quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

TUDO MUDOU EM 12 DIAS

Tenho dúvidas que se esteja a salvar o Serviço Nacional de Saúde. Pode acontecer que o serviço público fique só com os coitadinhos
Ana Jorge à revista Visão, no dia 17 de Janeiro de 2008


Acredito na reforma em curso e no Serviço Nacional de Saúde
Ana Jorge à Lusa, no dia 29 de Janeiro de 2008



Daniel Oliveira

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ERA DE BORLA PRO POVO


Ò Joe!!!

Fuck you!!!


Tiago Carneiro

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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

JOSÉ LUÍS PEIXOTE DISTINGUIDO COM DOIS PRÉMIOS LITERÁRIOS

UM EM PORTUGAL

E OUTRO

EM ESPANHA

A edição de 2008 do Prémio de Poesia Daniel Faria — instituído pela Câmara Municipal de Penafiel, as Quasi Edições e os herdeiros do autor de Explicação das Árvores e de Outros Animais — distinguiu Gaveta de Papéis, de José Luís Peixoto.


Para o responsável máximo da editora que promove o prémio, Jorge Reis-Sá, descreveu a surpresa que tomou conta do júri (de que também fizeram parte Francisco José Viegas, Tito Couto e Vera Vouga) ao abrir o envelope relativo à escolha final, verificando só então que atrás do pseudónimo se escondia um escritor de primeiro plano, curiosamente já com um livro de poesia editado nas Quasi (A Criança em Ruínas, seis edições desde 2001).

Foi mesmo uma grande surpresa, mas uma surpresa boa, porque vem dar força e credibilidade ao prémio. Enquanto editor, este desfecho enche-me de alegria e orgulho, além de que engrandece o nome do Daniel Faria, disse Reis-Sá.

A decisão do júri, tomada por unanimidade total e veemente, foi a mais rápida de sempre.

Em dois minutos resolvemos o assunto, porque percebemos logo que o livro do Peixoto era, de muito longe, a primeira escolha para todos os jurados. Durante a leitura dos originais, já tinha suspeitado que se tratava de um autor experiente, com grande domínio da linguagem e das técnicas de escrita, e não alguém que envia o seu primeiro livro.

Reis-Sá salienta ainda que o prémio não tem qualquer compensação financeira, consistindo apenas na publicação do livro pelas Quasi, algo que José Luís Peixoto conseguiria sempre, sem necessidade de passar pelo crivo de um júri.

Gostava de salientar a extraordinária humildade do Zé Luís, que ao querer ficar associado a este prémio, e ao nome do Daniel Faria, correu o risco de perder para um autor desconhecido ou, pior ainda, de receber uma mera menção honrosa.


A edição de Gaveta de Papéis está prevista para o próximo mês de Março.


Entretanto, José Luís Peixoto acaba de ser igualmente distinguido em Espanha.

O prémio Cálamo - Otra Mirada 2007, para livros de ficção estrangeira editados no país vizinho, foi para o romance Cementerio de Pianos, publicado pela editora El Aleph.

J.M.S.

TAVEIRA PINTO E OUTROS RAPAZES NÃO SE ASSUSTEM... É NA CHINA...


José

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ONDE ESTE NOSSO "REINO" CHEGOU!

A nova ministra da saúde vem recheada das melhores recomendações. Arguida num processo do Tribunal de Contas por descaminho de milhões do erário público, é, de facto, um pergaminho enaltecedor.
Fala por si.
E vale, no mínimo, dois ou três MBAs, daqueles extraídos de brinde na Farinha Amparo.
Num país normal, haveria um resquício de pudor a recomendar alguma sobriedade e contenção nestas trampolinices.
Mas num país maravilhoso, como o nosso, a arrogância descarada de quem desgoverna até permite cortejos grotescos destes.
E o país inteiro estaca, embasbacado, diante do espectáculo gratuito do desmazelo aos pinotes, rua abaixo, com o indecoro às cavalitas.
De facto, num país sério, um ministro indiciado, automaticamente, e por uma questão básica de ética, demite-se. Aqui, um político indiciado, além de indemnizado, sobe a ministro.
Eis um regime de patas para o ar - uma república, mais que de bananas, de pantanas!
É mesmo caso para dizer, paraglosando o Camões: mudam-se os tempos, mudam-se os à vontades.
Agora, à mulher de César não basta parecer uma rameira: faz questão de exibir-se no Coliseu toda ataviada!

D.

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A VOZ NA TELEVISÃO

Sentei-me para escrever um texto saudoso e álacre sobre a Ava Gardner. Acabara de rever, em DVD, A Condessa Descalça, o filme em que Mankiewicz iluminou, vital, os seios míticos e as ancas essenciais da então chamada o mais belo animal do mundo. Pensava ilustrar a beleza renascentista da imensamente adorada, aplicando, à imaginada crónica, um breve toque intelectual, com uma citação de Shakespeare, que, no Hamlet, faz dizer a Horácio: Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia. Há; melhor: havia - a Ava Gardner, síntese de todas as deusas voláteis e etéreas. Os adjectivos não eram maus, pensei, sacudido por áspera nostalgia de mim próprio.

Preparava-me, pois, para comover, levemente embora, os leitores da minha geração, acaso de outras, com estes abandonos líricos, eis senão quando uma voz na televisão, lá dentro, atraiu a minha malvada curiosidade e desviou-me do saudoso intento.

Que dizia a voz, assim tão importante, que sobrelevava as instâncias dos meus impulsos de autor de imprensa? Era um homem. E fazia troça cruel de quem dele desacordava: de sindicatos, de jornalistas, de comentadores, de todos os partidos que não o seu, mas também de alguns daqueles, iguais comungantes, em atrito com o que ele fazia. Não percebi muito bem onde o homem falava: congresso, reunião, assembleia, igreja? Sei que o homem estava a deixar-nos para trás; e não há nada mais penoso do que sermos deixados para trás.

O homem na televisão era somente voz: voz que apenas a si mesmo ouvia; voz inevitável para ela própria; voz impessoal, velha, fatigada como uma solenidade, inconvicta, em pleno processo de desumanização. O homem falava para se ouvir. Falava; não estava a dizer nada.

Elogiava-se e ao Governo que dirigia. Na Saúde, na Justiça, na Economia, na Cultura, no Emprego, na Educação, nas Obras Públicas, tudo deslizava, com suavidade, para o irreversível ponto de exclamação que será a sociedade próspera e abundante. O absurdo atingia a dimensão da inconsciência abjecta. O homem na televisão deixara de o ser: era, unicamente, voz. Voz efémera, que desembarcava numa auto-admiração inviolável; voz de catálogo turístico.

As vozes humanas possuem cor, luminosidade, magia, transcendência, grandeza, música, presença física. A voz do homem na televisão era dissimulada, quadrada e cava. Uma mentira instantânea que se repetia sem perdão. Um eco do oco.

Regressei à Condessa Descalça e à memória da frase de Bogart: A ilusão procura sempre dar solidez ao vento. Ia para continuar. Mas o meu espaço é este. Que o homem fique com a sua voz; eu, com a minha repulsa. E por aqui me fecho, como diria mestre Camilo.


B.B.

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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

SÓCRATES ENGANOU-SE NO NÚMERO DE TELEFONE?

