segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

NOVIDADES NA ESCOLA


Começa a perceber-se o que a Ministra da Educação quer. De vez em quando, surpreende com as suas declarações breves e secas. Têm algo de parecido com as de Sócrates, só que as afirmações do primeiro-ministro são geralmente ríspidas e agressivas. Enquanto as de Maria de Lurdes Rodrigues têm um ar calmo e por vezes doce. São geralmente certeiras, na medida em que visam problemas reais das escolas e da sociedade. Usa pouco palavreado e não revela vontade de se enredar na já conhecida "fase de negociação" durante a qual se perdem as melhores intenções.

Durante os últimos meses e de modo crescente tem a ministra vindo a tornar públicos planos para reorganizar a escola. Parece pensar tanto na escola como na sociedade. Ainda não lhe deu, felizmente, a vertigem da "grande reforma da educação". Por enquanto, selecciona problemas e indica o modo como pretende resolvê-los. Ou antes, diz qual é a sua solução. Os exemplos são vários. Procura manter as escolas abertas até ao meio ou fim da tarde. Quer fechar as escolas com menos de 10 ou 15 alunos. Deseja criar um sistema permanente de substituição dos professores faltosos ou com baixa. Pretende assegurar a estabilidade do corpo docente. Tenta garantir uma estabilidade razoável dos manuais escolares. Muito bem! Cinco vezes muito bem.


Os professores estão divididos quanto a estas matérias. Os alunos também. Os pais parecem, pelo que se ouve, mais satisfeitos do que críticos. Curiosamente, ou talvez não, os sindicatos de professores estão praticamente todos contra quase todas estas medidas. Eles não se enganam. Sentem, justamente, que estão a perder poder e que a sua soberania na escola e no sistema de educação está a ser posta em causa. Perceberam que a ministra tem um programa de reforço da disciplina e que deseja que a escola sirva melhor a comunidade, não exclusivamente os docentes. A ministra deve ouvir as críticas dos sindicatos como um elogio. E deve afastar qualquer ideia de "chegar a um consenso" com aquelas organizações: se o fizer, é porque perdeu. Também não será possível chegar a um entendimento com todos os professores. Como em nada de importante na vida, essa unanimidade nunca se fará. Mas deve estar atenta ao facto de haver muitos professores, assim como pais, cientistas e profissionais, que estão disponíveis para pôr em prática este novo espírito e alguns destes novos princípios que regulam a escola e o sistema educativo.


Dito isto, as intenções da Ministra merecem análise atenta e exame severo. Na verdade, o seu estilo breve e seco não permite compreender o alcance das suas ideias, nem muito menos o modo como entende proceder às reformas e à reorganização. Ora, muito se pode ganhar ou perder no modo como as coisas se farão. Além disso, as ideias simples a atraentes são muitas vezes difíceis de concretizar, exigem planos e estratégias e requerem atenção permanente e acompanhamento. Como pedem e implicam que se tenha em consideração os contextos mais alargados, isto é, as condições de êxito das medidas anunciadas.

Os manuais escolares, por exemplo. Garantir a sua estabilidade e um prazo razoável de duração ou validade é uma boa intenção. Mas, dar estabilidade a maus manuais é um desastre. Ora, segundo tantas opiniões, cada vez mais públicas, a qualidade média dos manuais portugueses é medíocre. Resultam de programas mal elaborados. Estão frequentemente recheados de ideologia barata. Têm erros de palmatória. São caros de mais. Estão mal ajustados aos níveis de desenvolvimento intelectual das crianças e dos alunos. Exibem um hermetismo e uma complexidade teórica inadequados ao grau e à maturidade dos alunos. Colocam-se, muitas vezes, acima das capacidades de abstracção dos respectivos alunos. Entre outros efeitos nefastos, tornam impossível o acompanhamento, pelos pais, mesmo licenciados, da aprendizagem e do estudo dos seus filhos. Conheço cientistas e profissionais de várias disciplinas que consideram estes manuais e respectivos programas absolutamente errados, mas que nunca são ouvidos. Ninguém, fora do sistema e da indústria de manuais, avalia os livros disponíveis. Os programas de matemática, de português, de ciências sociais e de história, por exemplo, são severamente condenados por profissionais, cientistas e universitários. Desde que não tenham interesses directos no comércio dos manuais, pois claro.


Outro exemplo, o fecho das escolas com meia dúzia de alunos. Do ponto de vista pedagógico, uma escola dessas é simplesmente um horror. A socialização e a aprendizagem ficam condicionadas a uma espécie de isolamento ou de mundo fechado que terá certamente consequências nos planos intelectual, cultural, técnico e psicológico. Mas, para fazer isto, sem criar o caos nem um novo inferno pedagógico, é necessário prever, ao milímetro, os transportes seguros e confortáveis, os novos lugares nas escolas de superior dimensão, as refeições das crianças e a segurança, sem descurar os problemas criados aos pais e aos professores com o novo sistema. Decidir com determinação e sensibilidade é de louvar. Mas decidir "à bruta", para obter efeitos fáceis, é um erro.

A substituição de professores faltosos ou em baixa é outro exemplo. A intenção é justa. Mas a solução deve ser simples e ficar a cura da escola, sem preocupação de qualquer ordem pelos obstáculos que os sindicatos de professores tentam levantar. Como têm dificuldade em invocar o seu "direito a faltar" quando lhes apetecer, argumentam com a "coordenação" e a "articulação disciplinar", inúteis fantasias. Frequentei, durante quatro anos, a universidade de Genebra, na Suíça. Nunca tive um só "furo" nos horários. Mesmo em caso de doença imprevista, o professor faltoso era sempre substituído. Como estudante, um dos modos de ganhar a minha vida era o de dar aulas de substituição no ensino secundário. Muitas dezenas de vezes, recebi um telefonema de véspera, ou às sete da manhã: era uma escola a pedir-me para substituir um professor em falta. As minhas matérias eram as que eu estudava, ciências sociais, história, cultura geral, etc., mas as aulas em falta podiam ser de qualquer disciplina. O que importava era manter os alunos na escola e aproveitar para lhes dar complementos de outros assuntos.


As questões de método são essenciais. As melhores ideias podem transformar-se em desastres A ministra seria sábia se conseguisse obter o apoio de muitos pais e suas organizações. Seria inteligente se obrigasse as autarquias a assumir as suas responsabilidades educativas. Seria avisada se procurasse, fora do sistema, fora dos professores requisitados para o ministério e fora das indústrias e do comércio educativos, apoio e opinião. Sozinha, não vai lá. Com os sindicatos de professores, também não. Com a sociedade, os cientistas e os pais, talvez.

António Barreto

O ENCERRAMENTO DAS ESCOLAS...


O fecho de escolas tem constituído uma ideia fixa para sucessivos governos desde a década de 80.

