terça-feira, 31 de julho de 2007

InterRail



Os aspirantes a fazer InterRail podem testar as suas capacidades de viajantes num inovador jogo lançado pelo sítio www.interrailnet.com e ainda habilitarem-se a ganhar um passe para percorrer as principais capitais europeias durante 22 dias, noticia a Lusa.

A iniciativa, anunciada hoje, pretende comemorar o lançamento das vendas pela Internet dos famosos passes de InterRail, que muitos jovens, e não só, utilizam todos os anos para percorrerem as principais capitais europeias.

O jogo consiste em superar todos os obstáculos que surgem pelo caminho do InterRail, de modo a conseguir apanhar a tempo e horas o comboio que o levará ao seu próximo destino, e inclui ainda danças com outros viajantes, obtendo mais pontos quem conseguir percorrer o maior número de cidades europeias.

Esta viagem virtual permite conhecer os destinos e os seus principais pontos de interesse, à disposição daqueles que decidirem partir à aventura, habilitando ainda todos os InterRail virtuais a ganhar passes para uma viagem real pela Europa.

O jogo estará activo até Setembro, sendo que o participante que maior pontuação obtiver durante cada uma das semanas ganha automaticamente um passe global de 22 dias, em 2ª classe, sendo ainda sorteados por mês mais quatro passes idênticos pelos 100 primeiros.

O conceito de InterRail foi criado em 1972, resultado de uma cooperação entre as empresas de caminhos-de-ferro europeias, com o objectivo de permitir aos jovens a experiência de viajar livremente pela Europa.

Actualmente participam neste sistema as empresas de caminhos-de-ferro de 30 países: Áustria, Bélgica, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Croácia, República Checa, Dinamarca, Finlândia, Macedónia, França, Alemanha, Reino Unido, Grécia, Hungria, Itália, Luxemburgo, Montenegro, Holanda, Noruega, Polónia, Portugal, República da Irlanda, Roménia, Sérvia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça e Turquia.

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O PORTUGAL REAL NÃO EXISTE

Houve um tempo em que a democracia portuguesa fazia piruetas à volta do seu bloco central. Era, 100 anos depois, a reposição, como farsa, do rotativismo da monarquia. Quando um partido estava cansado do poder, convocavam-se eleições, mudava o Governo, e os perdedores eram contemplados com lugares no Estado ou nas empresas que dele dependiam.

A paz podre do bloco central terminou quando Sócrates chegou ao poder.
Veio de boleia na carroça do PS, mas com o tempo foi absorvendo o PSD.
O PS de Sócrates é hoje o bloco central, com um líder rodeado de uma guarda pretoriana, que gere o poder.

Nada se move à sua volta, nem uma brisa, sem a sua autorização.
Contido, é um líder que sabe o que quer.

À sua volta, os boys foram substituídos pelos megafone men que acham, como o líder do PS-Porto, que a directora da DREN está a fazer um bom trabalho e que foi Fernando Charrua que teve um reprovável comportamento cívico.
Compreende-se.

Os megafone men de Sócrates julgam que ele é a reincarnação da Fada Sininho.
Usa os seus pozinhos de perlimpimpim e zás!
Temos um país à semelhança do seu sonho.
Enfim, conseguiu motivar alguma elite conservadora para as suas reformas tecnológicas.
Mas ainda não se entendeu se elas mudarão o país. Ou, apenas, a sua relação com um poder onde as estatísticas são a única verdade reconhecida.
Mas esse é o mundo de fantasia da Fada Sininho em S. Bento.
Onde o Portugal real não existe.
O que existe é o do pequeno núcleo que decide os destinos alheios.


F.S.

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segunda-feira, 30 de julho de 2007

O CACIQUE


Presidente da Câmara da terra,

Sou dono do destino desta gente,

Dou-lhes emprego, mostro-lhes o dente,

Sou o senhor feudal sempre na berra.


Ganhar é o mais fácil nesta guerra.

O voto é tão barato e felizmente

Para o comprar e ser-se presidente

Basta só o charme que o poder encerra.


Algumas aldrabices, esquemas baços,

Muito ajudam a estar sempre na moda

Que o poder também tem e cria laços.


Cartilha do poder? Eu sei-a toda:

Beijos, sorrisos, tachos e abraços.

Quanto ao resto, o povo que se foda!



REXISTIR

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O OÁSIS É UMA MIRAGEM

Na linha do debate sobre o Estado da Nação, Sócrates continua a insistir na recuperação da Teoria do Oásis. Durante a entrevista à SIC, Sócrates refinou detalhes, actualizou o discurso e adaptou-o ao estilo MP3 mas acabou sempre por dar largas aos tiques mais autênticos do cavaquismo dos anos noventa, verdadeiro referencial ideológico das suas políticas e musa inspiradora do seu estilo de acção.

É verdade que Cavaco não lia jornais e que Sócrates vive dentro deles fomentando-lhes o virtual mais fundamentalista, (como a aula em que até os alunos eram figurantes pagos a 30 euros)!
Há, contudo, um traço comum entre os dois o desprezo profundo pela enorme diferença existente entre o oásis que anunciam e a realidade do País.

Diz então Sócrates que o País está melhor. Diremos nós que sim, que está melhor mas só para alguns, para os muito ricos e importantes...

O País está melhor para a banca que acumula lucros de milhares de milhões e que, apesar do que ganham e do pouco que liquidam em impostos, ainda anunciam novas taxas sobre as operações Multibanco ou mantêm comissões sobre quem têm saldos bancários mensais abaixo dos 1000 euros, isentando quem os têm superiores...
Claro que a Nação está bem melhor para a economia de casino, com o croupier Teixeira dos Santos a passar a pataco os anéis que em 2006 entregaram quase seiscentos milhões de dividendos nos cofres do Estado. Galp, REN, CTT, ANA, TAP, (e porque não a CGD ?…), empresas altamente lucrativas que dão ao País milhões em dividendos, e que também pagam impostos, são alguns dos exemplos que o croupier quer entregar aos interesses multinacionais que comandam o País e as políticas económicas do Governo.


Para todos estes a Nação está melhor e o País é um oásis.
Mas para os que viram aumentar a idade da reforma, que vão ter que trabalhar mais anos, depois dos 65, para poder receber as mesmas pensões a que hoje tinham direito, para quem continua, ano após ano, a perder poder de compra, para os reformados que começaram a pagar impostos e que pagam cada mais pelos medicamentos e pela saúde, para quem ficou sem centro de saúde, sem maternidade ou urgências, para os funcionários ameaçados com uma nova lei que lhes destrói as relações laborais, que introduz a lei do chicote, a certeza do compadrio e os cartões partidários como regra nas progressões, para todos estes, isto é, para a esmagadora maioria, a Nação não melhorou e o oásis é uma miragem.