Há dois António Pinto Ribeiro.

Um, é o ex-programador da Culturgest e um dos principais especialistas em política da cultura.


O outro é advogado, especializado na defesa dos direitos humanos.

O Governo nomeou José António Pinto Ribeiro para ministro da cultura.


O advogado.


P.S.

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ESTE INCOMPETENTE

DEPOIS DE MATAR

MUITOS PORTUGUESES




FOI CORRIDO DO GOVERNO


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POLÍTICA E A CORRUPÇÃO...

Porque a Senhora Dona Política é filha da Senhora Razão de Estado e do Senhor Amor Próprio

E ambos dotaram‑na de sagacidade hereditária e de modéstia postiça. Criou‑se nas cortes dos grandes Príncipes, embrulhou‑os a todos, teve por aios a Maquiavel, Pelágio, Calvino, Lutero e outros doutores dessa qualidade, com cuja doutrina se fez tão viciosa que dela nasceram todas as seitas e heresias que hoje abrasam o mundo.

Ora, todos falam de política, muitos compõem livros dela e no cabo nenhum a viu, nem sabe de que cor é.

Até porque: a primeira máxima de toda a política do mundo que todos os seus preceitos encerram em dois, como temos dito, o bom para mim e o mau para vós

Ao aceitar a regra de viva quem vence. E vence quem mais pode, e quem mais pode tenha tudo por seu, porque tudo se lhe rende

Neste ponto, errou o norte totalmente, porque tratou só do temporal sem pôr a mira no eterno

Os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos.

Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, este sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam.



Arte de Furtar
Espelho de Enganos, Teatro de Verdades, Mostrador de Horas Minguadas, Gazua Geral dos Reinos de Portugal.
Publicado no Reino de Portugal em 1652

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A VERDADE É COMO AZEITE

Uma organização não governamental (ONG) britânica acusa Portugal de “cumplicidade” no transporte de 728 prisioneiros para a prisão mantida pelos Estados Unidos na base de Guantanamo, em Cuba, entre 2002 e 2006.

A Reprieve, uma ONG que se dedica a prestar assistência jurídica a prisioneiros a quem tenha sido negada justiça, divulgou esta terça-feira um relatório intitulado “Viagem da Morte” que diz provar de forma “conclusiva que o território e espaço aéreo portugueses foram utilizados para transferir mais de 700 prisioneiros para serem torturados e detidos ilegalmente em Guantanamo Bay”.

Para chegar a esta conclusão, a ONG cruzou dados facultados pelas autoridades portugueses, informação do Departamento da Defesa dos EUA com as datas de chegada dos prisioneiros a Guantanamo e testemunhos de vários detidos. No relatório (ver relacionados no final deste texto), a Reprieve “detalha pela primeira vez os nomes destes prisioneiros e as suas histórias”

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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

AINDA ASSIM, O HUMOR NÃO CONSEGUE SUPERAR A REALIDADE



D.O.

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"ENTÃO ISTO É CONTRAFACÇÃO E O DIPLOMA DO PRIMEIRO-MINISTRO NÃO É ?!"

O problema principal da ASAE, não é apenas o da visibilidade dos shows-off do seu Inspector Geral, o fumador de casino, António Nunes.

É principalmente, o da credibilidade de um organismo público, colocado perante a necessidade de actuações discretas em alguns casos e em visibilidade firme, mas aceite pela comunidade, perante outros.

O melhor exemplo desta desadequação, deu-o um feirante cigano, aquando de uma apreensão, pela ASAE, numa das tais operações de visibilidade, de mercadorias supostamente contrafeitas e à venda: então isto é contrafacção e o diploma do primeiro-ministro não é?!

É ainda um problema de imagem pública de uma instituição que sendo aparentada a órgão de polícia criminal, não é de todo uma brigada anti-terrorismo.

No fundo, é um problema de quem não entende o povo português e as idiossincrasias que lhe são próprias. Neste, como noutros assuntos.

Continua a ser, por isso, um problema de senso comum, na actuação concreta que não se compadece com fundamentalismos em áreas como a restauração, tendo em conta o país real que somos e continuaremos a ser: um país engravatado todo o ano que se assoa à gravata, por engano, no dizer de Alexandre O´Neill.

Quem defende a actuação destemperada, insensata, fundamentalista, de um organismo destes, merece a imagem do fumador de casino que foi notícia nos principais media internacionais pelos motivos que se sabem: defender-se, restringindo e eximindo-se à aplicabilidade da lei geral que deveria fazer cumprir, em primeiro lugar.

José

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sábado, 26 de janeiro de 2008

E O BURRO SOU EU?

DESCUBRA AS DIFERENÇAS

Saldanha Sanches

Nas autarquias da província há casos frequentíssimos da captura do Ministério Público (MP) pela estrutura autárquica. Há ali uma relação de amizade e de cumplicidade, no aspecto bom e mau do termo, que põe em causa a independência do poder judicial.

DESPACHO
Exposição subscrita pelo Doutor em Direito, José Luís Saldanha Sanches*, na sequência da deliberação do CSMP em sessão de 6/6/2007. O Conselho deliberou dar por encerrado o caso uma vez que não foi especificado qualquer caso concreto que não tenha sido já averiguado e objecto de apreciação pelo Conselho e, por outro lado, as restantes considerações gerais constantes da exposição em causa constitui um exercício livre de crítica num regime democrático. Aqui


António Marinho Pinto

Existe em Portugal uma criminalidade muito importante, do mais nocivo para o Estado e para a sociedade, e que andam por aí impunemente alguns a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há mecanismos de lhes tocar. Alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes no Estado Português.

DESPACHO

Tendo em consideração as declarações do Senhor Bastonário da Ordem dos Advogados proferidas em entrevista dada a um órgão de comunicação social, a gravidade das afirmações feitas e a repercussão social das mesmas, determino:
Ao abrigo do disposto nos artigos 241º e 262º do Código de Processo Penal, a abertura de inquérito e, nos termos do artigo 68º do Estatuto do Ministério Público, designo, para dirigir a investigação de tais factos, a Senhora Procuradora-Geral Adjunta, Drª Maria Cândida Guimarães Pinto de Almeida, Directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, que será coadjuvada pela Senhora Procuradora-Adjunta, Drª Carla Margarida das Neves Dias, do mesmo departamento.


C.

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A FUNDAÇÃO DA TRETA, CHULA AS NOSSAS CRIANÇAS...

APESAR DE RECEBER

MILHARES DE EUROS

DOS PONTESSORENSES

TODOS OS MESES

Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2008



À DESCOBERTA DO ARTISTA





Cada mês um artista vamos conhecer;
Em Fevereiro sobre Erró vamos aprender.
Na Fundação vem descobrir,
o que o artista tenta transmitir!


OFICINAS DE FIM-DE-SEMANA
Sábado -das 15h às 16h ou das 16h às 17h- 2,5 EUROS (1 hora)
Vem à Fundação inscreve-te e vem participar !!!
público-alvo dos 12 aos 14 anos

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ONDE ISTO CHEGOU...




...existe em Portugal uma criminalidade muito importante, do mais nocivo para o Estado e para a sociedade, e que andam por aí impunemente alguns a exibir os benefícios e os lucros dessa criminalidade e não há mecanismos de lhes tocar. Alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes no Estado Português...

