terça-feira, 31 de janeiro de 2012

OS CIDADÃOS SÃO HOJE COMO OS SERVOS DA GLEBA DE OUTRORA

Há grupos económicos portugueses que mantêm intactos os seus privilégios desde os tempos da monarquia. Ao longo de séculos, conseguiram domesticar todos os regimes.
Até hoje, cativam uma parte significativa do orçamento de estado, à custa do qual se habituaram a enriquecer. Beneficiam de rendas das parcerias público-privadas da saúde, como acontece com o grupo Mello ou Espírito Santo. Recebem milhões pelo pagamento de juros da dívida pública. Obtêm concessões em monopólio, como acontece com a Brisa, detentora, por autorização governamental, das auto-estradas de Porto a Lisboa.

Os favores que recebem do estado têm revestido as mais diversas formas. No tempo do fascismo, obtinham licenças num regime de condicionamento industrial, em que só os amigos do regime podiam criar empresas. O seu domínio sobre a economia e a política vem dos tempos da monarquia, onde pontificava o conde do Cartaxo, antepassado da família Mello. Já os Espírito Santo descendem do poderoso conde de Rendufe.

Assim, estes grupos conseguiram trazer até ao século XXI, incólume, a lógica feudal, a tradição de atribuição de prebendas aos poderosos. Com uma diferença. Enquanto no tempo do feudalismo o rei atribuía privilégios que consistiam na doação de benefícios económicos (terras), a par de poder político (títulos), hoje apenas se concedem favores económicos. Assim, estes grupos mantêm o poder sem os incómodos do escrutínio democrático. Sabem que mais importante do que ter o poder na mão é ter a mão no poder. Até porque sempre influenciaram a política. Conseguiram-no no tempo de Salazar, através do fascínio que Ricardo Espírito Santo exercia sobre o ditador. Em democracia, contratam políticos de todas as tendências. Eanistas como Henrique Granadeiro, socialistas como Manuel Pinho ou social-democratas como Catroga.

Neste jogo democrático viciado, os cidadãos são hoje como os servos da gleba de outrora, mas agora sob a forma de contribuintes usurpados. E reféns do sistema vigente, que muitos chamam de neoliberalismo, mas que não é novo nem é liberal. É apenas a manutenção do velho feudalismo.


Paulo Morais

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

MAIS UMA...

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

RICOS...!



Rico é quem gera dinheiro, dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos "ricos". Aquilo que têm, não detêm. Pior, aquilo que exibem como seu é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.

Necessitariam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por os lançar a eles próprios na cadeia. Necessitariam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.

O maior sonho dos nossos novos-ricos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efémeras cintilâncias.

Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade.

As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas.

Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. O fausto das residências chama grades, vedações electrificadas e guardas privados. Mas por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam.

Coitados dos novos ricos. São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma.

O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam ser sustentados com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.

Os nossos endinheirados-às-pressas não se sentem bem na sua própria pele.

Sonham em ser americanos, sul-africanos. Aspiram ser outros, distantes da sua origem, da sua condição. E lá estão eles imitando os outros, assimilando os tiques dos verdadeiros ricos de lugares verdadeiramente ricos. Mas os nossos candidatos a homens de negócios não são capazes de resolver o mais simples dos dilemas: podem comprar aparências, mas não podem comprar o respeito e o afecto dos outros. Esses outros que os vêem passear-se nos mal-explicados luxos. Esses outros que reconhecem neles uma tradução de uma mentira. A nossa elite endinheirada não é uma elite: é uma falsificação, uma imitação apressada.

A luta de libertação nacional guiou-se por um princípio moral: não se pretendia substituir uma elite exploradora por outra, mesmo sendo de uma outra raça. Não se queria uma simples mudança de turno nos opressores.

Estamos hoje no limiar de uma decisão: quem faremos jogar no combate pelo desenvolvimento? Serão estes que nos vão representar nesse relvado chamado "a luta pelo progresso"? Os nossos novos ricos (que nem sabem explicar a proveniência dos seus dinheiros) já se tomam a si mesmos como suplentes, ansiosos pelo seu turno na pilhagem do país.