H.N.

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sexta-feira, 27 de julho de 2007

PROFESSORES LANÇAM CRÍTICAS AO GOVERNO - TUTELA PARA AUTARQUIAS REVELA-SE "PREOCUPANTE"


A Direcção do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS) realizou nos dias 16 e 17 de Julho no Hotel Sol e Serra Golf, em Castelo de Vide, a última das suas cinco reuniões efectivas no ano lectivo findo.
Um encontro que contou com cerca de quatro dezenas de elementos e que serviu para fazer um balanço do ano lectivo, onde se apontaram também as perspectivas para 2007/2008.
Considerando que a Educação vive neste momento um período extremamente difícil e de grande complexidade, porque a demagogia dos responsáveis ministeriais é praticamente inesgotável, Joaquim Páscoa, presidente da Direcção do SPZS, recorda que nas recentes declarações relativas ao grande êxito das actividades de enriquecimento curricular o Ministério da Educação apenas fala em números e percentagem em termos de quantidade faltando-lhe uma parte relativa à qualidade". Segundo defende, a qualidade é extremamente baixa de uma forma geral, e por isso o SPZS considera que mais uma vez o Ministério da Educação e o Governo têm desrespeitado as leis para as quais se rege, desvaloriza e desrespeita completamente a negociação.

Sobre a regulamentação ECD, Joaquim Páscoa recordou que os sete diplomas foram entregues mesmo no final do ano, numa altura em que a generalidade dos professores entra em férias, além de que a Fenprof se recusa a negociar em período de férias de professores. Neste sentido, o presidente da Direcção do SPZS adianta que o Sindicato irá procurar estabelecer um calendário de negociação que forçosamente terá que saltar o mês de Agosto.

No que diz respeito às perspectivas para o próximo ano lectivo, Joaquim Páscoa anuncia alguns constrangimentos à profissão docente, nomeadamente o aumento do número de professores sem trabalho efectivo na escola fruto do aumento da carga lectiva dos professores e do encerramento de algumas escolas. Outras das questões levantadas está relacionada com os contactos que se estão a estabelecer entre a Associação Nacional de Municípios Portugueses e o Ministério da Educação sobre a passagem da tutela dos professores e educadores para as autarquias. Para já, tanto quanto temos indicação, serão os educadores e professores do 1º Ciclo do Ensino Básico. No entanto o que está no horizonte é a passagem de todos os professores do Ensino Básico para a tutela das câmaras municipais, adianta Joaquim Páscoa.
Uma situação que deixa o presidente da Direcção do SPZS preocupado, uma vez que a experiência que temos em Portugal relativamente à municipalização é que foi desastrosa. Acha-mos que as autarquias devem ter um papel crescente nos apoios a prestar às escolas, mas a Tutela Pedagógica e Disciplinar deverá continuar nas mãos do Ministério da Educação, acrescenta.

Afirmando que o Ministério da Educação e o Governo resolveram acabar o ano alterando também a Lei Sindical, Joaquim Páscoa manifesta-se contra esta alteração que ao ser aprovada criará limites, em termos de representatividade sindical. E isto porque o Ministério e o Governo entendem que só poderão ter créditos sindicais um dirigente por cada 200 associados com um limite até 10 mil associados, uma situação que vai fazer com que nos sindicatos grandes esse constrangimento seja superior porque ficariam com 10 dirigentes quando têm cerca de 20 mil sócios. Assim, Joaquim Páscoa defende que poderá ser legal o Governo criar alguns limites ao número de dirigentes, no entanto, em termos de representatividade sindical não pode estar a criar limites. De qualquer forma, garante que se a Lei for aplicada poderá levar a uma alteração da actividade sindical, embora não irá de forma nenhuma paralisar a actividade sindical, pois continuaremos a defender os direitos dos professores.



José Janela põe em causa

construção de escola em

Ponte de Sor



Presente na reunião de trabalho, o sindicalista José Janela criticou o facto de a ministra da Educação ter recebido a Medalha de Mérito da cidade de Ponte de Sor no dia em que aqui se deslocou para presidir ao lançamento da primeira pedra da nova escola, e contou ainda que segundo parece o dinheiro que devia ir para essa obra vai ser transferido para a ampliação do Aeródromo da cidade e já não vai avançar a construção da escola.

Em declarações à Rádio Portalegre, Taveira Pinto, presidente da autarquia de Ponte de Sor afirmou que a Câmara está de boa saúde financeira e que a escola vai ser construída.
É com muita mágoa e imensa tristeza que ouvi uma pessoa que se diz representante e ainda por cima coordenador distrital do Sindicato dos Professores e que teve a coragem de fazer as afirmações que fez. Primeiro não tem nada que se pronunciar sobre a bondade da decisão da Câmara em atribuir a Medalha de Ouro à ministra. Mas mais grave é que o senhor assume para si a responsabilidade de afirmar que a Câmara Municipal já não vai construir a escola porque o dinheiro que devia ir para a escola vai ser investido no aeródromo. É muito triste e eu penso que os professores não podem continuar a estar representados por uma pessoa desta índole e com este nível de comportamento como também repercuto como fazendo parte da direcção distrital da Quercus. A Quercus é uma entidade tão competente, responsável e reconhecidamente de uma importância extrema a nível nacional que não pode ter uma pessoa destas que apregoa a falsidade, faz afirmações que são mentirosas e que tem um fim proclamado na Quercus e agora na Educação. A Câmara Municipal de Ponte de Sor pode ensinar a esse senhor como é que faz boa Educação e investe em Ponte de Sor, através da Câmara, na Educação. Que esse senhor esteja descansado que ele não nos irá dar nunca lições daquilo que deve ser uma boa Educação e em vez de representar os professores, deve tirar algum curso para que de uma forma efectiva quando fizer afirmações as faça de uma forma coerente, responsável e honesta. Este senhor deve, de uma vez por todas deixar descansar a Ponte de Sor e a Câmara Municipal, disse Taveira Pinto à Rádio Portalegre.


Catarina Lopes
Jornal Fonte Nova

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CAPACIDADE DE DECISÃO

A característica do situacionismo que Manuel Alegre definiu, e muito bem, como a capacidade de decisão erigida num fim em si mesma, quase como uma ideologia tem um sério desafio pela frente.

