terça-feira, 30 de novembro de 2004

VENHA A MOEDA BOA

Venha a boa moeda expulsar a má.
Nem Santana Lopes, nem Sócrates são boas moedas.
São as duas faces da mesma moeda má.
É no PSD que se pode encontrar a boa moeda.
Cavaco seria a melhor e deveria ponderar as consequências do seu próprio artigo no Expresso. É mais preciso no governo do que na Presidência da República. Se quiser tem tudo e todos com ele.O PSD tem que perceber que esta é a única possibilidade do oferecer ao país a melhor alternativa, (a alternativa que Santana Lopes dará ao país é o PS e Sócrates), poder ter uma maioria absoluta e fazer as reformas que o país urgentemente necessita. Não é messianismo, é realismo. É só querer.

José Pacheco Pereira
in:http://abrupto.blogspot.com

Etiquetas:

MAIS VALE TARDE DO QUE NUNCA!

Felicito o Presidente da República pela coragem de decidir dissolver a AR. Decisão que me surpreendeu (e magoou) ele não tivesse tomado em Julho último, dessa forma evitando as trapalhadas, graves prejuízos para a economia, descrédito para a Democracia e todo o adicional desgoverno que a "solução" Santana Lopes, inventada pelo Dr. Durão Barroso, iria cristalinamente trazer - como trouxe - ao País. Mas não vou perder tempo a contemplar o umbigo. Mais me importa agora exprimir inequívoco apoio e estímulo à direcção do PS e ao seu Secretário-Geral, José Sócrates, para o combate eleitoral que se avizinha e que é indispensável vencer, para restaurar confiança na Democracia em Portugal e pela dignidade e bem-estar dos portugueses. Envolver na condução do processo António Vitorino é, sem dúvida, bom sinal. O que também não posso, neste complexo momento, é deixar de saudar fraternalmente Eduardo Ferro Rodrigues, por quem cresceu a minha admiração e lealdade ao trabalhar, sob sua liderança, na direcção do PS, em tempo duríssimos, em que foi alvo da mais vil e desbragada campanha de demolição pessoal e política. Mas a verticalidade, a competência e a força das convicções socialistas acabam por compensar, e não só no plano pessoal: também politicamente. Por isso Ferro Rodrigues é reservatório de um capital de credibilidade e de capacidade de governação de que o PS e o País não podem, de modo nenhum, prescindir.
Ana Gomes

Etiquetas:

A CORDA QUEBROU

Sucedeu mais cedo do que o esperado o que quase toda a gente tinha por inevitável mais cedo ou mais tarde, ou seja, o fim da linha para o Governo de Santana Lopes. Era evidente que ele não ia chegar a 2006, dado o desnorte governativo e o clima de progressivo apodrecimento político. Com os incríveis desenvolvimentos do fim-de-semana passado, o Presidente entendeu que se tinha atingido a linha vermelha e que o País não poderia continuar a suportar o factor de instabilidade e de perturbação permanente era que o Governo, abandonado até pelos seus aliados sociais naturais. Diferentemente do que ocorreu em Julho, em que o próprio Presidente deixou arrastar desnecessariamente a sua hesitação quanto ao caminho a seguir, desta vez Jorge Sampaio foi lesto e decidido, talvez porque na sua mente se iam acumulando desde trás as provas da estrutural incapacidade governativa.Embora se possa lamentar que o desenlace ocorra num contexto pouco propício -- designadamente pelos efeitos colaterais negativos no plano orçamental e financeiro -- e venha baralhar os calendários políticos anteriores (por exemplo, o referendo da Constituição europeia deve ser adiado), a decisão do Presidente é inatacável sob o ponto de vista constitucional e político, mesmo que seja discutível quanto à sua oportunidade
V.M.