São nacionais mas só na aparência.

Porque estão prontos a serem moleques de outros, estrangeiros. Desde que lhes agitem com suficientes atractivos irão vendendo o pouco que nos resta. Alguns dos nossos endinheirados não se afastam muito dos miúdos que pedem para guardar carros. Os novos candidatos a poderosos pedem para ficar a guardar o país. A comunidade doadora pode ir às compras ou almoçar à vontade que eles ficam a tomar conta da nação. Os nossos ricos dão uma imagem infantil de quem somos. Parecem crianças que entraram numa loja de rebuçados. Derretem-se perante o fascínio de uns bens de ostentação.

Servem-se do erário público como se fosse a sua panela pessoal.

Envergonha-nos a sua arrogância, a sua falta de cultura, o seu desprezo pelo povo, a sua atitude elitista para com a pobreza. Como eu sonhava que Moçambique tivesse ricos de riqueza verdadeira e de proveniência limpa! Ricos que gostassem do seu povo e defendessem o seu país. Ricos que criassem riqueza. Que criassem emprego e desenvolvessem a economia. Que respeitassem as regras do jogo. Numa palavra, ricos que nos enriquecessem. Os índios norte-americanos que sobreviveram ao massacre da colonização operaram uma espécie de suicídio póstumo: entregaram-se à bebida até dissolverem a dignidade dos seus antepassados. No nosso caso, o dinheiro pode ser essa fatal bebida. Uma parte da nossa elite está pronta para realizar esse suicídio histórico. Que se matem sozinhos. Não nos arrastem a nós e ao país inteiro nesse afundamento.


Mia Couto

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QUE MISÉRIA, ESTA


O Presidente da República é uma majestade protegida. Há uma deferência especial, começando na imprensa, que virá talvez do reconhecimento de que o cargo tem sido um culminar agraciado de carreiras políticas. É preciso cometer um grande erro para perder essa imunidade. Esse erro é desrespeitar os portugueses. E Cavaco Silva cometeu-o.

O valor da pensão de Cavaco Silva sempre o preocupou. Há um ano, entre dois mandatos, o candidato Cavaco Silva lamentou-se publicamente da pensão da sua mulher. É uma coisa que o incomoda. E compreende-se que se lamente por não puder mais acumular salários com pensões; que as veja cortadas por impostos; que as reveja diminuídas por cortes da "troika". A crise afecta todos os que têm rendimentos (muito mais do que os que têm património) e mesmo quem ganha muito pode continuar a ganhar muito mas só depois muito perder. Mas nada disto amnistia ou atenua aquele desabafo de vão-de-escada. Porque é omisso e manipulador; porque é de um Chefe de Estado; porque é de um privilegiado, mesmo que à custa de transpiração. Portugal está hoje cheio de transpirados no desemprego, de brilhantes a recibos verdes e de jovens promessas que não terão pensões.

As misérias do Presidente da República não são misérias, são privações. O desabafo do Presidente não é um desabafo, é uma zanga incontida na semana em que recebeu a primeira reforma cortada, a de Janeiro. Milhares de portugueses levaram essa chapada naquele dia. Não precisavam de levar a segunda. Sendo pessoal, omissa em relação a outra pensão e às despesas que não paga, é uma frase selectiva. Terá sido afinal por razões pessoais que questionou a "equidade fiscal" destes cortes apenas na Função Pública? Não podemos crer que sim, seria demasiado mesquinho, o nível de impostos é mesmo de uma enorme violência. Mas então por que razão não se levantou o Presidente contra a falta de "equidade fiscal" noutras áreas, como o IRS de casados que ganham se simulares divórcios?

Cavaco Silva quis fazer-se de mártir mas regou-se com gasolina. Colocou a questão legal num prisma moral. A moral tem um inimigo no moralismo. A República não pode ter um inimigo no Presidente. "Não sei se ouviu bem, 1.300 euros por mês" é dos maiores insultos públicos dos últimos meses aos portugueses. Custa muito pedir desculpa, mas é isso que o Presidente deve fazer neste momento. A franqueza só é uma fraqueza se a gente for fraca. E um "fraco rei faz fraca a forte gente".