António Marinho Pinto
bastonário da Ordem dos Advogados
Em entrevista hoje à ANTENA 1

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AS MONSTRUOSIDADES DO SISTEMA

O conceito de empresa pública e empresa privada não possui as disjunções que, habitualmente, lhes são atribuídas.
Em ambas os dinheiros são sempre públicos: ou através dos depósitos bancários, ou nos empréstimos contraídos.
Os dinheiros serão nossos, adquiridos com o nosso trabalho ou as nossas poupanças. Não constitui nenhuma novidade, o que digo. Depois, os malabarismos dos poderes fazem a soma e o resto.

As democracias articulam-se neste sistema. E como não há democracias perfeitas, os sistemas inclinam-se, obviamente, em benefício daqueles que estatuem os códigos, as leis e as regras. Significa que o sistema está repleto de monstruosidades.

O caso da extraordinária reforma do dr. Paulo Teixeira Pinto obedece a esse sistema.
Claro que brada aos céus, e Deus ficará certamente incomodado, que o dr. Teixeira Pinto, dedicado católico e ex-zeloso membro do Opus Dei, vá auferir, até ao remate final dos seus dias, uma reforma equivalente a 7 500 contos mensais.
Diz-se, também, que recebeu 10 milhões de euros, como indemnização, por ter saído do BCP.
Naturalmente, os céus não vão chorar, nem Deus dará sinais de inquietação por tal desconchavo.

Dizem-me que o dr. Paulo Teixeira Pinto, independentemente do ar tenebroso que ostenta, é homem de riso fácil e fina ironia, além de não confundir Kiri Te Kanawa com Madalena Iglésias, nem Thomas Bernhard com Lobo Antunes.
Até se diz que, contrariando as indicações do Índex Librorum Prohibitorum, sempre foi leitor entusiasta de autores apontados à execração.
Enfim: pessoa prevenida, reservada, cauta e perigosa.
Porquê?, perguntará o Dilecto.
Ora: um sujeito assim dotado representa ameaça para uma elite que faz gala da ignorância e exposição radiante das suas riquezas.
Não será, porventura, muito cristão aceitar tamanho maço de notas, quando há dois milhões de portugueses com fome, meio milhão de desempregados e o resto completamente desesperado. Isto dirá, ressentido e colérico, todo aquele que não recebeu, durante uma vida de trabalho, metade do que o dr. Teixeira Pinto receberá por ano.
Eu, não o direi.
Espero é que o dr. Teixeira Pinto não apareça nas televisões a conclamar a necessidade de sacrifícios – como o outro reformado com 3 600 contos mensais, por seis meses de função na Caixa Geral de Depósitos.

Independentemente dos conceitos de privado e de público há algo de imoral nestas reformas sumptuosas. E o próprio conhecimento desses aleijões separa, cada vez mais, o grupo de privilegiados detentor dos vários poderes, e aqueles que, por infortúnio ou desgraça de classe, servem de trampolim às escaladas triunfantes.
É evidente que o dr. Paulo Teixeira Pinto, a quem desejo longa e jubilosa vida, boas leituras e cuidadoso resguardo, não irá distribuir os 7 500 contos pelos pobres da freguesia em cuja igreja vai orar.
Porém, no seu íntimo, nos arcanos das suas reflexões, certamente admitirá que é dinheiro a mais aquele que auferiu e que auferirá – fora os trocos.

Dá para reflectir. E acrescente a essa reflexão o elucidativo texto de Maria João Gago, publicado neste jornal, na terça-feira, dia 22, p.p., sob o título: Reformas de ex-gestores do BCP superam custos da OPA ao BPI.

Sabe-se: este numerário escandaloso, oferecido a reformados de luxo, não é de agora.
Sobre o dr. Cavaco, actualmente com tanta indignação pelos acontecidos, impende, também, ou talvez sobretudo, parte substancial da responsabilidade pela subida surpreendente das somas destas aposentações. Quando primeiro-ministro, não as travou. E, igualmente, distribuiu sinecuras e tenças por muitos daqueles que o apoiaram.
Dir-se-á: ingenuidades de iniciado.
Direi: manhosice e astúcia.
Um homem sério não é, apenas, o que não põe a mão nos bolsos dos outros. É aquele, quase irrepreensível, que espalha, em seu redor, a ética do despojamento e da integridade, com a exigência do espírito de missão. Evidentemente, o dr. Cavaco é um homem sério, nesse sentido doméstico, porém nobre, da expressão. Mas repare-se na ascensão, por vezes meteórica, de quase todos aqueles da corte.

Creio que as advertências do dr. Cavaco não vá cair em saco roto.
Dois anos após a sua posse, torna-se cada vez mais notório que é ele quem dirige as linhas fundamentais da governação.
Hirto, grave, imperturbável, vai indicando erros na saúde, na educação, nos excessos da distribuição dos rendimentos.
Subrepticiamente critica o aumento do desemprego, a ausência de alternativas.
Sustentou o que era sustentável, segundo a lógica da sua ideologia.
Não esqueçamos que, apesar de tudo, o dr. Cavaco é conservador.
Apesar de tudo, porque sua mulher se afirmou de centro-esquerda.
Se as mulheres exercem influência sobre os homens (eu que o diga!), então bem-aventuradas sejam – e, neste particular, a dr.ª Maria Cavaco!

APOSTILA 1 – Na última sexta-feira, a RTP2 exibiu um documentário impressionante, Fantasmas de Abu Ghraib, cujo conteúdo indica, inequivocamente, George W. Bush e Donald Rumsfeld como sinistros criminosos de guerra.
As práticas recomendadas por aqueles dois cavalheiros, a fim de se obter informações, a todo o custo e a qualquer preço, de prisioneiros no Iraque – mas, também, em Guantanamo -, ferem os mais elementares direitos humanos e provocam a indignação e a cólera em todos os homens de bem. Além de terríveis depoimentos prestados por torturados, apresentam-se outros, pungentes, dos torturadores.
O documentário merecia um debate.
Sobretudo com a presença daqueles comentadores independentes que caucionaram a invasão naquele país e, até agora, não manifestaram o mínimo remorso nem apresentaram a menor desculpa.
A visão de Fantasmas de Abu Ghraib trouxe-me à memória o pobre do Durão Barroso, sorridente, venerador e obsequioso, a servir de mordomo, nos Açores, aos três senhores da guerra: Bush, Blair e Aznar.
Têm sido todos promovidos.
O Blair, agora, até se autopromoveu a católico. Mas não consta ter confessado os crimes de que é corresponsável.
Quanto ao Barroso, parece estar interessado em voltar a liderar o PSD.
Deus perdoar-lhes-á?
Já lhes perdoou?

APOSTILA 2 – O extraordinário ministro Correia de Campos afirmou, na terça-feira, a Mário Crespo, na SIC-Notícias, que estava a ferir os interesses das corporações.
Só se for as corporações de doentes.


B.B.

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quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

MAIS UMA... DE MUITAS....

O dr. Normando José Pereira Sérgio trabalha agora em regime de recibo verde para o Município de Ponte de Sor.

Taveira Pinto anda desesperado já não há advogados que lhe façam as vontades?

