nacionais, um discurso que será tragicamente retomado pelos nazis em 1933.
Voltemos à França do princípio do século: em 1917, concretamente a 3 de Dezembro, a polícia francesa investe a “Galeria Berthe Weil”, 50 Rue Taitbout, em Paris, onde Modigliani expunha pela primeira vez. Isto na sequência de uma denúncia feita pelos pequeno- burgueses do bairro, que não suportavam o “atentado ao pudor” dos “Nus” apresentados pelo o artista italiano e ali expostos. Isto passou-se três anos antes da sua morte, ocorrida em 1920.
Em 1922, a Arte abstracta é proibida na Rússia Soviética e, algum tempo depois, o Suprematismo de Malevitch, acusado de formalismo, é denunciado coma a expressão típica da arte da época do imperialismo e do industrialismo burguês. Uma espécie de arte degenerada, conceito que os nazis virão a manipular mais tarde com arrogância. Será que Malevitch, após 1927, regressou a uma figuração “reaccionária”? Parece ter sido essa a leitura dos censores, porquanto o pintor russo acabou por ser expulso em 1929 do “Instituto Nacional da História das Artes”, com Estaline no poder.
Em 1934 é proclamado o realismo socialista, denunciam-se os Impressionistas, pede-se aos artistas que a Arte seja compreensível. Um realismo socialista, que não deixou de fazer obstáculo à criatividade revolucionária, prisioneiro que ficou duma concepção estética redutora.
continua...
A.B.

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PINTURA...

Álvaro Lapa,
Mapa Crânio, 1988, esmalte celuloso, 120x170 cm


1939
Álvaro Carlos Dinis Lapa, nasce em Évora a 31 de Julho, o mais velho de 3 irmãos.

1947
O pai é preso durante um período de 3 anos (delito comum) e a mãe procura trabalho no Barreiro, levando consigo os dois filhos mais novos.Lapa fica em Évora (por razões de uma “debilidade aparente”, ou “... questão de cuidado em relação ao mais velho”), passando a viver com os padrinhos. Acompanha-o nesta mudança a mãe da sua madrinha, com quem já habitava em casa dos pais,e que será a pessoa de quem se sentirá “ sempre mais perto” afectivamente.

1950
Aulas em Évora com o pintor Charrua: “ de pintura moderna,ou seja,desenhar a vontade...Eu era suposto aperfeiçoar o desenho de liceu, o meu ponto mais fraco do currículo...”.

1956
Fim dos estudos liceais em Évora. Vergílio Ferreira é seu professor de Literatura nos 6º e 7º anos: “escrever (poesia) era o meu ideal pelo menos desde o meu contacto com o Vergílio Ferreira...”. Muda-se para Lisboa.

1956-58
Vive em Lisboa, onde se matricula na Faculdade de Direito.O Boletim da Associação de Estudantes da Faculdade publica um texto seu sobre Kafka. Com 19 anos, uma “Missão de Arte” em Évora proporciona-lhe o seu primeiro contacto com o expressionismo abstracto, na figura do artista convidado (“Theo Appleby, um expressionista de segunda ou terceira...”).

1960
De 1960 a 1962 frequenta o curso de filosofia na Faculdade de Letras , em Lisboa.

1961
Em Maio-Junho faz a sua primeira viagem ao estrangeiro (Paris). Contacta alguns jovens artistas próximos do Grupo Surrealista. “Eu não tinha contacto (com os Surrealistas portugueses) e tinha uma certa frustração com isso... também um certo orgulho... Um chileno em casa de quem eu fiquei era conhecido de um amigo de Matta...Se há aí alguma coisa de interessante é nesse contacto, menos lendário, mais ao vivo, com o surrealismo”. Ainda em Paris,primeiros contactos com a recente arte norte-americana- “ um cheirinho do Rauschenberg..., que só realmente conheci aos 23, 24 anos,com o (Joaquim ) Bravo e o Charrua. É aí que ele importa”.