Cada governo entra em competição com os anteriores e em emulação consigo próprio, como se o número de escolas fechadas constituísse um índice de qualidade de vida, de mais e melhor educação, de melhor e mais harmonioso desenvolvimento regional e local. E assim, o actual Governo começou por gabar-se de pretender fechar cerca de 500 escolas e apresenta-se agora ufano por ter em carteira o encerramento de 1500 estabelecimentos do primeiro ciclo. Ou talvez mais. O Governo tem um Programa de Fecho de Escolas e há exterminadores debruçados sobre os dossiers.

Tudo se resume a números, por muito que o Governo diga em contrário. E até já disse que o fecho das escolas se faz por razões pedagógicas e a pensar nas crianças. As escolas fecham, as autarquias candidatam-se a verbas para o transporte e alimentação das crianças deslocalizadas para “centros escolares” ou “escolas de acolhimento” distantes e considera-se arrumada a questão.


Mas, descendo da propaganda à prática, que se encontra? Casos como o da escola do Carregal, que vai transformar-se num pomposamente denominado “centro de acolhimento” que é, na realidade, um armazém de duas salas para 80 crianças. E por aí fora.
Há concelhos onde se prevê que fechem 80 por cento das escolas, com as crianças deslocadas de umas freguesias para outras e a relação da família com a escola irremediavelmente condenada.


Tudo isto se passa em regiões deprimidas do País que, como resultado desta política fundamentalista e desumanizada, vão ficar ainda mais deprimidas, envelhecidas e desertificadas.


A educação devia ser administrada por pessoas e em função de pessoas e nunca por burocratas e programas em função de números.

João P. Guerra

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

COM GENTE DESTA A GUARDA AVANÇADA VAI LONGE...

A GUARDA AVANÇADA

DO GOVERNO

Vai ser o Partido Socialista:

«Naquele que foi o seu primeiro encontro com os líderes federativos desde que assumiu o cargo de coordenador da comissão permanente socialista, Sócrates fez a defesa do papel das estruturas locais como "guarda-avançada" do Governo e exortou a máquina partidária a ir ao encontro do eleitorado sempre que existam focos de contestação ao Executivo.»
[
Link]

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

CARTA ABERTA AO SR. PINTO



Meu Caro,

Sou daqueles que não pensam que o sr. é um corrupto.
Sou daqueles que ainda têm, cá dentro, um pouco de esperança que o Sr. não seja o que a maioria das pessoas dizem que o Sr. é.

No entanto penso que seja qual seja a sua situação pessoal - do lado de cá ou do lado de lá da honestidade - seja qual fôr o seu lado, algo está evidentemente mal com a equipa que dirige e com a Câmara da qual o fizeram Presidente.

E com isto vem uma responsabilidade, a responsabilidade de serviço público e não púbico como alguns dentro da Câmara Municipal de Ponte de Sôr devem pensar ser, dado as chamadas para números de valor acrescentado que saíram à luz do dia.


As minhas questões em relação a Ponte de Sôr são muitas, começando pelo seu nome: se destruíram a ponte que dava nome à cidade, porque não lhe mudam também o nome?


Porque não fizeram uma segunda ponte deixando a original?



Penso que uma ponte seria mais económica do que as Palmeiras e a iluminação do estádio do Eléctrico - que já agora deveria buscar um patrocínio da EDP -...


Uma ponte, construída pelos romanos, violada em nome do progresso...



Meu Caro Pinto,


Deixe-se de Caritas, Caretas, Mentiras e Petas e ponha ordem aí dentro, isto é, se estiver do lado de cá da honestidade.
Se tiver do lado de lá desejo-lhe muita sorte e espero que a água que o sr. diz, com toda a mentira, que bebe lhe cause o que causou já a muitos pontessorenses.

Com os melhores cumprimentos,

Gin Tónico

UTOPIA

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?


José Afonso

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

EM PORTALEGRE CIDADE... ACONTECE.



Clique aqui para ver o website do

PORTALEGRE

JAZZFEST 2006

ESTOU FARTO...

Apeteceu-me dizer agora que ando há um ano a aturar as medidas de Sócrates com desculpa de que vai salvar oestado social”.

A bem doestado socialganho menos do que ganhava, pago mais impostos do que pagava, suportei o aumento do preço da gasolina, fumo cigarros com mortalhas feitas de notas de 20 euros, pago portagens por tudo e por nada porque tive o azar de nascer vizinho do Ricardo Salgado (os vizinhos do Belmiro tiveram melhor sorte) e sou um dos beneficiários estatísticos da sua fortuna, vou trabalhar mais anos do que contava, vou ter uma pensão de reforma mais pequena do que o que esperava. E já me estão a preparar para pagar quando recorrer a cuidados de saúde, qualquer dia também vão descobrir que posso pagar mais pela escola primária e aumentam a propina da universidade.
E tenho que ficar calado, todos estes sacrifícios servem para salvar o “estado social”, e como e sou progressista tenho mesmo que me calar, o “estado socialdeve ser mesmo uma coisa boa para que Sócrates passe a vida a falar dele, o problema é que eu devo ser um ignorante, não sei o que é oestado socialnem nunca vi em Portugal algo que se assemelhe a coisa que mereça esse nome.
Serão as pensões do Banco de Portugal?
Como Sócrates convidou Miguel Cadilhe para as alterar e nada fez até agora é provável que o talestado social” sejam as pensões do Luís Cunha, do Miguel Beleza e de outros portugueses conhecidos das colunas sociais.
Se calhar não é
Então o que será o “estado social”?
Também não deve ser o estado a que chegámos porque esse de social não tem nada.
Bem, o melhor é voltar ao título e mesmo sem saber a que “estado social” se refere Sócrates voltar a dizer, eu quero e que o estado social se dane!


J. E. R.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

A CULPA É SEMPRE...


Taveira Pinto e os funcionários do regime estão a fazer passar dentro da Câmara Municipal de Ponte de Sôr que a investigação judicial é a "alguns funcionários", demitindo-se das suas responsabilidades.
Conforme referiu na última sessão da Câmara, Taveira Pinto culpou ainda a oposição PSD e CDU de perseguir os "pobres e honestos" trabalhadores.

A verdade deve ser resposta:


- O mandato de busca que deu entrada há 2 semanas na Câmara Municipal de Ponte de Sôr, refere-se à efectiva apreensão de documentos e é arguida a Câmara Municipal de Ponte de Sôr, cujo representante é, obviamente, o seu presidente.

SEPULTURAS NAS IGREJAS...



- lembrando-me eu da Morgadinha dos Canaviais e dos conflitos provocados pela proibição de sepulturas nas igrejas, que legislação permite o caso da Irmã Lúcia?

José Pacheco Pereira

O QUE ESTÁ A ACONTECER ÀS NOSSAS LIBERDADES?