Só o
dr. Normando José Pereira Sérgio lhe presta vassalagem!


Quarta-feira, 14 de Novembro de 2007

TAVEIRA PINTO, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PONTE DE SOR, NOVAMENTE ARGUÍDO EM MAIS DOIS PROCESSOS [2ª Parte]



O Funcionário Municipal dr. Normando José Pereira Sérgio, pediu hoje, Licença Sem Vencimento, à Câmara Municipal de Ponte de Sor.


Lembramos aos nossos leitores, que o funcionário Municipal dr. Normando José Pereira Sérgio, foi constituído arguído, na passada sexta-feira, pelo M.P., num processo de Falsificação de Actas das Sessões da Câmara Municipal, conjuntamente com o dr. Taveira Pinto, presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor.



Para ler a Parte I deste post veja (AQUI)

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

ALARGAMENTO DO AERÓDROMO PARA QUÊ?




Dispositivo de combate a incêndios - Meios aéreos

De acordo com o estudo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, que mereceu pareceres favoráveis do secretário de Estado da Protecção Civil, Ascenso Simões, e do subsecretário de Estado da Administração Interna, Rocha Andrade, o dispositivo de combate a incêndios deverá contar com cinquenta e seis meios aéreos em 2008.

Esses cinquenta e seis meios aéreos compreendem dois aerotanques anfíbios pesados, seis helibombardeiros pesados, oito aerotanquesligeiros, seis aerotanques médios e 34 helicópteros médios ou ligeiros. Este conjunto de meios representa uma maior capacidade do que a existente em 2007.

O parecer concluiu que os seis helicópteros pesados (Kamov), de que a EMA dispõe, têm capacidade para substituir aviões pesados no combate a incêndios florestais. Por essa circunstância, foi decidido não abrir este ano o concurso para aquisição de aviões, o que constitui a melhor decisão em termos de racionalização de meios. Para além dos helicópteros da frota própria da EMA, os restantes meios aéreos disponíveis em 2008 são alugados, como sempre tem sucedido.

Todas estas explicações foram dadas ontem pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira na 1ª Comissão Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República.

Gabinete de Imprensa

23 de Janeiro de 2008



LÁ SE FORAM

OS

EMPREGOS

DA

T R E T A


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O MEU SOCIALISMO É MUITO DIFERENTE DO TEU...PÁ!


Aumento das pensões em 200 euros, horários reduzidos para as mães com filhos até aos 12 anos, licença de paternidade até às quatro semanas, benefícios fiscais e 300 novas escolas primárias...
Este é o novo lema Ter ou não ter... direitos. As famílias na sociedade do bem-estar.

Se conjecturou que estas medidas seriam implementadas em Portugal, desengane-se...
Foi José Luis Zapatero, primeiro-ministro de Espanha, quem anunciou este sábado que irá aumentar as reformas mínimas dos pensionistas com cônjuge a seu cargo dos actuais 650 euros para os 850 euros, caso o seu partido vença as eleições de 9 de Março, escreve a Lusa.
O primeiro-ministro espanhol prometeu ainda subir o valor das pensões mínimas de viuvez e das pensionistas singulares dos actuais 497 euros para 700 euros.

Em 1974, no tempo dos caramelos do PREC, a peseta espanhola valia menos de metade do escudo português.
Actualmente, o euro, é moeda comum.
Mesmo assim, isto é porreiro, pá!
A boa vida é só para alguns, situados bem à esquerda e refastelados em sinecuras e prebendas variadas.

Os salários médios de cá e lá, nem se comparam e as regalias sociais, vão pelo mesmo caminho.


José

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OS JOGOS DOS ACASOS

Rodrigo morreu às 9.40 de sexta-feira, 18, na rua, frente ao Hospital de Anadia.
Rodrigo ia fazer três meses.
Às 8.40, o pai vira o filho com a cara roxa, sem respirar ou arquejante.
Há, em toda esta história o compasso dos atrasos, o assomo aflito de quem deseja ajudar; o pasmo, que é a secreta insígnia de quem se sente impotente para enfrentar a absurda autoridade do mal, e a trágica evidência do infame momento.

O pai do Rodrigo não acusa ninguém, leio no DN.
Talvez atribua à má sorte a morte espantosa do seu bebé, conjecturo eu.
O pai do Rodrigo é um pai que nunca vai deixar de o ser, embora o filho seja a ausência do estar, e a memória de um sonho feliz.
O pai do Rodrigo vai preparar-se, devagar, para o eternamente inesquecível.
Ainda não caiu bem em si.
Confuso, perplexo, está tão longe estando tão perto.
Olha tudo com estranheza e dúvida.
E, no entanto, aquela hora medonha, a mediar o prazo entre a vida e a morte, nunca deixará de ser a marca de um sofrimento transformado em sacrifício.

E se alguma coisa tivesse sido diferente porque diferentes eram as circunstâncias?
Se, no instante supremo, no instante pequeno, redondo e urgente, a mão da ciência, o auxílio preciso, o diagnóstico vigilante estivessem onde deviam estar?
Não há mortes naturais.
Todas as mortes são injustas como uma culpa infundada, e inúteis como uma heresia.
Mas a morte de um bebé é a mais injusta de todas as mortes.
Um bebé que morre não é, apenas, um projecto desfeito, um milagre anulado, um doce peso que se transportou nos braços, uma promessa incumprida e um desejo irrealizado.
Um bebé que morre, e que morre assim, é uma acusação lívida, um dedo apontado, uma censura muda, porém terrível.

Acaso não fosse preciso telefonar para o 112, descrever sintomas, aguardar, durante 20 minutos, por uma viatura médica de emergência e reanimação, estacionada nos Covões, em Coimbra; percorrer, com o miúdo ao colo, o troço que vai do local onde a família vive para o sítio onde se encontrava um operador do INEM; assistir aos angustiados esforços da tripulação da ambulância para reanimar o bebé, que seria transportado, em desespero de causa, aos serviços pediátricos de Coimbra - acaso a Urgência do Hospital de Anadia não houvesse sido encerrada, acaso, acaso, acaso as coisas seriam outras.
Os acasos funcionam, aqui, como a insensível desconstrução dos laços humanos.
Os acasos ilustram, aqui, os malefícios provocados pelo desconhecimento ou pelo desprezo das emoções.

Observo a fotografia do pai sem filho. Se o espanto possui rosto: ei-lo. Se a resignação é o espaço esburacado onde tropeça toda a tristeza do mundo: ei-la.

Choro de Rodrigo. Birra de Rodrigo. Sorriso de Rodrigo - nunca mais.


B.B.

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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O FILME DE JANEIRO


Antero

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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

É ECONOMIA QUE TEMOS, PURA E DURA!



