sexta-feira, 28 de abril de 2006

NO REINO DO BUGALHEIRAPLEX...[ parte V ]

(A ladaínha é interrompida por um grito)


Personagem : ALTO E PÁRA O BAILARICO!...
D. João José : Mas... D. Joaquim Carita, que é isto?!


D. Joaquim Carita : Ó meu querido rei benquisto, que grande mal-entendido... deixai que vos explique...
D. João José : Ainda me dá um chilique, que cena mais surreal...
D. João Manuel : Mas que quereis vós afinal, ó director da polícia que acabei de nomear?
D. Joaquim Carita : Se me deixarem explicar...
Dª Isabel : Deixem-no falar!
D. João Manuel : ...O que lhe deu para entrar...
D. João José : TÁ A CALAR!... CALUDA PORRA, QUE JÁ ME ESTOU A PASSAR!... Se você não justificar bem o acto seu camelo, dá cem voltas ao Largo da Feira de mãos no chão e pés no ar, portanto...TOCA A FALAR!
D. Joaquim Carita : O.K., vou falar: Quando me vieram contar que o espadalhão real levara um sumiço tal que ninguém dele sabia, logo desconfiei que havia um ladrão cá no castelo, vai daí quis conhecê-lo sem levantar confusão; Fui à loja do e aluguei um disfarce...
Frei Nuno Jorge : ... E andou a passar-se aqui no paço real...
D. João Manuel : ... mas descobri afinal quem era o dito ladrão!
D. João José : E quem era esse cão, esse filho da puta?
D. Joaquim Carita : O mordomo, por sinal.
D. João José : O pobre do ……?!... Nã.... não pode ser...
D. Joaquim Carita : Calma, já vai entender... levei-o para o chilindró. O pobre metia dó sempre a gritar: "Não fui eu", e até me convenceu a crer no que ele dizia. Voltei cá e quem diria, encontrei o espadalhão...
D. João José : E onde estava ele então?!
D. Joaquim Carita: Na charrete da Raínha.
Dª Isabel : Na... Ai que cabeça a minha... pois claro D. Joaquim Carita, foi quando fui a Galveias...
D. João José : A Galveias?!
Dª Isabel : Visitar Dª Laranjeira, aí veio-me à lembrança que o alfageme onde ela costuma costuma afiar os aços tem fama de ser despachado...
D. Joaquim Carita : Já percebi, e embrulhou num oleado o espadalhão de D. João José para ser lá afiado, já que o vosso alfageme estava bué atarefado!
Dª Isabel : E esqueci-me completamente do maldito espadalhão... sabeis como estas coisas são... a gente põe-se a falar...
D. João José : Pois, pois... estou a topar...
Frei Nuno Jorge: Sendo assim posso ir à andar?
D. João José : Nem pensar! Fique aí sossegadinho que já volta a trabalhar, não se esqueça onde parou a puta da ladaínha...
D. Jordão : Mas D. João José se a raínha já explicou tudo mui bem...
D. João José : Espera aí tu também... Frei Nuno Jorge, continuai.
Dª Isabel : Perdoai... mas para quê?
D. João José : Quero com ele fazer um trato.
Dª Isabel : Olálá!... aqui há vacas!
D. João José : Àh pois há, já ireis ver.
Dª Isabel : Mas que quereis vós fazer?!
D. João José : Vá Frei Nuno Jorge, toca a bulir, e assim que o bicho surgir... nem um grama de água benta, a sua mão aguenta até eu fazer sinal.


Frei Nuno Jorge: Mas Majestade Real, meu Real Primo, não estou a perceber...
D. João José : Depressa vais entender, tu e todos que aqui estão.... Então?
D. Jordão : Mas senhor...
D. João José : CHAMA A MERDA DO DIABO!!!
D. Jordão : Senhor... estais transtornado, medi bem o que fazeis... o meu padrinho arcebispo pode não gostar...
D. João José : Rápido compreendereis aquilo que vou fazer, vá...
D. Jordão : E pode-se saber o que será?
D. João José : Assim que a besta aparecer meto-lhe logo na mão, o bófia e a raínha. Antes que o bicho perceba o que está a acontecer, o frade, estás a ver, agarra na água benta, cornos abaixo e rebenta com o chifrudo infernal; Um dois três... vá pr'ó inferno!
D. Jordão : Mas se eles estão agarrados pela negra mão da besta...
D. João José : Ora aí está Jordão, agarras no teu livrinho e acrescentas mais esta:
...Todo aquele que fizer merda
com o património real
que lhe cause dano ou perda
seja cabo ou general
seja Raínha ou Duquesa
primeiro ministro ou rei
seja povo ou realeza
seja hetero, seja gay
Irá passar ad eternum
vacanças com Belzebú
no palácio do inferno
com um ferro em brasa no cú

D. Jordão : Mas...
D. João José : Mas o quê? A esta lei chamarás a trezentos e trinta e quatro.
D. Jordão : E está quebrada a ligação...
D. João José :... entre o inferno e o Paço, e assim esse madraço só cá vem se for chamado.
D. Jordão : Eu juro que estou espantado com tanta argúcia senhor; Melhor, muito melhor que cem voltas ao castelo...
D. João José :... E tu também meu camelo ficas avisado p'la certa, se vieres com mais ideias de merda, andas a negociar terrenos sem eu saber de nada, meu franganote...
D. Jordão :???!!!... e as notas que já recebesteu!
D. João José : Isso não são conversas para aquí ... Frei Nuno Jorge estará aqui para chamar Belzebú, espetam-te o ferro no cú e vais também no pacote.


Continua...

Z.N.

"UM PAÍS DE BANANAS, GOVERNADO POR SACANAS"

QUEM PAGA A CRISE?


No fim de um ano de aumento de impostos, de excepcional recolha fiscal e do arranque de várias medidas de contenção, o Governo conseguiu ter um défice superior ao previsto no último orçamento de Santana Lopes / Bagão Félix, descontadas as receitas extraordinárias. Nunca saberemos se o previsto se iria realizar, como nunca saberemos se os 6,8% calculados pelo Banco de Portugal não seriam contrariados por medidas do Governo. O que sabemos é que os resultados são maus. Os relatórios da última semana da OCDE e do BM apenas acentuaram a impressão de que nada vai bem, e as medidas do Governo só tocam na superfície dos problemas, na “epiderme” como diz Medina Carreira. Tudo isto num contexto excepcional quanto às condições políticas, com um governo de maioria absoluta e com uma oposição muito fragilizada, e com considerável apoio da opinião pública.

Torna-se evidente que os dilemas que já existiam em 2005 estão hoje mais acentuados e a margem de manobra, com a passagem do tempo, é já bastante menor. Vamos pois a caminho de tempos muito difíceis, agravados pela conjuntura internacional, mas não explicáveis nem exclusiva, nem principalmente por ela. Agora que realmente tudo vai começar a apertar, e já sem a sombra nem a desculpa legitimadora do governo Santana Lopes, as opções erradas de Sócrates, do Governo e do PS começam a perceber-se com maior clareza. Deixo de lado, que havia uma maneira alternativa de actuar, uma política genuinamente liberal, que no entanto não corresponde às opções políticas e ideológicas do Governo socialista.

Como nas histórias infantis, tudo começou no princípio, “naquele tempo”.
No balanço da actuação de Sócrates esquece-se várias coisas: uma é que o discurso com que o PS ganhou as eleições não era um discurso de crise, bem pelo contrário, era o da sua negação. Não se chegava ao ponto de anunciar a “retoma”, mas o discurso socialista era o de que havia “vida para lá do défice”. É uma história da carochinha da propaganda acreditar que Sócrates só se apercebeu da situação real depois do relatório Constâncio, porque tal era impossível.

É verdade que Sócrates corrigiu o discurso logo que ganhou as eleições e fez bem, mas uma coisa é corrigir um erro outra é compreender totalmente a necessidade de uma viragem de fundo. Depois de um ano a ser saudado com justiça pela sua coragem nas medidas difíceis, pouca gente se apercebeu que os problemas de fundo do nosso desequilíbrio financeiro se mantêm, em particular com o estado a gastar sempre mais e a “comer” não só o que tinha, mas também o que estava a entrar de novo. Apresentar como resultado um défice maior do que o governo anterior não tem volta que se lhe dê – é andar para trás.