Essa tão apregoada e louvada capacidade de decisão, que se tem limitado a mostrar-se arrogantemente forte perante os mais fracos, está agora confrontada com um desafio à sua autoridade e credibilidade.
Trata-se da aplicação na Madeira, como parte do território e da jurisdição nacional embora no âmbito de um regime autonómico, de uma lei da República que o partido do poder regional proclama que nunca, nunca, nunca, será respeitada na Região.

Inadmissível, considerou o homem da capacidade de decisão em entrevista à SIC.

Porém, perguntado como pretende fazer para que a lei da República seja respeitada na Região da Madeira, o decisor disse que ainda é cedo para falarmos disso. Temos assim, porque é cedo, que o inadmissível irá prolongar-se até ser tarde.

O caso apresenta-se mais bicudo do que exercer a autoridade sobre simples utentes do Serviço Nacional de Saúde ou candidatos a pensionistas, vítimas indefesas e sem apelo da proclamada capacidade de decisão. Claro que a capacidade de decisão pode sempre traduzir-se no reforço do orçamento regional de forma a cortar as pernas à argumentação invocada para não respeitar a lei. Mas mandar mais dinheiro para a super-endividada Região é como querer apagar fogo com gasolina.

De maneira que haverá que esperar para saber como vai, e em que tempo útil, a capacidade de decisão resolver o imbróglio que implica a própria autoridade do Estado. Não é seguramente tão simples como mandar fechar uma maternidade ou uma escola no continente
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J.P.G.

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A DEMOCRACIA A PRESTAÇÕES

Entretanto, a nossa querida terra está cheia de manhosos, de manhosos e de manhosos, e de mais manhosos. E uma terra de manhosos não se pode chegar senão a falsos prestígios. É o que há mais agora por aí em Portugal: os falsos prestígios.

Almada Negreiros


Pairam graves ameaças à livre expressão do pensamento.
Este Governo estatuiu, com a aprovação de uma bancada maioritária e servil, um documento restritivo do que foi a maior das conquistas de Abril.
Agora, as confederações patronais, sublinham o novo Estatuto do Jornalista, justapondo-lhe exigências ainda mais pesadas e que contrariam o próprio espírito da Constituição.
Estamos perante uma situação sem paralelo na história portuguesa das três últimas décadas.


O realismo político possui uma lógica que a razão ignora. Esse realismo tem sido invocado pelo PS para proceder a tristes cedências e a dramáticas traições à sua própria natureza.
Não há que fugir daqui.
Embora eu reconheça (e tenho-o dito e escrito, ao longo dos últimos anos) que os partidos, especialmente o PS, sejam coagidos a estabelecer pontos de articulação que permitam outras aberturas à sociedade.


Ao inflectir para a direita, o PS continua uma senda encetada, quase imediatamente a seguir à Revolução, em nome da luta anticomunista.
As graves responsabilidades do PCP, nesta deriva, não devem ser escamoteadas.
A dialéctica, aparentemente irrefutável, que os dirigentes comunistas, apesar de tudo, desejam preservar, está a encaminhar o grande partido da Resistência para posições residuais, tal como se verifica, em casos semelhantes, um pouco por todo o lado.
Se o eurocomunismo pretendia reconstruir as teses de Marx e Engels, através de uma nova revolta da razão [Berlinguer], dotada de uma espécie de identidade europeia, a verdade é que a experiência falhou estrondosamente. Há uma clara vitória do capitalismo, a qual não estabelece a baliza da queda do Muro de Berlim, porque começou, historicamente, com as grandes cisões da Esquerda comunista na década de 60.
Ler Santiago Carrilho é capaz de ser pungente, mas resulta esclarecedor.


Os ataques à liberdade de expressão não são apanágio português. As restrições observam-se quase por todo o mundo. Ao mesmo tempo que se revelam grandes movimentos contestatários. Nem tudo está perdido. E sou daqueles que não aplicam opiniões judicativas acerca de uma juventude que está longe de se sentir anestesiada. Tomo de mão a frase célebre do célebre Georges Clemenceau: Dans la guerre comme dans la paix, le dernier mot est à ceux qui ne se rendent jamais.

Vivemos num mundo que se desumaniza.
O medo e a precaução alastram por toda a Europa, que se desejava livre, solidária, fraterna e equânime, e se transformou num território de injustiças múltiplas.
Apesar de tudo, o equilíbrio no terror, instalado na Guerra Fria, impedia o desenfrear da parte mais bárbara do capitalismo.
Claro que o socialismo real fez renascer e desenvolver, potencialmente, o niilismo, o qual acabou por se identificar com a ideia de que tudo é permitido - desde que dê lucro.


A manifestação em Belém, destinada a salvaguardar um princípio que nem sequer devia estar ameaçado, é deveras significativa do estado a que as coisas chegaram.
Se a Esquerda é esta no poder, disposta às mais abjectas subserviências morais e aos mais repugnantes servilismos políticos - então, a Direita bem pode viver sobressaltada: nem em 2009 está no Governo.


Há dias, no Frente-a-Frente, SIC-Notícias, Luís Fazenda colocou a questão com extrema lucidez.
A Direita não dispõe de território, porque o PS invadiu aquele que, tradicionalmente, a ela pertencia.
Marques Mendes não é, ele apenas, o responsável pelo descalabro do PSD. As grandes figuras daquele partido ausentaram-se, não para parte incerta, sim para a zona dos negócios, da alta finança, onde o verdadeiro poder existe, se concentra e actua.


A crise da Direita resulta da crise na Esquerda: ambas estiveram dispostas a perdoar a mediocridade, curvaram-se aos interesses e às clientelas, e criaram uma teia reticular sem saída, independentemente das características ideológicas e dos antagónicos projectos de sociedade.

Há algo de camusiano nesta estranha época, que pressupõe a luta entre o homem e o absurdo.
Num texto frequentemente luminoso, Kirk Franknheimer, professor de filosofia política de Harvard, acentuava, há poucos meses, que o absurdo deste capitalismo sem veia condu-lo para um abismo sem remissão. Nada do que promove é favorável ao ser humano, sem entender que a liquidação do humano atinge a sua própria liquidação.
Não é o primeiro a discretear sobre o problema.
A questão consiste em saber se o homem consegue existir com esse absurdo.


Não é despiciendo nem arrojado falar de Albert Camus, num tempo por ele previsto como o século do medo, após outro século de outro medo.
O grande escritor sabia, e escreveu-o, que não se trata de banir o mal, mas, antes, de o minorar, porque o mal destruir-se-á a si mesmo.
Merleau-Ponty responderia que a autofagia do mal conduzia, inevitavelmente, à explosão do mundo, tal como o conhecemos.