AMEAÇAS




É confrangedor o silêncio [perante o ataque ao jornal 24 Horas] do Presidente da República, do Parlamento e do Governo. Escudados pela "separação de poderes" e pela "independência da justiça", esses órgãos de soberania revelam um comportamento condenável: há assuntos que não dispensam opinião e a que os mais importantes dirigentes políticos não podem ficar indiferentes

Que está a acontecer às nossas liberdades? Que ameaças nos cercam? Será que existem, de facto, ameaças? Ou será que, mais uma vez, uns tantos visionários, à falta de matéria para escrever, inventam ameaças às liberdades onde apenas se verificam garantias à segurança e melhoramentos de eficiência na gestão pública?

Falar de ameaças "portuguesas" às liberdades "portuguesas" pode parecer insensato. Na verdade, há ameaças reais que nos espreitam a todos, portugueses, europeus e de muitas outras nacionalidades, perante as quais os assuntos caseiros são aparentemente de menor importância. A começar pelo terrorismo. Este, depois de ter tomado, ao longo das últimas décadas, vários rostos (de minorias, de nacionalidades, de extrema-esquerda, de Estado), toma agora os contornos de terrorismo religioso, sendo certo que nunca é só religioso, talvez nem sequer essencialmente religioso. Passando pelas medidas de muitos Estados que não hesitam em cercear direitos para combater o terrorismo. E a acabar no armamento nuclear de alguns países localizados nas regiões de maior conflito.

Ao pé disso, que importância têm as ameaças que se podem detectar em Portugal? Toda. Na verdade, o "caldo de cultura" ameaçador é o mesmo. O sacrifício de direitos e liberdades é todos os dias invocado pelos dirigentes políticos. Uma maior eficiência da justiça contra o terrorismo, o branqueamento de capitais e o tráfico de droga parece exigir medidas excepcionais que vêm para ficar. A defesa do bom nome e da segurança dos políticos implicaria dispositivos extraordinários de protecção de uma casta profissional. A investigação sobre a corrupção crescente nas áreas da construção, das obras públicas, das administrações autárquicas, das actividades desportivas e dos grandes negócios de Estado necessitaria de diligências que ferem a dignidade individual e a privacidade. O melhoramento da Administração Pública e a procura de maior eficiência só seriam possíveis com mecanismos especiais que atentam contra a reserva pessoal.

Estes são alguns dos argumentos que todos os dias nos vão sendo servidos e que, paulatinamente, vão fazendo o seu caminho. Todos eles escondem, ou nem sequer, tentativas de limitar as liberdades e os direitos individuais. Todos eles aumentam os poderes dos Estados e das polícias. Um a um, nenhum parece excessivo, mas, em conjunto, denotam uma gradual ascensão dos poderes, em detrimento dos direitos. E um robusto esforço de limite às liberdades. As ameaças são insidiosas e furtivas. Sub-reptícias. De aparente bondade e supostamente ditadas pela necessidade. Mas são cada vez mais reais.

O ataque ao jornal 24 Horas é um exemplo flagrante. Protegidos pela lei, pois claro, um juiz, vários procuradores, a PJ, a PSP e a GNR assaltaram a redacção do jornal, confiscaram computadores e discos informáticos e entregaram notificações a vários jornalistas entretanto acusados de crime e constituídos arguidos. Como não se trata de um jornal benquisto pelas elites, o caso passou relativamente à margem dos grandes escândalos. Mas é um caso muito sério e grave. O regime de escutas telefónicas é absurdo? O âmbito de competências das escutas telefónicas é excessivo, vago e descontrolado? As fugas de informação no sistema judicial são a regra? A violação do segredo de justiça, por parte dos operadores, é prática corrente? A Procuradoria é cada vez mais atabalhoada e impotente? Há, em simultâneo, incompetência e intenção dolosa por parte dos autores das fugas de informação? O despotismo de alguns magistrados é incontrolável? Não existe autoridade disciplinar efectiva no sistema de justiça? O Governo e o Parlamento mostram ser incapazes de reformar os procedimentos e a legislação? Tudo isso é secundário. A nada disso se responde. Mas acusam-se os jornalistas, procura-se violar a confidencialidade das fontes e intimida-se a imprensa. É talvez, em vinte ou trinta anos, o mais violento ataque contra a liberdade de expressão e o direito à informação, sem falar nos direitos profissionais dos jornalistas.

É confrangedor o silêncio do Presidente da República, do Parlamento e do Governo. Escudados pela "separação de poderes" e pela "independência da justiça", esses órgãos de soberania revelam um comportamento condenável: há assuntos que não dispensam opinião e a que os mais importantes dirigentes políticos não podem ficar indiferentes. Seria bom que percebessem que os direitos dos jornalistas são instrumentais, isto é, garantem os direitos dos cidadãos e a liberdade de expressão e informação. É por isso que o caso é grave.

Certamente incomodado com o seu próprio silêncio, o Governo, por intermédio do ministro da Justiça, teve uma invenção. Clássica. Reveladora de desnorteamento. Criou uma comissão de acompanhamento das escutas telefónicas! Com bondade, é inútil, não resolve nenhum problema. O mais certo é que seja prejudicial e venha blindar o absurdo. Parece destinada a equilibrar os poderes dos corpos dentro do sistema e a defender, não os cidadãos, mas os políticos e os magistrados.

As ameaças vêm de outros lados. Agora, também perante silêncio quase total, o Governo quer introduzir o cartão único de identidade. Único ou quase único. Que incluiria dados pessoais de identidade, de saúde, da segurança social, de eleitor e não se sabe que mais. A vontade é antiga, a decisão parece ser de agora. Dado que a Constituição proíbe explicitamente, e bem, que se crie um "número único de cidadão", a esperteza consiste em criar um "cartão único"! Pode não ser um limite à liberdade? Há quem o pense. Mas é um reforço dos poderes de Estado contra os cidadãos. E uma diminuição de privacidade e reserva. Ainda por cima não ditada pela "liberdade dos outros", limite clássico e aceite, mas pela invasão do Estado e pelo acrescido controlo dos cidadãos. Se isso não é um limite à liberdade...

Ameaças ainda e finalmente as que nos chegaram do Governo, por intermédio do ministro dos Negócios Estrangeiros. É perigosa a associação da liberdade de expressão à religião, aos interesses conjunturais da política externa e à luta contra o terrorismo. É ameaçadora a tentativa de escrever a história, com erros de palmatória, à medida das conveniências políticas do dia.

"Isto anda tudo ligado", dizia o poeta. Anda mesmo.

António Barreto

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

TAVEIRA PINTO SONEGA ACTAS AOS VEREADORES DA OPOSIÇÃO



A pespectiva democrática do presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sôr, o socialista Taveira Pinto é tão deturpada que este não fornece aos vereadores da oposição eleitos pelo PSD e CDU as cópias das deliberações onde estes próprios participam.
Os vereadores já solicitaram, mais que uma vez, por requerimento, cópia das actas das sessões de Câmara e nunca obtiveram nenhuma.