Porque é que é hoje mais difícil passar de 6% para 4,8% do que seria um ano antes?

Primeiro, porque é (foi) um erro gravíssimo, ter cedido ao populismo no pior momento para o fazer. O Governo podia muito bem ter pedido todos os sacrifícios e ter anunciado todas as medidas difíceis com um único argumento: eram necessárias para o país, eram uma questão de “salvação nacional”. Ponto final.
Mas o Governo cedeu à tentação de dizer que o que estava a fazer era uma luta contra os “privilégios “ de muitas classes profissionais e com isso deslegitimou-os na sua respeitabilidade social.

Hoje sabemos o efeito dessa táctica comunicacional: deixou cada grupo profissional de per si, socialmente isolado, face a uma opinião pública hostil, mas azedou irremediavelmente o ambiente dentro de cada corporação e grupo entrincheirados contra o Governo.
Fez as corporações e os grupos profissionais fracos por fora e fortes por dentro. Uma segunda vaga ainda mais dura de medidas de austeridade e contenção vai dar origem a conflitos sociais mais tenazes.
Os comportamentos desesperados vão ser mais comuns, a resistência maior.

Isto significa que muito do tempo psicológico para uma política de efectiva dificuldade, já se perdeu, no exacto momento em que é preciso ir muito mais longe e começar a perceber quem ganha e quem perde com a crise que atravessamos e o modo como o governo a defronta.

Segundo, porque o Governo apenas esboçou as políticas necessárias, excluindo muitas medidas que lhe foram sugeridas e que melhor traduziam a gravidade da situação. Claro que o problema é também político-ideológico, em particular na intocabilidade do “estado social” universal, em que nunca ousou mexer, apesar de ser um caminho que garantia melhor justiça social.
Sócrates diminuiu regalias sociais, mas manteve esquemas de universalidade, em particular na segurança social e no sistema de saúde, o que torna muitas medidas mais duras para os mais pobres e irrelevantes para os mais ricos.

Na verdade, as medidas de Sócrates acabam por atingir essencialmente os sectores mais desfavorecidos da sociedade, mais dependentes da inflação, do aumento das taxas de juro, dos despedimentos, da erosão das reformas e menos a classe média. Dos ricos nem falo, porque esses podem sempre bem com as crises.
O que o discurso de Cavaco Silva no 25 de Abril traz de novo para a análise desta questão é chamar a atenção para que, se nada mais se fizer, a crise será “paga” pelos mais pobres e agravará a exclusão.
A ênfase que “surpreendeu” muita gente, só é surpresa porque se tem ignorado que essas dificuldades não são igualmente distribuídas e que o “pagamento da crise”, deixando-se estar as coisas como estão, irá para baixo e não para o meio. Insisto que, em cima, nada verdadeiramente conta no plano “social”.

A classe média, até agora só tem sido tocada ao de leve.
Os padrões de consumo não revelam significativas restrições nos hábitos típicos desse sector social (férias, viagens nas “pontes”, por exemplo) e, no essencial, o efeito da crise tem sido superficial, em detrimento das muito maiores dificuldades escondidas e que raras vezes chegam à comunicação social, no baixo funcionalismo, no mundo do trabalho industrial, nos jovens com trabalho precário, na pequena burguesia urbana dos serviços, muito endividada.
O agravamento da crise aprofundará este fosso de degradação de qualidade de vida.

O problema da justiça social nesta crise não está apenas, bem longe disso, na assistência aos casos extremos de miséria e exclusão, aos marginais e aos velhos desprotegidos, que já era exigida pela nossa pobreza há muito tempo. A questão está em se compreender que esta forma de atacar a crise atirará com os seus custos para os grupos sociais que menos defesa têm e, como o que aconteceu até agora é apenas um ligeiro assomar de dificuldades que aí vêm, convém prevenir não contra a austeridade, nem o contra o combate ao descalabro financeiro, mas contra um injusto “pagamento da crise”. E não é o PCP quem o diz.


José Pacheco Pereira

quinta-feira, 27 de abril de 2006

NO REINO DO BUGALHEIRAPLEX...[ parte IV ]

D. João José : Mas que rico trinta e um tu havias de arranjar...Não me bastou perder a disPUTAs com o Ceia da Silva.
D. João Manuel: Mas...
D. João José :... Estava-se mesmo a adivinhar, tu brincas com coisas sérias, eu avisei...
D. João Manuel: Confesso não reparei nesse pequeno pormenor.
D. João José : PorMAIOR queres tu dizer.
D. João Manuel: Que é que irá acontecer?!...
D. João José : Sei lá eu meu bom Irmão João Manuel, o bode infecto e imundo é grão-mestre do engano.
D. João Manuel: Ai o magano!...
D. João José : Está sempre atrás do povo… pronto a entrar em acção.
D. João Manuel: Tendes razão. Achais que a água benta e ouro remedia a situação?


D. João José : Não sei não... No meu caso umas notitas de € 500,00 por debaixo da mesa, resolvia logo o assunto… Olha, ai vem o fradito.



(Entra Frei Nuno Jorge que já está ao corrente da situação esclarecido por Dª Isabel)


Frei Nuno Jorge: D. João José, real senhor, meu amado primo, estou por dentro do assunto mas mesmo assim eu pergunto: Era o demo de certeza?
D. João José : Com aquela subtileza quem mais poderia ser?
Frei Nuno Jorge: Estou a ver... vamos então ao trabalho, vamos lá a ver se não falho nada no meu ritual, poderia ser fatal...
D. João José : ... Sei... porque as forças do mal...
Frei Nuno Jorge: Tal e qual. ... Estão todos preparados? Saibam que nada há a temer...
Dª Isabel: Mas o que é que ides fazer?!
Frei Nuno Jorge: Chamar o bode asqueroso.
Dª Isabel: Cha... Mas isso não é perigoso?
D. João José : Ele sabe defender-se. Assim que o bicho aparecer Frei Nuno Jorge num fogacho espetal-lhe com a água benta pela cornadura abaixo...
Frei Nuno Jorge: ... Levará tal queimadura na tromba de pêlo irsuto que em menos de um minuto volta de vez ao inferno.
Dª Isabel: Manda-lo passar o Inverno aonde passou o Verão?...
Frei Nuno Jorge: Tem razão. ...

(Frade começa a entoar a ladaínha)

...Escuta besta condenada
cujo nome é Belzebú
bode de cornea hasteada
ó maldito, onde andas tu?
ordeno que compareças
ó infame mafarrico...


Z.N.

EM ABRIL, TRINTA E DOIS ANOS DEPOIS...


Portugal desigual


A exclusão e a desigualdade social, situações que de um dia para o outro saltaram para a agenda portuguesa, são o resultado de uma opção política e de políticas sectoriais.

É uma situação conhecida e mensurável: dois milhões e meio de pobres, a maior disparidade da Europa entre ricos e pobres e as maiores assimetrias regionais, as maiores taxas europeias de analfabetismo funcional e de abandono e insucesso escolares, o maior peso da precaridade no trabalho, as maiores desigualdades salariais entre homens e mulheres, etc.

Mas para além da irremediável exclusão social que deriva das políticas governamentais, há também, e com as mesmas raízes, a auto-exclusão. Os portugueses são os europeus que menos participam na vida política e cívica, não cultivam uma opinião pública esclarecida e influente, não desenvolvem movimentos cívicos actuantes e combativos, têm as taxas de sindicalização mais baixas da Europa e os sindicatos com menor poder negocial e reivindicativo que desgastaram e banalizaram o recurso a formas de luta constitucionalmente consagradas. Sendo dos europeus que se manifestam mais infelizes com a vida que levam, os portugueses são também os mais resignados com as diferenças e injustiças sociais, o que tem um pesado fundo de herança histórica e cultural mas também um novo lastro de egoísmo, conformismo, indiferença e descrença.

Neste quadro, o apelo para fazer da inclusão uma causa e um desígnio nacionais, só é previsível que tenha um efeito: deixar os excluídos à espera que a inclusão lhes caia do céu e os demais portugueses absolutamente indiferentes. Mas também ninguém estaria à espera que os portugueses, inspirados por esse apelo, por essa causa e esse desígnio, empunhassem a bandeira da inclusão e saíssem à rua, como os franceses na luta contra o Contrato do Primeiro Emprego.