Que miséria, esta.



Pedro S.Guerreiro

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ESTAMOS EM PLENO REINO DA...

O mal-estar causado pela assinatura do Acordo de Concertação Social não pára de aumentar. E, à medida que se conhecem os itens do documento, as baterias apontadas ao eng.º João Proença são cada vez mais. Torres Couto, fundador da UGT, afirmou que o acto é suicidário e que aquela central caminha para a dissolução.

E sindicatos e sindicalistas afins não param de criticar, por vezes acerbamente, o que entender ser uma capitulação de Proença.
Este, claramente irritado, tem procurado defender-se com argumentos tão irracionais como idiotas, mas o que está em causa deita por terra qualquer tentativa de justificação.

O dr. Passos Coelho subiu ao palco e disse, entre outras banalidades e omissões, que se estava em presença de uma grande coligação social.
Não é assim.
O primeiro-ministro não aceita as evidências e quer enganar quem?
Com a saída da CGTP, o desenrolar dos acontecimentos são de molde a preocupar.
Menos de vinte e quatro horas depois, uma manifestação de descontentes gritou a sua cólera perante o edifício do Parlamento. E isto não vai parar!, exclamou Carvalho da Silva, que vai deixar o lugar de secretário-geral da CGTP, por exigências estatutárias, e ser substituído por Arménio Carlos.

Claro que apareceram aduladores do documento.
Os mais despropositados foram o dr. Tavares de Miranda e o também dr. Braga de Macedo, recuperados de um limbo onde muito bem estavam.
O dr. Miranda discreteou acerca das inabaláveis virtudes de um texto, cujos objectivos salvíficos são comoventes.
Parece que a pátria estava em perigo de soçobrar, não acontecesse a assinatura singularmente patriótica do eng.º Proença. E o dr. Braga, sempre muito inteligente, exautorou as declarações de Torres Couto, de quem disse ser muito amigo, fora o despautério daquele absurdo radicalismo; ou foi fundamentalismo o que disse?

O facto é que o acordo é um texto beligerante, que desfere golpes terríveis em muitos avanços sociais do mundo do trabalho.
A Imprensa tem enumerado a lista e chega a ser sórdido o que patrões e governo querem fazer com o apoio sorridente do eng.º Proença.
Este, desasado e sem saber onde se meter, culpa os jornalistas.
Os jornalistas são culpados de muita coisa; mas de esta, não.
O eng.º Proença cumpre, aliás, o desígnio histórico que tem caracterizado o seu trajecto e o da UGT.
Não vale a pena cauterizar velhas feridas fazendo ressurgir histórias ignóbeis.
Mas cada um come do que quer e a mais não é obrigado.

A verdade é que as ambições patronais foram obtidas, com a conivência de UGT, e não há volta a dar ante as circunstâncias.
O escarmento de que o eng.º Proença é alvo não é injusto: ele assumiu as responsabilidades de fazer o que fez, num momento particularmente dramático da sociedade portuguesa e, em especial, da classe trabalhadora. Porque é esse o caso.
Todos nós, os que trabalhamos, operários, jornalistas, professores, mecânicos, motoristas, vamos ser atingidos pela onda avassaladora de uma série de iniquidades de que a UGT é responsável.
É extremamente significativo ver quem apoia e aplaude este acordo. E a desvergonha aumenta quando o eng.º Proença agita a bandeira da meia hora como vitória singular.
A verdade é que a historieta da meia hora foi um engodo, enganador como todos os engodos.
As coisas estavam preparadas e cumpliciadas para se apresentar a cedência governamental e patronal como ganho sindical.
O embuste servia para justificar o que aí vinha.

