segunda-feira, 30 de novembro de 2009

MAIS UM POUCO DE ECOLOGIA CÁ À MODA DO BURGO...



Na passada Sexta feira, noticiava o Expresso online aqui:


«Nem a chuva intensa impediu a plantação de quatro mil árvores.

Dois dias antes do Dia da Floresta Autóctone, e debaixo de chuva intensa, cerca de meia centena de pessoas juntaram-se na Samardã para plantar quatro mil árvores, uma iniciativa para "a promoção e conservação das florestas naturais" apadrinhada pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e pela Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza.


(...)

Em comunicado, a CGD contabiliza que, no mesmo dia, no âmbito do projecto de recuperação da floresta original portuguesa, foram plantadas 15 mil árvores em sete localidades diferentes (Baião, Cadaval, Grândola, Ponte de Sôr, Portalegre, Sabugal e Vila Real), acções que contribuíram para que o projecto da "Floresta Caixa" já tenha ultrapassado as 107 mil plantas, "entre espécies arbóreas e arbustivas autóctones, colocadas em terrenos de Norte a Sul do país". (...)»


Ainda pensei que algumas dessas árvores viessem para o Jardim do Monte da Pinheira, do qual já falei aqui no blogue, na passada Segunda Feira.


Na altura, não tinha fotos, mas para que os meus leitores me percebam como é possível existir um jardim sem árvores, aqui deixo algumas fotos, de fraca qualidade, mas que dão para perceberem bem do que falo.


Eis uma panorâmica do jardim, relva verde mas nada de árvores. Embora o verde pareça desmaiado, posso garantir que a qualidade da relva não é má de todo.

Pormenor do caminho que atravessa o jardim. Nos dias de verão, a sombra dos candeeiros é muito apreciada!


A zona central tem bancos ao seu redor, que não parecem estar no melhor estado de conservação.


Sobre esses bancos, está uma estrutura composta por vigotas, que penso servirem, num futuro próximo (século XXII?) para plantas trepadeiras. O desalinhamento que se vê na foto não é nenhum arranjo estético, são mesmo algumas vigotas que se encontram soltas (sim, soltas!), e que se podem mover facilmente, empurrando-as. Qualquer criança que se empoleire poderá, inadvertidamente ou não, derrubar alguma peça. E se cair em cima de alguém? A quem se deverão pedir explicações?


Por isso, aviso os pais que deixam as suas crianças brincar naquele jardim para terem cuidado ou queixarem-se a quem de direito.


Para terminar, somente um pequeno comentário.


Todos sabem que a blogosfera é um mundo de partilha, um copy-paste constante, «eu roubo-te a ti e tu roubas-me a mim...» por isso é frequente irmos buscar posts a outros blogues e vermos os nossos noutros. São as regras do jogo e ainda bem que assim é.


Um dos blogues mais conhecidos da nossa zona é o pontedosor.blogspot.com, que por vezes, reconhece algum valor às patacoadas que aqui vou escrevendo e resolve publicá-las.


O post de que falei na segunda feira, «Hoje Sinto-me Verde!...», foi publicado nesse blogue.


Houve um comentário dum Anónimo (são sempre anónimos, mas de cara bem conhecida!) em que me chamava "demagogo". Dizia o citado comentarista:


«ja sei porque é que este país está tão atrasado.
É por ter demagogos destes como professores!!!»


O que é um facto é que a opinião pública de Ponte de Sor é assim: insulta, refila, mas são muito pouco assertivos. Insulta-se quem tenha a veleidade de ter uma opinião, mas sem se refutar nada do que fora afirmado. Não se vai à raiz do problema, pois a cobardia está latente nessas pessoas. E as colunas direitas são um bem em vias de extinção!


Se alguém me dissesse «eh pá, isso é treta, pois o novo conceito de jardins é assim, sempre se poupa água na rega das árvores, por isso estás a ser demagogo». Se alguém me dissesse isso, eu reconsideraria, mas insultar simplesmente dizendo que este país está atrasado, por ter professores demagogos como eu...