1962
Começa a pintar, por “uma questão de anti-invocação”. “O problema de começar a pintar era vencer a inibição diante do Charrua. Mas como eu já tinha sido inibido de escrever pelo Vergílio Ferreira não podia ser mais inibido...Comecei a pintar porque o Bravo começou a pintar...Ele pintou uma coisa a Giacometti, (não sei se era se não, para mim passou muito bem), eu percebi que era fácil. A ideia é que era preciso fazer qualquer coisa,qualquer coisa que eu gostasse”.
Professor do Ensino Técnico em Estremoz (ensina Português) durante um ano.
Conhece António Areal, que tem sobre si “grande influência” ( “ ideológica, e manteve-se: o conceito da Nova Figuração, que ele apresentou e desnvolveu” ): “O Areal estava a funcionar na altura como um líder, como um activador...Voltou (do Brasil) cheio de ideias e de obras, um livro escrito na bagagem, uma aura de maldição, ( que ele cultivava e agravava) e quis levar os outros (os neo-realistas) para um movimento colectivo, de modernodade e exigência e tomada de instituições: quebra de hábitos. Começaram-lhe a virar as costas, a abandoná-lo sucessivamente. Isso para um tipo mais novo funcionava com um certo fascínio. Era um tipo éticamente aureolado...”.
É ainda Areal, que na sua volta do Brasil, traz consigo a “ notícia” ( da existência e obra) de Motherwell, por quem Lapa passa a nutrir uma admiração ( “uma idealização”) constante.
Em Dezembro casa-se com Maria Helena Azevedo, colega de Faculdade.

1963
Afastado compulsivamente da Função Pública.- “ Por razões de uma denúncia (de esquerdismo,...nunca consegui reconstituir).” Nesta altura como noutras o seu activismo político resumia-se, confessa,a uma “ vontade de chocar” (nota posterior de Lapa: “ mas a própria vontade é chocante ,por limitação do artista”). Nasce o filho Hugo.

1964
Aos poucos, vai continuando a tirar cadeiras do curso de filosofia.
Exposições Individuais: Galeria 111, Lisboa, Fevereiro (primeira exposição individual),Galeria Divulgação, Lisboa.
Exposições Colectivas:Salão do Claro-Escuro”, Sociedade Nacional de Belas Artes,Lisboa.

1965
Nasce o filho Frederico. Muda-se para Lagos, onde re-encontra João Cutileiro ( que já conhecia).Vive no Algarve até 1970.
Exposições Individuais. Galeria Divulgação, Lisboa.
Exposições Colectivas: 1º Salão de Arte Moderna, Funchal.

1966
Exposições Colectivas: “ 2º Salão de Arte Moderna, Funchal.

1968
Nasce a filha Sofia.
Exposições Colectivas: “ Novas Iconologias”, Galeria Buchholz, Lisboa;
“ Últimas Revelações da Arte Portuguesa”, Galeria Quadrante, Lisboa;
“ Exposição da Queima das Fitas”, Coimbra(2º prémio); Salão Nacional de Arte, SNI, Lisboa.

1969
Exposição Individual na Buchholz.Sobre semelhanças formais das suas obras com obras de Areal diz:” a melhor maneira de não sofrer a influência do Areal era acentuá-la...”.
Nasce o filho Raúl.
Exposições Individuais: Galeria Buchholz,Lisboa.
Exposições Colectivas: Salão do Banco Português do Atlântico, Sociedade Nacional das Belas Artes, Lisboa.

1970
Viagem na Europa- “ até à Escandinávia...”, Marca-o a visão in loco das experiências públicas “ alternativas” da Amesterdam da altura, da disponibilidade da droga às diferentes formas de gestão da produção artística (“...havia uns tipos que expunham em casa, a ideia era francamente interessante” ).
Exposições Individuais: Galeria Buchholz, Lisboa.
Exposições Colectivas: 1º Salão de Arte de Lagos, Lagos (3º prémio).

1971
Muda-se para Lisboa. Viagem na Europa e no Norte de África.
Separa-se.
Exposições Individuais: “ Escuro como a cova onde o meu amigo se não move”(exposição-instalação), Galeria Buchholz, Lisboa.

1972
Évora e Lagos. Escreve sobre Joaquim Bravo (texto “ um pato?” , catálogo da exposição individual de Joaquim Bravo, Galeria Quadrante, Lisboa).
Exposições Individuais: “ As Profecias de Abdul Varetti, cortinas em ferro e outros objectos, espólio de um escritor falhado”, Galeria Buchholz, Lisboa.
Exposições Colectivas: Exposição “ A.I.C.A.”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.