Estamos em pleno reino da infâmia.
Enfraquecido pelas pressões conservadoras e ultraliberais e pelas traições oportunistas de aventureiros sem escrúpulos, o mundo do trabalho está cada vez mais encostado á parede do seu infortúnio.
Porém, a história no-lo ensina que os incidentes de percurso, por dramáticos e dolorosos que sejam, são superados pela força da razão.
Estamos num desses períodos, em que tudo parece perdido.
Mas não está.
O estádio civilizacional será, ocasionalmente, interrompido, mas não é nunca uma etapa definitiva. E o poder, quase totalitário, que parece avassalar a Europa, começa, aliás, a apresentar fissuras.
Todas as derrotas são aparentes, por muito duradouras no aspecto. E não há conquista sem luta nem luta sem sofrimento.

B.B.

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

VIGARISTAS, ...



Retirado de uma resposta no Expresso online…:


Há dez minutos atrás, ao preencher o formulário para aderir ao descontinho de 10%, deparo-me com a obrigatoriedade de inserir um NIB para pagamento bancário. Como já tenho pagamento por conta bancária, recorri à menina EDP, através do 808 501 501 (linha dedicada aos patos que querem este descontinho e eu fui um deles).
-Fulana de tal... EDP... em que posso ser útil?
- Estou a tentar preencher online a adesão ao desconto de 10% e não há nenhum campo para indicar que já tenho pagamento pelo banco.
- Este será um novo contrato, por isso tem de introduzir o NIB, mesmo que seja o mesmo.
- Um novo contrato? Porquê?
- Porque a senhora está a deixar de ser cliente da EDP Universal e está a passar a ser cliente da EDP mercado liberalizado.
- E... isso quer dizer o quê???
- Que passa a estar no mercado liberalizado de fornecimento de energia que a TROIKA obrigou.
- E se eu não sair da EDP Universal?
- Mais tarde vai ter de sair, porque o mercado regulado vai acabar, por ordens da TROIKA.
- E vai acabar quando?
- Em 2015 vai deixar de haver.
- Então quer dizer que até 2015 ainda posso estar como cliente do mercado regulado!?
- Sim, mas depois tem de sair.
- E se sair já, o que acontece ao preço que vou pagar?
- Até final da campanha os preços mantêm-se...
- E depois de Dezembro de 2012 (final da campanha)?
_ ????
- JÁ PERCEBI! NÃO QUERO ADERIR, MUITO OBRIGADA.


Espero que os caros comentadores e leitores também consigam perceber a tempo o que aí vem. Cump.



EXPLICAÇÃO BÁSICA:

No Mercado Regulado, tal como o nome indica, os preços são devidamente controlados por uma entidade competente, não podendo subir além dum determinado valor.
No Mercado Liberalizado não há qualquer regulação, ou seja, temos de estar atentos ao que nos cobram mensalmente.
Quando aderimos à Campanha do sistema de Pontos do Continente, obrigatoriamente temos de passar do mercado regulado para o mercado liberalizado e, por conseguinte, assinar novo contrato.

Além dos esclarecimentos acima reproduzidos, impõe-se acrescentar:

Por contacto feito com a linha EDP (808501501) fomos informados que ao aderir à campanha em referência, teriamos de renunciar à tarifa bi-horária (em que o custo do kWh tem uma redução de 46,2%);


O QUE FAZER:

Aconselhamos a quem não concordar com esta “habilidade” da EDP (com a colaboração do grupo SONAE/Continente) configurando um flagrante caso de “ambush marketing” (marketing de emboscada) e publicidade enganosa, que apresente as suas queixas junto da Direcção Geral do Consumidor e/ou ICAP (Instituto Civil da Autodisciplina da Comunicação Comercial), para além da ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos).


Pedro Q. Graça

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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

SÃO UNS GRANDES ... !


É bom constatar que nem tudo é negativo neste país.

Afinal nem todos os jovens pertencem à geração à rasca.

A boa notícia é que o actual governo está a recrutar jovens prodígios portugueses para assessores e/ou adjuntos, mediante um simpático vencimento da ordem dos três mil euros mensais.

E só podem ser prodígios, porque quem é especialista em qualquer coisa aos 24 anos é um fenómeno!

