terça-feira, 31 de outubro de 2006

A "ESTÓRIA" DE PORTUGAL

O Departamento de Estado dos EUA desclassificou e colocou online www.archives.gov mais de 200 mil telegramas diplomáticos relativos a 1974, dos quais cerca de três mil respeitam a Portugal. Eles mostram a forma como a diplomacia norte-americana acompanhou o primeiro ano da «revolução dos cravos». Aqui se contam alguns dos segredos encontrados numa pesquisa não exaustiva, mas que também revela erros, desatenções e lacunas.


In: EXPRESSO/Dossiês


"O secretário-geral do PS, inicia um périplo europeu com a intenção de dar a conhecer o novo Portugal. A 2, é recebido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha, James Callaghan. O futuro primeiro-ministro inglês escreve ao seu homólogo norte-americano, Henry Kissinger, sobre o “útil encontro” com o português, que sugeriu que “a única pasta que o PS aceitaria” no Governo em formação seria a de primeiro-ministro.
Soares adianta que “declinaria o cargo de ministro dos Estrangeiros” e apresenta o PS como “a única força capaz de resistir aos comunistas, que, em sua opinião, contam com o total apoio da União Soviética”. O dirigente socialista mostra-se “muito impaciente” em avistar-se com Kissinger e visitar os Estados Unidos. Callaghan oferece-se como intermediário para um encontro. Acerca de Soares, o ministro britânico só tem palavras de elogio: “conheço-o há muitos anos e tenho uma grande confiança nele”, pelo que irá oferecer ao PS “ajuda técnica e organizacional, acreditando que um governo com a sua participação é o que melhores perspectivas oferece para o Ocidente”.
Kissinger responde de imediato a Callaghan (que trata por “Dear Jim”), a quem informa que o seu relato coincide com a conversa de Soares com o embaixador dos EUA em Bona, Martin J. Hillenbrand. Na opinião do responsável pela política externa norte-americana, “a situação em Portugal ainda é confusa e as intenções de Spínola não são claras”. Na capital da Alemanha Federal, Soares encontra-se também com o chanceler Willy Brandt, a quem explica as vantagens de integrar membros do PCP no Governo, por forma a “co-responsabilizá-los” pela política governamental. Ainda em Bona, avista-se com o embaixador da URSS, Valentin Falin; o embaixador americano faz questão de acentuar que a iniciativa partiu do soviético.
Segue-se Helsínquia, onde Soares transmite aos líderes sociais-democratas da Escandinávia os seus planos de integrar o futuro Governo, “talvez como primeiro-ministro”. Também aqui apoia a participação comunista no executivo.
A etapa seguinte é o Vaticano, onde é recebido pelo respectivo ministro dos Estrangeiros, o arcebispo Agostino Casaroli, que partilha as suas impressões com o embaixador dos EUA em Roma. Conta John A. Volpe que o número dois do Vaticano “sente-se incapaz de estar verdadeiramente optimista sobre o futuro” de Portugal. Tal como Kissinger, também Casaroli se queixa da falta de informações fidedignas, já que os relatórios do Núncio Apostólico em Lisboa, o arcebispo Giuseppe Maria Sensi, têm por fonte os anteriores contactos junto da Igreja e do Governo. Casaroli conta que esteve duas horas com Soares e que este lhe causou uma “impressão extremamente favorável, de uma pessoa inteligente, moderada e equilibrada
”.



Pergunte-se ao Albert Henry Kissinger qual foi a sua política para o burgo e o que é que ele pensava da posição (relativa) do então PCP sobre o PS e dos ulteriores desenvolvimentos dos interesses portugueses ultramarinos, designadamente na Ásia - à luz da lente da política externa de Washington d.C. (conluíada com Jakarta e com o ditador e corrupto do lagarto de Comoro).

Lembro-me que o dito Albert em 1991 veio a Portugal dar uma conferência ao Hotel Ritz - e só admitia no seu cardápio receber 3 questões. Depois meteu os 10 mil contos ao bolso - por dizer meia dúzia de babuseiras (na altura eram pérolas) e pirou-se para o aeroporto porque já tinha o avião à espera.

Aquilo que salientamos é a relatividade das coisas e das pessoas, tudo é perene, tudo definha, tudo perde importância.

Na altura ouvir Kissinger era como escutar um oráculo, hoje é um pouco como ouvir o beato César das Neves a explicar ao mundo que a Europa está em crise por causa da fragmentação da família. E do rebanho das alminhas que assim deixam de ir à igreja, que assim vê enfraquecida a sua influência na sociedade. O meu ponto é este: o que o tempo faz às pessoas... E à igreja, e aos beatos!!!

Beatos esses que quando vêem um puto esfomeado na rua viram a cara ao lado com receio que a sarna se pegue.

Mas lá se aperaltam para ir à igreja aos Domingos, todos engravatadinhos e polidos, mas é só por fora... Porque por dentro são exactamente iguais ao Kissinger. Quero dizer, piores porque entretanto já passaram 30 anos. Tempo que faz aparecer muito parkisson por aí...

A última vez que Kissinger foi visto a subir a escadaria do Capitólio levava umas saias escocesas vestidas - dizem. E por cá, alguns restolhos, leia-se, ex-ministros do velho Botas, também passeiam a sua surdez pelos corredores dos micro-poderes. E se amanhã a democracia lusa virasse uma ditadura musculada, seriam os primeiros a dizer que nunca apreciaram a democracia.

Com um bocado de sorte a dona Maria Eliza ainda elege um desses "grandes" portugueses apoiado nestes "citeriosos critérios".

Às vezes é bom viver em Portugal.

Outras vezes até apetece mandar Portugal à merda!!!

PS: Hoje não pedimos desculpa por ter mandado a nação à merda. Boa parte dela até merece.


Pedro Manuel

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

POBRE PAÍS O NOSSO...

O imposto escondido!

Após sucessivos disparates terem levado mais portugueses a olhar de soslaio o Governo e o seu líder - com reflexos visíveis nas últimas sondagens -, as atenções começam agora a centrar-se no debate orçamental, procurando cada qual perceber o que escondem aqueles papéis prenhes de opacidade burocrática e jurídica.

Lá está, por exemplo, o agravamento fiscal de quem trabalha a recibo verde em regime simplificado, que não belisca as profissões liberais altamente remuneradas mas atinge milhares de trabalhadores empurrados para este sistema pela inaceitável precariedade laboral. Só o alargamento da carga fiscal de quem passa recibo verde significará um aumento de quase dez por cento do IRS deste numeroso grupo de precários.

Lá estão também os reformados de quem, há um ano, o Governo dizia querer apenas pôr as grandes pensões a pagar mais IRS.
Percebe-se hoje o logro, já que, agora, todas as reformas acima de oitenta contos pagarão mais. Em 2008, já poucos duvidam de que serão também as pensões iguais ao salário mínimo.

Também lá se fala de pessoas com deficiência e de uma redistribuição fiscal entre deficientes com mais e menos posses - esquecendo que um governo (dito) de esquerda deveria prestar maior apoio aos deficientes mais pobres sem prejudicar outros deficientes mas, por exemplo, à custa dos benefícios da banca que em 2006 não pagou 1500 milhões de euros de IRC por causa de engenharias fiscais tão legais quanto imorais.

Quero também invocar o papel da inflação neste debate.
O Governo diz que ela será de 2,5% em 2006 e de 2,1% em 2007; o Instituto Nacional de Estatística anunciou que ela ficará este ano acima de 3,0%, e que em 2007 andará à volta de 3%, tudo já confirmado pelo Eurostat!
Isto mostra à evidência uma mentira orçamental e a má fé do Governo ao querer impor aumentos salariais de 1,5%.
Mas há mais a actualização de todas as deduções à colecta (em despesas de educação, de saúde, nas deduções específicas, etc), bem como a actualização dos escalões do IRS, será feita com base na inflação esperada na manigância governamental, isto é, em 2,1%.
Ou seja: todas as deduções ficarão quase um ponto percentual abaixo do que deveriam ficar se no seu cálculo entrasse a inflação do INE; pela mesma razão se subirá mais facilmente para um escalão superior de IRS.
Disto tudo resulta mais um agravamento fiscal que penalizará todos os contribuintes, sobretudo os de mais baixos rendimentos.
É este o imposto que o Governo quer esconder neste debate orçamental.

H.N.

sábado, 28 de outubro de 2006

ESTES SOCIALISTAS SÃO MESMO VIGARISTAS

Rui Pimentel/VISÃO

Trabalhos adjudicados sem concurso

Suspeita nas SCUT

«O estudo técnico que sustentou a decisão política do Governo de José Sócrates de colocar portagens nas SCUT do Norte Litoral (Porto/Viana do Castelo), Grande Porto e da Costa de Prata foi elaborado, por ajuste directo, por uma sociedade fundada por um adjunto de Paulo Campos, secretário de Estado das Obras Públicas.