Deve ser algum adiantado mental!


E fim da polémica!


PAPAGAIO DALTÓNICO

Etiquetas: , , , , ,

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O ESTADO A QUE "ISTO" CHEGOU...

Pouco podemos esperar desta democracia. Chamam-lhe representativa mas, na verdade, pouco ou nada nos representa. Vivemos não numa comédia de enganos, mas numa tragédia de mentiras. Os conceitos morais, os princípios éticos foram pulverizados. Ainda agora, Fernando Lima, que fora destituído das funções de assessor para a comunicação social do Presidente da República, foi por este promovido. Recordemos que Lima, envolvido no caso das escutas em Belém, portou-se como o cargo exigia: defendeu o amo e senhor, notoriamente responsável pelo imbróglio. Fernando Lima é um jornalista abaixo do medíocre, cuja carreira é embaraçosamente surpreendente. Não possui méritos assinaláveis que apoiem ou justifiquem os lugares de chefia e de directoria por ele desempenhados. Sobre o caso já escrevi, no JN, dois artigos. Não desejo alongar-me mais: o assunto fede. Mas que esse fedor exala algo de nauseabundo e de pérfido, lá isso…

Sobrenadamos neste oceano glauco de pagamento de favores, de tranquibérnias de todo o jeito e feitio, de promoção de yes men, de percursos sombrios, de corrupção vulgarizada, de actividades pouco claras. Um fartote! Podemos afirmar que vivemos em democracia? Não.

Ainda há dias, no programa Prós e Contras, RTP1, de Fátima Campos Ferreira, ficámos a saber, uma vez mais, como os lídimos representantes da Justiça não se entendem. Não é novidade para ninguém que a Justiça, em Portugal, é inexistente. E que, como muita gente responsável declara, beneficia quem tem dinheiro e desmerece de quem o não tem. O bastonário da Ordem dos Advogados, o dr. Marinho e Pinto, tem desmontado, com invulgar coragem e rara audácia, os meandros em que a instituição se tem enredado. Não se esqueceu de dizer que nada aconteceu aos juízes que ofendiam a moral e a decência, nos amargamente famosos Tribunais Plenários, antes do 25 de Abril. Depois, muitos foram recolocados, com alegre leviandade.

Um país sem memória, ou que não cultiva a recordação das coisas, está irremediavelmente condenado. E, a propósito, não esquecer, também, o facto de o dr. Cavaco ter negado uma pensão à viúva de Salgueiro Maia, e não as haver recusado a ex-agentes da PIDE. Foi, aliás, durante a década cavaquista que a amnésia histórica se alargou, como ideologia dominante.

Nas Redacções dos jornais jornalistas de grande competência foram removidos pela incomodidade que representavam. A decadência da Imprensa portuguesa, o elevado grau da sua imaturidade, a ausência de carácter na maioria dos jornais decorre daí. Ramalho Ortigão, que foi nosso mestre, disse que, para se escrever nas folhas é preciso ter ombros largos. Queria dizer que o jornalista, para o ser e enquanto tal, tem de saber enfrentar as armadilhas, as velhacarias que a todo o momento se erguem no caminho dos profissionais honrados.

Pouco podemos esperar desta democracia, repito. Os Governos (este, então, bate recordes) estão repletos de pingentes encardidos, cuja noção de serviço público é igual à de um eguariço a açoitar as bestas. O Executivo Sócrates, depois de ganhar as eleições com margem relativa, começou, imediatamente, a tripudiar sobre o programa que apresentara, semanas antes, ao eleitorado. Chama-se falta de palavra. Todavia, parece que os portugueses já se habituaram a esta continuada indignidade. Um cavalheiro é acusado de crime e logo se descobre que auferia o vencimento de 6 700 contos, moeda antiga. Um outro, que escuma de ira, quando vai à televisão e o contradizem, vai receber uma reforma de 3 600 contos mensais, adaptáveis à inflação, por ter exercido funções públicas, durante seis meses!, num banco. O rol não pára. E só raramente estes casos, de absoluta imoralidade, aparecem nas primeiras páginas ou abrem os noticiários dos telejornais.

