sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011


Será o nosso annus horribilis.
De salários terceiro mundistas, impostos escabrosos que estrangularão as poucas empresas ainda a laborar, custos energéticos impagáveis, desemprego crescente, aumento no custo de vida que generalizará a fome.

Não efeito de qualquer crise internacional.
Fruto das comédias feitas política vividas nos últimos vinte anos. resultado da desastrada gestão feita por vigaristas e aldrabões alcandorados ao poder sem qualquer competência, ou sentido de responsabilidade.

Fruto igualmente parido na inconsciência popular, na troca de voto por uma excursão à aldeia vizinha, da pouca e ruim cultura que temos, da iliteracia reinante que faz de nós um povo de analfabetos funcionais.

A irresponsabilidade com que as autarquias distribuíram dinheiro público para constituir e manter associações de desocupados que retiraram crianças às escolas, através da oferta de uma parafernália de actividades bem mais motivadoras que livros e cadernos, encheram o país de rotundas, piscinas, parques de merendas e tantas outras merdas cujo custo foi sempre superior ao benefício, tem agora o seu epílogo e respectiva factura a pagar por todo um povo que, não sabendo distinguir o necessário do acessório, permitiu-se ser enganado, roubado e humilhado.

Vigários intitulados governantes, convenceram todo um povo de que poderia viver sem trabalhar, sem estudar, gastando como rico, mesmo sendo pobre.
Delapidaram e roubaram tudo o que havia.
O que restou do regime salazarista, o que a europa mandou para que nos tornássemos gente, finalmente, tudo o que conseguiram pedir fiado.

Acabaremos mal.
Os sinais já se fazem sentir.
Já se começa a dar caça ao lobo.

Tenham um bom ano.

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CAMBADA DE ...

Há uma crise financeira.
Todos sabemos.
Fácil de explicar: andaram a vender-nos crédito barato, agora que estamos agarrados, querem dar-nos metadona em forma de juros altos, ditados pelas agências de rating, as mesmas que comeram e calaram antes da crise internacional, fruto da economia de casino, da política neo-liberal.

Mas para lá da crise financeira, e da insustentável pressão dos ditos mercados, os que tinham sempre razão segundo os rapazes neo-liberais, há uma crise crónica na política.
Essa crise tem rostos, muitas vezes na penumbra.

É bom lembrar que foi Cavaco que come
çou por desbaratar a classe política com a lei das incompatibilidades para deputado.
Ninguém se lembra, obrigado!
Com essa lei da rolha, o Parlamento passou a ser frequentado por pára-quedistas da política, rapazolas vindos das juventudes partidárias e uma matilha de vozes do dono.
A política passou a ficar desinteressante e os que conseguiram por-se a salvo, emigraram para plataformas mais rentáveis e discretas, desde as empresas públicas às privadas de interesse público.


A lamentável e escandalosa história do BPN e da SLN ( Sociedade Lusa de Negócios) de quem Cavaco foi accionista por um breve e rentável período, tem a ver com esta política gerada em bastidores recônditos, escondidos, onde se mexem milhões, numa off-economia muito maior do que a economia paralela, esta praticada por pobres e remediados que conseguem fugir à voragem do Estado, e sobreviver!

Aqueles que ganham 200 mil euros por dá cá umas acções, que te vendo, e toma lá um lucro sem esforço nem risco, diz bem de muitos que usam os pobres, os excluídos ( que eles criaram com as suas políticas), para virem a público como os defensores da Pátria, do povo e do futuro.

É fácil falar de má moeda, dos pobres e ganhar numa penada o equivalente a uma vida de trabalho de um português médio, sem mexer uma palha nem nada arriscar.
Basta ter um amigo certo, no banco certo.
É esta hipocrisia que eu não consigo perceber.

Como pode um povo aceitar este tipo de gente e dar-lhe um voto de confiança, um cheque em branco, para mais 5 anos de cinismo político?

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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MALDITOS SEJAM!