1973
Subsidiado durante um ano por um amigo, o escultor João Cutileiro.
Também “ empurrado” por João Cutileiro, muda-se para o Porto. Crise psíquica grave, com internamento em Coimbra. Encontra a pintora Maria José Aguiar, com quem passa a viver.
Exposições Individuais: “ Modelos Narrativos/Exposição de Abdul Varettie Álvaro Lapa”, Galeria Quadrante, Lisboa;Cooperativa Árvore, Porto.
Exposições Colectivas: Exposição “A.I.C.A”,Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa; “ Asbstracção e Nova Figuração”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa;Cooperativa Árvore, Porto; “ Pintura Portuguesa de Hoje”, Barcelona, Salamanca, Lisboa.

1974
Escreve “ Raso como o Chão”. Escreve sobre Maria José Aguiar; exposição individual de Maria José Aguiar, Galeria Espaço,Porto.
Exposições Individuais: “ O réseau teórico e o castelo de Bragança”, Galeria Espaço , Porto.

1975
Conclui licenciatura em filosofia, no Porto.Inicia projecto do livro “Barulheira”.
Exposições Individuais: “ Os criminosos e as suas propriedades, exposição de literatura”, Galeria Buchholz, Lisboa.
Exposições Colectivas: “ Figuração Hoje?”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa;
“ Bosch:” artistas contemporâneos e as tentações de santo Antão”, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa; Exposição Colectiva na Sede do Partido Comunista Português, Porto; “Colagem-Montagem”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa; “Levantamento da arte no século xx no Porto”, Museu Nacional Soares dos Reis, Porto.

1976
Obtém um subsídio da Fundação Calouste Gulbenkian. Reentra no ensino (Ciclo Preparatório, na Póvoa do Varzim), sendo depois contratado para Professor Assistente na Escola Superior de Belas Artes do Porto onde ensina Estética.
Escreve “ Barulheira”.
Exposições Individuais: “ Pintura/Desenho/75-76”, Galeria Quadrante, Lisboa.
Exposições Colectivas: Exposição de inauguração do Centro de Arte Contemporânea/Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto; “ Arte Portuguesa”, Roma/Paris/Rio de Janeiro/Lund; “Salão de Abril”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.

1977
A Editorial Estampa publica “Raso como o Chão”.Escreve “Porque Morreu Eanes”.
Exposições Individuais: Galeria Módulo, Porto; “Escrita (73-76)”, Circulo de Artes Plásticas de Coimbra, Coimbra.
Exposições Colectivas: “Alternativa Zero”, Galeria Nacional de Arte Moderna,Lisboa "O erotismo na arte moderna portuguesa”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa e Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto.

1978
A Editorial Estampa publica “ Porque Morreu Eanes” .
Exposições Individuais: Museu Nacional Soares dos Reis/Centro de Arte Contemporânea, Porto (exposição retrospectiva).
Exposições Colectivas: “ Artistas Actuais do Porto nas colecções do Museu Nacional de Soares dos Reis”, Galeria do Jornal de Notícias, Porto.

1979
Escreve sobre Ângelo de Sousa .
Exposições Colectivas: “LIS/79”, Lisbon International Show, Lisboa.11º Festival International de la Peinture Château-Musée,Haut-de-Cagnes,Cagnes-Sur-Mer.

1980
Nasce a filha Violeta.
Exposições Individuais: Arta, Lisboa; “Conversa”, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, Coimbra.

1981
Casa com Maria José Aguiar.
Exposições Individuais: “monumentos/documentos”, Galeria Roma e Pavia, Porto.
Exposições Colectivas: Antevisão do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa;”LIS/81”, Lisbon International Show, Lisboa.

1982
Editora “& etc.” publica “Barulheira”.
Exposições Individuais: Galeria Quadrum, Lisboa ;Galeria Diferença, Lisboa; “Desenho”, Casa de Bocage, Setúbal; “Desenho(1981/82)”, Galeria Roma e Pavia, Porto.
Exposições Colectivas: “Aspectos do Desenho Contemporâneo em Portugal”, Kultuurforum, Bona, etc; Salão de Arte Moderna, Lagos(3º prémio,pela segunda vez).

1983
Conhece José-Augusto França por quem passa a ser dirigido numa tese de Doutoramento sobre o Surrealismo em Portugal.
Exposições Colectivas: “A História Trágico-Marítima e perspectivas Actuais” , Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.

1984
Conhece António Dacosta.
Exposições Colectivas: “Os Novos Primitivos”, Cooperativa Árvore, Porto;”Atitudes Litorais”, Faculdade de Letras, Lisboa; EIAM784, 1ª Exposição Ibérica de Arte Moderna, Campo Maior; “Homenagem dos Artistas Portugueses a Almada Negreiros”, Galeria Almada Negreiros, Ministério da Cultura, LisbCarvalho, Lisboa.