A empresa chama-se F9 Consulting, trabalha na área da consultadoria e relações públicas, ganhou cerca de 120 mil euros (sem IVA) e foi criada por Vasco Gueifão e mais quatro sócios em 2001.»


In: SOL

"ISTO ANDA TUDO LIGADO"

A encruzilhada do eleitorado

José Sócrates e o seu Governo andam por aí a dizer que as coisas estão a melhorar; mas acrescentam: para o ano é que vão ser elas.
Não sabemos para que lado pender: se para o optimismo da primeira afirmação, se para a funesto prognóstico contido na segunda.

Os bons Governos são-no quando se não sente o peso das suas decisões. Aplicando esta norma à realidade, este Governo não é mau, é péssimo: mão insuportavelmente pesada, horizontes cada vez mais negros.

Custa-me a compreender as lúbricas alegrias de alguns articulistas, cujas prosas rejubilam com os impostos aplicados enviesadamente, os espancamentos que o Executivo aplica no dorso dos mais debilitados, as facilidades obscenas que oferece aos mais poderosos, as genuflexões escabrosas perante os grandes investidores, o desprezo absoluto ante os protestos inconformados de quem se sente socialisticamente atirado para o limbo.

Eduardo Prado Coelho, esse, então, não pára de louvaminhar.
Na sua crónica de anteontem, no Público, a propósito de uns blogues sobre plagiários, escreve: (?) eu acho que Sócrates serve, e muitíssimo bem. Devo dizer aos meus pios leitores que aprecio o Prado Coelho, considero-o e respeito-o, inclusive nas suas, por vezes, extravagantes tinetas e opiniões.
Esta, porém, carece de fundamentos reais.
O País (quero dizer: a maioria dos portugueses) está de pantanas: conta os cêntimos, o desemprego aumenta; fábricas e empresas encerram as portas ocasionalmente de modo fraudulento; o medo instalou-se na sociedade e esta, por seu turno, está, dia-a-dia, mais precaucionista (para usar a excelente definição do meu velho amigo Fernando Lopes); os suicídios crescem porque o desespero e a angústia não diminuem; homens de 40 anos são atirados para o vazio sem saída como seres inúteis; as perspectivas são medonhas - a avaliar o que o Governo nos promete.

A contestação está generalizada.
Viajo, frequentemente, pelo País, participo em debates e em discussões, e as evidências assentam em argumentos irretorquíveis.
José Sócrates falhou em quase tudo o que prometeu, traiu um eleitorado que, desabrido, nele confiou inteiramente, e criou, no seu próprio partido, um ambiente de cortar à faca.
As dissenções ideológicas, os atritos entre facções são tantos que só dificilmente podem ser dissimulados.

A melancolia portuguesa nada tem a ver com peculiaridades idiossincráticas.
Dêem ao português as condições prometidas e logo se encontrará a justificação para o velho dizer francês: les portugais sont toujours gais.
Criem um novo empresariado, menos burro, menos ganancioso, mais organizado, mais informado e, se possível, mais culto e mais criativo, e verão que o trabalhador português é capaz de tudo e de mais alguma coisa.

Sócrates perdeu, creio que irremediavelmente, o capital de esperança de milhões de pessoas. E ele não deve acreditar, em absoluto, no que é relativo: as sondagens.
As sondagens servem para que alguns jornais se divirtam um pouco com extrapolações de carácter voluptuoso: quem vai à frente e quem está atrás.
Coisa ruim.
As sondagens são o correspondente aos topes dos livros: os melhores autores só raríssimas vezes ocupam os primeiros lugares.

Como está a democracia em Portugal?
Não está bem.
Se a democracia é o poder do povo pelo povo, a verdade é que o povo não manda nada, se é que alguma vez alguma coisa mandou.
Porém, os Governos ditos de esquerda deveriam constituir uma força ideológica que correspondesse às urgências morais e sociais do nosso tempo.
Nada disso.
De cada vez que a Esquerda vai para o poder registam-se nítidos retrocessos sociais.
A prática da política transformou-se num negócio altamente competitivo, no bojo do qual se movem interesses não só cavilosos como, amiúde, sórdidos.

A iliteracia caminha, impante e impune, e os cortes na educação e na cultura acentuam-se.
Sócrates é bom utente do idioma, mas a maioria dos seus ministros troca a preposição para se estatelar no verbo.
Estas questões não podem ser expostas de modo abstracto, e todas elas possuem relações entre si.
Como dizia o Eduardo Guerra Carneiro: isto anda tudo ligado.
Esta caricatura de democracia faz acumular o descontentamento na sua eficácia.
O nome de Salazar volta a ser soletrado com transporte e unção.

Claro que poucas diferenças existem entre o PS e o PSD.
A desfiguração do PS vem de longe: não deve ser assacada, somente, a José Sócrates e à sua prática política, mais social-liberal do que solidária e fraterna. Dizia-me um amigo que as diferenças estão no tratamento: os do PS despedem as pessoas com um sorriso; os do PSD, à bruta e de má catadura.
Mas entre os dois venha o diabo e escolha.

Não há escolha possível, exactamente porque estamos confinados a decidir entre aqueles dois partidos, entendidos como partidos de poder.
Resta-nos a abstenção (o desdém mais cruel pela democracia) ou o envolvimento em acções públicas eficientes. Ou, ainda, votar no PCP ou no Bloco de Esquerda. Para quê?, se a possibilidade de qualquer daqueles partidos chegar ao poder é extremamente remota?
Funciona, neste caso, a consciência social, cívica de cada um de nós. E os dirigentes do PS e do PSD sabem muitíssimo bem que o eleitorado se encontra numa encruzilhada.

B.B.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

NOVA VIAGEM, NOVA CORRIDA...

CUSTOS DA

VIAGEM A CABO VERDE



A viagem turística da comitiva da Câmara Municipal

de Ponte de Sôr
a Cabo Verde
,

vai-nos custar
37.600,00 euros


É fartar de vilanagem

PURO VENENO...


Rui Pimentel/VISÃO

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

(YO)...PONTE DE SOR NÃO SABE NADAR..(YO)...



Bastaram umas chuvadas e algum vento para que as situações de desespero ocorressem um pouco por todo o país. Habitações inundadas, restaurantes destruídos, vias públicas bloqueadas, pequenos negócios destruídos, são o resultado de umas chuvadas, nada que se tenha assemelhado a um verdadeiro temporal e muito aquém daquilo que poderia dar lugar a cheias.


É um sinal claro de que as entidades públicas e, em particular, as autarquias apostam mais nas inaugurações do que na manutenção do que existe.
A inaugurações de novos equipamentos oferece maiores benefícios eleitorais do que a manutenção dos existentes, os próprios cidadãos estão mais disponíveis para bloquear uma estrada para que não se acabe com uma Scut do que para melhorar as escolas ou outras infra-estruturas públicas.


Desta vez não houve razão para grandes mobilizações da comunicação social, não ocorreu a queda de nenhuma ponte nem de nenhum ministro, apenas morreu uma idosa afogada na sua própria casa, em Pombal, aliás, quase todos os dias morrem portugueses devido a deficiências de infra-estruturas públicas sem que issa pareça ser motivo de grandes preocupações.

PS: Jorge Coelho disse no programa Quadratura do Círculo que no caso da queda da ponte de Entre-os Rios a culpa morreu solteira.
Porque motivo se demitiu deixando Guterres entregue aos apupos, em vez de permanecer no ministério para identificar as causas do desastre?
Ou achará que as insuficiências do funcionamento dos serviços da Administração Pública e a falta de recursos financeiros se resolve no banco dos réus?


JER

terça-feira, 24 de outubro de 2006

ELES COMEM TUDO... E NÃO DEIXAM NADA


Enviada: terça-feira, 24 de Outubro de 2006 10:32
Assunto: CARTA ABERTA AO BANCO (É bom que todos saibam...)
Esta carta foi direccionada ao Banco BES, porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direccionada a todas as instituições financeiras.



CARTA ABERTA AO BANCO

Exmos. Senhores Administradores do BES

Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.

Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários, pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.).

Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.

Que tal?

Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Além disso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardar pão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.

Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.

Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri. Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso ao pão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar. Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta".

Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.

Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como "Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam "por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro".


Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobraram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR "para a manutenção da conta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina da rua".
A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre – uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quente".

Mas, os senhores são insaciáveis.

A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações do v/. Banco.

Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.
Sei disso. Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.

Sei que são legais.
Mas, também sei que são imorais, injustos. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.


Vitor Pinheiro

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

LÁ SE FORAM OS POSTOS DE TRABALHO NA BARRAGEM DE MONTARGIL [parte II]


Qual a ligação entre estas empresas e pessoas?