Este vai ser o ano do crescimento económico e do regresso do investimento
José Sócrates
21 de Janeiro de 2008

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OS TRAPALHÕES

Olha-se em volta. Parece reinar a confusão legislativa e executiva. Criando a desordem e o medo, as leis da segurança alimentar deixaram o país num caos autoritário absurdo e irracional. Por todo o lado se tenta rever as leis recentemente aprovadas e repensar os métodos acabados de idealizar. A lei do tabaco lançou a confusão: de pronto, abriram-se excepções para os casinos. Depois, vieram os restaurantes nos centros comerciais, os cafés dentro dos casinos, as cafetarias dentro dos estádios ao ar livre, os casinos dentro dos centros comerciais... Já se pensa em rever, repensar e abrir novas excepções. Na saúde, o fecho de maternidades, centros de saúde e serviços de urgência ou de atendimento permanente deixou umas dezenas de comunidades em crise, autarquias e partidos à deriva, pensa-se em excepções, recua-se, volta-se a atacar. Os sistemas de vínculo à função pública criaram nova desordem, foi necessária a intervenção do Presidente da República e do Tribunal Constitucional, os magistrados viram a sua situação revista, os procuradores também, talvez não se fique por aqui. O aeroporto foi o que sabemos, um caso para a antologia da incompetência, mas ainda nem sequer a decisão deixou de ser preliminar e prévia, que já começou a discussão sobre o atravessamento do Tejo e a localização exacta da nova ponte. O que vai mexer com os comboios e o metropolitano da margem esquerda, estando para já tudo em causa. Em Lisboa, o Parque Mayer, o Jardim Botânico, os jardins e edifícios da Politécnica, assim como os terrenos da antiga Feira Popular, continuam a sua jornada de degradação em adiamento, de processo judicial em caso político. No Terreiro do Paço, apesar da abertura das estações de metropolitano, as obras estão longe de acabar, a desordem, o desperdício e os custos dos últimos sete anos estão para durar. Na educação, não há decisão definitiva, muito menos estudada e ponderada, sobre qualquer matéria: os programas, os sistemas de avaliação, a contagem das faltas e as causas dos chumbos são só alguns dos temas em oscilação. Na segurança social, o episódio risível do escalonamento dos aumentos de meia dúzia de cêntimos foi mais um exemplo. Na justiça, o rol nunca mais acaba, incluindo as querelas entre as polícias, os sarilhos das investigações no Porto e os infindáveis processos. Nos casos do BCP, da Caixa, dos favores a administradores bancários e dos off shores aparentemente ilegais, a supervisão bancária e financeira deixou muito a desejar. Este é o catálogo. Que peca por defeito. Porquê isto?

Habituámo-nos a procurar sempre as razões profundas que explicam os fenómenos políticos e sobretudo as decisões. Em particular, as razões sociais e económicas. Aprova-se uma lei e a pergunta surge logo: quem ganha? Cria-se uma instituição e o imediato reflexo consiste em saber quem é nomeado e quem foram os beneficiados. Tomam-se medidas importantes ou aparentemente simples e é sinal de saúde mental procurar quem está por trás: laboratórios médicos? Construtores de obras públicas? Vendedores de cimento, cobre, carvão ou petróleo? Fecham-se escolas, centros de saúde e dependências administrativas e é quase obrigação investigar a fim de descobrir quais foram as autarquias, os profissionais e as empresas que perderam e as que ganharam, sem esquecer os partidos mais influentes em cada sector ou localidade. É bom que se faça este exercício, única maneira de conhecer os verdadeiros motivos da política e de não nos deixarmos enganar pela melodia gasta do interesse público.

Além destas causas directas e singulares, mais propriamente designadas por interesses legítimos ou ilegítimos, há também razões de ordem geral. Poder-se-á, por exemplo, dizer que, nos dias que correm, um dos principais motivos que levam a fazer leis e tomar decisões é o de poupar dinheiro. Verdade. Mas só até certo ponto. A escolha do pretexto para poupar, em concreto, nesta escola, naquela maternidade, numa ponte ou na outra estrada, já traz consigo mais informações sobre as preferências. Além de que este motivo, indiscriminado, é deveras incompetente: cortar a eito sempre conduziu a decisões erradas e a correcções dolorosas. Em sentido contrário, também se deve ter em conta que uma das mais importantes causas para decidir e legislar é a de gastar dinheiro. Gastar muito dinheiro. Como dizia há dias, na televisão, Miguel Beleza, a OTA é muito melhor porque é mais cara. Com isso, ocupa-se gente (o que não é o mesmo que criar emprego), pagam-se favores e cultiva-se uma imagem de energia.

A verdade é que o clima de trapalhice se torna cada vez mais evidente. As políticas são erráticas. As correcções sucedem-se. As adendas e rectificações aos decretos-leis repetem-se. Com a publicação de uma nova lei logo surgem problemas e dúvidas, geralmente legítimos e fundados. Será isto só de hoje? Não. Seria injusto considerar Sócrates e o seu governo como únicos autores e principais responsáveis desta nova realidade que é a dos trapalhões no poder. Na verdade, a tendência é antiga. Há já três ou quatro governos e outras tantas legislaturas que o fenómeno vem tomando corpo. Sócrates, o seu governo e o seu partido são apenas os actuais, os últimos e os que mais fizeram para consolidar a tendência para a trapalhice. Serão estúpidos? Não creio. Ignorantes? É possível. Inexperientes? Bastante. Auto-suficientes? Muito.

Governam para a televisão. Fazem legislação para as sondagens. Tomam medidas para mostrar trabalho feito. São peritos em encenação. Vivem obcecados com a propaganda. Anunciam a ideia, anunciam o projecto, anunciam a correcção, anunciam a revisão, anunciam o concurso, anunciam a adjudicação, anunciam a decisão prévia, anunciam a nova correcção, anunciam a primeira inauguração, anunciam a segunda inauguração... As suas decisões servem para afirmar autoridade, sem que o seu conteúdo ou a sua bondade tenham qualquer relevo. Fazem obra para criar emprego, satisfazer os amigos, colocar os correligionários e gastar dinheiro. Como disse o bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo, o governo tem cada vez menos capacidade técnica e científica para preparar e tomar decisões. Os ministros confiam nos amigos, no partido e nas empresas complacentes e desprezam as opiniões técnicas e independentes. Os directores-gerais e os presidentes de institutos têm de ser de confiança política, também eles trabalham para as eleições. E o Parlamento? Poderá perguntar-se. Esse vive em sabática de competência. E em jejum de qualificações. Só nos resta acreditar no aforismo: quem governa pela propaganda, pela propaganda morre.


António Barreto

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domingo, 20 de janeiro de 2008

É O QUE TEMOS

Quando gostam de se insinuar como políticos de uma profunda reflexão e de ideias para além da espuma dos dias, os políticos de agora dizem que a sua fonte de inspiração é Churchill.
A sugestão implícita é a de que são políticos de causas, batendo-se por ideais contra a ditadura mediática e sempre apressada da luta política dos tempos de hoje.

A sugestão é, obviamente, ridícula e deve ser desprezada como tal.
Nenhum político de hoje tem a estatura de um Churchill, e por várias e irremediáveis razões. Primeiro, porque não nascem ricos nem aristocráticos, não se podendo permitir o luxo de olhar para a carreira política com o tom diletante com que o fazia Churchill: quando precisou de ganhar dinheiro a sério para manter o elevadíssimo nível de vida que não queria largar, Churchill ganhou-o como escritor, como colunista de jornais ou como jornalista e repórter de guerra e não sentado no Governo ou nos Comuns.
Segundo, porque o grande luxo de não precisar da política para ser conhecido ou para ganhar dinheiro dava a Churchill a faculdade de poder fazer política por duas únicas razões: por gozo ou por sentido de dever patriótico.
Terceiro, porque, tendo-lhe sempre sido indiferente a imagem que transmitia, permitia-se fazer e dizer qualquer coisa que lhe apetecesse, onde e quando lhe apetecia.