Os heróis de Camus espelham, estranhamente, os homens de hoje: sentem-se estrangeiros no seu tempo. Pior: sentem-se indesejáveis. Se a angústia é de raiz metafísica, ela, agora, está acrescentada pelos dilemas económicos, pela alteração de valores, de padrões e de princípios, sem nada em contrapartida. Nem a Esquerda nem a Direita dispõem de respostas.

O quadro geral da cultura política portuguesa reflecte a indigência intelectual da Europa e do mundo. Têm direito a sorrisos benevolentes os esforços com que certa Direita se enfronha em pequenos pensadores anglo-saxónicos de cariz conservador, que apenas repetem fórmulas gastas ou anacrónicas. Na Imprensa portuguesa os seus epígonos são patuscos, até porque não compreendem que, no seu pessoal interesse, seria melhor estar calados. Todavia, a Esquerda também não expõe ideias de seu.

A aflição atinge aspectos piedosos.
Quando se assiste ao discurso do dr. Manuel Monteiro (com todo o respeito) estamos perante um cenário patético e lamentavelmente unívoco. O dr. Monteiro, representa mil eleitores, e está, todas as semanas nas televisões, em especial na SIC. Tem direito à palavra, bem entendido. E Garcia Pereira, porque motivo é esquecido?


Esta democracia não vai nada bem e em nada se recomenda ou é recomendável. Existe a prestações. E o resultado aí está.


B.B.

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AS PROIBIÇÕES DE UM REGIME

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quinta-feira, 26 de julho de 2007

CONSTRUÇÕES NA ALBUFEIRA DE MONTARGIL ...[XIX]


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MILITANTE SOCIALISTA NÚMERO 4




Visão
Nº751-25 de Julho de 2007

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quarta-feira, 25 de julho de 2007

CONTRA O MEDO, LIBERDADE


A crítica é olhada com suspeita,

o seguidismo transformado

em virtude




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Nasci e cresci num Portugal onde vigorava o medo. Contra eles lutei a vida inteira. Não posso ficar calado perante alguns casos ultimamente vindos a público. Casos pontuais, dir-se-á. Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência. Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se. Não por acaso ou coincidência. Mas porque há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da Pide. Casos pontuais em si mesmos inquietantes. E em que é tão condenável a denúncia como a conivência perante ela.