Etiquetas: , ,

LIBERDADE EM SEGURANÇA




Os réus entraram. Três. Fardados de azul. De escudo a tiracolo e
viseira erguida.
O juiz pôs a touca com um pequeno jeito de mão direita. Afirmou
- Levante-se o queixoso.
O queixoso estava deitado. Não se levantou.
- Tem alguma coisa a acrescentar quanto à sua arguição contra os
réus? - insistiu o juiz, dando outro pequeno jeito na touca.
O queixoso nada disse. Continuava deitado.
- Dadas as circunstancias atenuantes e outras, declaro os três réus
inocentes. O queixoso demonstra à sociedade ser provocador. E
silencioso. Revolucionário alterante de ordem estabelecida.
Destabilizador da liberdade em segurança. Que os réus, absolvidos, se
retirem. Em segurança e liberdade.
Os três réus perfilaram-se. Fizeram a continencia com a mão direita.
E sairam. Pela porta da direita.
Sairam os meirinhos. Pela porta do fundo.
E também o juiz. Já sem touca. Pela porta da frente.
Sairam todos.
O queixoso não. Estava deitado, como já tive oportunidade de
informar. Com cinco tiros no baixo-ventre. E morto.

MÁRIO HENRIQUE LEIRIA

Etiquetas:

SAMPAIO AFASTA CENÁRIO DE ELEIÇÕES (...)


O chefe do Executivo apresentou-se ontem a Sampaio sem qualquer alternativa preparada.
O JN sabe que Santana Lopes estaria disposto a tudo, inclusivé eleições.
in Jornal de Notícias

Etiquetas:

SANTANA NÃO PRESTA...


A entrevista de Santana Lopes a Judite de Sousa (RTP1) confirmou a nulidade do primeiro-ministro como homem de Estado e governante. Um chefe de governo que está 32 minutos pressionando jornalistas e queixando-se de cabalas e críticas nos "media" não tem qualidades para dirigir um país. A RTP1 deu-lhe uma hora e meia para ele espraiar a sua visão do país e do mundo e ele gastou mais de um terço do tempo com obsessões pessoais acerca dos "media".
Só isso já seria lamentável, mas Santana desceu mais baixo: reivindicou mais tempo de antena, pois acha pouco o que tem, demonstrando o quanto é antidemocrática a sua concepção do poder; e pressionou o próprio órgão de informação que o acolhia, a RTP1, acusando-a de dar guarida, veja-se bem, a um "director de um jornal" que faz comentário.
Referia-se ao comentário político na RTP1 do director do PÚBLICO, José Manuel Fernandes. As duas referências de Santana ao seu esporádico espaço de comentário na RTP1 constituíram uma intolerável pressão sobre a empresa e a informação da RTP. Tal como deu o seu acordo, duas vezes, às incríveis declarações de Gomes da Silva sobre Marcelo, Santana pressionou agora a RTP, em directo e na própria RTP. A opinião pública já está tão amorfa que ninguém se referiu a esta inaceitável pressão de Santana Lopes sobre um órgão de informação tutelado pelo próprio governo. Há dois meses atrás, estas declarações de Santana seriam suficientes para se convocar audições no parlamento ou na Alta Autoridade.
O PS, aliás, já deixou cair a questão da liberdade de expressão, que disse estar nas suas prioridades quando rebentou o caso Marcelo. Sócrates calou-se; logo, consente. Percebe-se: o PS prefere uma direcção de informação "de consenso" na RTP a uma direcção de informação independente, como era a de Rodrigues dos Santos: os partidos e os medíocres têm horror às pessoas independentes. Além disso, a facção de Jorge Coelho no PS conseguiu na Lusomundo um outro "consenso" do habitual bloco central asfixiante da informação livre. Susteve uma direcção próxima do PS no "JN". No "DN", onde os escandalosos administradores Bettencourt Resendes e Luís Delgado mantêm colunas de "opinião", a nova direcção tem cinco nomes (!): além dos dois directores, que agradam ao governo, inclui uma nóvel aquisição santanista (Pedro Rolo Duarte) e dois socialistas (Peres Metello e João M. Fernandes). Coelho conseguiu ainda colocar o seu homem de mão Carlos Andrade como director-geral de publicações: quando o PS ganhar as eleições, o "DN" terá nele um novo director "natural". Já sabemos o que nos espera em termos de política de informação num governo Sócrates.
Laranja ou rosa, é a mesma natureza.