Foi ainda tentado solicitar aquelas, por via do funcionário de apoio aos orgãos municipais, o qual entre a gaguez e o atrapalhamento lá disse: ...tem que pedir ao senhor presidente...



UM ESTADO IRRESPONSAVELMENTE DEMISSIONÁRIO...


Regionalização, pois, mas como?

A regionalização é um dos ió-iós da vida nacional, um desses temas pendulares que vêm e que vão para mais tarde regressarem exactamente na mesma. Quando menos se espera, a regionalização volta à ribalta, sempre fugazmente, para logo em seguida discretamente se dissolver no caldo de indiferenças, enfados e lamúrias em que sempre bóiam as causas eternas.

Sugeri isto mesmo num artigo que aqui publiquei. Era apenas uma questão de tempo. Eis senão quando, ao jeito de estrebucho de final de mandato, num certo jeito piedoso, o Presidente da República evocou de novo a saga da criação das regiões administrativas, assunto a que os media deram o eco da praxe. Certezas, só duas: o assunto já está novamente a esmorecer; mas, tal como o sol nasce todos os dias, há-de voltar.

Escrevi já diversas vezes em prol da descentralização e desconcentração de serviços e estruturas da administração central, na convicção - que mantenho intacta - de que a hipercentralização de meios, recursos e elites na região de Lisboa é típica de uma concepção terceiro-mundista de Nação que só encontra paralelo em paragens menos recomendáveis da América Latina ou de África.

Insisti - e insisto, tal é a escala da evidência - que a centralização «à portuguesa» atenta contra a melhor tradição da União Europeia, centrada na subsidiariedade, na diversidade, na desconcentração de centros de decisão públicos pelos vários Estados-membros, numa gestão equilibrada do ordenamento do território e na promoção de políticas activas de convergência e atenuação de disparidades regionais.

Sustentei - e continuo a sustentar, na profunda convicção de que a soberania não se exerce sem pessoas, sem emprego qualificado e sem elites regionais - que a desertificação do território nacional se está lentamente a transformar numa severa ameaça à própria independência nacional. Escrevi também - e assim mantenho - que, a par de todos os malefícios causados sobre todo o país, a macrocefalia da capital atenta em primeira linha e perversamente contra o conforto e bem-estar dos próprios lisboetas.

Considero-me profundamente crente no livre mercado enquanto regulador natural da afectação de recursos. Acredito na iniciativa privada, na concorrência regulada na dose certa e nos estímulos que a liberdade económica incute na criatividade dos indivíduos.

Por isso mesmo, insurjo-me contra um Estado que insiste em manter pés assentes em domínios onde nunca deveria estar, seja na vida das empresas, seja sob a forma de uma intromissão excessiva em domínios «tabu» como a Educação ou a Saúde, sectores que os princípios fundamentais da diversidade, da autonomia e da concorrência deveriam penetrar muito mais fundo.

Mas também me insurjo contra um Estado irresponsavelmente demissionário dos seus deveres fundamentais. Tal como providenciar serviços ágeis e eficazes de justiça, de segurança pública, de regulação atenta das condições de concorrência nos mercados, a promoção de um desenvolvimento regional equilibrado é uma missão indissociável de um papel activo do Estado na sociedade. O desenvolvimento harmonioso e equilibrado do território jamais poderá emergir da ordem espontânea das coisas. Muito pelo contrário, exige regulação e intervenção pública muito atentas. As políticas regionais encontram a sua razão de ser na presença daquilo que os economistas designam de «falha de mercado». É que, por si só, o mercado não conduzirá a uma afectação óptima de recursos.

Vem tudo isto a propósito do fugaz reacender do debate sobre a regionalização.

Confesso, caro leitor, que em muitos temas e causas a vida me foi ensinando a caldear certas certezas do passado, temperando-as por dúvidas. Alguns chamam a isso «experiência». Não sei. Mas sinto uma enorme dificuldade em entender polémicas e a maior relutância em participar de discussões absolutamente vácuas de conteúdo. Temo que a regionalização seja um desses casos.

A questão, para mim, é clara: não há - nunca houve - um debate sério e esclarecido sobre a regionalização em Portugal. Até hoje, ainda não consegui encontrar em nenhum documento minimamente estruturado a substância concreta do que seria "uma" regionalização - o conceito, definido, desenvolvido e ensaiado com a devida plenitude e profundidade.

O que é - como seria - «uma» regionalização em Portugal? Alguém sabe ou tem uma proposta concreta para apresentar? Pondo as coisas em termos claros: Que regiões? Que órgãos políticos? Com que composição e funções? Legitimados politicamente, mas como? Com que poderes e atribuições? Com que novas competências e meios a transferir das administrações central e municipal (convirá não esquecer esta última) para as ditas «regiões»? Sob que regime e instrumentos de controlo, fiscalização, regulação e supervisão da administração central? Com que financiamento e orçamento? Mediante que articulação com a restante organização administrativa do território? Com que implicações para a estrutura distrital e concelhia do país? Com que consequências em matéria de lei eleitoral? Seguramente, não se trata apenas de um miserável mapa riscado por divisórias.

Temos, assim, um debate totalmente vazio, versando sobre um objecto indefinido que cada um molda à luz de um ideário íntimo mais ou menos esclarecido, mas profundamente abstracto. Continuamos a padecer dessa obsessiva tentação de nos enganarmos a nós próprios. «Tapar o sol com a peneira», dizem os brasileiros. Embora não a tome por imperativa, até poderei acreditar numa regionalização, se definida em concreto no seu alcance e conteúdo, mas jamais numa tontaria vácua, imposta a qualquer custo, ao saber do «depois se vê».


É por isso que, desejando embora um país muito diferente daquele que vou tendo, nada me surpreendeu o inequívoco «não» com que os portugueses brindaram a proposta de criação das regiões administrativas no referendo de Novembro de 1998. Não só a proposta - resumida a um mapa idiotamente traçado, ao arrepio de qualquer tradição histórico-cultural - não era séria, como o debate se afundou num miserável pantanal de argumentos profundamente demagógicos, a favor ou contra. E se algo emerge do comportamento eleitoral dos portugueses, é que estes se recusam, a pouco e pouco mas cada vez mais, ao frete da emissão de «cheques em branco» em favor da classe política. Pudera? só os tolos podem querer aquilo que desconhecem.


Ricardo Cruz

É DEMASIADO EVIDENTE...


Por que espera Sampaio?

Um mês depois do ultimato do Presidente da República, o processo de investigação ao «envelope 9» oferece-nos um insulto à memória. Pelas suas contradições.
Um mês depois do ultimato do Presidente da República, o processo de investigação ao «envelope 9» oferece-nos um insulto à memória. Pelas suas contradições.