A nebulosa do viver português leva-nos a conjecturar as mais sinistras tropelias e a desconfiar de meio-mundo, enquanto o outro meio está de remissa. A Justiça não está ao nosso lado, ao lado daqueles que não dispõem de dividendos suficientes para pagar a um advogado dos grandes escritórios. A imprensa, de uma forma geral, ignora-nos e aos nossos dramas. O futebol serve muito mais o poder, depois de Abril, do que durante o salazarismo. Serve-o como entorpecedor das nossas energias e das nossas indignações. Estas, estão pelas ruas da amargura.

O eng.º Van Zeller, nobre figura, vem à liça e quase que impede a miséria dos aumentos. O dr. Constâncio, socialista e tudo, ergue, medonho e implacável, a sobrancelha direita, e proclama o mesmo ou pior ainda. José Sócrates anda de beijinho com o PSD e enfurece o CDS-PP, que se presumia o privilegiado. O Bloco está à espera. O PCP desconfia, como é seu estilo. O PS não é nem deixa de ser. Claramente, esta situação opaca e suja não pode continuar. Os portugueses têm sido comprimidos entre o que dois partidos desejam. Nenhum é melhor do que o outro. Mas já não somos o que éramos ou, acaso, sempre fomos assim…


B.B.

Etiquetas:

terça-feira, 24 de novembro de 2009

UMA "ESTÓRIA"...



A Olympus tirou 60.000 (60 mil) fotografias, revelou 9.600 delas e fotografou novamente 1.800 fotos para fazer este vídeo.

Etiquetas:

E MAIS FITAS...



Antero

Etiquetas: , ,

FITAS



Antero

Etiquetas: , ,

HOJE SINTO-ME VERDE!...

Não, não se preocupem nem vejam nisto metamorfoses clubísticas!
Continuo vermelho, encarnado, escarlate... um bocadinho roxo de raiva pela derrota com o Guimarães, mas como sou daltónico...

Sinto-me verde, que é o mesmo que sentir-me ecológico. Pois hoje, dia 23 de Novembro, celebra-se em toda a Península Ibérica o

Dia da Floresta Autóctone.




Mas que raio de palavra, «autóctone»... Entaramela-se-me na língua... mais parece alemã! Segundo os livros, «floresta autóctone» é uma floresta composta por árvores originárias do mesmo território. Portanto, nada de misturas.

E qual a importância das florestas autóctones? É simples de ver, senão observemos:

1) As florestas autóctones estão mais adaptadas às condições de solo e clima do território, sendo mais resistentes a pragas, doenças e a períodos longos de seca e de chuvas intensas, em comparação com as espécies introduzidas.

2) As florestas autóctones são componentes importantes no pastoreio de ovinos, na actividade apícola e no suporte aos cogumelos silvestres.

3) As florestas autóctones são importantes locais de refúgio e reprodução para grande número de espécies animais autóctones (alguns delas em vias de extinção, como a Águia-real, Águia de Bonelli, a Cegonha-negra ou o Lobo Ibérico).

4) As florestas autóctones ajudam a manter a fertilidade do espaço rural, o equilíbrio biológico das paisagens e a diversidade dos recursos genéticos.

5) As principais ameaças às florestas autóctone são incêndios, pragas, doenças, invasão por espécies não autóctones e cortes prematuros e desordenados.

Conforme podem facilmente constatar, «O Papagaio Daltónico» também é educação e cultura... Não é só «má língua», como muitos acusam!

Mas as palavras são como as cerejas, é verdade! Quando comecei a escrever este post não tinha a intenção de ser tão académico... Queria falar um pouco sobre o «Verde em Ponte de Sor».