Há trinta e cinco anos que vocês nos manipulam, nos dominam, nos mentem, nos omitem, nos desprezam.
Há trinta e cinco anos que nos roubam, não só os bens imediatos de que carecemos, como a esperança que alimenta as almas e favorece os sonhos.
Há trinta e cinco anos que cometem o pior dos pecados, aquele que consiste na imolação da nossa vida em favor da vossa gordura.
Há trinta e cinco anos que traem a Deus e aos homens, sem que a vossa boca se encha da lama da mentira.
Há trinta e cinco anos que criam legiões e legiões de desempregados, de desesperados, de açoitados pelo azorrague da vossa indignidade.
Há trinta e cinco anos que tripudiam sobre o que de mais sagrado existe em nós.
Há trinta e cinco anos que embalam as dores de duas gerações de jovens, e atiram-nos para as drogas, para o álcool, para uma existência sem rumo, sem direcção e sem sentido.
Há trinta e cinco anos que caminham, altaneiros e desprezíveis, pelo lado oposto ao das coisas justas.
Há trinta e cinco anos que são desonrados, torpes, vergonhosos e impróprios.
Há trinta e cinco anos que, nas vossas luras e covis, se acoitam os mais indecentes dos canalhas.
Há trinta e cinco anos que se alternam no mando, e o mando é a distribuição de benesses, prebendas, privilégios entre vocês.
Há trinta e cinco anos que fazem subir as escarpas da miséria e da fome milhões de pessoas que em vocês melancolicamente continuam a acreditar.
Há trinta e cinco anos que se protegem uns aos outros, que se não incriminam, que se resguardam, que se enriquecem, que não permitem que uns e outros sejam presos por crimes inomináveis.
Há trinta e cinco anos que vocês são sempre os mesmos, embora com rostos diferentes.
Há trinta e cinco anos que os mesmos jornais, sendo outros, e os mesmos jornalistas de outra configuração, sendo a mesma, disfarçam as vossas infâmias, ocultam as vossas ignomínias, dissimulam a dimensão imensa dos vossos crimes.
Há trinta e cinco anos sem vergonha, sem pudor, sem escrúpulo e sem remorso.
Há trinta e cinco anos que não estão dispostos a defender coisa alguma que concilie o respeito mútuo com a dimensão colectiva.
Há trinta e cinco anos que praticam o desacato moral contra a grandeza da justiça e a elevação do humano.
Há trinta e cinco anos que, com minúcia e zelo, construíram um país só para vocês.
Há trinta e cinco anos que moldaram a exclusão social, que esculpiram as várias faces da miséria e, agora, sem recato e sem pejo, um de vocês faz o discurso da indignação.
Há trinta e cinco anos começaram a edificar o medo, e o medo está em todo o lado: nas oficinas, nos escritórios, nos entreolhares, nas frases murmuradas, na cidade, na rua. O medo está vigilante. E está aqui mesmo, ao nosso lado.
Há trinta e cinco anos encenaram e negociaram, conforme a situação, o modo de criar novas submissões e impor o registo das variantes que vos interessavam.
Há trinta e cinco anos engendraram, sobre as nossas esperanças confusas, uma outra história natural da pulhice.
Há trinta e cinco anos que traíram os testamentos legados, que traíram os vossos mortos, que traíram os vossos mártires.
Há trinta e cinco anos que asfixiam o pensamento construtivo; que liquidaram as referências norteadoras; que escarneceram da nossa pessoal identidade; que a vossa ascensão não corresponde ao vosso mérito; que ignoram a conciliação entre semelhança e diferença; que condenam a norma imperativa do equilíbrio social.
Riam-se, riam-se.
Vocês são uma gente que não presta para nada; que não vale nada.
Malditos sejam!


B.B.

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sábado, 18 de dezembro de 2010

O QUE VIRÁ A SEGUIR?

A forma ardilosa e matreira como se vão destruindo os direitos do Estado Social, conquistados a ferros durante os últimos cinquenta anos, é um escândalo.
E uma vergonha sem fim.
A manha instalou-se no governo, nos sindicatos e no patronato. Veja-se a recente ideia de mexer nas indemnizações pagas a quem é despedido.
Primeiro não se disse que eram só para os futuros contratos. Parecia que era para todos.
Quando a coisa já estava aceite, sem grande contestação e com João Proença já com as calças em baixo, como sempre, veio dizer-se que os que agora estão sob contrato, não veriam ajustados o valor das indemnizações.
Mas dois dias depois, como a medida não foi contestada, já deu para ir mais longe.
Afinal, os que já têm contrato também serão penalizados.
Claro!
Não serão reduzidas as indemnizações...apenas a forma de cálculo.
O cinismo não pode ser maior.
E a falta de carácter político de Proença, a verdadeira cremalheira do Partido dito Socialista, não pode ser mais amarelo e traidor.
O senhor dos Passos não faria melhor!
Estamos perante uma situação que até agora nunca tinha sido muito contestada pelo patronato.
Por razões práticas.
Isto é: as actuais indemnizações permitem a qualquer patrão despedir individualmente sem justa causa, sendo que, a causa evocada para passar a ser justa basta que utilize um dos vários itens que o novo código do trabalho introduziu, também com a total anuência dos sindicatos.
Para o despedideiro é bom negócio despedir: poupa na segurança social, poupa na troca do despedido por um aprendiz a soldo baixo, e até pode deduzir no IRC a despesa que teve ao ver-se livre de um empata.
Portanto: pagar mais uns tostões até pode compensar.
Não compensaria, se tivesse de indemnizar também a segurança social pela perda de entrada de contribuição e não tivesse de deduzir um despedimento como uma despesa. E não compensaria, se uma empresa com lucro, tivesse de ser penalizada com despedimentos, para aumentar os lucros e a distribuição de lucros pelos sócios e accionistas.
O que é notável, e mostra bem os tempos de falta de contestação e de amorfismo em que vivemos, é o facto de as medidas penalizadoras serem feitas à semana.
Ora, isto cria uma instabilidade sem preço na sociedade e faz com que o Estado seja cada vez mais um gangster pronto a assaltar o cidadão na sua carteira e nos seus direitos.
Assistimos à falta de política em favor da engenharia financeira. Exactamente o que levou o Mundo ao estado em que está.
Meia dúzia de medidas da treta, que não fazem avançar a economia, mas fazem encher o ego de um patronato troglodita, montado em carros topo de gama e em contas blindadas no estrangeiro, são suficientes para a D. Merkl achar que o país vai no bom caminho.
Portanto: para a semana quem tem agora contrato de trabalho vai passar a receber menos em caso de despedimento e daqui a 15 dias não recebe nada.
É o PREC dos patrões.