Conta-se que, largos anos depois do final da guerra, o marechal Montgomery,o herói do deserto e vencedor de El Alamein, contava a Churchill qual era o segredo da sua longevidade e boa forma física: Nunca fumei, fiz sempre exercício físico e durmo bem todas as noites.

Ao que Churchill, mais velho que o marechal, respondeu: Pois eu cá, o meu segredo é que sempre fumei, nunca fiz exercício físico e só durmo bem à tarde.
A sua actividade noctívaga era célebre.
Durante o blitz de Londres, era frequente vê-lo a seguir as operações anti-aéreas, noite fora, no centro de comando, e, quer em guerra, quer em paz, mantinha sempre um staff de três secretárias, que rodavam por turnos, de modo a cobrir as 24 horas do dia e a estarem sempre disponíveis para quando lhe desse a espertina.
A secretária que fazia o turno da manhã começava o despacho sentada ao lado da banheira onde o poderoso Winston Churchill se banhava nu durante horas, ao mesmo tempo que tomava um pequeno-almoço de ovos estrelados, bacon e costeletas de carneiro, acendia o primeiro charuto do dia e ditava ordens, discursos ou artigos para os jornais.
Está bom de ver que um homem com tais hábitos jamais faria carreira política nos tempos de hoje.

Mas, ao contrário do que apressadamente se supõe, Churchill esteve longe de ter uma carreira política de triunfo em triunfo.
Nos seus longos anos no poder, na oposição ou à margem da política, o que lhe sucedeu foram sobretudo derrotas.
Como primeiro lord do Almirantado, no começo da I Guerra Mundial, teve de se demitir, assumindo a responsabilidade política por erros de estratégia militar da Marinha de Guerra. Muitos outros erros cometeu como supremo responsável pela estratégia militar durante a II Guerra Mundial, e alguns deles com elevadíssimos custos humanos.
Entre guerras, encaixou uma série de desaires eleitorais e passou vinte anos a pregar sozinho no deserto contra o Tratado de Versalhes e a avisar que a Alemanha hitleriana se estava a rearmar. Mesmo reconhecido unanimemente como o principal responsável pela vitória dos Aliados, foi despedido sumariamente pelos ingleses na primeira eleição pós-guerra, dando razão a uma sentença célebre: A ingratidão para com os grandes homens é o sinal das grandes nações.
Em Ialta, ao lado de Roosevelt (a quem os historiadores depois desculparam, dizendo que estava muito doente), ele deixou-se literalmente enganar por Estaline, só tarde de mais acabando a vociferar contra a Cortina de Ferro.
E quando a Índia se batia por uma independência que a Inglaterra já não conseguia mais evitar, ele profetizou que, sem a Índia, a Inglaterra desapareceria do mapa e sozinho levantou-se nos Comuns para protestar contra a visita negocial de Gandhi, a quem chamava esse faquir seminu.

O que sobretudo interessa reter da biografia de Churchill é o retrato de um homem de uma imensa coragem física e moral, de uma personalidade à prova de quaisquer comentários ou julgamentos alheios e de um absoluto sentido de dever e de amor à Inglaterra - ou melhor, à ideia do Império Britânico, pelo qual combateu, como soldado, na Flandres, na África do Sul, na Índia, no Afeganistão e no Sudão.
De todas as célebres histórias acerca do seu famigerado sentido de humor, a que acho que melhor retrata a sua filosofia de corredor de fundo é talvez a última em data. Já muito velho, mas ainda deputado nos Comuns, sentado no seu obscuro lugar de backbencher e aparentemente adormecido durante um debate, Churchill ouviu uma conversa sobre si de dois jovens deputados sentados próximo: O velho está mesmo xexé.
Rodando sobre o cotovelo em que se apoiava, parecendo dormir, o velho Winston encarou-os e disse: E surdo!

Devo confessar que estas reflexões sobre o leão me ocorreram olhando para a ainda incipiente carreira de Luís Filipe Menezes à frente do PSD.
Como é que um bom autarca e um homem que parecia ter chegado à maturidade política - ou, pelo menos, ao lugar para que se vinha preparando há tempo suficiente - se transforma no espaço de dois meses num catavento político, que não conhece bússola, nem pontos cardeais, nem direcções do vento?
Parece-me óbvio: afinal, não estava preparado.
Ou cobiçou o lugar sem saber muito bem porquê ou para quê.
Acabado de eleger pelos militantes do PSD, ei-lo que se foi entregar nas mãos de um spin doctor
Escolheram Menezes, saiu-lhes Cunha Vaz: foi uma má maneira de começar as coisas. Convencido que a política moderna é apenas a imagem mais as frases certeiras no momento certo, Luís Filipe Menezes transformou-se numa marioneta triste, sem tom nem som, uma espécie de caricatura de si próprio.
Começou por seguir a moda das gravatas de cor lisas e de discursar com uma mão estendida, segurando o polegar e o indicador - deve ser o Cunha Vaz que acha que impressiona na televisão.
Depois, sem assento no Parlamento, inventou uma fórmula assaz patética de fingir que está presente nos debates principais, convocando a imprensa para discursar a seguir sobre as intervenções do primeiro-ministro, sozinho e sem contraditório.
Enfim, mal preparado, sem ideias sobre os assuntos que interessam nem tempo para as ter, reduziu toda a postura de líder da oposição a uma regra simples: o que Sócrates fizer, ele é contra; e, se fizer o que ele quer, é porque se rendeu às ideias de Menezes.
Com excepção das extraordinárias propostas que fez para dividir com o PS as grandes obras públicas, a banca e os comentadores televisivos, Menezes oscila conforme acha que sopra o vento, se necessário desdizendo hoje o que dissera ontem.
Se no passado, tal como Sócrates, defendia a Ota, acabou a reclamar vitória em Alcochete; se Sócrates desistiu de convocar o referendo ao Tratado de Lisboa (que Menezes tanto queria evitar) foi o primeiro-ministro que se rendeu às ideias do PSD e por não as ter próprias; se o Governo emenda a mão no dia seguinte e desiste de pagar os aumentos das pensões em duodécimos, tal como reclamado pela oposição, tal representa simultaneamente uma grande vitória do PSD e um sinal de desnorte do Governo.
Se Sócrates se gaba de ter posto o défice público abaixo dos 3%, Menezes chama o infausto dr. Bagão Félix para explicar ao estupefacto país que foi ele próprio e no Governo Santana Lopes quem conseguiu transformar a água em vinho e outros milagres que tais.
E a quem, lá dentro do partido, lhe pergunta para onde vai com tantos ziguezagues, ele responde que são uns cobardes e que, se quiserem, já está pronto para eleições: não contra Sócrates, mas contra os inimigos internos.
Pobres políticos de agora!
Que raio de profissão!


Miguel Sousa Tavares

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

PORTALEGRE NECESSITA MESMO DE AUTO-ESTRADA?