Não vivemos em ditadura, nem sequer é legítimo falar de deriva autoritária. As instituições democráticas funcionam. Então porquê a sensação de que nem sempre convém dizer o que se pensa? Porquê o medo? De quem e de quê? Talvez os fantasmas estejam na própria sociedade e sejam fruto da inexistência de uma cultura de liberdade individual.
Sottomayor Cardia escreveu, ainda estudante, que “só é livre o homem que liberta”. Quem se cala perante a delação e o abuso está a inculcar o medo. Está a mutilar a sua liberdade e a ameaçar a liberdade dos outros. Ora isso é o que nunca pode acontecer em democracia. E muito menos num partido como o PS, que sempre foi um partido de homens e mulheres livres, “o partido sem medo”, como era designado em 1975. Um partido que nasceu na luta contra a ditadura e que, depois do 25 de Abril, não permitiu que os perseguidos se transformassem em perseguidores, mostrando ao mundo que era possível passar de uma ditadura para a democracia sem cair noutra ditadura de sinal contrário.
Na campanha do penúltimo congresso socialista, em 2004, eu disse que havia medo. Medo de falar e de tomar livremente posição. Um medo resultante da dependência e de uma forma de vida partidária reduzida a seguir os vencedores (nacionais ou locais) para assim conquistar ou não perder posições (ou empregos). Medo de pensar pela própria cabeça, medo de discordar, medo de não ser completamente alinhado. No PS sempre houve sensibilidades, contestatários, críticos, pessoas que não tinham medo de dizer o que pensam e de ser contra quando entendiam que deviam ser contra. Aliás, os debates desse congresso, entre Sócrates, eu próprio e João Soares, projectaram o PS para fora de si mesmo e contribuíram em parte para a vitória alcançada nas legislativas. Mas parece que foram o canto do cisne. Ora o PS não pode auto-amordaçar-se, porque isso seria o mesmo que estrangular a sua própria alma.
Há, é claro, o álibi do governo e da necessidade de reduzir o défice para respeitar os compromissos assumidos com Bruxelas. O governo é condicionado a aplicar medidas decorrentes de uma Constituição económica europeia não escrita, que obriga os governos a atacar o seu próprio modelo social, reduzindo os serviços públicos, sobrecarregando os trabalhadores e as classes médias, que são pilares da democracia, impondo a desregulação e a flexigurança e agravando o desemprego, a precariedade e as desigualdades. Não necessariamente por maldade do governo. Mas porque a isso obriga o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) conjugado com as Grandes Orientações de Política Económica. Sugeri, em tempos, que se deveria aproveitar a presidência da União Europeia para lançar o debate sobre a necessidade de rever o PEC. O Presidente Sarkozy tomou a iniciativa de o fazer. Gostei de ouvir Sócrates a manifestar-se contra o pensamento único. Mas é este que condiciona e espartilha em grande parte a acção do seu governo.
Não vou demorar-me sobre a progressiva destruição do Serviço Nacional de Saúde, com, entre outras coisas, as taxas moderadoras sobre cirurgias e internamentos. Nem sobre o encerramento de serviços que agrava a desertificação do interior e a qualidade de vida das pessoas. Nem sobre a proposta de lei relativa ao regime do vínculo da Administração Pública, que reduz as funções do Estado à segurança, à autoridade e às relações internacionais, incluindo missões militares, secundarizando a dimensão administrativa dos direitos sociais. Nem sobre controversas alterações ao estatuto dos jornalistas em que têm sido especialmente contestadas a crescente desprotecção das fontes, com o que tal representa de risco para a liberdade de imprensa, assim como a intromissão indevida de personalidades e entidades na respectiva esfera deontológica. Nem sobre o cruzamento de dados relativos aos funcionários públicos, precedente grave que pode estender-se a outros sectores da sociedade. Nem ainda sobre a tendência privatizadora que, ao contrário do Tratado de Roma, onde se prevê a coexistência entre o público, o privado e o social, está a atingir todos os sectores estratégicos, incluindo a Rede Eléctrica Nacional, as Águas de Portugal e o próprio ensino superior, cujo novo regime jurídico, apesar das alterações introduzidas no parlamento, suscita muitas dúvidas, nomeadamente no que respeita ao princípio da autonomia universitária.
Todas estas questões, como muitas outras, são susceptíveis de ser discutidas e abordadas de diferentes pontos de vista. Não pretendo ser detentor da verdade. Mas penso que falta uma estratégia que dê um sentido de futuro e de esperança a medidas, algumas das quais tão polémicas, que estão a afectar tanta gente ao mesmo tempo.
Há também o álibi da presidência da União Europeia. Até agora, concordo com a acção do governo. A cimeira com o Brasil e a eventual realização da cimeira com África vieram demonstrar que Portugal, pela História e pela língua, pode ter um papel muito superior ao do seu peso demográfico. Os países não se medem aos palmos. E ao contrário do que alguém disse, devemos orgulhar-nos de que venha a ser Portugal, em vez da Alemanha, a concluir o futuro Tratado europeu. Parafraseando um biógrafo de Churchill, a presidência portuguesa, na cimeira com o Brasil, recrutou a língua portuguesa para a frente da acção política. Merece o nosso aplauso.
O que não merece palmas é um certo estilo parecido com o que o PS criticou noutras maiorias. Nem a capacidade de decisão erigida num fim em si mesma, quase como uma ideologia. A tradição governamentalista continua a imperar em Portugal. Quando um partido vai para o governo, este passa a mandar no partido que, pouco a pouco, deixa de ter e manifestar opiniões próprias. A crítica é olhada com suspeita, o seguidismo transformado em virtude.
Admito que a porta é estreita e que, nas circunstâncias actuais, as alternativas não são fáceis. Mas há uma questão em relação à qual o PS jamais poderá tergiversar: essa questão é a liberdade. E quem diz liberdade diz liberdades. Liberdade de informação, liberdade de expressão, liberdade de crítica, liberdade que, segundo um clássico, é sempre a liberdade de pensar de maneira diferente. Qualquer deriva nesta matéria seria para o PS um verdadeiro suicídio.
António Sérgio, que é uma das fontes do socialismo português, prezava o seu “querido talvez” por oposição ao espírito dogmático. E Antero de Quental chamava-nos a atenção para estarmos sempre alerta em relação a nós próprios, porque “mesmo quando nos julgamos muito progressistas, trazemos dentro de nós um fanático e um beato.” Temo que actualmente pouco ou nada se saiba destas e doutras referências.
Não se pode esquecer também a responsabilidade de um poder mediático que orienta a agenda política para o culto dos líderes, o estereotipo e o espectáculo, em detrimento do debate de ideias, da promoção do espírito crítico e da pedagogia democrática. Tenho por vezes a impressão de que certos políticos e certos jornalistas vivem num país virtual, sem povo, sem história nem memória.
Não tenho qualquer questão pessoal com José Sócrates, de quem muitas vezes discordo mas em quem aprecio o gosto pela intervenção política. O que ponho em causa é a redução da política à sua pessoa. Responsabilidade dele? A verdade é que não se perfilam, por enquanto, nenhumas alternativas à sua liderança. Nem dentro do PS nem, muito menos, no PSD. Ora isto não é bom para o próprio Sócrates, para o PS e para a democracia. Porque é em situações destas que aparecem os que tendem a ser mais papistas que o papa. E sobretudo os que se calam, os que de repente desatam a espiar-se uns aos outros e os que por temor, veneração e respeitinho fomentam o seguidismo e o medo.
Sei, por experiência própria, que não é fácil mudar um partido por dentro. Mas também sei que, assim como, em certos momentos, como fez o PS no verão quente de 75, um partido pode mobilizar a opinião pública para combates decisivos, também pode suceder, em outras circunstâncias, como nas presidenciais de 2006 e, agora, em Lisboa, que os cidadãos, pela abstenção ou pelo voto, punam e corrijam os desvios e o afunilamento dos partidos políticos. Há mais vida para além das lógicas de aparelho. Se os principais partidos não vão ao encontro da vida, pode muito bem acontecer que a recomposição do sistema se faça pelo voto dos cidadãos. Tanto no sentido positivo como negativo, se tal ocorrer em torno de uma qualquer deriva populista. Há sempre esse risco. Os principais inimigos dos partidos políticos são aqueles que, dentro deles, promovem o seu fechamento e impedem a mudança e a abertura.
Por isso, como em tempo de outros temores escreveu Mário Cesariny: “Entre nós e as palavras, o nosso dever falar.” Agora e sempre contra o medo, pela liberdade.

Manuel Alegre


Não posso ficar calado perante alguns casos ultimamente vindos a público.
Casos pontuais, dir-se-á. Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência. Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se.

Não vivemos em ditadura, nem sequer é legítimo falar de deriva autoritária.As instituições democráticas funcionam. Então porquê a sensação de que nem sempre convém dizer o que se pensa? Porquê o medo? De quem e do quê?

Sottomayor Cardia escreveu, ainda estudante, que "só é livre o homem que liberta".
Quem se cala perante a delação e o abuso está a inculcar o medo. Está a mutilar a sua liberdade e ameaçar a liberdade dos outros. Ora, isso é o que nunca pode acontecer em democracia. E muito menos num partido como o PS.

Os debates desse congresso, entre Sócrates, eu próprio e João Soares, projectaram o PS para fora de si mesmo e contribuíram em parte para a vitória alcançada nas legislativas. Mas parece que foram o canto de cisne.

Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE.



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O CHUCHALISTA





Não são carne, nem peixe, os chuchalistas,

São vírus parasita do sistema

Que tem no compadrio único lema

E se propaga célere nas listas.


São mestres do disfarce e vigaristas,

De todas as campanhas são o tema,

Poluem um partido, entram no esquema,

Conhecem do poder todas as pistas.


Exímio defensor do capital,

Tem um perfil e pose democrata

Quando prega o amor ao social.


Ó chuchalista fino e de gravata,

Pra pregares aos pobres a moral,

Precisas de ter mesmo muita lata!


REXISTIR

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terça-feira, 24 de julho de 2007

BUFARIA DA DREN/ FERNANDO CHARRUA



Assim, determino

o imediato

arquivamento

do processo


Qual é a punição da

BUFA GUIDINHA?



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UM PORMENOR...

Mais uma relíquia para o baú de memórias de um Governo com prioridades mediáticas, mais um “pormenor irrelevante”, segundo Maria de Lurdes Rodrigues.
Alguém se lembrou de agendar a apresentação do plano tecnológico para as escolas em tempo de férias e logo outro alguém se lembrou que não há crianças nas escolas durante as férias.
Podia lá ser!
Afinal o que é uma escola sem crianças?