- Solago - Investimentos Turísticos, Lda.;

- Hersal - Investimentos Turísticos S.A.;

- Grupo Carlos Saraiva;

- José Eduardo dos Santos;

- João José de Carvalho Taveira Pinto;

- José Socrates Carvalho Pinto de Sousa;

- Sonae;

- Orbitur;

MAIS 88.412,80 € PARA A FUNDAÇÃO ANTÓNIO PRATES

AINDA NÃO ABRIU, MAS RECEBE MUITO DINHEIRO





A Fundação António Prates, é um factor de preocupação acrescida para muitos.
Mesmo antes da inauguração prevista para 30 de Setembro, depois adiada para meados de Outubro e agora não se sabe mesmo para quando, este investimento público sobre uma Fundação privada, é uma espécie de banheira com o ralo mal vedado e que permite escorrer muito dinheiro.
O processo é simples:
A Câmara Municipal ofereceu a banheira do melhor modelo, António Prates ofereceu a tampa de borracha com defeito e as nossas contribuições são os baldes de água que a vão enchendo.
Só não percebi bem uma coisa: quem é que tem regulado a dimensão da fuga e para onde vai a "água"?


Só no 1º semestre deste ano, conforme vem publicitado no "Ecos do Sor", a juntar aos 800 e tal mil euros já gastos nos projectos, nas obras, nas correcções das obras e nas correcções das correcções das obras, vem mais uma parcela de 88.412,80€ de subsídios.


"Sr.Presidente da Câmara, faça um favor à despesa pública: abra de vez o centro de arte moderna. Eu, como muitos, sempre ouvimos dizer que “com o dinheiro não se brinca”."
João Pedro Amante
In Jornal "A Ponte"
edição de Outubro.06


FILHOS DA PONTE

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sábado, 21 de outubro de 2006

LÁ SE FORAM OS POSTOS DE TRABALHO NA BARRAGEM DE MONTARGIL



SUÍÇA CONGELA 100 MILHÕES DE DÓLARES DE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS


É mesmo muito dinheiro:

«Com 100 milhões de dólares bloqueados, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, é um dos governantes (actuais e antigos) a quem as autoridades suíças congelaram contas bancárias num processo já designado "operação de limpeza" no país mais neutral do mundo. A revelação foi feita pelo diário espanhol El País na sua edição de ontem, sem dar mais pormenores sobre o caso do líder de Luanda. Outro dos visados, com o equivalente a 24 milhões de euros bloqueados esta semana, foi o ex-chefe dos serviços secretos peruanos Vladimiro Montesinos. Estará assim a ser acelerado um processo iniciado há uma década de congelamento de contas bancárias e devolução de dinheiro a países afectados. Até agora, a Confederação Helvética já restituiu 1546 milhões de dólares (ou 1230 milhões de euros). Estão ainda bloqueados outros 1600 milhões, acrescentou o jornal madrileno. »
In:Público

Pergunte-se ao governo de Angola quanto ganha o seu presidente.


Pergunte-se ao Dr. Taveira Pinto, Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, se conhece as ligações do José Eduardo dos Santos ao projecto de Investimento na Barragem de Montargil.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

OS CADERNOS

Dentro de si, naquele momento, ele era como o xerife John Chance, exactamente da maneira como John Wayne o interpretou em Rio Bravo. A sua sombra era a personagem de Dean Martin nesse mesmo filme. Ali, na sala, aquele momento da manhã estava para um final de tarde de Outubro da mesma maneira que Le Père Goriot, de Balzac, está para o Rei Lear, de Shakespeare. A mãe dele, na penumbra das portadas, tinha um olhar que facilmente se poderia imaginar no rosto de Napoleão no Inverno de 1814. Apesar disso, havia um ambiente que arrastava o tempo de um prelúdio de Debussy (possivelmente Le Vent dans la Plaine) porque, afinal, eram filho e mãe. Afinal, ele era um homem que, antes do início da sua vida, tinha estado dentro daquela mulher, a partilharem sangue, ar e pensamentos.
Então, as palavras começaram a suceder-se na voz dele. Foi como se tanto ele, de pé, misturado com o lusco-fusco, como ela, na poltrona zangada de veludo, apenas ouvissem. Para ele, foi como se a sua própria voz não lhe pertencesse, como se existisse o seu corpo, existisse a sua alma e, depois, ao lado, dentro de outro molde, existisse a sua voz. Em tom de pesar, disse que foi ele que roubou os cadernos do pai. Disse que a mãe podia parar de acusar a menina Leonilde. Tinha vendido os cadernos em troca de quase nada para pagar dívidas de jogo. Dentro dessa palavra, jogo, estava um candeeiro a condensar luz em blocos maciços de fumo de cigarros numa sala de janelas fechadas, trancadas. Ele pousou as pálpebras sobre os olhos para ver essa imagem.
A mãe não disse nada logo nesse instante. Esperou. Esse instante, foi uma vertigem em que várias memórias se precipitaram sobre ela. Cravou as unhas nos braços da poltrona e viu o rosto do marido na madrugada em que o sentiu gelado e morto na cama. Tinham passado poucos meses sobre essa madrugada. Poderiam passar décadas, vidas completas. Ao mesmo tempo, com os dentes cerrados, viu a sucessão de todas tardes em que o marido se sentou na varanda, com cadernos pousados no colo. Ao longo dos anos, a pouco e pouco, os cadernos encheram todas as prateleiras do escritório, desde o chão até ao tecto. Quando era vivo, mesmo até à véspera de acordar morto, o marido costumava dizer o seu próprio nome de família, composto, sublinhado, parava para ouvir o seu eco, e costumava dizer que os cadernos haveriam de pertencer aos seus netos e aos netos dos seus netos. Depositava grande fé nessa convicção. Alimentava-a com todos os auto-incentivos porque era assim que se justificava a si próprio. Precisava de acreditar que os anos em que não tinha visto o filho crescer, ou os voos das aves sobre o jardim no princípio de cada primavera, ou os bailes quando ainda podia, ou as noites, ou as horas de sol que tinha perdido, eram largamente compensados pela aprovação dos homens futuros. Às vezes, deixava escapar pedaços dos seus sonhos: seria referido em enciclopédias, seriam publicados compêndios sobre a sua obra. Os cadernos tinham sido o trabalho que o animara desde a adolescência. Casara-se por acaso. Tivera um filho sem saber como. Almoçava e jantava. Nos cadernos, com entusiasmo vivo, tirava notas de todos os livros que lia, de todos os filmes que via, de todas as músicas que ouvia. Milhares de livros, milhares de filmes, milhares de horas de música. Nas páginas, havia nomes e datas, citações e referências.
Depois, a mãe teve a noção aguda daquele momento presente. O passado enorme e o futuro infinito perderam a importância e, dentro de si, no silêncio, cresceu uma possibilidade de melodia que não reconheceu, mas que era decalcada de uma lembrança da Suite número 2, do opus 4, de Béla Bartók. Só ela podia ouvi-la, mas não pensava nisso porque procurava palavras que, se as tivesse encontrado, seriam semelhantes às que Jean Gabin imortalizou em Pépé, Le Moko, sempre que falava de Paris. O filho esperava e entretinha-se enredando raciocínios que, na forma, coincidiam exactamente com a erudição do pai de Tristram nas páginas de Tristram Shandy, de Laurence Sterne. Na aparência, no entanto, aquele instante de mãe e filho em absoluto silêncio, imóveis, tinha a leveza gentil de uma cena qualquer, qualquer, de Laura, filmado em 1944 por Otto Preminger e por Rouben Mamoulian.
A tensão inicial tinha sido totalmente dissolvida na pele dos seus rostos. O filho aceitaria tudo o que a mãe poderia ter para lhe dizer. Nenhum ressentimento, por mais profundo, poderia ultrapassar a culpa que quase o tinha destruído na última semana. Assistir ao modo como a mãe, por momentos, deixara de ser senhora para insultar a menina Leonilde, fora apenas uma parte pequena da tristeza ácida que desgastava o seu silêncio repetido. Ali, estava pronto. Que viesse um destino.
A mãe tossiu pausadamente para limpar a garganta. Antes da primeira palavra, houve um momento de fronteiras nítidas que foi igual ao compasso que antecedeu as primeiras palavras do presidente Truman na Conferência de Potsdam, foi um momento feito de Liszt (concertos para piano 1 e 2), foi uma descrição inteira de Henry James em Retrato de uma Senhora, foi todos os meses de Trés Riches Heures, dos irmãos Paul, Hermann e Jean Limbourg.
E a mãe disse simplesmente que não fazia mal, que compreendia. A sua voz era sumida como as palavras gastas nas páginas de um livro fechado há muitos anos. Logo a seguir, o filho não entendeu os seus próprios movimentos. Abriu a janela e a claridade inundou as paredes vazias da sala. As cortinas desapareceram. Mãe e filho sorriram um para o outro, de novo dentro de um silêncio confortável. Não houve um vinco mínimo ou uma única prega na transparência daquela manhã. O filho respirou, saiu e pensou que noutro dia, em breve, lhe contaria que foi também ele que levou o serviço de chá.

José Luis Peixoto
JL

NÃO APAGUEM A MEMÓRIA [parte III]

A propósito de um simples entretenimento televisivo que tem por tema a eleição do maior português de todos os tempos, a blogosfera foi inundada por textos com loas ao ditador Salazar.