O anúncio da possibilidade da ligação da auto-estrada 23, que passa na Beira-Baixa, a norte do distrito de Portalegre, com a A6, que liga Évora a Elvas, provocou algum debate em Portalegre.
Desde logo todos os políticos com cargos a nível local ficaram embevecidos com a ideia de poder vir a haver uma auto-estrada a passar em Portalegre.
A mentalidade dos que pensam que o progresso vem com o alcatrão e com o betão é comum a todos os partidos políticos da região.
As divergências só surgem quanto ao possível traçado: uns defendem que deve ligar a A23 a Elvas, outros a Estremoz.
Há até um deputado que diz em tom conciliador Devem ser feitas as duas ligações!.

Sejamos racionais: Portalegre necessita de uma auto-estrada?
Neste momento a cidade está ligada à A23 e à A6 pelo IP2.
Está a ser construído o IC13 que irá ligar a cidade à Ponte de Sor ao Montijo.
É verdade que há partes do IP2 que podem ser melhorados.
Na ligação a Elvas o troço Arronches-Elvas pode também sofrer melhorias (dependentes do poder central, como está patente em autdoors), pois a outra metade de
Portalegre a Arronches foi recentemente melhorada e está em óptimas condições.
A nível geral há bons acessos rodoviários a Portalegre.
O mesmo não se pode dizer dos acessos ferroviários (com estação a 12 km da cidade), mas isso é outra história.

Pergunto se é benéfico gastar milhões de euros numa auto-estrada, quando há tanta contenção da despesa e tantas carências sociais neste país?

Será benéfico para as construtoras e para os políticos que se apresentarão como os que conseguíram trazer essas obras faraónicas à região.

Podemos apontar vários malefícios da ligação por auto-estrada:
- Aumento da criminalidade numa região onde ela é
baixa.
O representante da GNR advertiu para o facto numa reunião da Comissão Mista de Coordenação do Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo.
- Fragmentação dos habitats.
Uma auto-estrada cria uma barreira à passagem de muitos seres vivos e leva à morte por atropelamento ou por choque de muitos animais que vivem na área.
- Aumento da libertação de CO2.
A construção de uma auto-estrada consome muita energia e materiais. Os veículos que por lá passam libertam mais dióxido de carbono por quilómetro percorrido, pois vão, em geral,a mais de 100Km/h em que o consumo por quilómetro percorrido é maior.
Haverá mais dificuldade em cumprir o protocolo de Quioto.

A não construção de uma auto-estrada, para além de evitar os malefícios enumerados pode trazer benefícios:
- Poupança de muitos milhões de euros ao erário
público.
- Conservação de uma paisagem e ecossistemas próximos
do estado natural.
- O facto de haver um Parque Natural da Serra de S.Mamede afastado das auto-estradas constitui uma mais-valia para o turismo de natureza, pois já há poucos locais onde se pode encontrar sossego, calma e silêncio.


José Janela

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DEMOCRACIA DE OPINIÃO E FOLCLORE

O historiador e jornalista Jacques Julliard publicou, em Le Nouvel Observateur [3-9. Janeiro, p.p.], um extracto do seu recente ensaio La Reine du Monde. Segundo o semanário, trata-se de uma interrogação sobre a ascensão inelutável da democracia de opinião.
O texto, pela sua importância, merece ser ponderado, pelo que reflecte do mal-estar das sociedades actuais, e do bloqueio ideológico e prático a que parece terem chegado as forças de Esquerda.


O alucinante acréscimo dos meios de expressão, Imprensa, Rádio, Televisão, Internet, ultrapassa, largamente, o modelo de representação única, omnisciente, omnicompetente, omnipresente, que é a figura de proa do sistema representativo. Na época de oiro, o representante do povo possuía todas as virtudes, e exprimia a opinião na diversidade, e o povo na totalidade. Como legislador, pronunciava-se acerca de tudo. Hoje, uma tal ficção é impensável. Os próprios eleitos do povo o reconhecem e multiplicam as comissões ad hoc, as juntas de sábios, as consultadorias de especialistas. Numa palavra: multiplicaram-se as fontes de legitimidade, escreve Julliard, acrescentando: A opinião é, antes de tudo, o espectáculo que a sociedade dá a si mesma; é a identidade de que ela toma consciência para chegar, progressivamente, ao domínio de si própria. Uma sociedade que se quer adulta não pode contar com os grandes homens para forjar uma imagem e um destino.

Os perigos decorrentes desta democracia da imagem resultam nas democracias administrativas tornadas comuns na Europa.
É o mimetismo da ideologia norte-americana, cuja democracia, esvaziada pela alternância de poder, apenas entre republicanos e democratas, existe no poder do dinheiro e na força quase imparável da televisão.
As fortunas gastas nas campanhas presidenciais nos EUA são escandalosas. Os imensos e secretíssimos potentados económicos regem e impõem as coisas públicas.
O mesmo sucede na Europa.
A mascarada das democracias estão à margem da realidade circundante. Depois, o que acontece é que os partidos deixam de se distinguir uns dos outros, porque mais não são do que expressões, já não dissimuladas, das oligarquias.


A ideia e os conceitos que formaram, aprofundaram e, por vezes, melhoraram os ideais republicanos estão a ser dizimados, sobretudo por aqueles que dizem defender esses mesmos ideais.
O capitalismo mais selvagem e mais hediondo tomou conta e distorceu os padrões e as balizas morais e éticas, fundadores das grandes doutrinas humanistas.
Conscientemente, que resta?
Nem a Direita o sabe.
O espectáculo fornecido por Sarkozy não é menos deprimente do que as deprimentes atitudes da Direita portuguesa.
Notoriamente, há uma pesada culpa dos meios comunicantes.
A ressurreição de Santana Lopes é disso exemplo.
Ele só existe porque existem televisões comuns na imbecilidade e semelhantes na ausência de crítica.
O mesmo é aplicável à Imprensa e à Rádio.
Da nódoa ninguém sai imaculado.
E a democracia sai ferida, irremediavelmente?, da junção de leviandades e de frivolidades desta natureza.


Jacques Julliard: O tempo escasseia, porque a hegemonia actual da democracia apenas repousa na ausência momentânea de adversário.
O sinistro projecto do PS e do PSD de aniquilamento dos pequenos partidos, através de uma indissimulada estratégia de poder dividido entre os dois dominantes, comporta algo de totalitarismo.
E o facto de os comentadores pertencerem, quase exclusivamente, ao mesmo clube ideológico, impede qualquer espécie de antagonismo doutrinal. As ideias e a correspondente ideologia de uma espécie de elite são impostas com subtileza mas com módica inteligência.


De novo Julliard a insistir que esta nova moral, sobretudo a das televisões, tem por objectivo inculcar normas.
Consiste, antes de tudo e sobretudo, numa apologia do dinheiro e de todos os meios imagináveis para o ganhar. A seguir, é uma obsidiante glorificação da violência, da lei do mais forte e do menos escrupuloso. Sob a capa do divertimento, a televisão exalta, a todo o instante, através dos seus heróis, os valores do capitalismo selvagem, o que se não confessa mas que permanentemente se pratica.