L.Carvalho

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sábado, 11 de dezembro de 2010

PORTUGAL ANSEIA PELO FMI !

Sabemos, ouvimos e lemos, há muito que não ignoramos: os portugueses adoram protectores. Nos sapatos, mas não só: de preferência na vida. Tomaram o gosto com o Salazar e o seu chapéu de chuva que fez de cada português um pastorinho abrigado das intempéries do Mundo. Da guerra, do comunismo, do consumismo e dos pecados. Em troca de um pão e um copo de vinho, com um terço por sobremesa e um bagaço como digestivo, o português tornou-se numa ovelha obediente num rebanho bem guardado.

Por tudo isto e muito mais não admira que agora, à falta de um governo responsável, com huevos e com sentido social, o português anseie pela vinda do FMI.
A Nossa Senhora já deu o que tinha a dar e parece que também entrou em crise devido à míngua das esmolas, e até o professor de economia posto pelo voto popular na cadeira de Belém já não consegue fazer de Menino Jesus, nem de qualquer outra figura prestável do presépio nacional.


O português típico que respondeu à sondagem deste fim-de-semana do Expresso, SIC e Rádio Renascença, sonha agora com uma santa aliança FMI-PSD, uma joint venture entre Borges e Coelho, a santa aliança mais que perfeita para levarem a cabo o desmantelamento final do Estado Social.
A última bandeira ( e única) que fazia até agora a diferença entre a esquerda social-democrata (PS) e o liberalismo troglodita da direita (PSD).


Portanto: os portugueses depois de terem sido chibatados pelo governo de Sócrates, estão agora já a baixar as calças à espera das vergastadas dos carrascos do Fundo.
Há qualquer coisa de sórdido e de masoquista no comportamento do português, mas esta tendência doentia para o sofrimento começa a ser mais preocupante do que a subida dos juros da dívida.
A não ser que haja aqui neste síndroma da dor algo de místico e de redentor. Soubemos esta semana que João Paulo II se auto-flagelava na intimidade e também já sabíamos que um banqueiro caído em desgraça desafiava a auto-tortura em nome do Senhor, na mesma altura em que gizava grandes engenharias financeiras.


Se o Zé Coitado acha que é a levar nas nálgas que vai enriquecer... o melhor é por-se a jeito e ouvir outro grande mestre da chicotada que no melhor das suas curtas-metragens, gritava: Aguenta e não chora!.


L.Carvalho

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

CADA DIA QUE PASSA HÁ MAIS...

As reportagens mais ou menos dramáticas que começam a encher páginas de jornais e revistas com o retrato de um país de miséria e fome – este país, o País da Fome, chama-lhe esta semana a revista Visão – não retratam ainda resultados da presente crise nem da próxima austeridade.

Reflectem, isso sim, efeitos de uma política seguida nas últimas décadas. Mas, muito particularmente, reproduzem consequências da política do Governo actual: o poder de compra dos salários e das pensões degradou-se, o desemprego acelerou, o número de pessoas com trabalho em risco de pobreza explodiu, a percentagem de crianças pobres no conjunto da população escolar disparou, a desigualdade impôs-se como regra ao longo dos mandatos do governo de um partido que se chama socialista.

Já não há termos de comparação com outras situações em democracia mas lá chegaremos - a tempos mais dolorosos que os da fome em Setúbal nos anos 80 - não tanto por efeito da crise mas por consequência da cura decidida pelo Governo PS apoiado à bengala do PSD. Como chegaremos, muito provavelmente, aos tempos da penúria salazarista. Esta semana, o primeiro nevão do Outono trouxe notícias de milhares de crianças privadas de ir às aulas, porque não tinham transporte para escolas longínquas das suas residências, uma vez que as escolas mais próximas fecharam. A diferença é apenas que nos tempos negros da ditadura as crianças percorriam aqueles caminhos a pé e descalças. Mas também não sabemos se com a austeridade sobrará dinheiro para a gasolina da camioneta da Câmara e mesmo para os sapatos.

Começa a ser urgente que o Governo promova um lauto almoço de trabalho com os parceiros do costume para discutir, na hora dos fumos e dos néctares raros, o problema da fome em Portugal
.


J.P.G.

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

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