Não admira.
Trinta e dois anos após o 25 de Abril, para além dos saudosistas, há uma geração que não foi mandada para a guerra colonial, que não sabe o que é um jornal censurado, que não conheceu a polícia política, que nunca viu velhos e crianças de pés descalços.
Para quem não conheceu esse tempo a preto e branco, aconselho vivamente a consulta do álbum de Eduardo Gageiro Lisboa, no Cais da Memória.

Para além do tempo que passa e vai levando consigo a memória viva dos anos de chumbo, Portugal tem tido o cuidado de apagar a sua memória colectiva.
Criou-se mesmo uma mentalidade dominante que classifica como arengas de velhos as referências a um regime que fez de Portugal o país com mais analfabetos de toda a Europa.
Em Espanha, uma ditadura mais feroz ainda teve o cuidado de desenvolver o país.
Mas a ditadura rural de Salazar fez de Portugal um quintalório de vistas curtas.

O elogio de Salazar também não espanta no contexto de uma Europa onde a extrema-direita está em ascensão.
O último número do Correio Internacional ilustra bem como e porquê andam em alta as simpatias por partidos nacionalistas e populistas, alimentadas no caldo de cultura da incompetência, da demagogia, da corrupção em que as democracias se vão deixando cair e nos efeitos socialmente catastróficos das políticas neoliberais.

Mas o mais curioso é que todo este burburinho se levante a propósito de uma votação, pois com Salazar votar era só para alguns em eleições marteladas, como foram as presidenciais de 1958. E, mesmo assim, não fosse o diabo tecê-las, o regime salazarista não descansou enquanto não mandou matar o candidato derrotado pela batota eleitoral.

João P.Guerra

A CULPA FOI DO DIA NÃO

ou

a culpa foi da cegonha

Castro Guerra, secretário de Estado-adjunto da Indústria e Inovação, é um vidente. Tem uma bola de cristal onde descobriu que os responsáveis pelo aumento da electricidade são os consumidores.

Espera-se que a declaração faça escola e quiçá, seja nomeada para o Nobel.
Ainda não se sabe para que categoria, mas não faltarão hipóteses.

Ao descobrir que os responsáveis pelo aumento são os consumidores, Castro Guerra ajudará a que os seus colegas digam que os culpados nos problemas na educação são os alunos e nos hospitais são os utentes.
Se não houvesse consumidores de electricidade, alunos ou doentes, não haveria défice.
A vida de um secretário de Estado seria muito melhor.
Poderia mesmo ser deslocalizado para o Burkina Faso.
Para se descobrir o que pensa efectivamente Castro Guerra tem de se comprar um microscópio. Porque, com base nas suas declarações, na electricidade não há um apagão.
Há confusão.
Na sua cabecinha, que ainda não gera watts. Para Castro Guerra a culpa do custo da electricidade não é de um anterior Governo.
São os portugueses.
Os que votaram no secretário de Estado.
No fundo Castro Guerra está a culpar quem o elegeu.
Espera-se que os portugueses tirem as ilações do que ouviram.
Quando os políticos começam a culpar os outros é porque não sabem o que fazer nas áreas que lhes competem. E, assim sendo, confessam-se incompetentes para o cargo.
Poderia ser pior.
Castro Guerra poderia ter descoberto que a culpa do aumento tinha sido da cegonha.
Mas teve medo que, assim, ninguém o levasse a sério.

F.S.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

INSÓLITOS MOTORÁVIA [PARTE II]

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Mais uma vez constatei depois de várias pesquisas na Internet, que afinal a Nossa Grande Empresa Motoravia S.A. uma vez mais rebaptizou um dos seus aviões de fabrico próprio (salvo seja) desta vez chamaram-lhe TARIK II de seu nome legitimo STOL CH 801 FABRICADO PELA EMPRESA ZENITHAIR (http://www.zenithair.com/stolch801/default.htm) este caso foi descoberto através de um site mais antigo da mesma empresa (www.motoravia.pt.to) talvez esquecido... que aliás têm informações comprometedoras do Júpiter, acedendo – produtos - stats mecânicos avançados, basta ver a foto do dito TARIK para comparação, mais uma vez se prova (até já cansa de tanto provar) que isto não passa de um pais onde só os corruptos e os enganadores vingam na vida, mas qual legislação mas qual carapuça, só tanga para enganar o Zé Povinho, acho que estamos a chegar a situações muito extremas.



Mas o que é isto????




Sr. Dr. Exmo. Presidente Cá da Câmara Taveira Pinto, por amor de Deus:



PONHA-SE FINO e evidentemente ABRA A PESTANA



A.

SOFTWARE PARA TODOS

Free & Open Source Software Portal


PORTAL DE OPEN SOURCE

[Link]


Na página da:

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

INSÓLITOS MOTORÁVIA

Quando à dias navegava na internet lembrei-me de ir ver o site da nossa dita empresa de aviões Motorávia S.A.(http://www.motoravia.com/index1.html), vi lá uns aviõezinhos e reparei num tal JF4 de 4 quatro lugares, dito de fabrico próprio, tal como consta na página acedendo pelo percurso – Produtos - Aeronaves, lá está o tal JF4, que não passava de um avião que não foi fabricado cá em Portugal, quanto mais em Ponte de Sor, esse tal JF4 rebaptizado tem como nacionalidade a África do Sul e como nome JUPITER, Fabricado pela Empresa Jupiter Aircraft AHASA(http://www.ahasa.org.za/members_pics.htm, 4º anúncio), o mais escandaloso da situação é que até a foto que está no site da Motorávia (em cima com animação de nuvens) é a mesma que consta no anuncio da AHASA, apenas foi tapada a matricula como é reproduzido na foto de ilustração do post.

Ora mais uma vez se prova que esta empresa não passa de uma balbúrdia que anda a tentar enganar tudo e todos, mas o que é que isto quererá dizer afinal?

Vão buscar um avião sul-africano e depois enganam o povo e os Governantes a dizer coisas como (…no que diz respeito a fabricação própria incluem-se os modelos JF4 - aeronave experimental de 4 lugares...).

“Por amor de Deus...”

Temos um avião em Portugal e em Ponte de Sor com sotaque Sul Africano.

Apenas ao Sr. Dr. Exmo. Presidente Taveira Pinto:



Sr. Presidente Abra a Pestana!!!!!!!!!!!!!





A.

MAIS... LUIZ PACHECO:

Coro de escárnio e lamentação dos cornudos em volta de S.Pedro

Coplas dedicadas às fogosas e vampirescas mulheres daBeira,de quem já Abel Botelho disse o que disse.

Monólogo do primeiro cornudo:

Acordei um triste dia

Com uns cornos bem bonitos

E perguntei à Maria

Porque me pôs os palitos

Jurou por alma da mãe

(Com mil tretas de mulher)

Que era mentira

Tambem,ainda me custava a crer

Fiquei de olho espevitado

Que calado é o melhor

E para não re-ser enganado

Redobrei gozos de amor

Tais canseiras dei ao físico

Tal ardor pus nos abraços

Que caí morto de tísico

Com o sexo em pedaços

Já esperava por isto a magana?

Já previra o que se deu?

Do Além via-a na cama

Com um tipo pior que eu

Vi-o dar ao rabo a valer

Fornicando a preceito

Sabia daquele mistério

Que puxa muito do peito

Foi a hora de me eu rir

Que a vingança tem seus quês

O mais certo é para aqui vir

Ainda antes que passe um mês

Arranjei um bom lugar

Na pensão de Mestre Pedro

Onde todos vão parar

Embora com muito medo

Não passava de uma semana

O meu dito estava escrito

Vítima daquela magana

Pobre tísico,tadito

Dueto dos dois cornudos:

Agora já somos dois

A espreitar de cá de cima

Calados como dois bois

Vendo o que passa na vida

Meteu na cama mais gente

Um,dois,três logo a seguir

Não há piça que a contente

É tudo o que tiver de vir

São Pedro,indignado, pragueja:

É demais,arre diabo-berra S.Pedro,sandeu-

E mortos por dar ao rabo,lá vêm eles p'ró ceu...

Coro, pianíssimo, lirismo nas vozes:

Quem morre como um anjinho...

Quem morre por muito amar...

Coro,agora narrativo ou explicativo:

Já formamos um ranchinho,de cá de cima a espreitar

Aparte do autor das coplas:-coitadinhos

Passam meses,passa tempo e a bela não se consola

Já somos um regimento como esses que vão para a Angola

Fazemos apostas lindas sempre que vem cara nova

Cálculos,medidas infindas,como ela terá a cova!

Há quem diga que por si já não lhe tocou o fundo

Outros juram que era assim do tamanho deste mundo

Parecia uma piscina!-diz um do lado,espantado-

Nunca vi uma menina num estado tão desgraçado

(Aparte do autor,antigo militante das esquerdas baixas)


Num estado tão desgraçado,parece-me ouvir o povo

Chorando seu triste fado nas garras do Estado Novo

O ultimo que cegou cá morreu que nem um patego

Afogado e era mar nos abismos daquele pêgo

O coro dos cornudos acompanhado por S.Pedro em surdina,entoa a moralidade,após ter

limpado as últimaslagrimetas e suspirado como só os cornudos sabem:ahh!