Já sei que as más línguas irão dizer que são boys que ali estão a troco de favores que os partidos do governo devem aos progenitores.

Pura má língua.

Temos que acreditar que os nossos governantes são sérios, e que se os jovens chegaram tão rapidamente ao este patamar é porque o merecem e não devem ser confundidos com aqueles que, embora também titulares de cursos superiores, ou estão no desemprego ou se ficam pelos quinhentos euros mensais, a recibo verde e a título precário.

Agora percebo porque é que tenho tanta dificuldade em compreender algumas medidas anunciadas pelo governo.

É que provavelmente estarão sustentadas pela vasta experiência destes especialistas, e eu ainda não atingi o seu nível de desenvolvimento intelectual para as entender.

Viva a democracia!

Lista de 29 assessores / adjuntos de Ministérios, todos de idade inferior a 30 anos, havendo 14 especialistas com idades entre os 24 e os 25 anos.

MINISTÉRIO DA DEFESA NACIONAL (2)
Cargo: Assessora
Nome: Ana Miguel Marques Neves dos Santos
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
Cargo: Adjunto
Nome: João Miguel Saraiva Annes
Idade:28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.183,63 €
MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS (1)
Cargo: Adjunto
Nome: Filipe Fernandes
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.633,82 €
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS (4)
Cargo: Adjunto
Nome: Carlos Correia de Oliveira Vaz de Almeida
Idade: 26 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
Cargo: Assessor
Nome: Bruno Miguel Ribeiro Escada
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.854 €
Cargo: Assessor
Nome: Filipe Gil França Abreu
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.854 €
Cargo: Adjunto
Nome: Nelson Rodrigo Rocha Gomes
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA (2)
Cargo: Assessor
Nome: Jorge Afonso Moutinho Garcez Nogueira
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
Cargo: Assessor
Nome: André Manuel Santos Rodrigues Barbosa
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.364,50 €
MINISTRO ADJUNTO E DOS ASSUNTOS PARLAMENTARES (5)
Cargo: Especialista
Nome: Diogo Rolo Mendonça Noivo
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
Cargo: Adjunto
Nome: Ademar Vala Marques
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
Cargo: Especialista
Nome: Tatiana Filipa Abreu Lopes Canas da Silva Canas
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
Cargo: Especialista
Nome: Rita Ferreira Roquete Teles Branco Chaves
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3069,33 €
Cargo: Especialista
Nome: André Tiago Pardal da Silva
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
MINISTÉRIO DA ECONOMIA (8)
Cargo: Adjunta
Nome: Cláudia de Moura Alves Saavedra Pinto
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Tiago Lebres Moutinho
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: João Miguel Cristóvão Baptista
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Tiago José de Oliveira Bolhão Páscoa
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: André Filipe Abreu Regateiro
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Ana da Conceição Gracias Duarte
Idade: 25 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: David Emanuel de Carvalho Figueiredo Martins
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: João Miguel Folgado Verol Marques
Idade: 24 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,34 €
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA (3)
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Joana Maria Enes da Silva Malheiro Novo
Idade: 25 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
Cargo: Especialista/Assessor
Nome: Antero Silva
Idade: 27 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
Cargo: Especialista
Nome: Tiago de Melo Sousa Martins Cartaxo
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,33 €
MINISTÉRIO DA SAÚDE (1)
Cargo: Adjunto
Nome: Tiago Menezes Moutinho Macieirinha
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 3.069,37 €
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DA CIÊNCIA (2)
Cargo: Assessoria Técnica
Nome: Ana Isabel Barreira de Figueiredo
Idade: 29 anos
Vencimento Mensal Bruto: 2.198,80 €
Cargo: Assessor
Nome: Ricardo Morgado
Idade: 24
Vencimento Mensal Bruto: 2.505,46 €
SECRETÁRIO DE ESTADO DA CULTURA (1)
Cargo: Colaboradora/Especialista
Nome: Filipe Martins
Idade: 28 anos
Vencimento Mensal Bruto: 1.950,00 €

Fonte: http://www.portugal.gov.pt


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sábado, 14 de janeiro de 2012

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

CONTINUEM A VER TELENOVELAS E A VOTAR NOS PATIDOS DO CORAÇÃO...