Não! Não vou continuar a falar dos semáforos perto do estádio, pois parece que ninguém liga e as pessoas parece que gostam de estar assim. Vá lá saber-se...

O que queria aqui referir é que um dos motivos de chacota com que os meus amigos de fora costumam «picar-me» é a originalidade de, em Ponte de Sor, termos um... «Jardim de Pedra»! Para quem já viu um porco a andar de lambreta, poderá não fazer confusão, mas para quem goste de organização, equilíbrio, ordem e normalidade, convenhamos que não é habitual. Mas quem por cá passa saberá que Ponte de Sor é tudo menos... uma cidade habitual!

Continuando a falar de jardins, verdes e espaços ajardinados, que dizer do jardim que existe numa das zonas nobres e mais recentes da cidade, o Bairro do Monte da Pinheira? Para quem não saiba, é aquele bairro por detrás da Escola Secundária.


Jardim do Monte da Pinheira (Foto Ecos do Sor)


E qual será a originalidade desse... jardim? É simples. Continuando a falar da pouca... «habitualidade» de Ponte de Sor, da sua originalidade, que tal um jardim... sem árvores?!

Admirado? Então deixem-me explicar-vos e tentar descrever esse parque: uma zona central, com uma estrutura circular, formada por vigotas de cimento (algumas estão soltas, cuidado, pais!) que, penso eu, seriam para algum tipo de trepadeiras. Continuando, temos um parque infantil, pouco tratado, uma zona verde, com a relva frequentemente bem aparada (valha-nos isso!), dois caminhos a atravessá-la, com bancos de madeira, a necessitarem já de manutenção, que, em boa verdade poderá receber a sombra de alguns candeeiros que por lá estão, em dias de sol! Quanto a árvores, nada, zero, népia, nem autóctones, nem meio autóctones, nem transferidas, nada!

OK, já sei o que estarão a pensar: «se calhar o Bairro é novo, ainda não tiveram tempo de organizar o jardim...»

Pois, o Bairro é novo, começou a crescer há 15 anos... Se não chega para planear e executar, então não sei. Algumas das estruturas já precisam de reforma!

Por isso, meus amigos, anunciar plantações de árvores para comemorar o «Dia da Floresta Autóctone» pode ser muito bonito, mas não passará de uma grande hipocrisia se, no resto do ano, se manda às malvas (que também são verdes...) o resto das árvores e das zonas verdes do nosso concelho.

Para uma outra oportunidade, penso falar de outros dois membros da «classe verde» do nosso concelho: o sobreiro velhinho da Ervideira e as «arvores eléctricas» da Rua das Escolas!

Se por acaso, caro leitor ou cara leitora, tem algum exemplo que aqui queira deixar, força que ele aqui aparecerá.

Um abraço verde do Papagaio Daltónico.


PAPAGAIO DALTÓNICO

Etiquetas: , , , ,

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

DIA 23 DE NOVEMBRO - DIA DA FLORESTA AUTÓCTONE

Etiquetas: , , , ,

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

HIDRA

Durante dezenas de anos, fruto da maneira de ser muito portuguesa do deixa andar e do fingir que não se vê, aliada à novel cultura pós-modernista de que o dinheiro faz a felicidade, a corrupção foi-se espalhando por todo o tecido social e em progressão geométrica.
Só que as coisas chegaram a um tal ponto, em que o cheiro é já tão nauseabundo, que o ar se tornou irrespirável. E é já sem surpresa e com naturalidade que todos os dias assistimos a esta implosão de novos escândalos.


E, como está à vista de todos, o poder autárquico é um terreno fértil à propagação da doença.
A corrupção é, sem qualquer dúvida, o imposto mais caro que os portugueses pagam. E hoje as autarquias locais são as principais fontes de corrupção, sendo o urbanismo uma área de enriquecimento ilícito incontrolável.