Foi o procurador-geral da República quem desmentiu a informação veiculada pelo «24 Horas». Continha falsidades. Não as conseguindo provar, procuram-se pistas onde poderá restar algum acessório que desfoque o essencial. Só assim se justifica a aparatosa rusga à redacção do jornal, uma iniciativa que abre um precedente perigoso no regime de responsabilidade colectiva inerente a um Estado de direito.

Estamos perante uma intimidação sobre o exercício da liberdade de imprensa – independentemente da legitimidade do Ministério Público e sem prejuízo de qualquer jornalista ou órgão de informação serem responsabilizados pelo exercício da sua actividade.

Criminalmente, se for o caso e de acordo com a lei. Resta uma questão: por que espera Jorge Sampaio para agir em função de uma sucessão de episódios que minam a credibilidade de um órgão de soberania. O argumento – utilizado com Santana Lopes - volta a ser válido. Demasiado evidente para poder ser omitido.


Raul Vaz

FALTA:

UM RUMO

Ontem o Governo, socialista, anunciou mais uma onda de privatizações, da REN à TAP, com a expectativa de obter encaixes bastante razoáveis.
Ao mesmo tempo, anunciou a intenção de manter a golden share na PT, algo que parece não incomodar o übber capitalista Belmiro.
Àparte a esquerda ideológica ninguém se mostrou particularmente incomodado.
Pois bem, a mim que não sou de esquerda, muito menos socialista, isto tudo incomoda-me, e desde há muito.
Incomoda-me, porque nunca houve em Portugal uma política consistente de privatizações.
Nunca.
Basicamente, e porque, em abstracto, é mau o Estado intervir directamente na economia, privatiza-se casuísticamente, ao sabor dos ventos e marés, e em função das necessidades financeiras do momento.
Um erro.
Eu também quero um Estado leve, ágil e com o mínimo de intervenção directa na economia, mas gostava que houvesse um consenso alargado sobre qual o verdadeiro papel do Estado na economia, e de que forma.
Que houvesse uma visão sobre o que é estratégico e o que não é, sobre o que é core-business e sobre o que é secundário, sobre o que tem a ver com a soberania e o que não tem.
Infelizmente parece que por cá o kilo continua igual ao litro.
Tolerar habilidades financeiras só porque se reconhece a necessidade de liquidez, por um lado, e por outro porque se é um liberal é de uma irresponsabilidade grosseira.
Porque tem que haver um rumo, e não há.
Ah, e quando é que se fala das "águas de portugal" ?

MANUEL

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

MAIS UMA PONTA DO VASTO ICEBERGUE: [parte III]

AGUARDAMOS A RESPOSTA



[+]

MAIS UMA PONTA DO VASTO ICEBERGUE: [parte II]

FUNDAÇÃO


ANTÓNIO


PRATES




De acordo com o Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, já não existe Fundação António Prates. Aliás, segundo Taveira Pinto, a Câmara Municipal de Ponte de Sornem está a pagar o subsídio mensal anteriormente acordado.
Segundo o autarca, António Prates faltou ao prometido porque já não vai trazer para a Fundação o espólio anteriormente acordado.
De referir que no anterior mandato, os vereadores da CDU solicitaram à Câmara Municipal de Ponte de Sor a listagem das obras a incluir no protocolo e nada foi respondido.


Urge perguntar:

- Terá havido algum acordo entre a Câmara Municipal de Ponte de Sor e a Fundação António Prates acerca do espólio?

- O mais provável é não ter havido nada...

Na presente data o executivo do Partido Socialista da Câmara Municipal de Ponte de Sor, anda a puxar pela cabeça, para descobrir a nova funcionalidade que irá dar ao edifício, cujo o montante de obras feitas já há muito ultrapassou os 500 mil contos.

QUE FAZER COM O

"ELEFANTE AZUL"

DOS CELEIROS?


PURO VENENO...


Rui Pimentel/Visão

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

MAIS UMA PONTA DO VASTO ICEBERGUE:

FUNDAÇÃO

ANTÓNIO

PRATES


LONGE VÃO OS TEMPOS


DA EXPOSIÇÃO NO MEIAC

EM QUE TUDO ERA PAZ E AMOR

Já não existe Fundação António Prates!

O QUE FAZER COM O

"ELEFANTE AZUL"

DOS CELEIROS?

EU DOU DINHEIRO, MAS QUEM MANDA SOU EU...



O PRESIDENTE DA

CÂMARA MUNICIPAL


DE PONTE DE SÔR

E A

RÁDIO TEMPOS LIVRES


A Alta Autoridade para a Comunicação Social(AACS) enviou à Câmara Municipal de Ponte de Sôr um pedido de esclarecimento acerca dos financiamentos do município à Rádio Tempos Livres.


O ofício da AACS refere expressamente a chamada "Lei da Rádio" que determina a proibição deste tpo de apoios.
Não sabemos até à data qual o teor da resposta enviada, contudo, Taveira Pinto, como já é seu hábito, não se poupou a esforços para provocar e chamar todos os nomes aos membros da actual direcção da rádio.

ONDE ISTO CHEGOU

Estado de menoridade democrática

Enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros insistia em desculpabilizar o fanatismo islâmico, o parlamento regional da Madeira aprovava um requerimento do PSD/M que pretende avaliar a "sanidade mental" de um deputado socialista. São casos diferentes, mas a moral da história aponta num sentido comum. E a questão põe-se será possível que isto aconteça num país democrático onde os valores da liberdade - e da liberdade de expressão, em particular - fazem parte do próprio código genético da civilização a que pertencemos? A esta questão importa, porém, acrescentar outras interrogações.

Será admissível que a política externa de Portugal esteja entregue aos estados de alma, aos caprichos e às obsessivas fixações pessoais do prof. Freitas do Amaral, que não fala na condição de cidadão mas de ministro dos Estrangeiros? Será compreensível que o primeiro- -ministro, o Governo e a maioria parlamentar não manifestem nenhuma incomodidade visível com tamanha exorbitância ou que um medíocre burocrata de serviço do PS não distinga entre os autores das caricaturas de Maomé e os incendiários de embaixadas? E como aceitar que nos tomem a todos por tolos quando se pretende que entre o recente discurso do Presidente da República em Évora, em defesa da liberdade de expressão, e as declarações de Freitas do Amaral, justificando a fúria islâmica contra o agressor ocidental, não existe nenhuma contradição ou dissonância, pondo em causa a credibilidade externa do país?