Mas estava escrito no destino que aquele seria o dia para o salto, o país não podia esperar mais.
Tinha que haver uma solução, d
e preferência, de mercado.
Então alguém teve outra ideia, pagar a uma meia dúzia de criancinhas, daquelas com ar tecnológico, das que sabem mandar mensagens com o telemóvel e brincar com a playstation (das espertas). E assim foi.

Lá se recorreu ao trabalho infantil – note-se que ir à escola deve ser o trabalho infantil – e lá se satisfez a urgência da apresentação, cortando-se preciosas semanas ao nosso atraso de décadas e abraçando o futuro.
Daqui a uns anos, que ninguém se esqueça que podíamos estar umas semanas mais atrás no nosso desenvolvimento tecnológico e que, se atalhámos caminho, a alguém o devemos: a José Sócrates, à sua fiel Maria de Lurdes e, claro, a estas adoráveis criancinhas.
À data já serão todas engenheiras (*).




(*) com curso reconhecido pela Ordem dos Engenheiros e pagas a 30 euros.

Filipe T.
A mocidade do sócas

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segunda-feira, 23 de julho de 2007

PPD/PSD

Estive a contá-los e lembro-me de uns 14 presidentes do PPD/PSD.

Do que não me consigo lembrar é de um momento de paz interna no partido, a não ser a paz podre relativa de algum tempo dos governos de maioria absoluta. Os putativos dirigentes andavam muito ocupados com outras coisas. O PSD é um partido de poder e na oposição vive em guerra aberta consigo próprio.



De resto, nem Sá Carneiro gozou de paz interna e várias vezes teve que bater com a porta. Depois de vários dirigentes a termo incerto veio Pinto Balsemão a quem Marcelo, Santana e Cavaco, entre muitos outros, fizeram a vida negra. E depois Mota Pinto, com os contestários do costume. E então Cavaco Silva que, com oito anos de maioria absoluta, conseguiu satisfazer quase toda a sua gente. Mesmo assim, lá para o final dos tempos, digladiavam-se na sombra os diversos candidatos a delfins. Cavaco Silva escolheu Nogueira mas já se calculava que era para perder. Depois sucederam-se Marcelo que, mal as coisas tremeram, viu os seus incondicionais fugirem-lhe para as hostes do inimigo. Depois Barroso, sulista, elitista e liberal. A seguir Santana, com as costas cheias de cicatrizes das facadas que levou. E agora Marques Mendes.

Os jornais de ontem dividiam-se: uns diziam que os cavaquistas, com os barrosistas, entendem que do mal o Mendes, outros diziam que os cavaquistas querem atirá-lo ao Rio. O Mourinho de Cavaco Silva dizia no jornal que quer Mendes até 2009, a disputar as legislativas com Sócrates. Talvez para as perder e manter a actual coabitação.

Segue-se um conselho nacional, as férias, a rentrée, o Pontal na modalidade Quarteira, as directas. Não avança alguém com ideias sem ser apenas a ideia fixa do poder?


J.P.G.

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domingo, 22 de julho de 2007

O ENSINO QUE TEMOS, O ENSINO QUE DEVIAMOS TER...

Caros Pontessorenses

Só este domingo tive tempo para ler um dos jornais da cidade, mais precisamente o "Ecos", na página 5 do número 1335 de 17 deste mês, o jornalista Jorge Traquete, publica uma reportagem sobre as «Más notas na primeira fase dos exames Nacionais de 11º e 12º ano" na Escola Secundária de Ponte de Sor. Na qual a presidente do conselho executivo da escola, a professora Conceição Matos afirma:
"Os alunos têm ser responsáveis. Não só durante o ano lectivo, mas também na preparação dos exames nacionais. A escola disponibiliza os professores durante um dia inteiro para os ajudar. Os alunos só tem de aproveitar"



Ontem o João Miranda, Investigador em biotecnologia, escreveu isto no Diário de Notícias:


As notas dos exames do secundário oscilam ao sabor das alterações dos programas e da organização do ensino secundário e, sobretudo, ao sabor do tipo, duração, dificuldade e critérios de correcção das provas. Quando as notas são boas, a ministra da Educação atribui os bons resultados às excelentes políticas do seu ministério. Quando as notas são más, a ministra em vez de responsabilizar as políticas do seu ministério reafirma a necessidade de aprofundar essas mesmas políticas. Claro que os dados que existem não permitem estabelecer nenhuma relação de causa e efeito entre políticas e resultados, mas para a ministra isso não interessa nada. Ela participa no jogo político através da exploração de oscilações fortuitas e estatisticamente irrelevantes das notas do secundário.

Os exames do secundário e os respectivos critérios de correcção são produzidos pelo GAVE, Gabinete de Avaliação Educacional, que é um departamento do Ministério da Educação. Isto significa que o Ministério da Educação é ao mesmo tempo o prestador dominante de serviços de educação e o respectivo avaliador. O ministério tem seguido políticas erráticas alterando frequentemente os programas de ensino e, por intermédio do GAVE, alterando os critérios de correcção e a dificuldade dos exames de ano para ano. O GAVE, para além de se ter revelado incapaz de produzir exames sem erros, tem-se revelado incapaz de criar exames padronizados que possam ser comparados de ano para ano, ou mesmo de chamada para chamada. Por isso, o mais provável é que as variações positivas das notas do secundário não sejam um sinal de melhoria do ensino, mas um sinal de que o ministério é incompetente, ou mal-intencionado, e não consegue estabelecer padrões de avaliação constantes. Dado que o GAVE é ao mesmo tempo um departamento do Ministério da Educação e a instituição que avalia os resultados do trabalho desse ministério, existe o risco de manipulação política dos exames. Como a opinião pública associa notas elevadas à competência da ministra, o Governo tem um incentivo para premiar um departamento de avaliação que inflacione as notas dos exames. Por outro lado, o GAVE pode adulterar a avaliação através da produção de exames mais fáceis e da fixação de critérios de correcção mais benevolentes. O público não tem nenhuma garantia de que o GAVE não recorre a estes estratagemas, por um lado porque o GAVE tem interesse em agradar ao Governo e, por outro, porque o GAVE não é auditado por entidades externas nem segue procedimentos transparentes. A instituição que mais avalia não é avaliada por ninguém e não publica os procedimentos que deram origem a um exame específico, nem os critérios usados para padronizar os exames, nem o currículo académico dos autores dos exames
Há muito que a realidade do insucesso escolar a matemática é conhecido, é um desastre colectivo com consequências negativas para uma boa parte dos nossos jovens que ou acabam fora do sistema de ensino ou são empurrados para carreiras profissionais para as quais não têm vocação.