Acresce que os presidentes de Câmara, muitas vezes pouco conhecedores de onde começa e termina o seu poder e educados na cultura autoritária e antidemocrática do antigo regime (que, ainda, têm por referência), estão convencidos de que são os donos e senhores das suas autarquias. E o dinheiro da autarquia, que chegam a confundir com o seu (basta ouvi-los falar), é utilizado para cimentar o seu poder, cumprindo a velha máxima de que a política serve para ajudar os amigos, prejudicar os inimigos e aplicar as leis aos que nos são indiferentes.


Assim, em vez de se guiarem por critérios objectivos na atribuição de apoios e subsídios a particulares e associações, o dinheiro público é, antes, utilizado para silenciar consciências, eliminar adversários e colocar homens de mão à frente das diferentes associações e instituições. Ou seja, a torneira autárquica abre ou fecha, consoante as associações e os particulares prestem ou não vassalagem ao senhor feudal.

Mas o que é mais revoltante e aviltante em todo este processo é a forma humilhante, sabuja e conformada como a maioria das pessoas aceita vergar-se ao poder presidencial para poder comer as migalhas que vão caindo do prato (o empregozito, o licenciamento da obra, o muro, o subsídio, etc.).

É certo que o voto é secreto.
Mas ninguém consegue ser vertical no momento de votar quando chega à cabine de voto com uma tão grande curvatura nas costas.
Quem vive de cócoras é incapaz de votar direito.


Santana Maia - Leonardo

REXISTIR

Etiquetas: , , ,

terça-feira, 17 de novembro de 2009

À ATENÇÃO DE QUEM PUDER AJUDAR


A obra vergonhosa do Sr. Carlos Saraiva, de roubar milhares de metros cúbicos de água à barragem com a construção de um aterro com mais de 8 hectares, para a implantação de campos de golfe, JÁ RECOMEÇOU.

Verifiquem se tudo está devidamente autorizado e licenciado.

Por este andar qualquer dia temos o acesso à barragem vedado aos residentes e utentes , pois o terreno que vai do Parque de Campismo a Vale Vilão é agora propriedade deste senhor.

A.S.

Etiquetas: , , , , , , ,

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

POLÍTICA E SERIEDADE

Hoje é ponto assente, para o homem comum, que os políticos são todos uns aldrabões e que só querem tacho. Agora também é verdade que a seriedade e a honestidade não são qualidades que os eleitores valorizem num político. Antes pelo contrário.

Não é, pois, de admirar que indivíduos condenados, indiciados ou envolvidos em casos de corrupção, favorecimento pessoal ou abuso de poder continuem a ganhar categoricamente as eleições. Ou seja, a falta de honestidade dos políticos (de que os portugueses tanto se queixam) é fruto, afinal, de uma escolha consciente desses mesmos portugueses que consideram, no fundo, a falta de honestidade uma qualidade essencial para um político poder exercer condignamente o cargo para o qual foi eleito. Daí a expressão tantas vezes ouvida, relativamente a pessoas que a opinião pública tem por sérias e honestas: o senhor é demasiado sério para ser político.

Tudo isto tem uma razão de ser. Num país, onde toda a gente sobrevive à conta de cunhas, subsídios e favores, todos têm a consciência do perigo que seria serem governados por alguém que fosse sério. Lá se ia o emprego da filha, o subsídio para o pessoal e a adjudicação da obra. Todos sabem da aldrabice em que vivemos. Mas poucos conseguem imaginar-se a viver sem ser assim.

Para já não falar do estafado argumento da obra feita com que se quer justificar o voto num político menos escrupuloso. Como se, com tantos milhões de euros de fundos comunitários, alguém pudesse não ter feito nada. Mas até, neste campo, a questão deveria ser outra. Ou seja, se a obra se justifica, se está adequada aos seus destinatários e potenciais utilizadores e se é proporcional ao dinheiro que custou.

Mas qual é o eleitor que se preocupa se o dinheiro que se gastou no estádio, na rotunda ou na piscina dava para fazer três estádios, três rotundas e três piscinas? Ou com o mamarracho que lhe espetaram na rotunda à porta de casa?