Mulher não queiras sabida

Nem com vício desusado

Que podes perder a vida

Na estafa de dar ao rabo

Escolhe donzela discreta

Com os três no seu lugar

Examina-lhe bem a greta

Não te vá ela enganar

E depois de lhe veres o bicho

E as mamadeiras que tem

A funcionar a capricho

Já sabes se te convem

Mulher calma,é estima-la

Como a santa no altar

Cabra doida,é rifa-la

Que não venhas cá parar

Este conselho te dão

E não te levam dinheiro

Os cornudos que aqui estão

Com São Pedro hospitaleiro

Invejosos,quase todos

Dos cornos que o mundo guarda

Fazem mais um bocado de lamentação

Nota do autor-quase,porque,entretanto alguns brincavam uns com os outros. Rabolices...

Mas se fornicas a rodos tua vida aqui não tarda

Recomeça a moralidade,estilo 'estão verdes,não prestam'

Alguns bêbedos,cornudos despeitados ou amargurados,vozes pastosas (deve ler-se

vinho...velhinho)

Melhor que a mulher é o vinho

Que faz esquecer a mulher

Que faz do amor já velhinho

Ressurgir de novo o prazer

Finale muito católico

Assim termina o lamento

Pois recordar é sofrer

A mãe fode

É bom sustento

E por nós reza o pater



Luiz Pacheco,num dia em que se achou mais pachorrento.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

LUIZ PACHECO

Luiz Pacheco é, talvez, o maior filho da mãe e libertino, a pessoa mais corrosiva e anarca, até mais a intratável do meio literário português destes últimos 100 anos.
Mas há um lado nele, quiça psicopatológico, que nos atravessa a todos e que a todos nos faz rever nele: uns de forma assumida; outros envergonhada e ocultamente. Pergunto-me porquê e só encontro um fundamento para esta adesão meio literária, meio escrabosa, espelhando alguns dos seus comportamentos
.

É que passamos toda a infância a treinar a interacção correcta e alinhadinha com as outras pessoas, imitando-as, brincando com elas, jogando esse jogo social do políticamente correcto, oprimindo e recalcando milhares de pulsões, desejos e mais um comboio de perigos da alma e do corpo. Ou seja, tivémos de fazer teatro para nos fazermos aceitar pela sociedade, fomos escravos da cultura porque, na realidade, estamos com medo que nos descubram a careca.
É também por isso que coramos e os intestinos se revoltam quando nos descobrem a tal careca.


Luiz Pacheco já há muito que arrancou os cabelos todos, revela-se despido, puro e duro, ostenta toda a sua sinceridade.
Por Braga, por Lisboa, por Setúbal, por qualquer parte onde ele esteja ou se projecte como homem ou como artista.
Ao vermos essa força da Natureza reconhecemos no outro uma virtude e um defeito: a virtude da coragem e da assunção de se Ser como se É; e o defeito dos excessos que rompem com todos os equilíbrios sociais necessários à convivência entre os homens.


Julgo que é isto que nos faz parar para ver Luiz Pacheco a debitar camiões de lucidez numa personalidade histriónica como a dele, carregada de um excesso de emotividade, desconforto, um estilo discursivo exuberante, dramatizado, teatralizado, revelando até aspectos mais íntimos da sua vida que o homem comum embora estando preparado para ouvir sente, por pudor e por força da tal educação do jogo social, uma total impreparação para os aceitar. E depois como é cínico e hipócrita acaba mesmo por os repelir.

Mas no plano tecnico-literário ficará um legado:

O legado de Luiz Pacheco que ainda não tem arrumação classificatória definitiva, creio.
Ao mesmo tempo rolava na RTP1 um tal Prós & Contras em que um ministro Big Mac António Costa estava com vontade de partir a cara a um tal Sadam das Beiras como se auto-denominou o sr. Ruas, que, curiosamente, também passou o programa com vontade de partir a cara ao Big Mac.
Então não valerá mais a pena ser como o Luiz Pacheco - do que fingir que se é diferente dele??? e fazer estas figuras...

Grandes entrevistas destas não faz Judite de Sousa, esta limita-se apenas a entrevistar personagens menores do nosso tecido politico-mediático, o último dos quais foi um tal Nobres Guedes (por causa duns sobreiros no Ribatejo e de mais umas broncas que fronteiram na corrupção que nunca se consegue provar); e antes dele foi M.Mendes, chefe dum partido que alberga caciques com problemas com a lei mas que ainda mantém a ligação de deputados na AR.


O Luiz Pacheco comparado com estes outros sujeitos não passa de um menino do couro...



Pedro Manuel

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

AINDA NOS ARRISCAMOS A VOLTAR AO TEMPO DOS MINISTROS DO INTERIOR...


O garrote do Poder Local!

Não sei bem o que mais espanta no debate da proposta de lei para o novo quadro financeiro do Poder Local.
De maneira evidente, destaca-se a posição quase inédita de autarcas de todas as colorações partidárias rejeitando em uníssono a proposta governamental.
Esta posição é mesmo reforçada por uma meia dúzia de presidentes discordantes que - logo se soube - ou serão dos poucos beneficiados com a lei (confirmando-se assim o pequeno número dos que sairão a ganhar), ou pertencem ao escasso lote dos que ainda precisam de baixar a cabeça para assegurar (re)candidaturas.

Merecem também reflexão as campanhas de desacreditação do Poder Local alimentadas por conhecidas personalidades que, com os seus comportamentos, tanto têm contribuído para encher de lama o exercício do poder municipal no país. Como é habitual, estas campanhas, esquecendo que aquelas situações são excepcionais e não regra, omitem descaradamente que o Poder Local recebe 11% das receitas públicas, que é responsável por 10% da despesa e por 5% da dívida pública, mas que, apesar destes números bem modestos, consegue realizar 44% do investimento público no país!
Todos os indicadores mostram afinal que o Poder Local deixa muito para trás as performances da administração central, gastando infinitamente menos e produzindo abissalmente mais que o Governo ou a restante administração central.

Sobressai igualmente a forma hábil e populista como o Governo (com a prestimosa ajuda de alguns escribas de serviço), cavalgou as campanhas de descrédito do Poder Local, fazendo passar como boa uma proposta que vai diminuir, sobretudo a médio prazo - por via de habilidosos travões e períodos transitórios - as transferências financeiras, que vai aumentar sem compensações garantidas novas responsabilidades e atribuições, que vai limitar a níveis inaceitáveis a possibilidade de gerir o crédito e que, por último, introduzirá profundas alterações na relação constitucional que rege o poder local.

Talvez seja mesmo este o aspecto que mais indigna, o golpe profundo que se quer dar na autonomia do Poder Local criam-se tutelas prévias e de mérito, introduzem-se inenarráveis sanções de procedimento, enfim, relega-se para plano quase subsidiário a tutela inspectiva e em sede judiciária, aquelas que afinal preservam a autonomia constitucional do Poder Local.
O golpe é tão grave que, por estes caminhos, ainda nos arriscamos a voltar ao tempo em que os ministros do interior nomeavam presidentes de câmara e regedores de freguesia!

H.N.

domingo, 15 de outubro de 2006

BASTA

Em política, gosto daquelas frases curtas, incisivas, que, por dizerem o suficiente e o necessário, ficam para a história: o “obviamente, demito-o”, de Humberto Delgado acerca de Salazar, ou o ‘basta’ que Sócrates foi agora dizer à Madeira, sobre o eterno Carnaval financeiro de Alberto João Jardim. Como escreveu Eduardo Prado Coelho, foi um ‘basta’ recebido com alívio por todos os portugueses. Eu acrescentarei que não foi por todos (para minha grande surpresa, há portugueses do continente que parecem votar ao dr. Jardim uma espécie de indulgência plenária, como se a sua intangibilidade e irresponsabilidade fizessem parte do museu da República). Mas os outros, entre os quais me incluo, também não receberam a frase de Sócrates apenas com alívio: receberam-na com a satisfação de ver que pela primeiríssima vez parece haver quem se disponha a fazer aplicar o princípio de que todos são iguais perante a lei, pondo fim ao estatuto de excepção em que Jardim governa e a Madeira vive. Como se fosse, não uma ilha, mas um clube à parte.