João P. Guerra

PURO VENENO...


Rui Pimentel/VISÃO

quarta-feira, 26 de abril de 2006

FINGIR

Cavaco Silva foi ontem ao Parlamento fingir um discurso à esquerda.
Assim mesmo: fingir.
José Sócrates agradeceu e o país que votou em Alegre e Soares gostou.
Mas Cavaco precaveu-se.
No caminho para esse Portugal socialmente mais justo deixou pistas que lhe permitem forçar uma mudança de direcção política.
Parece coisa pouca, mas é coisa grande.

Primeiro: a ideia de Cavaco não é virar à direita.
É bem mais complexa: consiste em exigir que o Estado passe a concentrar as suas energias nos verdadeiramente desfavorecidos - desafiando assim o paradigma da universalidade - ao mesmo tempo que transfere uma fatia do seu anterior poder directamente para os cidadãos.

Segundo: isto implicou (ao longo do discurso) a defesa de dois conceitos que são estranhos à esquerda tradicional.
A recuperação da família como veículo primário de um Estado Social (e de responsabilização individual) e a defesa de uma transferência de poder para as instituições privadas de solidariedade social.
Elas serão, segundo Cavaco, a forma de chegar a um Portugal mais justo - ou seja, não é exclusivamente do Estado que depende a justiça social.

Terceiro: levando as ideias de Cavaco Silva ao limite poder-se-ia dizer que elas introduzem em Portugal conceitos neoconservadores - essa doutrina que ficou conhecida por ser a principal influência de George W. Bush.
É lá que se encontra a recuperação da família como centro nevrálgico de uma reforma social.
Mas há mais referências: o desafio aos conceitos de universalidade - tão estranho à esquerda portuguesa - parece recuperar as ideias reformistas do primeiro-ministro britânico Blair quando este pediu soluções ao ministro Frank Field - e este criou um sistema em que a universalidade era privilégio apenas dos mais desfavorecidos (para todos os outros existia o “welfare to work”, ou seja, recebiam os que estavam dispostos a trabalhar).

Quarto: Se Cavaco quiser de facto seguir os caminhos que ontem anunciou, eles sugerem que a sua batalha em torno da justiça social é apenas um caminho para chegar onde o seu “economês” já o levaria.
Isto é, a um Estado magro que concentra as suas energias a responder às necessidades dos verdadeiramente necessitados.
O resto faz o mercado, ou seja os indivíduos - organizados em torno daquilo a que Cavaco chamou o Compromisso Cívico.
Dito de outra forma, o Estado a cuidar dos mais fracos, a família (e as instituições privadas de solidariedade) a olhar pelos remediados e, finalmente, cada um a olhar por todos.

Quinto: Sócrates festejou antes do tempo.
Cavaco, se desejar mesmo o que ontem sugeriu querer, está a tentar dizer que tem um caminho alternativo ao que a esquerda propõe.
Ou melhor: o PSD.

M. A. Figueiredo

terça-feira, 25 de abril de 2006

NO REINO DO BUGALHEIRAPLEX...[ parte III ]

(Isabel interrompe entrando com a espada real nas mãos)

Dª Isabel: Dais licença meu marido?
D. João José : Olha, olha a minha espada!


Dª Isabel: Sabei que foi encontrada por um criado, perdida!
D. João José : Ó minha esposa querida, eu nunca te ponho os cornos, mas quem foi esse criado? vai já ser recompensado, chamai-o aqui e agora.
Dª Isabel: Lamento mas foi-se embora.
D. João José : Foi-se embora?! mas Porquê?!
Dª Isabel: Sei eu? Partiu!... Nunca mais ninguém o viu!
D. João José : Assim...?!
Dª Isabel: Assim...!
D. João José : Que estranho!...E como é que se chamava?
Dª Isabel: Não chamava.
D. João José :Não chamava?!
Dª Isabel: Ninguém sabe.
D. João José : Mas como ninguém sabe?!... Não há contrato ou acordo?!
Dª Isabel: Nunca aqui ninguém o viu nem mais magro nem mais gordo.
D. João José : Mas que raio?!... Espera lá...qual era a sua aparência?...Não me digas que é aquele que me deu a maior derrota da minha vida?


Dª Isabel: Segundo a pobre Adelaide, a criada da cozinha, que tu montas, a quem entregou a espada, tinha a pele encarquilhada e uma pêra de bode abaixo do seu bigode e voz doce e arrastada; unhas compridas e afiadas, uma argola em cada orelha, a íris era vermelha, cabeleira desgrenhada. A pobre assarapantada, afirma por todo o lado, que ao virar-se o criado, viu-lhe um rabo pendurado!?
D. João José : Ó DIABO!!!...Eu não te disse João Manuel que o bicho porco e imundo...
D. João Manuel:E agora?
D. João José : Agora?... Sei lá eu!
Dª Isabel: Ó real marido meu, conheceis vós o criado?
D. João José : Conhecemos!
Dª Isabel: Mas quem é?!... mas que diabo...
D. João José : Esse mesmo.
Dª Isabel: ?!...Quem?!
D. João José : O DIABO!... em pessoa no reino!... Quero o frade do carmelo já, chamai-o.
Dª Isabel: Quereis que eu chame Frei Nuno Jorge?!


D. João José : E que traga a água benta... os sacos do ouro, os códices secretos do negócio da barragem de Montargil e a restante ferramenta para tratar do chifrudo.

(Dª Isabel sai em busca do Frade)

Continua...


Z.N.

25 DE ABRIL


SALGUEIRO MAIA

Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi Fiel à palavra dada à ideia tida
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse


Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 24 de abril de 2006

DE UMA VEZ POR TODAS, TENHAM JUÍZO SENHORES DEPUTADOS

Em vésperas de 25 de Abril confesso que não me revejo nesta Assembleia da República (que deveria designar-se por AGD – Assembleia Geral de Deputados já que são tantas as deslocações os trabalhos políticos, as visitas internacionais, que o parlamento propriamente dito só funciona de tempos a tempos, para as cerimónias e votações da praxe, como se fossem reuniões de condóminos), para mim é como o macho da viúva negra que morre depois de consumar o acto, contados os deputados e feitas as aprovações da praxe constitucional o parlamento morre, torna-se num clube recreativo.

Seria de esperar que o parlamento vigiasse a governação, mas por ali quase ninguém (a excepção vai para Manuel Alegre) tem voz própria, cada deputado diz o que o chefe anda dizer na hora combinada.

E o que dizer dos deputados-gestores? Alguém acredita que um deputado que é administrador de uma eléctrica tem tempo para representar os seus eleitores? E se todos os deputados fossem consultores de uma eléctrica? Bem, nesse caso quando estivesse em causa a discussão da política regional faria mais sentido que o debate fosse transferido para a Assembleia da Freguesia de São Bento.

Ou o que dizer da separação de poderes quando um dos deputados do parlamento desempenha em simultâneo funções de consultoria num governo regional, da mesma região pela qual foi eleito?

Estou cansado da arrogância de muitos dos nossos deputados pois deles esperava humildade, chegam a São Bento e tornam uns sacerdotes da democracia, como se fossem eles a democracia.

Talvez seja tempo dos deputados da Assembleia da República começarem a cuidar melhor da sua imagem e da credibilidade da instituição que, graças às suas práticas, está a atingir níveis que põem em causa a própria democracia que os elegeu
.

J.E.R.

DE UMA VEZ POR TODAS, TENHAM JUÍZO SENHORES DEPUTADOS

Em vésperas de 25 de Abril confesso que não me revejo nesta Assembleia da República (que deveria designar-se por AGD – Assembleia Geral de Deputados já que são tantas as deslocações os trabalhos políticos, as visitas internacionais, que o parlamento propriamente dito só funciona de tempos a tempos, para as cerimónias e votações da praxe, como se fossem reuniões de condóminos), para mim é como o macho da viúva negra que morre depois de consumar o acto, contados os deputados e feitas as aprovações da praxe constitucional o parlamento morre, torna-se num clube recreativo.

Seria de esperar que o parlamento vigiasse a governação, mas por ali quase ninguém (a excepção vai para Manuel Alegre) tem voz própria, cada deputado diz o que o chefe anda dizer na hora combinada.