Quando 75% dos alunos do 9.º ano chumbam a matemática a realidade torna-se intransponível. Este número pode não corresponder à realidade, ninguém está em condições de avaliar o fenómeno. Os resultados podem ser destorcidos pelo grau de dificuldade do teste utilizado, mas seriam muito piores se não fossem os pais de muitos a alunos a compensar as insuficiências da escola dando ou pagando explicações, um excelente negócio para muitos professores.

Qual a causa?

Em regra, a causa é sempre a mesma, mal o aluno começa a ter “negas” a matemática leva com o carimbo “tem falta de jeito para a matemática”, não raras vezes já traz esse carimbo na testa quando sai da escola do primeiro ciclo.

Os pais ficam conformados, o professor tranquilo, a directora de turma conformada e quando chega Julho vamos todos para férias que em Setembro há mais.

Não vale a pena discutir este tema em Portugal, mal a questão se coloca vem a associação dos professores da especialidade e os sindicatos garantir que os professores não têm culpa, se for necessário até o Jerónimo de Sousa dá umas cambalhotas e encontram justificação política e ideológica para o desastre, o Louçã complementa a justificação, Marques Mendes fica em silêncio e o assunto acaba por morrer.

Não vou dizer de quem é a culpa ou quais são as causas, todos sabemos que há culpas e causas mas o politicamente correcto impede-nos de as enunciar. Portanto, é tempo de se fazer um estudo sério do tema fora do quadro das justificações oficiais ou convenientes.

Reúnam-se especialistas (se necessário estrangeiros) e não especialistas e analise-se o fenómeno, analise-se a qualidade pedagógica dos livros, a qualidade das aulas, a adequação dos planos curriculares, o comportamento dos encarregados de educação, a forma como são organizadas as turmas e colocados os professores, o acompanhamento pedagógico das turmas, a gestão da escola.

Analise-se tudo, tirem-se conclusões e adoptem-se medidas sem olhar se estas vão doer seja a quem for.

O país não pode continuar a chumbar a matemática.


J.E.R.

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sexta-feira, 20 de julho de 2007

FUNDAÇÃO ANTÓNIO PRATES [O que falta acabar]

FUNCIONA NUM EDIFÍCIO

NÃO ACABADO

DEPOIS DE

10 ANOS DE OBRAS
Projecto do Arq. Walfredo Sangareau de La Cavaleria
Clique na imagem para ver melhor
e compare no local que falta fazer


...valeria a pena prestar atenção à grande ambição do projecto, com os ateliers para artistas, o núcleo museológico industrial, o auditório, a biblioteca e os computadores, etc - e também o calor, o ar condicionado, a inadequação das opções arquitectónicas, etc.
Alexandre Pomar


A intervenção arquitectónica de W. Sangareau cumpre com a encomenda, mas traz consigo problemas futuros, pois ignora o clima do Alto Alentejo, apostando nas instalações de ar condicionado em tempos de energia cada vez mais cara.
José Luís Profirío
Actual
Expresso



N.R.: A Fundação António Prates, como é hábito das instituições de Ponte de Sôr, não tem página na internet, mas criou hoje um blogue: Fundação António Prates.

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quinta-feira, 19 de julho de 2007

CONSTRUÇÕES NA ALBUFEIRA DE MONTARGIL ...[XVIII]

Núcleo Regional de Portalegre

Construções na Albufeira de Montargil

Quercus repudia declarações irresponsáveis

e
exige fiscalização por parte

das Entidades
competentes



A Direcção do Núcleo Regional de Portalegre da Quercus – ANCN, reunida ontem, dia 17 de Julho de 2007 decidiu, de forma unânime, repudiar as infelizes declarações que o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sôr tem vindo a proferir nas últimas semanas sobre a nossa Associação, Núcleo Regional e respectivos dirigentes.

Com efeito, consideramos inadmissíveis, insultuosas, falsas e totalmente despropositadas algumas das informações que o referido responsável autárquico tem, vindo a veicular publicamente e de forma avulsa, relativas à nossa actuação no caso das construções ilegais na Albufeira de Montargil.


Mais informamos que desde o início do processo tentámos obter de forma totalmente correcta informações junto da Câmara Municipal de Ponte de Sôr (em especial na reunião no dia 22 de Maio), não tendo o mesmo sido possível por total recusa do seu Presidente em connosco colaborar no apuramento da verdade dos factos.


Na mesma reunião, o Sr. Presidente da Câmara manteve sempre para connosco uma atitude extremamente ofensiva e insultuosa, facto que nos levou, em ofício do dia 30 de Maio, a protestar pela forma como fomos recebidos e a comunicar que iríamos restringir ao máximo todos os contactos institucionais com a referida entidade, nomeadamente eventuais projectos ou acções de sensibilização ambiental, enquanto não nos fosse apresentado um pedido formal de desculpas.

Não aceitamos pois de modo algum, que este assunto esteja agora a ser tratado com uma absoluta falta de verdade, distorcendo os factos ocorridos e tentando sobretudo, desviar as atenções das verdadeiras e graves ocorrências na Albufeira de Montargil.


Não aceitamos igualmente quaisquer tipos de conotações da nossa Associação, do nosso Núcleo Regional ou dos seus dirigentes com organizações político-partidárias, como de forma insistente e absurda tem vindo a ser referido pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sôr. Relembramos que a nossa Associação é completamente apartidária, e que o Presidente e o Vice-Presidente deste Núcleo Regional não são militantes do partido referido, nem de nenhum outro.


Lembramos também que ao contrário do que alguns pensarão e por muito que lhes custe, a intervenção cívica não se esgota nos partidos políticos, mas diz respeito aos cidadãos e às Associações que também os representam de várias formas. E não temos dúvidas que estas Associações, onde nos incluímos, devem intervir publicamente quando em causa estão importantes valores ambientais, paisagísticos e de ordenamento do território.


E é neste sentido que temos intervido no processo de construções do Monte da Sagolga, Montargil.

Desde a nossa primeira tomada de posição, fomos da opinião que várias normas básicas legais de um correcto ordenamento do território não estavam a ser cumpridas nestas obras. E ao contrário de outros, não perdemos tempo com insultos ou artifícios, preferindo ao invés, a intervenção pública que nos assiste junto das entidades oficiais.