O genocídio que esta canalha do governo que se apoderou do país, está a levar à prática.

A liquidação do sistema nacional de saúde basta para que nos próximos anos morram milhares de idosos e pessoas de fracos recursos.

Aqui está a confirmação.



Continuem a ver telenovelas e a votar nos partidos do coração.

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PORNOGRAFIA ?
































Antero

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sábado, 7 de janeiro de 2012

É SÓ GENTE DE BEM?

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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

IMENSO POLVO




Os últimos dias foram reveladores da existência na sociedade portuguesa de um imenso polvo que controla o poder político e a comunicação social que permite transformar a democracia numa verdadeira face, só faltou sabermos da existência dos tentáculos desse polvo em sectores como a justiça, ainda que ninguém duvide de que nesta a independência é muito semelhante à da comunicação social.

Soubemos que o imenso polvo une deputados do poder a deputados da oposição, líderes parlamentares de partidos opostos, patrões da comunicação social, agentes secretos e outros agentes.
Percebemos que se o polvo quiser queima um cidadão, seja ele um
modesto funcionário ou mesmo um primeiro-ministro que lhe desagrade.
Se o polvo o desejar investiga a vida de um cidadão incómodo, com jeito até lhe pode encher uma gaveta da cómoda com marijuana ou expor algum pecadilho íntimo na comunicação social.
O polvo pode actuar impunemente porque quem o controla é um dos seus tentáculos e quem o vigia na comunicação social é outro dos seus tentáculos.

Vimos também como um ricaço cuja empresa investe milhões em publicidade consegue juntar mais gente em manifestações de solidariedade do que as vítimas de qualquer tragédia que ocorra em Portugal, mal os interesses do super merceeiro foram postos em causa assistiu-se a uma verdadeira procissão de directores de jornais, comentadores, jornalistas e opinion-maker dos mais diversos tipos e calibres em defesa do mais recente emigrante português.


Uns terão sido pagos, outros estarão a co
ntar com a participação num bónus de publicidades outros apenas têm a esperança de que o ricaço repare neles para lhes enviar uma gorjeta, talvez a encomenda de um livro para a fundação do Barreto ou mesmo um cabaz com pacotes de arroz e garrafas de azeite no próximo Natal.
Alguns até o fazem porque já nasceram sem coluna e acham que estão no mundo para bajular e lamber os ditos dos mais poderosos.

Quando os trabalhadores do Pingo Doce fizeram protestos públicos em Agosto de 2009 ou em Outubro de 2011 ninguém escreveu em sua defesa, nenhum jornal dedicou um editorial ao tema, nem o Expresso fez uma entrevista a um trabalhador.
Mas agora que o senhor Santos põe o dinheiro e os lucros longe do alcance do fisco do seu país chovem as manifestações de solidariedade, tudo se faz para poupar o ricaço a qualquer boicote.

Estes são dois casos que mostram até que ponto a corrupção moral está a apodrecer o país, como o poder é controlar e gerido por um imenso polvo que se alimenta do país e, por sua vez, se apropria da riqueza colectiva para alimentar e enriquecer uma imensidão de gente que, como diria Cavaco Silva, não produzem bens transaccionáveis, vivem sim da tráfico de influências, o único negócio que em Portugal parece ser competitivo, a a matéria-prima dos políticos é barata e a competitividade está assegurada.

É este imenso polvo que escolhe políticos e ajuda a elegê-los, que escolhe governantes ou ajuda a derrubá-los, que torna a justiça ineficaz, que apodrece o país com corrupção e que ajuda a manter um imenso esquema que impede o desenvolvimento do país e mantém uma economia prisioneira de esquemas que matam a concorrência e a competitividade alimentando a desigualdade social.