A democracia do mercado tem servido de pretexto para todas as aventuras da ganância, do lucro pelo lucro, da exploração desenfreada.
Os turiferários da desumanização encontram-se em todos os campos da actividade.
Porém, os que mais interessam ao poder económico, já sobreposto, largamente, ao poder político, são aqueles que dispõem de acesso aos órgãos de comunicação social.
Já o referi, nesta coluna: a inexistência de debate, a uniformização do pensamento, o sentido único da ideologia vão conduzir, inevitavelmente, ao esvaziamento democrático.
O desprezo que os cidadãos não escondem acerca dos políticos, é o eloquente testemunho da gravidade do problema.


O desinteresse dos políticos em cumprir as promessas corresponde, por igual, ao desprendimento, cada vez mais acentuado, dos cidadãos pelos fenómenos públicos.
O recente caso do BCP e das manigâncias do Governo, apostado em dividir, pataca a mim, pataca a ti, o festim da mesa posta, é alarmante.
Depois, as origens são brumosas e ninguém parece interessado em aclará-las.
O ruído e a futilidade opõem-se, com denodo, ao esclarecimento.
Fica-nos o folclore.


APOSTILA – É evidente que o ministro Mário Lino sai muito arranhado do assunto Ota - Alcochete.
Precipitou-se no jamais; mas seguiu instruções, é bom de ver. Independentemente de eu apreciar, ou não, a prática deste Executivo (e, na realidade, não aprecio), a mudança de opinião não entra nos domínios da sordidez.
No entanto, a reviravolta de José Sócrates carece de explicações mais claras. Quanto aos interesses, eles habitam nos dois (ou nos três) projectos.
E é aqui que está o busílis.
E é aqui que a democracia de opinião falhou, porque se estatelou na informação.
Fica-nos, de novo, o folclore.


ADIVINHA – Qual é o semanário, qual é, que não publicou uma resenha a um livro de conhecido preopinante, pelo simples motivo de o autor da crítica (neste caso autora) fazer sérias reservas ao texto?
Critérios editoriais?
Favorecimento?
Para uns, sarrafo; para outros, borracha ou lápis azul.
Para os amigalhaços, conforto e acalanto; para os outros, os rigores dos paradigmas.
Não há duas maneiras de amar a liberdade e a livre opinião.
Há é modos de a mascarar.


B.B.

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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

MILLENNIUM BCP PERDE MAIS DE MIL MILHÕES DE EUROS EM DOIS DIAS




ASSIM VAI O BANCO

DA CORJA




COM A GESTÃO

SOCIALISTA



SANTOS FERREIRA

E

ARMANDO VARA.

Quando os portugueses levantarem todo o dinheiro dos depósitos que tem no banco, é que vão ser elas.

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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

OS 'GÉNIOS' E OS OUTROS

As afrontosas injustiças sociais conduzem as pessoas a um cada vez maior afastamento do acto cívico e ao desprezo repugnante pelos políticos.
As estatísticas são reveladoras.
Nunca será de mais referir as evidências.
Está em marcha uma espécie de mexicanização do regime, em que apenas o PS e o PSD estão dotados da autoridade do poder.
A tentativa de se amordaçar a voz dos pequenos partidos destrói a tese segundo a qual, em democracia, as singularidades devem ser afirmadas, reivindicadas e, inclusive, estimuladas.
Aos homens da minha geração e àqueles que se nos seguiram causa calafrios a doutrina de que os outros não dispõem de bons argumentos.

Temos, talvez, excesso de memória, como disse a investigadora Irene Pimentel: possuímos o lastro de uma História cuja linguagem se choca com esta realidade, que serve de ligação a versões turvas da liberdade, da equanimidade e da justiça.

As perversões bradam aos céus.
Vão-se conhecendo as reformas obscenas [expressão de Bagão Félix] atribuídas a gestores de instituições públicas;
os salários indecorosos;
os privilégios e os prémios;
as mordomias e as sinecuras.
A soma das iniquidades causa ressentimento num país com dois milhões de pobres, elevadas taxas de desemprego, velhos a morrer nos jardins, jovens perplexos com o futuro.

A revista Visão publicou [10 de Janeiro, p.p.] um documento impressionante, no qual são reveladas as diferenças das folhas de ordenado em 25 grandes empresas.
Os números são revoltantes. Henrique Granadeiro, administrador-mor da Portugal Telecom, aufere, mensalmente, 185 590 euros [cerca de 37 500 contos], ou seja: 128 vezes mais do que a empresa gasta com 128 trabalhadores, na base de que cada um destes recebe 1449 euros [cerca de 300 contos] mensais.
O rol de disparidades não se limita a este caso.
E um tal Rui Luz, perito em recursos humanos, sustenta a indecência com a frase: A escassez de talento justifica os salários de directores de primeira linha.
Na interpretação deste cavalheiro, estamos perante Einsteins, Oppenheimers, seres incomuns, com elevados graus de genialidade.
Não é assim.
Conheço alguns dos indicados, cujas meninges deixam apreensivos todos aqueles que não escrevem samarra com cê de cedilha e polícia com U.

Mas este é o discurso do poder e os seus ecos mais condenáveis.
Perdeu-se o sentido das proporções, e a ética foi torpedeada por uma democracia administrativa que protege e premeia quem a defende e vitupera e persegue quem a critica.
Não há grande variação das formas da palavra.
Entre os que decidem, os que se submetem e os que reivindicam existe o domínio de classe que tende a confundir a generalidade e o interesse geral.

Quem nos acode?

B.B.

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terça-feira, 15 de janeiro de 2008

MAIS VIGARICES DE CARLOS SARAIVA...

A Câmara de Lisboa já

tinha embargado as obras

do futuro hotel

em Dezembro de 2002.


O projecto de alteração e ampliação do palácio estava em apreciação na Câmara e no Ippar, depois de uma anterior versão ter sido chumbada por este instituto, mas a autarquia já tinha autorizado a construção do estacionamento subterrâneo que agora está pronto e vai servir o hotel.
O motivo do embargo então proferido pela vereadora Eduarda Napoleão foi a demolição das escadarias e colunas de pedras existentes nas traseiras do palácio, efectuada a pretexto da escavação do parque de estacionamento.

O objectivo foi dar um sinal e impedir que o edifício seja tocado antes de as obras serem licenciadas, afirmou nessa altura um porta-voz de Eduarda Napoleão.
Afinal, o sinal não serviu de nada e os serviços que detectaram a demolição ilegal da escadaria nada mais viram nos cinco anos que passaram desde então.
O projecto de transformação da Casa dos Governadores da Torre de Belém, um imóvel em vias de classificação onde o rei D. Luís chegou a viver em 1862, começou por prever a substituição de um anexo existente do lado da Universidade Moderna por um edifício de cinco pisos, mas o Ippar opôs--se a essa solução ainda no tempo em que Margarida Magalhães, actual administradora do Grupo Carlos Saraiva, era vereadora do Urbanismo.
A versão que acabou por ser aprovada prevê a manutenção de parte desse anexo do século XIX e a construção de um corpo de quatro pisos na parte restante.
Mais polémica do que a construção do hotel neste palácio foi a aprovação, em condições nunca esclarecidas, do seu parque de estacionamento, ainda no tempo de João Soares e do vereador do Trânsito Machado Rodrigues, em terrenos que Soares tinha cedido verbalmente à Universidade Moderna.


José António Cerejo
Público
15 de Janeiro de 2008

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