Creio, sinceramente, que os que manifestam tanta indulgência com o sistema-Jardim de governo não devem ser grandes pagadores de impostos. Tanto lhes faz que, ano após ano, ele gaste o que não tem, que despreze todos os compromissos financeiros que assina com o Governo da República, que se esteja nas tintas para o que diz o Tribunal de Contas, que reclame do Estado o pagamento das dívidas que vai acumulando e que exija subsídios de região pobre, sem o ser já. Pouco lhes importa, porque seguramente o dinheiro para os desmandos financeiros do dr. Jardim não sai dos seus bolsos nem é fruto do seu trabalho. Esses, que acham que exigir responsabilidades financeiras ao governo da Madeira é atentar contra a autonomia constitucional da Região, representam a mentalidade instalada na maioria dos portugueses e que é hoje, talvez, o principal factor do nosso atraso: a crença de que o Estado deve tudo a todos, mesmo que não receba de todos o que lhe é devido; que em todas as regiões, todas as autarquias, todos os sectores socioprofissionais, todas as actividades culturais ou desportivas, existem sempre excelentes razões atendíveis para não negar o dinheiro do Estado; até porque o dinheiro do Estado, sendo de todos, não é de ninguém, e provém de uma fonte misteriosa e inesgotável, como o petróleo dos árabes, e que apenas é alimentada em parte pelo dinheiro de alguns idiotas que declaram todos os rendimentos e pagam os impostos até ao último tostão. Seguramente que aqueles que acham muita graça ao dr. Jardim não estão habituados a sofrer com os impostos.

Felizmente para o país e infelizmente para Jardim, as coisas parecem estar agora finalmente a mudar. Não é mais possível, a este e a nenhum governo, ter a carga fiscal ao nível que já temos, exigir sacrifícios para pôr na ordem as contas públicas e terminar com a iniquidade geracional que é ter um país com a dívida pública sucessivamente agravada, e ao mesmo tempo continuar a consentir, por razões de oportunidade política, na imoral gestão financeira da Madeira, de algumas autarquias e de sectores da administração pública. Todos instalados numa espécie de estranho direito adquirido a poderem gastar livremente o que bem entendem e depois reclamar que os outros lhes paguem as contas.

A partir de agora, e muito bem, a Região Autónoma da Madeira (e os Açores) receberá as verbas de solidariedade que, além de contemplarem o factor de distância e de isolamento, correspondam ao seu nível actual de riqueza, que é 21% acima da média nacional; deixará de ter as suas dívidas cobertas pelo aval da República, o que obrigará a banca a ter cautelas que até aqui dispensou; e, se se endividar para lá do que a lei permite, perderá no ano seguinte verbas do Governo central correspondentes a esse montante. Terminam assim os tempos em que o dr. Jardim, chantageando com os votos dos seus deputados-marionetas na Assembleia da República ou nos congressos do PSD, obtinha dos governos o perdão da dívida, com a solene promessa de ser a última vez - para logo recomeçar no ano seguinte, ao ponto de ter dobrado a dívida entre 2001 e 2005. Terminam os tempos em que, de três em três meses, o dr. Jardim vinha a Lisboa sacar ao ministro das Finanças uns dinheiros avulsos para despesas extra-orçamento e, uma vez com o dinheiro no bolso, regressava ao Funchal para destilar ameaças e insultos dirigidos ao ‘continente’, naqueles comunicados terceiro-mundistas que gosta de redigir, em acumulação com os seus editoriais no ‘Jornal da Madeira’ - o último jornal público do país, que existe para servir a propaganda do dr. Jardim, com os prejuízos a serem pagos pelo ‘continente’, como ‘custos de insularidade’.

A partir de agora, o invejável estilo ‘chinês’ de governação de Jardim (um país, dois sistemas: o regime tem o pior do capitalismo, o Estado tem o pior do socialismo), vai ter de se habituar a viver com as regras do mercado e as da gestão de coisa pública. E agora, agora sim, é que se vai ver se ele sabe governar ou se não passa de um diletante. Agora é que se vai ver se ele é capaz de ganhar eleições sem poder aliciar os eleitores com o saco sem fundo de dinheiro que sempre teve ao dispor.

À força de abusar no regabofe financeiro e nos insultos em todas as direcções, o dr. Jardim cansou as pessoas. Já não há pachorra para ele, o que diz já não chega às primeiras páginas nem faz rir ninguém, as ameaças veladas de separatismo dos seus patéticos acólitos deixam os portugueses absolutamente indiferentes, os insultos já não ofendem ninguém de tão desclassificado que está o autor, e os seus apelos a quem outrora, de barriga cheia, chamava ‘o sr. Silva’ e ‘o sr. Mendes’, já só inspiram desprezo. Num momento em que os portugueses começam enfim a perceber que não é possível viver eternamente acima das suas possibilidades, o exemplo de más maneiras do dr. Jardim, gastando alegremente o dinheiro dos outros sem travão e sem prestação de contas, chamando a isso ‘autonomia’, e ainda sendo pobre e mal agradecido, deixou de ter graça e de ter desculpa.

E é porque percebeu isso, porque percebeu que, pela primeira vez, está como a jibóia que perdeu o poder hipnótico e não sabe como há-de continuar a caçar, que ele anda manifestamente desesperado. Aqui para nós, e como contribuinte, confesso: só isso, de o ver assim desesperado porque lhe fecharam a torneira dos dinheiros públicos, dá-me tanto gozo que quase me compensa de anos e anos a ajudar a pagar as suas 27 vitórias eleitorais consecutivas
.

Miguel Sousa Tavares

sábado, 14 de outubro de 2006

O GOVERNO CONSEGUE TRANSFORMAR O INSUCESSO EM SUCESSO



Este Verão, como se sabe, foi publicada a Estragégia Nacional para as Florestas, com pompa e circunstância. Muito a propósito, foi definida como metas em termos de destruição pelos fogos um patamar de 100 mil hectares - ou seja, abaixo disso considerar-se-ia um ano positivo. Ora, este ano não se atingirá, em princípio, os 100 mil hectares, logo 2006 é um ano oficialmente bem sucedido, como muito bem tem sido destacado por quase todos os quadrantes, comunicação social incluída.

No entanto, convém recordar que, há sete anos, um Governo socialista - no qual estavam vários ministros do actual Governo, incluindo o primeiro-ministro José Sócrates- diria que agora se estaria muito longe do sucesso.
Com efeito, em 1999 foi publicado o Plano de Desenvolvimento Sustentável da Floresta Portuguesa, um extenso documento que ocupou 50 páginas do Diário da República de 30 de Abril desse ano.
Dado que se considerava que no período 1992-1997 tinha ardido muito (um total de 473.312 hectares, uma média anual de 78.885 hectares), o então Governo socialista estipulava várias metas faseadas, que eram, de facto, tecnicamente correctas.

Assim, para o período 1998-2003 deveria haver uma redução de 20% (em relação ao período 1992-1997), significando que seria apenas admissível uma área ardida total de 378.650 hectares - ou seja, uma média anual de 63.108 hectares. E o que aconteceu?
Arderam afinal 1.050.861 hectares - ou seja, uma média anual de 175.144 hectares. Significa então que em vez de uma redução de 20%, tivemos um aumento de 122%. Noutra perspectiva, ardeu 2,8 vezes mais do aquilo que se prometera.

O mesmo Plano era ainda mais ambicioso para o período 2003-2008 (ainda em curso), pois em relação ao período 1992-1997 apontava para uma redução de 50%. Ou seja, nestes seis anos apenas seria admissível arder, no conjunto, 236.656 hectares, o que daria uma média anual de 39.442 hectares.

Porém, tendo passado apenas quatro anos, já se contabilizam 963.738 hectares (incluindo os 70.231 hectares apontados pela DGRF para este ano), o que dá por agora uma média anual de 240.935 hectares.
Significa portanto que em vez de uma redução média de 50%, em relação ao período de referência (1992-1997), regista-se actualmente um aumento de 205%!
Ou, noutra perspectiva, em média ardeu seis vezes mais do aquilo que o Governo socialista de António Guterres prometera. E se se reparar, mesmo neste ano de 2006 (um «oficial sucesso» com os seus «provisórios» 70.231 hectares) estamos muito acima - quase duas vezes mais - do valor médio (39.442 hectares) apontado pelo plano socialista de 1999.

Mas, claro, mudando-se a fasquia por decreto consegue-se sempre transformar algo de péssimo, em algo de bom.
Porém, não é por isso que a floresta portuguesa se tornará sustentável.
Pelo contrário, com as actuais metas da Estratégia Nacional, o Governo apenas se está a iludir e a iludir-nos (com a ajuda da comunicação social), pois julga-se que tudo vai bem, quando afinal tudo continua mal.
Isto é, o país até pode cumprir as metas políticas, mas a floresta nunca se tornará economicamente sustentável.

P.V.


Aqui em baixo, para uma melhor percepção do que destaco, coloco, por distrito, a área ardida neste ano e a respectiva classificação tendo em conta os últimos 10 anos (1997-2006).
Ver-se-á que mantêm-se os motivos para recear o futuro.