Por outro lado, como é imaginável que a avaliação da "sanidade mental" de um deputado, proposta pelo PSD/M, não só não tenha suscitado nenhuma reacção de qualquer instituição responsável como, além disso, seja acolhida benevolamente por deputados nacionais do PSD e do CDS? Por mais caricatural, grotesca e até inconsequente que seja a atitude dos sequazes de Alberto João Jardim no parlamento regional e dos seus apaniguados no parlamento nacional, não é claro que a cumplicidade e a complacência com essa atitude são, em si mesmas, uma caricatura vergonhosa do regime em que vivemos? O Presidente da República, tão certeiro e justo na defesa das liberdades ameaçadas pelo fanatismo religioso, admitirá que em Portugal a liberdade de expressão de um deputado possa ser punida com o internamento psiquiátrico num qualquer "goulag" insular? Dir-se-á que se trata apenas de uma brincadeira de mau gosto, mas isso não absolve o carácter sinistro da proposta jardinista. Ou será que a inimputabilidade de Jardim é um dado definitivamente adquirido da nossa normalidade democrática?

A obsessão com a crise nacional fez-nos esquecer, porventura, uma questão incómoda será que vivemos num estado de menoridade democrática? Não têm faltado, infelizmente, no passado, motivos para colocar essa questão. Mas ela já não pode ser iludida quando se considera aparentemente "normal", por acção ou omissão, o desprezo reiterado dos valores essenciais da liberdade, seja qual for a situação em que eles forem ameaçados e agredidos. Não é a mesma coisa desculpabilizar o fanatismo muçulmano ou propor a avaliação da sanidade mental de um deputado, mas ambos os casos ilustram essa menoridade democrática a que chegámos.

Pense-se o que se pensar das caricaturas dinamarquesas que estão na origem da actual crise internacional - e embora reconhecendo a sua natureza premeditadamente provocatória - só por cegueira ideológica ou por abdicação do direito à liberdade de expressão se pode confundir essa suposta causa da vaga incendiária islamita com os propósitos efectivos dos manipuladores das multidões "ofendidas". Também podemos discordar totalmente do teor das palavras do deputado socialista madeirense que estiveram na origem do requerimento de avaliação da sua "sanidade mental", mas em nenhum caso é tolerável que o seu direito a exprimir-se dê lugar a uma monstruosidade tão grotesca.

A liberdade de expressão não é um valor instrumental, sujeito a exercícios de "geometria variável". Ou existe ou não existe. A sua existência não tem apenas efeitos benévolos e pressupõe até perversões condenáveis. Mas o que os islamitas querem não é que nos limitemos a autocensurar o que possa ferir a sua susceptibilidade religiosa - é que pensemos e sejamos como eles. Num outro plano, o que pretende Jardim é que a liberdade de expressão na Madeira se reduza apenas à liberdade que ele oferece aos habitantes das ilhas a de lhe obedecerem.


Vicente Jorge Silva

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

NÃO BEBA ÁGUA DA REDE, ESTÁ EM CAUSA A SUA SAÚDE



Todas as notícias que tem vindo a lume sobre a água do concelho de Ponte de Sor, são mais puras que água que nos é vendida pela Câmara Municipal de Ponte de Sor.

O silêncio da administração de Taveira Pinto perante uma gravíssima situação de saúde pública é mais um reflexo do que nos tem vindo a habituar.

Perante este cenário, os vereadores da CDU requereram por escrito ao presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, no dia 21 de Janeiro, cópias dos relatórios das análises de água desde 2003 até 2005, inclusive.
Até à data nada foi respondido.
Ultrapassando o período legalmente defindo pelo Código de Procedimento Administrativo, para respostas a requerimentos.
O Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor foi interpelado, na reunião de 8 de Fevereiro, sobre o andamento deste processo.

A resposta foi que "a documentação está a ser analisada e que a devido tempo, será dada resposta".

É óbvio que Taveira Pinto não pretende dar qualquer conhecimento do estado das análises...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

FRUSTRA FIT PER PLURA QUOD POTEST FIERI PER PAUCIORA

É SÓ A PONTA DO


ICEBERGUE


• Há dias perigosos.
Acordamos e começamos logo a tropeçar em acidentes, acidentes que nos podem matar.
Mas como os acidentes nem sempre são todos mortais, sobrevivemos para talhar mais uma estorieta.
Desta feita, para referir que acordar a ouvir o sr. Taveira Pinto com o microfone na traqueia - com uma ligação directa ao duodeno - filosofando sobre as múltiplas corrupções das autarquias de que é, aliás, autor, e protagonista dos casos, é algo que me repugna comentar.
É uma tremenda loucura.
Loucura pela publicidade que se dá ao sujeito, ao caso e pela inércia da própria Justiça - que parece que está cega e não consegue carrear provas para julgar e condenar ou absolver.



• Toda esta novela sul-americana confirma que Ponte de Sor está reduzido aos coitos interrompidos.


• Mas a filosofia que aqui trago não se prende com o sr. Taveira Pinto, - que parece agora estarem a dar os primeiros passos na aprendizagem da língua de Camões. Eles são apenas o pretexto para introduzir aqui o significado da navalha de Ockham. Que reza assim:


A "Navalha de Ockham", também conhecida como o princípio da parcimónia, é uma máxima que valoriza a simplicidade na construção das teorias.
A formulação mais comum desta máxima é (em Latim): Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem, (As entidades não devem ser multiplicadas sem necessidade).
Esta formulação é frequentemente atribuída a Guilherme de Ockham embora ela não se encontre em nenhum dos seus escritos conhecidos.
A frase de Ockham mais próxima desta máxima é (em Latim): Frustra fit per plura quod potest fieri per pauciora, (É vão fazer com mais o que se pode fazer com menos).
É, no entanto, defensável que Ockham se estava a referir a uma máxima bastante conhecida visto que o princípio da parcimónia pode até ser encontrado em Aristóteles.
Pensa-se assim que esta máxima foi associada a Ockham não por ter sido ele o primeiro a utiliza-la, mas por causa do espírito geral das suas conclusões filosóficas.


• Em suma: Guilherme de Ockham estava convencido que as grandes verdades são normalmente simples, pelo que é tolo dar cobertura noticiosa e publicitária ao sr. Taveira Pinto, que é a vergonha de Ponte de Sor juntamente com outros senhores da mesma espécie. . .
A vergonha de Ponte de Sor e uma frustração de Norte a Sul que pensa e produz e não se identifica com o estilo desses cromos que passam 2/3 da sua vida a incendiar os mentideros da "política do caciquismo" em Ponte de Sor.
O outro terço é passado em tentar aperfeiçoar a compra de poder político através de objectos.


• Ockham entendia, de facto, que era tolo complicar o que é simples, sobretudo quando já se carrearam tantas provas.
É este seu princípio que é conhecido como a "navalha de Ockham" e foi depois altamente influente na ciência, e até na própria filosofia.
Só não foi, infelizmente, na política e dentro deste na corrupção dos mentideros da Política do Caciquismo em Ponte de Sor de que o supra-sujeito é garboso autor.