Foi este imenso polvo que arruinou bancos, que levou o Estado quase à falência, que se aproveitou das vantagens do euro enquanto estas duraram e que agora conspira para que sejam os pobres a pagar uma crise que eles provocaram.
Os italianos têm uma máfia a que numa famosa série televisiva chamaram polvo.
Nós temos um polvo tão mau ou pior do que as máfias italianas mas sem qualquer designação, é simplesmente um imenso polvo que aprisiona o país do Algarve a Trás-os-Montes, da Madeira aos Açores.





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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

VOLTAR A CASA


Devagar, aproximo a colher, oblíqua, do centro do prato. Por um instante, a circunferência de caldo e a colher formam um exemplo geométrico, são como a ilustração de ângulos num manual de matemática. Sinto o cheiro a conforto morno, a casa, a bem-estar, a inverno agasalhado. Abro caminho com a ponta da colher entre fios de couve, finos e embaraçados como ninhos de pardais. Quando a colher já está cheia e a levanto, não penso em mais do que na sua própria imagem. Fixo-a como se já lhe soubesse o sabor. Confirmo o melhor desse conhecimento no fim do gesto. Caldo verde. Fecho os olhos por um momento.

Após esse momento, o mundo reaparece. A minha mãe dá voltas à mesa. Tem pressa talvez por não querer que este tempo acabe. A sua imagem pisca de um e de outro lado da mesa. Antes de eu chegar, eu sei que a minha mãe enrolou folhas de couve na mão. Aproximou-as das lâminas do aparelho de ferro que as cortou em fios, a rodar por meio de uma manivela, preso à mesa por um grampo. Tenho essa memória desde pequeno, o som das folhas grossas de couve a serem cortadas, a sua cor verde-escura e o seu cheiro fresco, também verde. A voz da minha mãe mistura-se com o sabor da sopa. Diz-me: sabes quem é que morreu? Não sei, mas quero saber. Então, a minha mãe perde a pressa. Faz uma pausa para dar dois ou três passos, que se ouvem chinelados no chão. Dentro de mim, preencho esse silêncio com uma sucessão de rostos da minha infância.

Foi o Ti Zé Rente-às-Orelhas, diz a minha mãe. Quem? A minha mãe tenta explicar melhor: foi aquele homenzinho que morava na entrada da Devesa, vizinho do Mané Fãfã, o viúvo da Ti Chica Estreita. Eu conheço esses nomes, já os ouvi muitas vezes no meio de conversas, mas não estou a ser capaz de identificá-los. A minha mãe escandaliza-se: não sabes quem é o Mané Fãfã? Andaste à escola com dois sobrinhos dele, os filhos do latoeiro, o Armindo e o irmão mais novo do Armindo. Esses conheço bem: sim, claro, os filhos do latoeiro. O Mané Fãfã é irmão do latoeiro? Não, responde a minha mãe, o Mané Fãfã é irmão da mulher do latoeiro, a Rosalinda. Lembro-me dessa mulher, chegou a dar-me pão com mel quando brincava com os seus filhos, mas não sabia que tinha irmãos. Afinal tem, à farta, a minha mãe explica-me que essa mulher é a única rapariga de cinco filhos. Outro irmão dela é o Raposo. Até que enfim: ah, o Mané Fãfã é irmão do Raposo? Assisti-lhe a muitos jogos de sueca. Coitado. Que idade tinha? A minha mãe diz-me que não foi o Mané Fãfã que morreu, foi o seu vizinho, o Ti Zé Rente-às-Orelhas, um homem magro, solteirão, com mais de noventa anos, muito bem falante, mas bastante mouco. Morreu a ver a telenovela.

Não lhe recordo o rosto e, no entanto, consigo imaginar esse homem como se adormecesse, a merecer descanso. Digo: só me lembro do Mané Fãfã ter uma vizinha, aquela mulher maluca, despenteada, despassarada, a Violante. Com paciência, a minha mãe explica-me: essa é a vizinha de um lado. O Ti Zé Rente-às-Orelhas era o vizinho do outro lado.


José Luís Peixoto

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domingo, 1 de janeiro de 2012

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