Aveiro - 2.312 hectares (4º pior ano)
Braga - 9.925 hectares (3º) este valor é substancialmente superior à média 1996-2005 (cerca de 5.600 hectares por ano)
Lisboa - 684 hectares (10º)
Porto - 6.096 hectares (6º)
Beja - 1.240 hectares (6º)
Bragança - 2.847 hectares (9º)
Castelo Branco - 1.626 hectares (9º)
Coimbra - 905 hectares (9º) curiosamente, o ano em que menos ardeu foi o de 2004 (524 hectares) e o que ardeu mais foi o de 2005 (50.803 hectares); este caso mostra só por si que jamais se pode fazer uma festa quando se tem um valor baixo num determinado ano.
Évora - 6.346 hectares (2º) este valor é o triplo da média 1996-2005 (cerca de 2.170 hectares por ano)
Faro - 139 hectares (10º)
Guarda - 5.251 hectares (10º)
Leiria - 4.096 hectares (3º)
Portalegre - 624 hectares (6º)
Santarém - 2.847 hectares (valor da DGRF, 8º)
Setúbal - 898 hectares (7º)
Viana do Castelo - 16.211 hectares (2º) este valor é o quase o dobro da média 1996-2005 (cerca de 8.470 hectares por ano)
Vila Real - 3.913 hectares (8º)
Viseu - 6.405 hectares (8º)
PORTUGAL - 72.364 hectares (valor provisório, 8º)

"O POLVO" E AS EMPRESAS

Por vezes acho que sucede nas relações entre a Administração Pública e as Empresas o mesmo que encontramos nas relações entre homens e mulheres, nem o Estado e os seus funcionários entendem as empresas, nem estas compreendem o Estado.
À semelhança dos estudos do género como os homens vêm as mulheres (e vice-versa) que se tornaram moda no domínio da sexologia, também seria interessante se os nossos sociólogos estudassem a relação que existe entre Administração Pública e empresas.

Vem esta reflexão a propósito do debate sobre corrupção, e justifica-se porque as relações patológicas entre o Estado e as empresas não se esgotam no problema da corrupção.

A verdade é que a forma como uma boa parte da Administração Pública vê as empresas é doentia.
Há os corruptos, há os que com medo de serem confundidos com os corruptos são os justiceiros, há os que acham que as empresas são um imenso saco de dinheiro que dá para pagar tudo e mais alguma coisa.

Mesmo quando se aborda o fenómeno da corrupção confundem-se fenómenos distintos, uma boa parte das vezes em que se acusam as empresas de corromperem o Estado, são as empresas que estão a ser vítimas de extorsão. E quando ocorre uma situação de extorsão o responsável da mesma fica nas mãos da vítima, e a situação de excepção torna-se numa relação de corrupção.
Do lado oposto da corrupção ficam os honestos, mas também aqui não faltam os que provocam prejuízos tão grandes como a corrupção.
Que diferença existe, por exemplo, entre um envelope de dinheiro e uma multa injusta, ou a inviabilização de um negócio porque o excesso de rigor ou de desconfiança levou a que a enésima versão do pedido de uma licença tivesse sido recusado porque tinha uma vírgula a menos?

Chega-se a uma situação curiosa: os muito honestos quase transformam os corruptos em facilitadores, o mesmo fenómeno que sucede com o excesso de burocracia que gera a corrupção.
Os corruptos ganham dinheiro em envelopes, os muito honestos preferem as multas. As relações entre Estado e empresas acabam por ser relações de desconfiança onde a Administração Pública faz o papel de bom cabendo às empresas o de papão.

É urgente mudar as relações entre Estado e empresas, isso passa por não considerar apenas a corrupção como inimigo público número um, o problema é mais vasto e o combate à corrupção também passa pela simplificação, pela eliminação da burocracia, pelo fim da prepotência.
É urgente que se ponha fim a uma relação doentia entre Administração Pública e agentes económicos.

JER

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

AVISO À NAVEGAÇÃO

A multidão que ontem encheu as ruas de Lisboa em protesto contra a política governativa não significa necessariamente que José Sócrates tenha perdido a confiança dos portugueses. Mas deve levá-lo a pensar até que ponto os sacrifícios que o País é chamado a fazer estão a ser compreendidos como necessários, justos e equilibrados.

José Sócrates, o Governo e o PS estão folgados em todos os barómetros de opinião. Os portugueses em geral parecem subscrever o seu estilo determinado e a dureza das suas políticas. O que pode ser olhado como contraditório com a contestação que se observa nas ruas. Não será. Descontado o poder de mobilização da CGTP, por um lado, e a sedução histórica por líderes austeros, por outro, o principal foco das reformas socialistas tem sido o aparelho do Estado, a função pública: professores, médicos, funcionários judiciais, polícias... E não sendo a administração pública particularmente apreciada pela generalidade dos cidadãos, seja pelo serviço deficiente seja por beneficiar de maiores regalias do que os assalariados do sector privado, o garrote que aperta a despesa estatal corre o risco de ter uma maioria de admiradores.

Importa voltar a dizer que o Estado gasta muito mais do que produz, que é muito ineficiente e que, mais cedo ou mais tarde, há que pagar a factura. Isto é, vai ser preciso fazer mais e melhor com o mesmo dinheiro, ou, muitas vezes, com menos dinheiro. A realidade nua e crua, diagnosticada há muito é esta. Estamos numa fase de ajustamento e, obviamente, ninguém gosta de perder poder de compra, direitos ou vantagens adquiridas.

O problema, que pode fazer da grande manifestação de ontem um aviso à navegação socialista, é que não são apenas os funcionários públicos os alvos das reformas. Na saúde e na segurança social há sinais fortes de preocupação geral. O próximo Orçamento do Estado vai implicar cortes significativos em todas as áreas, com a excepção da ciência. Estão aí de novo tempos difíceis. E para os portugueses que se habituaram durante anos a pagar mais impostos sem ganhos de eficiência e serviço, a introdução de novas taxas no Serviço Nacional de Saúde só pode gerar calafrios entre os mais desprotegidos. Não é por acaso que o socialista Jorge Coelho alertava os seus pares para a delicadeza dos cortes na saúde e para o Governo retirar gorduras em outras áreas. E aqui, sem ser preciso adoptar um discurso radical, importa constatar que não têm sido os mais abastados a mostrar preocupação com as medidas do Governo... A justiça e o equilíbrio das reformas são tão importantes como a boa explicação do que se quer fazer. Nesta altura crescem as dúvidas sobre a bondade das mudanças. Não basta um discurso contra os grupos de interesses e as corporações, dizer que se faz "o que é necessário fazer". É preciso demonstrar a justiça das políticas. As sondagens são voláteis. E mesmo que a impopularidade seja um preço justo a pagar pelas reformas inadiáveis, convém não confundir determinação com altivez.


António José Teixeira

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

PEDRA FILOSOFAL

Eles não sabem que o sonho

é uma constante da vida

tão concreta e definida

como outra coisa qualquer,

como esta pedra cinzenta

em que me sento e descanso,

como este ribeiro manso

em serenos sobressaltos,

como estes pinheiros altos

que em verde e oiro se agitam,

como estas aves que gritam

em bebedeiras de azul.



eles não sabem que o sonho

é vinho, é espuma, é fermento,

bichinho álacre e sedento,

de focinho pontiagudo,

que fossa através de tudo

num perpétuo movimento.



Eles não sabem que o sonho

é tela, é cor, é pincel,

base, fuste, capitel,

arco em ogiva, vitral,

pináculo de catedral,

contraponto, sinfonia,

máscara grega, magia,

que é retorta de alquimista,

mapa do mundo distante,

rosa-dos-ventos, Infante,

caravela quinhentista,

que é cabo da Boa Esperança,

ouro, canela, marfim,

florete de espadachim,

bastidor, passo de dança,

Colombina e Arlequim,

passarola voadora,

pára-raios, locomotiva,

barco de proa festiva,

alto-forno, geradora,

cisão do átomo, radar,

ultra-som, televisão,

desembarque em foguetão

na superfície lunar.



Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança.



António Gedeão
(1906-1997)
In Movimento Perpétuo, 1956

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

ESTÓRIA NOVA, COM FIGURÕES VELHOS...

A RTP anda desencantar a História em busca de grandes portugueses.
Salazar, para mal dos nossos pecados, figurará nessa lista.
Com muitos prós & contras, naturalmente, com muita emoção, lágrimas e raiva e alguma razão, bem entendido.
Percorrer o séc. XX é entrar na intimidade de Salazar, o velho botas.

Mas segundo sei, Salazar não andou pra aí a julgar os seus ministros, nem a conjecturar o que, em seu entender, poderiam ter sido os pensamentos daqueles no wishefull-thinking tenebroso que coloca em revisão a estória de Portugal.
Salazar era só sujeito dum tempo e duma representação política que modulou Portugal, com vantagens e desvantagens.

Mas agora andam pra aí uns revisionistas do costume que se transformam em investigadores e metamorfoseiam-se simultaneamente em sujeitos e objectos de luxo duma estória sem h. E não é do teatral historiador José Hermanao Saraiva que falamos, que dizia que Salazar fora um grande democrata.

Alguns, poucos, sabem que a história da humanidade nasceu de múltiplos projectos, mas sem projecto, e a história de Portugal também nasceu de múltiplas finalidades, mas sem finalidade.