Para o povo, o que interessa é que o estádio, a rotunda e a piscina estão feitos. Quanto ao seu preço, ninguém se preocupa com isso. E se o político e a sua rede de amigos se abarbataram com algumas centenas de milhar de euros, pouco importa… O que interessa é que a obra está feita.

Acontece que tudo isto é pago com dinheiro dos portugueses. O dinheiro que esta gente mete ao bolso é dinheiro nosso. O dinheiro gasto na obra inútil, desnecessária e no mamarracho é dinheiro nosso. O dinheiro desbaratado em subsídios, almoços, viagens e electrodomésticos distribuídos ao domicílio é dinheiro nosso.

É isto que os portugueses não conseguem entender. Porque ganham pouco ou estão desempregados ou beneficiam de algumas migalhas deste esbanjamento de dinheiros públicos, os portugueses são absolutamente indiferentes à forma como os políticos derretem o nosso dinheiro.

Dizia Pacheco Pereira, outro dia, ao meu lado, numa acção de campanha: um português que nasça neste momento já deve 15 mil euros. E eu olhava para a plateia e apercebia-me do que ia na cabeça daquela gente: Eu já estou a dever tanto e a tanta gente que mais ou menos 15 mil euros pouca diferença faz ou que me interessa a dívida do Estado se não sou eu que a vou pagar? Eu até só ganho o salário mínimo…

Os portugueses não percebem (ou não querem perceber) que a sua miséria resulta precisamente da forma como quem nos governa desbarata os recursos que são de todos nós. Se os portugueses valorizassem mais a seriedade na actividade política, hoje haveria menos obras faraónicas ou inúteis, menos cunhas e menos subsídios, mas viveríamos todos muito melhor e a diferença entre pobres e ricos não seria seguramente tão grande.


Santana Maia - Leonardo

REXISTIR

Etiquetas: , , , ,

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A LIBERDADE SAÍU À RUA




Etiquetas:

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

PORTUGAL E ITÁLIA CADA VEZ MAIS PERTO...


Esta capa do Sol de hoje é um retrato do actual estado da nação.
Veremos o que isto vai dar, mas a situação pode remeter, pelo ambiente geral, para o que se passou em Itália, na primeira metade dos anos noventa do séc. passado.
Governava o PS de Bettino Craxi (que Mário Soares depois disso visitou na Tunísia e onde reafirmou a inocência do condenado em pesada pena de prisão por crimes de corrupção) e na altura, Claudio Martelli, que tinha sido ministro da Justiça (imagine-se!), tomou conta do partido, até se saber que estava enterrado até ao pescoço na mesma cloaca infecta da corrupção politico-partidária, mostrada à luz do dia pela operação mani pulite, cuja investigação era orientada por uma equipa de magistrados, cujos quatro principais estão aqui retratados nesta foto e artigo da revista Época (da Mondadori que pertenceria a Berlusconi) , de 28.1.1996.
Martelli foi depois condenado, por corrupção, no âmbito da operação Tangentopolli (luvas para contratos...) e acabou como apresentador de programas de tv, num canal de...Berlusconi.


Nessa altura, em Itália, já se falava no perigo da república de juízes...e por cá, se esta investigação da Face Oculta avançar, irá fatalmente aparecer quem dirá o mesmo.
Os Vitais Moreira e Júdices e outros já estão a pensar no modo como vão articular o discurso.
É por isso uma questão de tempo.
A diferença com a Itália dos anos noventa , porém, pode resultar de outra circunstância: o código de processo penal italiano, na época e em projecto para entrar em vigor, era aquele que nós acabamos por adoptar, mais ou menos na mesma época, mas ainda sem as mais de vinte alterações que entretanto lhe foram introduzindo.
Uma das particularidades do código italiano era a de as escutas serem amplamente divulgadas nos media. E ninguém se queixava da violação de direitos, liberdades e garantias.

José

Etiquetas: , , , ,