E o que dizer dos deputados-gestores? Alguém acredita que um deputado que é administrador de uma eléctrica tem tempo para representar os seus eleitores? E se todos os deputados fossem consultores de uma eléctrica? Bem, nesse caso quando estivesse em causa a discussão da política regional faria mais sentido que o debate fosse transferido para a Assembleia da Freguesia de São Bento.

Ou o que dizer da separação de poderes quando um dos deputados do parlamento desempenha em simultâneo funções de consultoria num governo regional, da mesma região pela qual foi eleito?

Estou cansado da arrogância de muitos dos nossos deputados pois deles esperava humildade, chegam a São Bento e tornam uns sacerdotes da democracia, como se fossem eles a democracia.

Talvez seja tempo dos deputados da Assembleia da República começarem a cuidar melhor da sua imagem e da credibilidade da instituição que, graças às suas práticas, está a atingir níveis que põem em causa a própria democracia que os elegeu
.

J.E.R.

domingo, 23 de abril de 2006

NO REINO DO BUGALHEIRAPLEX...[ parte II ]


D. João Manuel: Ahhhh...! o chá estava divinal... assim já não é necessário mezinhas para digirir a grande derrota da disPUTAs com o Ceia da Silva... dizei então afinal que raio vos atormenta; chamasteis-me vós aqui p'ra falar de um biquíni...
D. João José : Nem me fales na derrota da disPUTAs com o Ceia da Silva, a culpa é toda dos blogues do da Ponte de Sor e do de Portalegre, grandes filhos da puta.... eu que queria o cargo para te nomear para um job melhor, que te desse mais guita...
Estava-me eu a aperaltar p'ra dar uma cavalgada, quando vou buscar a espada e...NADA! Foi então que a Isabel, a minha esposa adorada e tua cunhada se lembrou que a dita espada fôra p'ra ser afiada há já mais de mês e meio, e ainda não voltara...
D. João Manuel: Ah! agora já apanhei...
D. João José : Espera que não acabei; ainda sobre a conversa que tivemos logo ali, veio à baila o biquíni...
D. João Manuel:... no Canadá comprado, aquando da viagem paga pela pelebe cá do burgo...
D. João José : Então sempre estás lembrado?
D. João Manuel: Foi só achar as pontinhas do novelinho enrolado...
D. João José : És danado bom João Manuel, e esperto que nem um alho, dar-te-á muito trabalho contar-me o resto da estória? Por mais que forçe a memória não me consigo lembrar...
D. João Manuel: Quereis que vos passe a contar...
D. João José : a estória do biquíni.
D. João Manuel: Ih,ih,ih! o bendito biquíni foi mandado outro dia p'rá real lavandaria, como tudo no castelo; só que houve um caramelo que guardou o biquíni numa gaveta p'rá'li já que o mesmo não constava do rol, à qual respeitava a roupinha dessa trouxa, e nunca mais se lembrou. Quando a raínha topou a falta do biquíni, mandou-me chamar a mim p'ra resolver a questão.
D. João José : E que descobriste então?
D. João Manuel: Quem tinha sido o camelo que com excesso de zelo metera a pata na poça.
D. João José : Camelo de pêlo e bossa, eh,eh,eh, e que lhe disseste tu?
D. João Manuel: Fi-lo correr todo nú com o biquíni na mão p'ra nunca mais se esquecer; trinta voltas ao largo da feira todo despidinho, em pêlo, e a trotar para aquecer.
D. João José : Ah,ah,ah, decerto vai aprender. Mas... e a minha espada?
D. João Manuel: Juro que não sei de nada... mas vou tratar de saber.


(D. João Manuel está quase a sair a porta quando, de repente, se vira e regressa para junto de D. João José)


D. João Manuel: Já me estava a esquecer senhor, perdão...
D. João José : Pois não?...
D. João Manuel: É ideal a ocasião, penso que vem a calhar; quero convosco falar do meu último plano.
D. João José : Plano?!... qual plano?!
D. João Manuel: Vou ser conciso e directo, o plano ainda é secreto, há coisas a trabalhar...
D. João José : E porque estás a falar desse plano em surdina?
D. João Manuel:Há orelhas a cada esquina sempre prontas a escutar, como nós temos, sob a direcção de frei Nuno Jorge, inquisidor môr do reino.
D. João José :Ahhh! ... e podem querer-nos roubar... a água do laranjal, mas vão ser julgados pelo tribunal do Santo Oficio, com a ajuda do parecer pago a peso de ouro, a famoso jurista, o qual escreve o que eu mando?...
D. João Manuel:... A ideia, vendê-la a outro condado. Temos que tomar cuidado, há espias por todo o lado.
D. João José : Está bem lembrado,... mas diz-me qual é a ideia?!
D. João Manuel: Um plano para acabar de vez com a burocracia.
D. João José : Quem diria!... isso vem mesmo a calhar.
D. João Manuel: Eu quero simplificar...TUDO! É um plano do canudo e vou chamá-lo BUGALHEIRAPLEX!
D. João José :Um plano... Práfrentex...
D. João Manuel: Yes, Real Senhor! Vós aprovais?
D. João José : Nem mais!
D. João Manuel : Ainda bem; este plano contém mil trezentas e trinta e três medidas.
D. João José : Porra!!
D. João Manuel: Que foi?!
D. João José : Mil Trezentas e trinta e três?!... vai ser bué complicado decorar tanta merdice... vai ser bué complicado...
D. João Manuel : Podeis ficar descansado ó meu senhor muito amado, até o parvo da aldeia da Fazenda vai ficar especializado.
D. João José : Eu juro que estou espantado, que planeias João Manuel?!
D. João Manuel: Nada do outro mundo, vou por tudo num livrinho!
D. João José : Num livrinho?!
D. João Manuel: Sim, um livrinho igual ao outro.
D. João José :Mau!... mas qual outro?!... Ora vá lá de travar e aguentar os "cavais", mas queres simplificar ou complicar ainda mais?!
D. João Manuel: Mas senhor... se eu até...
D. João José : Diz-me: És homem de fé?
D. João Manuel:!!!???... Sou homem de muita fé...
D. João José : Ora então ainda bem. Põe os olhos em Yavé.
D. João Manuel: Como é que é?!
D. João José : Fez o primeiro SIMPLEX...
D. João Manuel:!!!???!!!...
D. João José : Dois em um, como o champô...
D. João Manuel: Como o champô?!
D. João José : Espera aí que já lá vou, explico de outra maneira que vais entender melhor.
D. João Manuel: Agradeço meu senhor, estais por demais enigmático.
D. João José : Yavé foi pragmático, com dez medidas apenas, escritas pela própria mão, fez uma constituição e um código de conduta entregando-os ao profecta...
D. João Manuel: Mas senhor, Esse "era" Deus, eu sou um simples mortal...
D. João José :... Em sincronia total entre o céu e o inferno.
D. João Manuel: Continua enigmático meu adorado senhor e irmão.
D. João José : Pôr favor!... Tu és crente, és inculto e burro e ainda não reparaste?
D. João Manuel: Em quê?!
D. João José : Então ainda não topaste como estás tu de permeio entre Yavé e Satã?
D. João Manuel: Hãããã????!!!
D. João José : Com que número foi cifrado o chifrudo dos infernos?
D. João Manuel: Segundo os Santos Cadernos... dois mil seiscentos e sessenta e seis.
D. João José : E quantas são as tais leis a que fizeste referência?
D. João Manuel: Mil trezentas e trinta e ... Haaaaa!!!!!
D. João José : Ora vês? exactamente metade do número de Belzebú, vê lá tu.
D. João Manuel: Eh,eh,eh,eh, simples coincidência.
D. João José : Sendo ou não tem lá paciência, vais ter que mexer na "coisa".
D. João Manuel:Na "coisa"?!... não posso crer Majestade que sejais tão supersticioso...
D. João José : Digo antes... cuidadoso, nestas coisas não me meto...
D. João Manuel:... Não vá o rei do espeto aparecer por aí?... ih,ih,ih!...
D. João José : Sei lá... e dái? não seria a vez primeira, o bicho é atrevido...