1985
Exposições Individuais: Galeria EMI/Valentim de Carvalho, Lisboa.
Exposições Colectivas: “Signos”, Galeria EMI/Valentim de Carvalho, Lisboa;”Os Portugueses no Mundo”, colecção de pintura do acervo do Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto.

1986
Exposições Colectivas: “Litoral”, Coruña/Madrid/Canárias/Lisboa;”Le xxéme au Portugal”, Centre Albert Borschette, Bruxelas; “7ª Bienal Internacional de Arte”, Pontevedra; Salão A.I.C.A/Philae, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa; “3ª Exposição de Artes Plásticas”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; “Nove/nine Portuguese painters”, John Hansard Gallery, The University,Southampton.

1987
É-lhe atribuido o prémio de Artes Plásticas da Secção Portuguesa da A.I.C.A.
Exposições Individuais:” Campéstico:Paisagens e Interiores”,Galeria EMI/Valentim de Carvalho, Lisboa.
Exposições Colectivas:”Arte contemporáneo Portugués”, Museo Español de Arte Contemporáneo, Madrid; Exposição de Arte Contemporânea Portuguesa,Macau;”10 amad(e)ores”, Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa;”Exposição de Arte Moderna/Prémio Amadeo de Souza-Cardoso”, Casa de Serralves, Porto(2º prémio,ex-aequo, com Eduardo Batarda); “70-80, Arte Portuguesa”, S.Paulo/Rio de Janeiro/Filadélfia.

1988
Exposições Colectivas:”Década de 70”, Centro de Arte de S.João da Madeira;”Lisbonne, aujourd’hui”, Musée de Toulon, Toulon; “Pintura Portuguesa 1988”, Covilhã/Funchal/etc.

1989
Exposições Individuais: “Trabalhos sobre Papel”, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa;”Que horas são Que horas” Galeria Valentim de Carvalho, Lisboa.
Exposições Colectivas: Bicentenário do Ministério das Finanças, Lisboa; “Portugal Hoy”, Centro Cultural Conde Duque, Madrid; “Art London´89, Londres; 1ª Triennal de Dibuix Joan Miró, Fundació Miró, Barcelona; xx Bienal Internacional de S.Paulo, Brasil; Exposição de Pintura e Escultura do património da Caixa Geral de Depósitos, Ministério das Finanças, Lisboa.

1990
Exposições Colectivas: ARCO’90, Recinto Ferial, Madrid.

1991
Exposições Individuais:Galerias A5, Santo Tirso.
Exposições Colectivas: Colectiva para o Parlamento Europeu,Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa;”Tríptico”, Europália, Museu de Ghent, Bélgica.

1992
Exposições Colectivas:”Arte Portuguesa 1992”, Osnabrück, Alemanha; “Há um minuto no Mundo que passa”, Fundação de Serralves, Porto;”Artistas Portugueses na colecção da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento”, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna, Lisboa.

1993
Exposições Individuais: “Mesa de Jardim”, Casa Museu Nogueira da Silva, Braga; “Quixote na Bastilha”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa.
Exposições Colectivas: “Tradicion,Vanguarda e Modernidade do Século xx Português”, Auditório da Galicia, Santiago de Compostela, Espanha; “Orientações”, Fundação Akemi, Japão; “Obras da Colecção da FundaçãoLuso-Americana para o Desnvolvimento”, Museu de Évora; “Sete Sentidos”, Palácio Rober, Barcelona; “Arte Moderna em Portugal”, Culturgest, Lisboa.

1994
Exposições Individuais: “Retrospectiva”, Fundação de Serralves/Centro de Arte Moderna, Porto/Lisboa.
Exposições Colectivas: Fundação de Serralves; “Um Museu Português”,Auditório de Galicia, Santiago de Compostela, Espanha; “O Rosto da Máscara”, Centro Cultural de Belém, Lisboa.

2003
Exposições Individuais: Galeria Neupergama, Torres Novas
Decoração da Estação De Metro de Odivelas, Metropolitano de Lisboa

2004
Exposições Individuais: “Lâmina”, Teatro Taborda ( Artistas Unidos)

É-lhe atribuido o Grande Prémio EDP 2004, no valor de 35 mil euros, por unanimidade, pela «singularidade do universo criativo do artista, no contexto nacional e internacional».

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