Os resultados da nossa intervenção não se fizeram esperar e a obra foi imediatamente suspensa pelo Ministério do Ambiente, através da CCDR do Alentejo, por falta de licenciamento do Domínio Hídrico, uma das razões por nós apresentadas.

Para além disto, e no local da obra, as vedações que impediam o livre acesso à água (também ilegais) foram retiradas e os pisos inferiores (também ilegais), com uma área superior a 1 000 m2, foram fechadas e aterradas pelo construtor.

Não obstante, continuamos a defender a ilegalidade da obra no seu todo, pelos factos já referidos nos anteriores comunicados e pelos seguintes, que se acrescentam, pelos novos factos constatados entretanto:

• A obra (não contando com os pisos inferiores aterrados) apresenta uma área de construção com cerca do dobro do autorizado pelo alvará emitido pela CM de Ponte de Sôr, pelo que toda a área a mais, está certamente ilegal sob o ponto de vista do Plano de Ordenamento da Albufeira de Montargil (POAM);

• A obra não respeita os vários parâmetros urbanísticos (área de construção, volumetria, implantação, etc.) apresentados no projecto de arquitectura aprovado pela Câmara Municipal de Ponte de Sôr e entretanto entregue na CCDR Alentejo;

• A obra, não se tratando de uma “recuperação” ou “beneficiação,” conforme nos foi já atestado por uma entidade oficial, não poderia ter sido nunca autorizada na “zona reservada”, como o definido no ponto 7 do Artigo 8º do POAM.

Na nossa opinião, estas ilegalidades não são passíveis de serem resolvidas com nenhum tipo de projecto de alterações ou alguma outra forma de expediente fácil, que permita posteriormente e de forma lícita, resolver as irregularidades cometidas.

Assim sendo, exigimos desde já que as entidades com maiores responsabilidades na fiscalização dentro da área abrangida pelo POAM (CCDR Alentejo e Câmara Municipal de Ponte de Sôr) exerçam a sua autoridade de imediato, intervindo dentro das competências que lhes são conferidas pelo Estado Português.

Dada a dimensão e gravidade do caso, não só exigimos o embargo definitivo das construções, assim como a reposição da situação anterior às infracções e a consequente minimização dos efeitos decorrentes das mesmas.

O cumprimento das normas legais em vigor não deve ser apenas obrigação de alguns, mas de todos os cidadãos e entidades deste País. Nesse sentido, iremos também continuar a colaborar com o Ministério Público e o respectivo Tribunal competente, na procura do apuramento de todos os factos relativos a este processo.

Portalegre, 18 de Julho de 2007

A Direcção do Núcleo Regional de Portalegre da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza



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quarta-feira, 18 de julho de 2007

ASSIM SE GASTA O DINHEIRO DOS NOSSOS IMPOSTOS

PONTE DE SOR


Câmara constrói base aérea no valor de 15 milhões de euros
O Governo vai investir 15 milhões de euros dos fundos europeus na construção de uma nova base aérea, em Ponte de Sor, para acolher os helicópteros e aviões de combate aos fogos, ao serviço da Protecção Civil.
A câmara de Ponte Sor venceu o concurso lançado pelo ministério da administração interna.

Quase a totalidade do investimento, no valor de 15 milhões de euros, será pago com dinheiros europeus, a câmara assume o projecto, e o Governo não paga nada.

Nós assumimos a construção de uma pista que ira ter cerca de 1490 metros quadrados, vamos construir um hangar com cerca de cinco mil metros de área coberta e com estacionamento para helicópteros e aviões, assim como, uma torre de controle para orientar voos em qualquer situação, explicou à TSF o autarca Taveira Pinto.

Tudo isto será suportado pela câmara de Ponte de Sor
, salienta o presidente da câmara, acrescentando que em contrapartida serão criados 60 postos de trabalho, altamente qualificados, o que é de todo o interesse para Ponte de Sor, e vai também potenciar a possibilidade de recebermos voos comerciais.


A estrutura vai ficar a cerca de 30 quilómetros da base do exército em Tancos. A decisão de construir de raiz uma nova plataforma terá sido resultado de alegados problemas de cooperação com as Forças Armadas, que se mostraram pouco disponíveis para receber a Protecção Civil naquela base aérea
.


TSF

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FUNDAÇÃO ANTÓNIO PRATES [dia cinco II]

T-shirt

original no dia da inauguração


COLECÇÃO = CORRUPÇÃO

bem vindos ao deserto da cultura

Eugénio de Andrade
Portugal 2007

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FUNDAÇÃO ANTÓNIO PRATES [dia cinco]




Alto Alentejo
Nº 38 , 18 de Julho de 2007
Clique nas imagens para ler na integra

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CACIQUES

Lembro-me, no primeiro 1º de Maio, em 1974, de um cartaz escrito à mão, empunhado por um manifestante, onde se lia: Ninguém nos obrigou. Viemos de livre vontade.

O cartaz tinha naquela época um enorme significado.
O direito de manifestação durante o regime salazarento era uma formalidade escrita na Constituição mas duramente reprimida nas ruas. E, no entanto, o regime alimentava-se também do folclore de manifestações de massas, arregimentadas pelos caciques e transportadas gratuitamente até Lisboa para simular aquilo que o poder não tinha de todo: a legitimidade do apoio popular. Famalicão Presente! Cabeceiras de Basto Presente! Covilhã Presente! Alandroal Presente!.
Era assim e dizia-se então que eram manifestações voluntárias: quem não ia perdia o emprego.


De maneira que, ao fim da tarde de domingo, ia caindo das nuvens quando me apercebi, pela reportagem do José Manuel Mestre, na SIC, que aquela gente simples que enchia o Hotel Altis e que depois foi gentilmente posta na rua para dar lugar aos VIP e para fazer número em frente do autocarro-palanque do PS, aquela gente não sabia ao que vinha, tinha sido arrebanhada pelo autarca socialista da respectiva terrinha para vir a Lisboa. Soube depois pelos jornais que uns foram desviados de uma peregrinação a Fátima, outros de uma visita ao Oceanário, etc.

Não acredito que este embuste fosse iniciativa do Partido Socialista para aclamar uma eleição democrática e para dar um colorido nacional à vitória em Lisboa.
Mas acredito que o velho caciquismo não se dissolveu na democracia, que está onde estiver o poder e que o poder, já que ele existe, o utiliza.
Bem ficava ao PS, em vez de minimizar esta coisa irrelevante, de rodapé, que desautorizasse os seus caciques.


J.P.Guerra

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