Continua...
Z.N.

sábado, 22 de abril de 2006

CEIA DA SILVA 82% - TAVEIRA PINTO 16%

Ceia da Silva reeleito para cargo que ocupa há 15 anos

O presidente da Federação de Portalegre do PS, Ceia da Silva, foi reeleito para o cargo, que ocupa há 15 anos, derrotando o autarca de Ponte de Sor, Taveira Pinto, disse hoje à agência Lusa fonte partidária.
Nas eleições para líder da distrital socialista de Portalegre, realizadas sexta-feira, mas cujos resultados foram hoje conhecidos, Ceia da Silva obteve 82 por cento dos votos expressos.
Dos 606 votantes, 486 votaram na lista encabeçada por Ceia da Silva, que se recandidatou ao cargo prometendo "unir o partido".
Ceia da Silva garantiu que este será o seu último mandato à frente da Federação Distrital de Portalegre.
Além de líder da Federação de Portalegre do PS, Ceia da Silva desempenha também os cargos de deputado à Assembleia da República, eleito nas últimas legislativas, e de presidente da Região de Turismo do Norte Alentejano (Portalegre).
A comissão permanente do PS marcou os congressos das federações distritais para os dias 06 e 07 de Maio.
O candidato derrotado, Taveira Pinto, autarca de Ponte de Sor, tinha justificado a sua corrida ao cargo com a necessidade de criação de uma nova política que responda às grandes necessidades da população do distrito.
O autarca socialista
, que dirige a Câmara Municipal de Ponte de Sor desde 1994, tinha acusado o actual presidente da federação de não ter conseguido desenvolver uma política que fosse ao encontro da ambição das populações.

EM PORTALEGRE CIDADE
Nota de Editorial do pontedosor.blogspot.com:-Coitado do Pintinho ninguém o ouve!!!

sexta-feira, 21 de abril de 2006

NO REINO DO BUGALHEIRAPLEX...[ parte I ]


D. João José: Diz-me esposa amada, onde está a minha espada?
Dª Isabel: Ainda no alfageme esperando ser afiada.
D. João José: Mas foi p'ra lá enviada há já mais de mês e meio!
Dª Isabel: Perder-se-ia de permeio tal como o meu biquíni?
D. João José: O teu biquíni?
Dª Isabel: Mais Oui! aquele azul às bolinhas comprado no Canadá.
D. João José: ?! Explica lá outra vez... mas que reino mais maluco... que estória é essa do biquíni às bolinhas?
Dª Isabel: Ai marido, p'las alminhas, então vós não vos lembrais?!... foi conversa de salão!... que galhofa que issso foi!...
D. João José: Juro que "não vejo um boi" nem me lembro de nadinha.
Dª Isabel: Ai marido essa tólinha, esse teu real miolo que tão afanado está, olálá! Deve ser das disPUTAs com o Ceia da Silva… Cabecinha como a tua há anos havia poucas.
D. João José: Lá vens tu com as vacas ... é isso que queres dizer?
Dª Isabel : Se assim o quereis entender...
D. João José: Eu queria era perceber o que aconteceu à espada, o resto é conversa fiada como essa do biquíni. Chamai D. João Manuel aqui, quero saber o que se passa.


(Sai Isabel e entra João Manuel, membro do gabinete do Reino e irmão de D. João José)


D. João Manuel: Dais licença Vossa Graça?
D. João José: Entra fiel servidor, senta-te nessa poltrona.
D. João Manuel: Cheguei aqui numa fona, ...nem acabei a jogatana, Majestade El-Rei Senhor. Alguma emergência?
D. João José: Estou a perder a paciência, começo a ficar em brasa...
D. João Manuel: Mas senhor, o que se passa?!... tão fulo nunca vos vi.
D. João José: A culpa é do biquíni e da porra da espada.
D. João Manuel: Não estou a perceber nada; qual espada e qual biquíni?!
D. João José: Será que também a ti abordou a pestilência?
D. João Manuel: Senhor, tende paciência, não estou a entender nadinha.
D. João José: Podes crer que uma vaquinha já te pegou a doença, tal como o mim teu senhor; tem razão a Isabel.
D. João Manuel: Majestade, por favor, mas estais a falar de quê?! nada disto faz sentido...
D. João José: Do meu espadalhão perdido e também do biquíni!... agora já faz sentido?
D. João Manuel: Estou completamente perdido, façamos ponto final, vou chamar a serviçal p'ra nos servir um chazinho, estando tudo mais calminho certo nos entenderemos.
D. João José: Pois chamemos.

...
continua
Z.N.

POBRE PAÍS O NOSSO...[parte III]

Porque saiu Campos e Cunha


O último boletim do Banco de Portugal é arrasador para o Governo e mau para o país.
Diz uma coisa simples: apesar dos esforços exigidos aos portugueses e do aumento da receita fiscal, a despesa pública continuou a derrapar em 2005, agravando a situação orçamental.

Enquanto o desemprego crescia e a competitividade diminuía.
Pior ainda: a despesa deverá superar o orçamentado para este ano.
É óbvio que faltam oito meses e há que ter fé.
É aliás o que resta a um Governo que já está dependente do que acontecer à economia mundial.
Para melhor se perceber as razões deste desastre deve-se recuar no tempo.
Quando o ministro das Finanças que Sócrates apresentou ao país decidiu deixar o Governo.
Campos e Cunha intuiu rapidamente o que se veio a confirmar: a coragem do primeiro-ministro exerce-se numa interminável apresentação de planos para todos os sectores da actividade nacional.
Quando o problema, a verdadeira doença, reside no peso excessivo da máquina administrativa no Orçamento do Estado, exigindo cortes significativos na despesa. E isso faz-se de uma única forma: diminuindo os serviços públicos e dispensando funcionários.
Campos e Cunha saiu, o actual ministro das Finanças desvaloriza a análise do Banco de Portugal.
A propaganda vai continuar.


Raúl Vaz

quarta-feira, 19 de abril de 2006

PARA ACABAR DE VEZ COM ESTADO A QUE ISTO CHEGOU!



Está criada on-line a petição sobre a famosa "balda" dos Exmos Srs Deputados que nós elegemos.

Afinal que moralização é esta em que as obrigações são só para uns e os privilégios para outros??

Vejam e assinem - se forem uns sacrificados como eu.....


N.R- Agradece-se a inclusão do nº de B.I a seguir ao Nome ( o programa não preve entradas de números)


Já agora o texto da petição é:


INCUMPRIMENTO DO ESTATUTO
DE DEPUTADO
RELATIVAMENTE A
FALTAS E OBRIGAÇÕES

Considerando que:

1 - o País se encontra em situação de deficit orçamental e que o esforço de trabalho deve abranger todos os Portugueses, incluindo os deputados à Assembleia da Republica;
2 – em face do exarado pelos jornais diários e comunicação social em geral, dos passados dias 14 a 16 de Abril do presente ano, os deputados à Assembleia da Republica, assinaram a sua presença e ausentaram-se do local de trabalho, aproveitando um dia mais cedo a tolerância concedida pelo Exmo. Sr. Primeiro Ministro;
3 – dos 230 deputados à Assembleia da República, apenas 110 estiveram presentes, tendo faltado 107 deputados, sendo que os restantes estavam em missões de representações do Estado Português;
4 – em face da situação anterior não houve quórum suficiente para a aprovação de nove diplomas de importância vital para o Estado Português, nomeadamente projectos considerados fundamentais e que os diplomas discutidos estavam previamente agendados como é pratica habitual;
5- tal situação revela o total desrespeito dos eleitos pela parte das obrigações a que estão adstritos, sobretudo quando se pede um gesto de moralidade e esforço do povo português perante a sua situação profissional;
6- que a palavra do Deputado faz “fé e prova de verdade” perante a Lei e que os mesmos não estando presentes mas tendo assinado presença poderão estar perante um ilícito criminal.
7 - segundo o regime de faltas dos deputados, aprovado em 2003, através de resolução da Assembleia da República, os 107 faltosos receberão "nas vinte e quatro horas subsequentes" à sessão plenária de ontem, "mediante protocolo, o registo da falta" e que a resolução n.º 77/2003 estabelece que "a justificação das faltas deve ser apresentada no prazo de cinco dias a contar da notificação", contado como prazo apenas os “dias parlamentares";

Assim , os cidadão abaixo-assinados:

a) exigem o cabal esclarecimento do motivo de faltas daqueles que receberam a sua confiança de voto;
b) exigem que o Presidente da Assembleia da Republica, conjuntamente com o Primeiro-Ministro e Presidente da República, emitam um comunicado em que admoestem claramente os Deputados pelo comportamento praticado, sobretudo quando é exigido ao povo praticas de moralidade, cumprimento e esforço laboral;
c) que a Procuradoria-Geral da República, conjuntamente com todas as entidades de analise criminal verifiquem a eventual pratica de ilícitos criminais cometidas à revelia do Estatuto de Deputado;
d) que o Presidente da Assembleia da Republica, em particular, revele as faltas e respectivos motivos, dos Deputados, desde o início da presente legislatura.