• Resumindo: prenda-se o homem e acabe-se com a publicidade e os tempos de antena desporporcionados concedidos ao sujeito. No fundo, se virmos bem, é mesmo tolo, e seguindo este pensador do séc. XIV, fazer mais o que pode ser feito com menos. Ou seja, devia tornar-se tudo o mais simples possível, mas não mais simples do que isso.



Pedro Manuel

XEQUE-MATE TECNOLÓGICO À LIBERDADE


O cartão único

Ninguém tem uma bola de cristal para ver o futuro.
O Governo, aparentemente, quer criar um cartão transparente para ver o presente de todos os portugueses.
Isto é, quer tornar-se um Big Brother capaz de velar pelos pecados dos portugueses.
Tudo em louvor da tecnologia.
Tudo em nome da luta contra a fraude.
Tudo a favor da eficiência.
Cada português, segundo o Governo, poderá ser sintetizado num cartão.
Pessoal e intransmissível, presume-se.
Os portugueses vão transformar-se num cartão, em nome da tecnologia e da eficiência.
Isto não é um choque tecnológico.
É um xeque-mate tecnológico à liberdade.
A oposição, pelos vistos, está distraída a pensar em coisas mais importantes.
Os cidadãos vão ser bombardeados com a eficiência deste novo sistema, estilo já viram, em vez de terem vários cartões, terão apenas um?
A perversidade desta medida é tremenda.
Um Governo socialista está a adoptar a sovietização do país.
Em nome da tecnologia.
Alguém pode vir a controlar tudo.
Um funcionário anónimo. E que alguém, acima dele, conduz como uma marioneta.
Seria bom que o Governo explicasse a bondade desta medida, num país onde se fazem escutas sem aparente controlo de quem quer que seja.
Para que, quando adquirirmos esse cartão, não estejamos a eleger o Big Brother.

Fernando Sobral

AGOSTINHO DA SILVA 1906-1996



Agostinho da Silva é dos mais paradoxais pensadores portugueses do séulo XX.
O tema mais candente da sua obra foi a cultura de língua portuguesa, num fraternal abraço ao Brasil e aos países lusófonos. Todavia, a questão das filosofias nacionais não é para si decisiva, parecendo-lhe antes uma questão académica: «Não sei se há filosofias nacionais, e não sei se os filósofos, exactamente porque reflectem sobre o geral, se não internacionalizam desde logo».

O problema de que parte é a procura de uma razão de ser para Portugal: o que eu quero é que a filosofia que haja por estes lados arranque do povo português, faça que o povo português tenha confiança em si mesmo», entendendo por «povo português» não apenas os portugueses de Portugal, mas também os do Brasil, laçados de índios e negros, os portugueses de África, tribais e pretos, como também os da Índia, de Macau e de Timor.

Embarcando num sonho universalista em que os portugueses que vivem apenas para Portugal não têm razão de ser, apresentou-se aos olhos tantas vezes desconcertados dos seus leitores como um cavaleiro do Quinto Império, um reinado do Espírito Santo, respirando um misto de franciscanismo e de joaquimismo e, em todo o caso, obra mais de cigarras que de formigas como era próprio das crianças: «Restaurar a criança em nós, e em nós a coroarmos Imperador, eis aí o primeiro passo para a formação do império», o que é dizer que o primeiro passo dos impérios está sempre no espírito dos homens, aptos para servir, como os antigos templários ou os cavaleiros da Ordem de Cristo.

Um império sem clássicos imperadores, que leve aos povos do mundo uma filosofia capaz de abranger a liberdade por que se bate a América, a segurança económica conseguida pela União Soviética, e a renúncia aos bens que depois de ter estado na filosofia de Lao-tsé, diz estar também na de Mao-tsé, mas uma filosofia que as três possam corrigir, purgando a primeira de imperialismos, a segunda da burocracia, e a terceira de catecismos.

É esta uma filosofia que, como gostava de dizer, não parte imediatamente de uma reflexão sobre as ciências exactas, como em Descartes ou Leibniz, mas da fé, como em Espinosa. Partir de crenças como ponto vital e tomar como símbolo preferido que a palavra «crer» parece ter a mesma origem que a palavra «coração», fazendo depois como o Infante, abrindo-se à ciência dos seus pilotos, astrónomos e matemáticos. Tudo dito e defendido com a tranquilidade de quem sabe que até hoje ninguém desvendou os mistérios do mundo e conhece por isso os limites das soluções positivas.

Assim, seria possível valorizar aquilo que a seu ver nos distinguiria como povo e como cultura: um povo e uma cultura capazes de albergar em si «tranquilamente, variadas contradições impenetráveis, até hoje, ao racionalizar de qualquer pensamento filosófico».

Império do futuro precavido e purgado dos males que arruinaram os quatro anteriores, sem manias de mando, ambições de ter e de poder, sem trabalho obrigatório, sem prisões e sem classes sociais, sem crises ideológicas e metafísicas. Esse já não era o império europeu, dessa Europa ávida de saber e de poder, e por isso esgotada como modelo para os outros 80% da humanidade, menos ávida de poder e mais preocupada com o ser.

Trazer por isso o mundo à Europa, como outrora levámos a Europa ao mundo, tal a missão da cultura de língua portuguesa, construindo o seu domínio com uma base espiritual e sem base em terra, porque a propriedade escraviza e só não ter nos torna livres.

Obras
Sentido histórico das civilizações clássicas, 1929; A religião grega, 1930; Glosas, 1934; Sete cartas a um jovem filósofo, 1945; Diário de Alcestes, 1945; Moisés e outras páginas bíblicas, 1945; Reflexão, 1957; Um Fernando Pessoa, 1959; As aproximações, 1960; Educação de Portugal, 1989; Do Agostinho em torno do Pessoa; Dispersos, 1988.

Bibliografia
António Quadros, Introdução à Filosofia da História, Lisboa, 1982.

Pedro Calafate

ÁLVARO LAPA


Évora, 31 de Julho de 1939
Porto, 12 de Fevereiro de 2006


Álvaro Lapa, "Mapa Crânio",
1988,esmalte celuloso,
1200x1700 mm

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

CÂMARA MUNICIPAL DE PONTE DE SOR É ALVO DE:


BUSCAS E APREENSÕES

POR PARTE DA

DCICCEF DA


POLÍCIA JUDICIÁRIA



Uma brigada da Polícia Judiciária esteve ontem todo dia até altas horas da noite, nas instalações da Câmara Municipal de Ponte de Sor, onde procedeu a uma busca e apreensão de documentos referentes à gestão autárquica de Taveira Pinto, desde 1997.
Durante as buscas, os inspectores da área do combate à corrupção e criminalidade económica e financeira procuraram diversos documentos, os quais depois foram apreendidos e levados pelos elementos da P.J., foram igualmente chamados vários funcionários à presença dos inspectores.