Ontem ao ouver parte do programa monologado pelo sr. Doutor Adriano Moreira fiquei com a sensação de que estava alí, na realidade, o Presidente do Conselho falando dos seus ministros, e não um seu ex-ministro debitando caractéres sobre o ditador.
Há qualquer coisa de estranho que ficou recalcado nesses homens que tiveram algumas responsabilidades, mas a dada altura queriam, desejavam, ambicionavam ter (tido) a máxima responsabilidade e a máxima potência e, por não a terem tido, perfilam-se hoje na história para nos doutrinar o que ela seria se Salazar não tivesse existido. Um raciocínio ardiloso, portanto.

Onde quero chegar?
Confesso que me preocupa ver alguns agentes do Estado Novo que fizeram a transição para a democracia, fingir que nunca tiveram um passado, dando a ideia que já nasceram democratas e pluralistas. E porque razão isto sucede?
Além da ambição recalcada de não terem sido o que desejaram ser (ou seja, sucedâneos do velho Botas - talvez já sem atacadores) o que os novos-velhos historiadores andam pra aí a fazer mais não é do que exteriorizar a sua própria interioridade, i.é., não olhando para a substância da história, mas vendo nela um campo relacional, povoada de configurações de relações entre actores individuais e colectivos, os de primeiro e segundo grau, os filhos e os enteados, os que beijavam a mão da Maria (a governanta) e os que não passavam do portão, os que viam Salazar ajoelhado na missa e os que só o viam de longe a acenar com o chapéu.

Esta história relacional, que sobrevive só na medida em que há poucos sobreviventes dessa velhíssima geração para (re)contar essa estória - é uma estória que não interesse nem ao menino jesus, porque ela é profundamente auto-justificativa, e incorre naquele erro da exteriorização da interioridade, i.é, do branqueamento dos desejos que não chegaram a realizar-se e agora são vertidos em factos mais ou menos estabilizados.
Ora, não são.

Essa estória, apesar de bem contada, com floreados de carochina para adolescentes e muito esfregar de mãos, com inúmeros tiques papais que escondem, na realidade, sinais ditatoriais e condutas vingativas, é uma estória de superfície, espumosa feita por agentes que nunca agiram livremente e sempre estiveram comprometidos dos dois tempos, com os dois senhores, cosm os dois quadros de mentalidades: o antes e o depois. E é óbvio que esta dualidade só pode conduzir a uma esquizofrenia analítica, semântica, conceptual que distorce inevitavelmente os fluxos da própria história cujo diagnóstico só se revela correcto no campo das relações internacionais, mas errado e autojustificador no quadro das relações domésticas e no campo de forças que aí se inscreviam, especialmente após a queda da cadeira por Salazar.

É aqui os narradores de serviço da nova-velha estória espelham as consequências não intencionais da sua acção, denunciando como o seu inconsciente funcionou (e funciona), e se hoje história fazem (com h) é a da sua própria intimidade, fornecendo quadros e sintomas daquilo que sempre ocultaram.


Ontem quando via a new version de Hermano Saraiva on tv by the river reformatando a história à medida, tipo alfaite do Conde Barão, e com muita pobreza à mistura (só faltou falar das sopas de cavalo cansado e da sopa dos pobres aos Anjos...), lembrei-me de um outro perigo ao colocarmos os "enteados" dos juízes a julgarem o majistrado-mor da aldeia. E do que me ficou foi uma des-naturalização da história como novo método (ensaiado) para apreender o velho processo socio-histórico da sua naturalização.


Por fim, subsiste ainda um outro perigo nestas abordagens pseudo-históricas que consiste no seguinte: quando se pretende reescrever a história, ainda que de modo suave, incorre-se no risco de o caso particular contagiar o interesse geral, o singular abranger o colectivo, e é esta dinâmica personalista, por vezes egocêntrica (embora ocultada, dissimulada) que conduziu no passado à fragmentação de grupos.
Franco Nogueira sofreu essa erosão, após ter beneficiado da protecção do Botas, until certain extent...


E qual o objectivo destas jogadas intelectuais de des-singularização da história de molde a que os narradores de serviço (conhecidos em Benfica e em Carnaxide como os "restolhos") voltem a recontá-la já reconstruída a seu belo modo?
A resposta parece-me óbvia e cristalina: tal decorre porque certas pessoas, por disporem de alguns recursos narrativos e expositos, além de bons contactos com a rede de informação do serviço dito público da rtp úm, pretendem ser objectivadas pela história duma certa maneira, de forma a religar certas personalidades às grandes dinâmicas colectivas da história política contemporânea.

De tudo decorre uma coisinha: não desgosto de ver esses programas encenados e coreografados junto ao rio Tejo donde partiram as Caravelas que fizeram os Descobrimentos e as globalizações, até me divertem (pelas sms que envio a alguns amigos antevendo logo as suas reacções...), mas coloco sérias reservas a essas leituras nitidamente autojustificativas que visam, tão somente, accionar mecanismos (mentais) visando religar certas pessoas aos grandes feitos da história.
Formando-se assim como equivalências funcionais para harmonizar aquilo que uma personalidade pensou, disse ou fez com o interesse comum que acabou por se realizar no seio da nação.


É lamentável que em Portugal algumas personalidades pretendam reescrever a história como quem muda de camisa ou de universidade, ou de patrão, engendrando toda uma sociologia da justificação - meio cínica, meio canalha e oportunista que visa servir ao zé povinho alienado um novo prato de lentilhas confeccionado com umas alfaces ferrugentas e esburacadas, com grilo e bicho da seda à mistura e tudo...

É essa sociologia da justificação que visa nuns casos branquear erros macacos, noutros empolar ou transmutar factos e comportamentos já estabilizados e que agora sofrem de novos inputs no espaço público. Isto porque há pra aí uns restolhos que não se resignam a passear a surdez pelos corredores das universidades que ajudaram a destruir, antes querem ser, a todo o custo, indivíduos plurais.
Mas confesso que para este peditório não dou nem um cêntimo, aliás, esta reflexão é uma desmontagem transparente desses intuitos, e de indivíduos plurais a mim basta-me a assembleia de heterónimos do genial Fernando Pessoa.

Deste, Salazar até queria confiscar a inteligência criativa acompanhada da respectiva genialidade.
Estou convencido que se Salazar cá regressasse os Nogueiras, os Veigas, os Adrinos, os Cunhas e conexos eram relegados para quarto plano comparativamente a Fernando Pessoa, apesar do Salazar ter uma biblioteca modesta, quiça do tamanho da de Cavaco Silva.

Pedro Manuel

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

FONTE DA VILA, QUÊM TE VIU E QUÊM TE VÊ...





Tenho reparado que nos últimos anos ou seja logo após a recuperação da nossa ponte, que, o mais popular monumento da nossa cidade (a Fonte da Vila ) está num estado lastimável, ou seja está como deve saber vandalizada, desprezada e num estado imundo, para não falar no espaço que a rodeia que com tanto dinheiro que se gasta em rotundas no mínimo esquisitas, acho que a nossa fonte merecia umas arvores e um pouco de relva para fazer ali um espaço de lazer, com estas minhas palavras pretendia um manifesto qualquer para tentar-mos que a nossa fonte seja de novo um espaço agradável e não uma sala de xuto ao ar livre, e de modo a abrir os olhos ao Dr. Taveira Pinto que como não passeia muito nos espaços de lazer, deve de estar com os olhos tapados.


V.G.

domingo, 8 de outubro de 2006

VAMOS MATAR O POLVO

A iniciativa legislativa de João Cravinho é meritória mas incorre no perigo de se pensar que a corrupção cresce porque não é reprimida, isso não é inteiramente verdade.
Só o é para aquela que não poderia ter sido evitada prevenindo.
Não faz sentido criar condições para que a teia corrupta domine grandes segmentos do aparelho de Estado e pensar que depois é a justiça que resolve o problema.


Permitir que certos grupos de interesses dominem a Administração Pública chegando ao ponto de uma boa parte das chefias ter-lhes mais respeito do que aos governantes para depois ir para o Parlamento procurar soluções é o erro recorrente que se tem cometido desde há muitos anos.


Não é com Diários da República que se combate a corrupção, é eliminando procedimentos desnecessários, saneando as chefias do Estado “correndo” com toda a gente suspeita ou que tome decisões suspeitas, adoptando processos rigorosos de auditoria interna, sujeitando as nomeações a critérios rígidos de forma a excluir todos os que de alguma forma possam estar ligados a grupos de interesses, sejam eles os gabinetes de consultoria ou os escritórios de advogados.

Veja-se o exemplo da Administração Fiscal onde há quase uma década que praticamente não existe uma auditoria séria, onde uma boa parte das chefias são escolhidas em função de interesses externos ao Estado, e onde muito pouco ou nada se fez nos últimos anos para combater a corrupção, escondendo esta realidade atrás de supostos sucessos no aumento da receita fiscal.

A confusão entre repressão e prevenção é o maior favor que pode ser feito aos corruptos.

JER