POBRE PAÍS O NOSSO... [parte II]

Estamos tramados



As Finanças Públicas são tema privilegiado.
Não por fudamentalismo, mas porque sem finanças sãs não há economias saudáveis.
Ontem o Banco de Portugal confirmou o que andamos aqui a dizer há meses: o Governo não tem mão na despesa pública.

No ano passado, a despesa consumiu 47,9% do Produto Interno Bruto (46,3% em 2004 e 45,7% em 2003).
No ano passado, a despesa corrente primária cresceu a taxas elevadas, próximo dos 7%.
Explicação?


Mais despesas com pensões, com pessoal (acabou o congelamento na Administração Pública...) e mais funcionários públicos.


Resultado: o défice estrutural aumentou (6% em 2005 contra 5,3% em 2004).
Mais grave ainda, no ano passado o défice primário (défice sem juros, que dá a orientação da política orçamental) disparou de 2,7 para 3,3%. Como consequência, a dívida pública, que representava 58,6% da riqueza nacional em 2004, passou para 64%.


Tudo isto, é bom realçar, apesar de a receita do Estado ter subido para 41,9% do PIB em 2005 (41% em 2004 e 40,4% em 2003).

É claro que o Governo está atento e já tomou medidas para controlar a despesa pública: os ministros terão de fazer cortes nas despesas com viagens, levarão comitivas pequenas e as viagens serão em classe turística.
Percebeu, caro leitor?


C. L.

N.R.:Pode ler o relatório do Banco de Portugal - Boletim Económico - Primavera 2006
Versão completa

POBRE PAÍS O NOSSO...

Economia de casino




Traz borrasca o boletim da Primavera do Banco de Portugal.
O diagnóstico actualizado ao estado da economia mata ilusões e obriga a descer à terra. E isto não é o pior, porque nas finanças públicas a descida é até aos infernos.


Pois é, apesar do castigo fiscal, não obstante a política de contenção na função pública, eis que o nosso Estado volta aos níveis de desequilíbrio financeiro estrutural dos tempos do eng. Guterres.

Dito assim, desta forma, parece cruel. E é.
É cruel a realidade que José Sócrates começou por desvalorizar e, depois, passou a omitir.
A crise orçamental é um problema grave
.

O banco central vem lembrar que, ao contrário do que o primeiro-ministro dizia, essa crise não passa com crescimento económico.
Défice público estrutural agrava-se em 2005 e isso nada tem a ver com a conjuntura económica, porque o efeito cíclico está expurgado.

Tal como não tem qualquer relação com receitas extraordinárias.
Nem sequer com os juros da dívida pública.

O significado disto é fácil de explicar: as reformas estruturais são, na prática, reduzidas a uma brincadeira.
Que não diverte ninguém, uma vez que os impostos não pararam de subir – afinal, a única reforma comum aos orçamentos dos sucessivos governos.

O primeiro-ministro completou o primeiro ano de mandato com frase o pior está para vir.
Efectivamente, Durão Barroso e Santana Lopes quase não promoveram uma reforma com impacto nas raízes dos défices persistentes do Estado.

Seria injusto não reconhecer que Sócrates nada mudou.
Porque, nesta matéria, simplesmente ficou pior. E os motivos estão identificados: sistema de pensões, encargos com a saúde, despesas com pessoal.


É verdade que o Governo socialista de Sócrates é diferente do Governo socialista de Guterres.
Sócrates anuncia medidas duras.
Aumentar a idade de reforma na função pública é uma ousadia que nenhum dos antecessores se atrevera.


Mas que adianta, se a medida só produz efeitos plenos dentro de dez anos?

O ministro das Finanças desabafa num programa de televisão que o sistema de segurança social não é sustentável, mas que decisões vão ser tomadas para corrigir a trajectória hoje – e não, outra vez, dentro de cinco ou dez anos?

Sócrates entusiasmou os agentes económicos com um estilo que, no fecho das contas, não produziu resultados.
A consolidação orçamental é uma urgência, mas o primeiro-ministro ainda pensa que basta um processo de intenções.
Não basta.

E seguir na boa direcção também já não é suficiente.
É preciso velocidade.
É preciso acabar com a política das meias-tintas.
É preciso flexibilizar a economia para preservar o modelo social.
Para evitar aumentos de impostos futuros.

O país precisa de um choque de liberdade.
Não aquela que Abril nos deu, porque essa já está conquistada.
A liberdade que deixe os competentes sobreporem-se aos instalados e os eficazes conquistarem o espaço dos protegidos.
Senão continuaremos a viver numa economia de casino.
Com a certeza de que, pela primeira vez, a geração seguinte viverá pior do que a anterior.


Sérgio F.
N.R.:Pode ler o relatório do Banco de Portugal - Boletim Económico - Primavera 2006
Versão completa

terça-feira, 18 de abril de 2006

É SÓ SUOR?



Os portugueses em geral e os fazedores de opinião em particular ficaram indignadíssimos com o facto de 119 dos 230 deputados terem antecipado as mini-férias da Páscoa acrescentando ao calendário pascal uma até agora inexistente quarta-feira santa.

Ora a verdade é que raramente os eleitos terão representado tão fielmente os respectivos eleitores. Com uma única diferença: os portugueses em geral gostariam de ter mini-férias, alargadas com tolerâncias de ponto e outros artifícios, antes e depois da Paixão e da Páscoa, saindo mais cedo e voltando mais tarde de um período de descanso, regeneração e revigoramento de forças. Os deputados tiverem tudo isso e ainda anteciparam a partida. E porquê? Porque podem.

O caso era ontem comentado criticamente como um mau exemplo em tempos de crise, quando está na ordem dos dias uma oratória de exortação do sacrifício e de aumento da produtividade. Nenhuma voz se ergueu para lhes dar sequer o benefício da dúvida de que a antecipação da partida se destinaria a “contactos com o eleitorado”, figura regimental que habitualmente se acrescenta aos fins-de-semana. Ninguém os elogiou por se disponibilizarem a retemperar forças para poderem depois atirar-se com mais ganas ao processo legislativo. Ninguém realçou este esforço dos eleitos para se aproximarem dos intentos mais ocultos dos eleitores. Ninguém relevou a coragem de fazerem aquilo que todos, ou quase todos, afinal querem mas não podem: baldar-se de vez em quando.

Ora a questão é esta: os deputados são feitos da mesma massa do comum dos portugueses, com os mesmos defeitos e qualidades. E assim, podendo, baldam-se, o que é humano e português. Agora, se algum dos faltosos erguer alguma vez a voz no hemiciclo para pregar sacrifícios para o povo merece a eleição de hipócrita da legislatura.


João P. Guerra

quarta-feira, 12 de abril de 2006

FALSO PURITANISMO?

Rui Pimentel/Visão



O primeiro-ministro, José Sócrates, devia ter ido a Angola de «peito feito» e aproveitar a ocasião para denunciar a corrupção que existe no país, a pobreza, os negócios escuros, a prepotência das autoridades e a falta de democracia.
Posto isto, o governante deveria aconselhar os empresários a não investirem no país e dizer mesmo ao Presidente José Eduardo dos Santos que não contasse com Portugal, enquanto não fossem criadas no País todas as condições normais de um Estado de Direito. Os angolanos ganhariam alguma coisa com isso? E Portugal?