Ontem o Presidente da Câmara Municipal Taveira Pinto foi notificado e constituido arguido por peculato.


É SÓ A PONTA DO


ICEBERGUE

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE A RAIZ AO PENSAMENTO...[parte III]

MAOMÉ, SÓCRATES, PINTO E

NÓS


Que têm em comum José Sócrates e Taveira Pinto, o actual primeiro-ministro de Portugal e o actual presidente da Câmara de Ponte de Sôr, para além de deterem ambos o cartão de militante socialista?
A pergunta já me tinha ocorrido há tempos e já me ocorriam, subliminarmente, intuições larvares.
No entanto, só após as incríveis declarações, deste fim-de-semana, de José Sócrates, sobre as caricaturas de Maomé, considerando "que o uso gratuito e irrestrito da liberdade de Imprensa pode conduzir à lei do mais forte" e que "nas sociedades democráticas a Imprensa deve ser responsável e respeitar a dignidade do próximo", me ocorreu que aquilo que o une a Taveira Pinto é bem mais que uma ligação administrativa, mas antes essa coisa tão óbvia que quase nos cega, que é a de serem, ambos, de modo mais elaborado (no caso de Sócrates) ou mais grosseiro (no caso do Pinto), casos de sucesso nos respectivos níveis de aparelhismo partidário, geridos por uma lógica crescentemente sectária, iliberal e cínica.
O sectarismo dos aparelhos partidários é algo definível com simplicidade e detém-se num egocentrismo organizacional e pessoal patológicos, a que faz todo o sentido chamar autismo; o iliberalismo corresponde, pelo seu lado, à definição dos interesses públicos relativamente aos interesses do Estado, das cliques partidariamente dominantes e à desconfiança relativamente à liberdade individual e cívica; enquanto o cinismo tem a ver com a hipocrisia e o impudor perante quaisquer valores.

José Sócrates acha que a Liberdade Ocidental se deve limitar, obsequiosamente, perante os dogmas religiosos, em nome de um pretenso respeito pelos sentimentos religiosos, mesmo quando esses dogmas inspiram, com beneplácito e incentivo das autoridades religiosas respectivas e uma cultura de massas criminosa (como era o caso da cultura anti-semita da Alemanha dos anos 30 e 40), o terrorismo, o assassínio e a barbárie.
José Sócrates acha ainda, mais prosaicamente, que a liberdade de expressão deve ser respeitosa, restrita e pagar tributo (no que, aliás, foi vergonhosamente seguido por várias autoridades católicas nacionais e pelo próprio Vaticano), no que, como escreveu com a sua lucidez habitual, ontem, Vasco Pulido Valente, no Público, corresponde, nada mais, nada menos, que à mesma concepção de Liberdade de Salazar, Caetano e os seus algozes.

Por sua vez, Taveira Pinto, calado, como, apesar de tudo, é normal, sobre estes assuntos de macropolítica, também acha que faz sentido processar Joaquim Lizardo por este, supostamente, denunciado ilegalidades por ele cometidas na gestão da água que é fornecida aos habitantes do concelho, os líderes da Oposição Local por lhe terem feito oposição, visando a intimidade das pessoas e famílias do seu município, atinge o cerne da vida e da liberdade individuais.

As declarações de José Sócrates são, claro, mais graves, do ponto de vista da cultura política e da própria identidade democrática ocidental, que os iníquos processos de Taveira Pinto.
Ainda assim, só o são por causa da sua maior exposição comunicacional e, por isso, da sua maior irradiação sobre os espíritos.
No entanto, ambas as atitudes irradiam de uma mesma cultura política e eticamente cobarde, que decidiu render-se, e ao essencial da identidade democrática e liberal ocidentais, não ao relativismo, como dizem alguns, mas, exactamente ao contrário, ao dogmatismo, ao autoritarismo e ao medo do indivíduo e daquela sua centelha de divino (que refulge no seu mais íntimo) pela qual se faz da sua palavra e da sua identidade o mais valioso, mesmo que, assumamo-lo, à custa da paz dos títeres e dos algozes.
Não valerá, ainda, a pena discutir o argumento da relatividade, em democracia, de todos os valores, e também da liberdade individual (esquecendo-se, claro, os que invocam esta relatividade, o da relatividade dos sentimentos e crenças religiosos e outros sentimentos e outras crenças).

A resposta a quem quer transformar a relatividade da liberdade em circunscrição da liberdade é simples e corresponde à máxima liberal segundo a qual "mais vale um criminoso solto que um inocente preso", e que é essa máxima que obriga, de modo moralmente não opcional, a optar pela liberdade livre em vez de pela liberdade domesticada pela força da autoridade, seja ela qual seja.

A ligação que quero fazer, afinal, entre José Sócrates e Taveira Pinto, é que ambos, unos na dualidade do cosmopolitismo governamental e do caciquismo municipal, simbolizam a vergonha e o próbrio da derrota e da rendição anunciadas daquilo que faz da civilização ocidental, digamo-lo sem vergonha, uma civilização superior relativamente ao islamismo dos imãs e dos fundamentalistas, ostensivos ou envergonhados; o que a sua unidade e rendição quer significar é, simplesmente, a derrota anunciada da liberdade livre, sem a qual, porém, nada, mas mesmo nada, vale a pena.



Pedro Manuel

NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE A RAIZ AO PENSAMENTO...[parte II]

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE A RAIZ AO PENSAMENTO...




































COMEÇO A FICAR FARTO DESTES MUÇULMANOS

Depois de uma vida a tomar partido pelos direitos dos palestinianos, admirador da nossa herança árabe tantas vezes esquecida, defensor habitual das causas dos árabes, confesso que começo a ficar farto os excessos dos idiotas dos extremistas muçulmanos. Que queiram impor uma cultura medieval aos seus povos é um problema deles e desses povos, que queiram acreditar que está um rebanho de virgens à sua espera sempre que se fazem em bocados é lá com eles, mas quererem impor-me o medo é demais.

Todos os dias passo junto a uma mesquita pela qual tenho mesmo respeito que me merecem os templos cristãos ou de qualquer outra confissão religiosa, os muçulmanos beneficiam no meu país de uma liberdade que nenhuma outra confissão religiosa tem nos países muçulmanos, salvo algumas honrosas excepções. Defendo que os muçulmanos tenham no meu país a liberdade que muito provavelmente não têm nos deles, bato-me para que aqui encontrem a sua identidade cultural.

E não posso manifestar-me culturalmente no meu país de acordo com os meus valores, os meus princípios e as minhas leis sob pena de uma qualquer condenação, seja por um grupo extremista ou por um qualquer ayatolah? Aí terei que dizer basta ninguém que vive nem sei onde e que se diz defensor do seu deus tem o direito de me impor as suas próprias regras, não o admito ao papa, não o admitirei a nenhum muçulmano, seja fundamentalista ou não.


J. E. R.