Curiosamente, esta tem sido a posição defendida por alguns formadores de opinião quando se trata de Angola. Em alguns casos são os mesmos que apoiam a abertura económica do Ocidente face à China, argumentando que esta é a melhor via para dar a volta a um regime onde impera a mão-de-obra infantil e o delito de opinião pode ser punido com a pena de morte. Ou os mesmos que criticam a estratégia de isolamento de Cuba protagonizada pelos Estados Unidos, argumentando que um «boom» na distribuição da riqueza faria o regime de Fidel Castro cair de «maduro». Isto é, nestes casos vinga a tese de que a melhor forma de combater os regimes onde existe défice democrático é a de os ir alimentando com doses progressivas de economia de mercado.

Quando se trata de Angola, as mesmas vozes mudam de registo. Equipam-se de falso puritanismo, acusam os empresários e o Governo - este ou um outro qualquer -, de pactuar com um regime autocrático e desrespeitador dos direitos humanos e saem pela esquerda baixa sem alternativas plausíveis. É verdade que existe uma grande desigualdade e corrupção em Angola, mas também é evidente que o País está a fazer progressos.

Por muito que isto doa, a hipocrisia não está no lado daqueles que pensam que o investimento estrangeiro é a melhor forma de provocar mudanças em Angola, mas sim entre os que defendem que o isolamento do regime de Luanda - missão onde, pelos vistos, Portugal devia estar orgulhosamente sós - é a estratégia mais adequada. Estes, lá bem no fundo, continuam a alimentar o «bichinho» do neocolonialismo, atribuindo ainda a Portugal um papel de superioridade moral no seu relacionamento com Angola.

Investir, criar empregos, distribuir riqueza e melhorar os índices de desenvolvimento social é a melhor maneira de ajudar os angolanos. O resto é apenas folclore demagógico.

Celso F.

terça-feira, 11 de abril de 2006

É SÓ UMA QUESTÃO DE MATEMÁTICA... ESTÚPIDOS!

Os países funcionam melhor quando os seus políticos dormem.
O problema, neste sítio, é que os seus dirigentes têm ciclicamente pesadelos, acordam a meio da noite, e falam ao telemóvel.
É por isso que neste recanto que é uma loja tecnológica, na versão Sócrates, o sono é a mãe de todas as batalhas nacionais.
Portugal não sabe quantos funcionários públicos tem.
Nem os indispensáveis.
Nem os dispensáveis.
Pelos vistos também não sabe quantos bombeiros tem.
Talvez saiba o seu número de fogos.
Aparentemente em Portugal só se sabe quantos ministros e secretários de Estado existem. Assessores é uma dúvida.
Serviços que os acompanham é uma incógnita.

O Estado português nunca estudou matemática.
A única coisa em que é mestre é na arte de somar.
Somam-se mais funcionários.
Somam-se mais benesses.
Mas, pelos vistos, Portugal decide sobre o joelho.
Cada ministro tem um lápis na orelha e uma folha de papel pardo como nas mercearias. Porque está a tomar grandes opções sobre números de que não dispõe. O que só mostra que as acções são sempre baseadas em ficções .

Pergunta-se: como se pode tomar decisões se não se sabe do que se fala, se não se imagina quantos funcionários ou bombeiros existem?
Portugal é o reino do Avô Cantigas.
Canta para a pequenada.
Que é o país.

Fernando Sobral

POBRE PÁTRIA A NOSSA... ENTREGUE A TAL GENTE...

ESTE PS

É no interior do próprio PS que se começam a ouvir algumas vozes de descontentamento, ou pelo menos de aviso, quanto ao rumo da governação.

Por entre a milimétrica agenda política com que o Governo vai marcando a actualidade nos media, irromperam algumas brechas que tiveram o condão de recuperar o termo trapalhada, até há pouco mais de um ano bastante em voga, para classificar alguns episódios da acção governativa.
Os desentendimentos entre os ministros Costa e a demissão do director da Polícia Judiciária, bem como as declarações contraditórias no que diz respeito à taxa de alcoolemia permitida aos condutores, vieram perturbar o sonífero estado de graça de que goza José Sócrates.
Estranhamente, o anúncio de um défice das contas públicas de cerca de 6% passou relativamente incólume e o silêncio foi de tal forma ensurdecedor que obrigou Bagão Félix, mais uma vez, a pagar a despesa do contraditório através de um artigo de opinião.

Curiosamente, ou talvez não, é no interior do próprio PS que se começam a ouvir algumas vozes de descontentamento, ou pelo menos de aviso, quanto ao rumo da governação.
No mesmo dia em que o Presidente da República inaugurava a cooperação estratégica com uma visita ao Hospital D. Estefânia para qual convidou o ministro da Saúde, Correia de Campos recebia no Diário de Notícias uma forte crítica de um membro da Comissão Nacional do PS, Reis Marques, com o mórbido título Mais facilmente se mudam governantes....
Tudo por causa das derivas liberais, que no entender deste socialista pairam na solidão do gabinete de Correia de Campos e que poderão pôr em causa um pilar do Estado Social. Daí a conclusão: Mais facilmente se mudam governantes do que se alteram fundamentos e princípios de um colectivo como é este PS.
Será?

Em primeiro lugar seria interessante saber se este PS é o mesmo PS de José Sócrates e se o colectivo faz parte ou se é ouvido pelo núcleo estratégico do Governo.
Com fina perspicácia, Marina Costa Lobo notou esta semana, a propósito da apresentação do PRACE, que os poderes do primeiro-ministro estão a aumentar, no acentuar de uma tendência que terá consequências políticas não apenas no interior do Governo, mas igualmente no interior do Partido Socialista.
A linha parece ser a da criação de uma elite dirigente plasmada com o Governo, sob a voz de comando do primeiro-ministro, e de um inerente enfraquecimento do partido, ou seja, do tal colectivo.

A outra questão que seria interessante clarificar era se a posição do primeiro-ministro relativamente ao sistema de financiamento e de acesso à Saúde está mais próxima da do dirigente Reis Marques ou da do ministro Correia de Campos.
Não só porque a resposta à mesma é importante para definir o modelo que o Governo perspectiva para uma área tão sensível e com tanto impacto nas nossas vidas, como para procurarmos compreender o que é, o que quer e para onde caminha este Partido Socialista que está hoje no Governo em Portugal.


Nuno S.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

OS PADRINHOS LOCAIS...

Porque o ministro da Justiça arranjou sarilhos com a Judite fala-se hoje em corrupção em Portugal.
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades...
Não mudámos uma vírgula, Portugal é the same old sheet...
Os maus exemplos vêm sempre de cima e de dentro do convento.
Ministros, autarcas que arranjam cunhas para familiares, amigos, próximos, enteados...
Tudo se vê naquele que dantes dizia das polícias - este não é o meu ministério.
Não, não me refiro aquele que no tempo de Cavaco telefonou ao pai a dizer que já era ministro, reportamo-nos ao Costa, o elemento político mais ambíguo, hesitante, coxo, indeciso e incompetente que há notícia naquela pasta desde o 25 de Abril.
A incompetência política, porque permite muita coisa indevida, também é uma modalidade de corrupção.
Mas não é disso que irei falar aqui.
Nem da corrupção das autarquias, da futebolítica, do pato bravismo encostado às empreitadas e adjudicações de estradas, pontes e outras marmeladas.
Isso não existe em Portugal.


Aqui não há corrupção, só existem pequenos problemas na interpretação da lei. E quando alguém é apanhado, quando alguém chefe da pequena máfia é referenciado pelas autoridades, quando algum Taveira Pinto é agarrado - é porque se trata de um Robin dos Bosques à portuguesa, que foi interceptado a praticar o bem à margem dos serviços sociais do Estado que, por o welfarestate se encontrar em crise, chega onde mais ninguém chega; aos lares dos portugueses, os protegidos, leais e submissos.


São estes os promovidos... Yes man...
Daí que em Portugal não existam corruptos, o que existe são homens de honra.
Podem ser medíocres médicos, funcionários públicos, advogados, frustrados, que telefonam ao papá a contar a boa nova da promoção ao cadeirão ministerial, mas não são corruptos.
Em Portugal os políticos entram como saem: nunca vimos um simples ministro ou autarca entrar para o governo ou câmara municipal enquanto tal e sair banqueiro, ou vimos???
Entre os nossos ladrões o código de honra é respeitado, ninguém bufa
.
Todos de bico calado.
Um pouco como na maçonaria, a cuja agremiação as pessoas hoje aderem para arranjar empregos, posição, influência, status e exercer vendettas e acertar contas com pessoas e tribos desavindas.
Os que se dão ao luxo de praticar o misticismo são os que já têm isso tudo, por isso podem pensar, reflectir, meditar. São estes que vão para a Quinta da Regaleira à procura de marsápios às 3 da madrugada.
Eu dantes fazia isso, só que era mais a apanhar pardalada, com um fox e uma flober.
Era cá um petisco...
Sempre gostei de passarinhos...
Mas hoje os eco-foda-mentalistas estragaram tudo..
Mas em Portugal estas práticas são pouco expressivas: há pouca extorsão, pouca manipulação, há poucos sindicatos do suborno, a corrupção das polícias também não é das piores da Europa - em Itália é bem pior...
Sem falar já dos assassinos, pois em Portugal não há notícia dessas práticas.
Em Portugal, como verificamos no caso casa Pia - que envolve uma rede de pedofilia - o único culpado é o Bi-bi, os outros - diplomatas, homens da comunicação e conexos - são apenas mandaretas nas mãos da justiça, peças soltas apanhadas no turbilhão à hora errada.
Muitos deviam estar a fazer um programa de tv para crianças e foram apanhados pela PJ por mero engano.


Portugal pode ter umas miniaturas -t. pintos, j. caritas, n. pinto, i. pinto - mas nenhum tem a expressão dum Al Capone, dum Sammy Gravano, dum Sam Giancana, dum Frank Costello, dum Vito Genovese, dum Carlo Gambino e outros que vimos nos filmes e fazem inveja aos médicos e advogados de Coimbra e arredores.
Confesso que gostaria de ver estes homens que fizeram o séc. XX discutindo hoje os problemas da bola, das autarquias, do financiamento partidário, da construção civil - nesses programas organizados pela RTP - ao lado de convidados ilustres dos partidos do poder em Portugal.
Ainda assim, creio que Portugal é um país de brandos costumes, isto apesar do Padrinho - magnificamente interpretado por Marlo Brando - já integrar a cultura popular do Ocidente e se ter enraizado na nossa psique colectiva.
Hoje, por exemplo, quando recordamos ex-ministros do cavaquismo ou do guterrismo, não se associam a essas pessoas práticas menos correctas no exercício do poder, nem se pode catalogar essa gente como gangsters.
Por um lado, não estamos na América, por outro Portugal resolve os seus problemas nos gabinetes, nos restaurantes, nos corredores do poder (formal e informal), nunca anda aos tiros, nem mata pessoas ao estilo calabrês ou seguindo o padrão etarra, apesar daqui o objectivo não ser a extorsão mas a independência relativamente ao centralismo de Madrid.
Num primeiro relance aos esquemas nacionais que hoje ensombram a opinião pública e de que amanhã já ninguém se lembra, como nos funerais, diria que a corrupção em Portugal ainda está bastante recalcada, ainda predomina uma subcultura oculta do respeitinho que é muito bonito, ao lema do Alexandre O'Neil, mas que também é praticado por políticias, políticos e empresários.
Temo bem que quem se debruçar sobre este assunto, na Visão, no 24H ou num blog mais ou menos especializado, não encontrará algo mais do que um padrão de corrupção tolerável, um conceito de família útil para as negociatas que o Estado faz entre os amigos e os empreiteiros, os amigos aliados (eleitorais), os parentes de sangue e tutti quanti que pedem ou fornecem favores vários ao poder.
Em Portugal, o empreiteiro que se prese dá dinheiro aos dois partidos do poder.
Mas fá-lo com critério como há anos me dizia um filho de um desses empreiteiros.
O artista dizia o seguinte: o meu papá, à boca das eleições consulta meia dúzia de sondagens, e em função de quem estiver melhor posicionado para ganhar as eleições assim ele contribui para a causa.
Por hipótese - num bolo disponível de 80 mil cts - ele daria 65% desse montante ao cavalo mais próximo da meta; e o restante ao joker imediatamente anterior no ranking das sondagens à boca das urnas.
Hoje a marosca é a mesma.
Mas, como digo, Portugal é um país de brandos costumes: nos métodos, nos meios de acção, na cultura de violência subjacente a todo este mundo e submundo do crime mais ou menos organizado.
Cá ninguém mata ninguém à paulada; ninguém mata ou manda matar ninguém na bagajeira de um carro, ninguém enterra vivo ninguém; porque o outro simplesmente se recusou a financiar um investimento para uma ponte ou para um estádio de futebol, ou até porque simplesmente se recusou a ir ao beija mão, a mostrar obediência, fidelidade e servilismo - que é coisas que os nossos catedráticos fazem nas universidades.
Embora se saiba que quando se entra nos negócios ilícitos é para sempre, nós por cá, ainda não sabemos se foi o ministro da Justiça que demitiu o director da PJ ou se foi este que se demitiu a si próprio num exercício de Lucky Lucky - onde a sombra por vezes é mais rápida do que....
Isto traduz bem o estádio e o nível de sofisticação primitivo que atingimos no plano da criminalidade organizada.
Em Portugal, as autoridades procuram corruptos, bandidos e outros out-of-law e os jornais só se lembram de ex-políticos - actuais banqueiros, de autarcas, dos donos da bola, de comentadores desportivos, de alguns empresários e de muita perseguição sem fim à vista.
Não será tudo isto uma ilusão?
Não estaremos no intervalo do Godfather?
Querem uma prova que corrobore tudo isto?
Eu digo: exclua-se do mercado da opinião o casal mais justiceiro e especializado que fala disto com propiredade no burgo - leia-se MiZé Morgado e o grande fiscalista S. Sanches... E mais ninguém, salvo o Sampaio - naqueles discursos obscuros de chorar a rir que nunca ninguém ligou, liga ao assunto.
Veja-se o caso casa Pia...
Imagine-se que a Felícia Cabrita trabalhava nos CTT ou era adjunta do Taveira Pinto... ou doutro qualquer.
Teria a PJ, o MP descoberto ou desencadeado algo?
Temo bem que não.
Portanto, quem sabe disto são os jornalistas, e estes valem o que valem


Pedro Manuel

quinta-feira, 6 de abril de 2006

ESTÁ LEMBRADO?

«...está a ser negociado com “uma poderosa instituição” a instalação de uma unidade turística de cinco estrelas na área da barragem de Montargil, num investimento de “alguns milhões” e que poderá criar cerca de “450 postos de trabalho”. ...»


Taveira Pinto

in: Jornal Fonte Nova N.º1253,


Publicado no pontedosor.blogspot.com, em 18/Maio/2005


O BUGALHEIRAVINEX, DA CÂMARA MUNICIPAL DE PONTE DE SÔR


http://www.cm-pontedesor.pt


Não é possível apresentar a página


dias,

meses,

anos...

anos...


anos...



Xico C.

PURO VENENO...


Rui Pimentel/Visão

quarta-feira, 5 de abril de 2006

POBRE TERRA A NOSSA... ENTREGUE A TAL GENTE ...[ parte III ]

A pistola de Alberto Costa

Ortega Y Gasset disse, um dia, que o presidente brasileiro Getúlio Vargas fazia política de esquerda com a mão direita e de direita com a mão esquerda.
Terminou a sua carreira, de forma coerente, utilizando a mão direita para dar um tiro no lado esquerdo do peito.

O Governo de Sócrates é um seguidor destes princípios.
Só se desconhece se acabará os seus dias utilizando a mão esquerda para disparar sobre o lado direito do seu peito.
A terceira via tem destas coisas.
Alberto Costa, elo mais fraco do executivo, está a mostrar que é ministro para conseguir disparar sobre os dois lados do corpo ao mesmo tempo.

Relativamente à PJ, Alberto Costa, enleado por António Costa, está a fazer de pistoleiro destro: consegue disparar sobre si próprio com as duas mãos.
Ao mesmo tempo.
Quando confrontado com as questões de princípio levantadas pelo anterior chefe da PJ, não o demitiu.
Tiro no porta-aviões.
Quando o substituiu, depois de António Costa ter feito macumba política no círculo de poder do Governo, demitiu-o antes de ele se demitir.
Foi tarde demais.
Porta-aviões ao fundo.

Alberto Costa fez um suicídio político utilizando duas pistolas.
Para ter a certeza de que, na remodelação, será um dos que vão cair na linha da frente das trincheiras

Fernando Sobral