Etiquetas:

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

VIVERMOS E PENSARMOS COMO PORCOS

Filósofo e matemático de renome internacional, Gilles Châtelet ficou conhecido pela sua verve panfletária, e seguramente o seu documento mais incendiário é “Vivermos e Pensarmos como Porcos”, finalmente publicado entre nós (“Vivermos e Pensarmos como Porcos, Sobre o incitamento à inveja e ao tédio nas democracias-mercados”, por Gilles Châtelet, Temas e Debates, 2003).
Temos aqui uma visão crítica dos 30 anos que medeiam entre o fim da abundância, que acompanhou a idade de ouro do Estado-Providência e a consolidação da globalização e do consumidor-indivíduo.
A terceira vaga pós-industrial em que vivemos é dominada pelo tecno-populismo, a tirania da estatística, a “tartufice humanitária”, numa atmosfera da “Contra-Reforma” neoliberal em que “mercado igual a democracia igual a maioria de homens médios”. A nossa democracia já não está ao serviço da solidariedade, da autonomia da pessoa, mas do bom governo dos mercados. Governar bem é estar atento aos desejos do homem médio, mantendo em equilíbrio com o consumidor-cidadão-egoísta, o ciber-comunicador e o pobretana que se alimenta dos restos das indústrias do entretenimento com que as Sobreclasses anestesiam as Subclasses.
No essencial, o livro de Châtelet desmonta os mecanismos do discurso dominante, assente num colectivo de individualidades em que a “engenharia do consenso” faz o equilíbrio mágico da democracia dos mercados.
Se bem que ironizando em torno dos conceitos das classes médias, este libelo acusatório da pós-modernidade carnívora não esconde as suas raízes no pensamento de outro influente contestatário, Herbert Marcuse, pensador emblemático da agitação universitária do período revolucionário dos anos 60. É na linha deste pensador que Châtelet fala na “tripla aliança” (política, económica e cibernética) que é susceptível de auto-organizar as massas humanas, dando-lhes um simulacro de projecto: através do digital, cria-se a utopia de que todos os confrontos são ultrapassáveis; através da cidadania democrática aprende-se a tolerar um sistema de competitividade feroz em que o despojado já não se revolta contra o super-rico; através do consumo, estabelece-se o controlo social, gerando-se a ilusão do respeito pelas diferenças.
A denúncia da impostura, feita pelo autor, não introduz qualquer alternativa à mornidão do sistema controlado em que vivemos. O “homem médio” vive aprisionado na democracia-mercado, mas o filósofo diz que a este homem médio será possível opor o “homem-qualquer” capaz de reabilitar a excelência do político e de nos salvar num processo histórico que ultrapassa toda a rotina e todo o possível antecipado. A democracia do futuro só será válida se der uma oportunidade aos heroísmos do “qualquer um”. “Vivermos e Pensarmos como Porcos” é uma obra indispensável aos analistas da sociedade contemporânea, aos estudiosos do consumo, a todos os investigadores que estudam a articulação entre os diferentes pensamentos científicos e mesmo aos políticos confrontados com os sucessivos impasses a que nos conduziu a exaltação do ultraliberalismo. Este manifesto é uma provocação que pode contribuir para um outro mundo possível que transforme a globalização predatória numa globalização de solidariedades.
B.Santos

Etiquetas:

SANTANETES...


O Portal do PSD (Link) não esqueceu o entretenimento dos portugueses e propõe dois jogos (tão disponíveis como quase todas as suas promessas eleitorais) que prometem divertir os portugueses. O Laranjaman onde podemos combater os RosaOids da Corrupção que querem dar cabo do universo, e o "Orange Destroyer onde vamos impedir a invasão dos terríveis RosaOids que querem destruir o planeta Portugalis.O Jumento propõe ao palerma do webmaster do Portal do PSD mais um jogo: o Cavacostroyd, onde um perigoso CompetentOid pretende transformar em cavacos os IncompetentOids do planeta Santanete.

Etiquetas: ,

NESTE ESTABELECIMENTO REMODELA-SE ÀS QUARTAS-FEIRAS


A INCUBADORA E A FALTA DE SENTIDO DE ESTADO

Um Primeiro-ministro, no exercício das suas funções oficiais, não pode fazer um discurso como o da "incubadora" naquele local e naquelas circunstâncias. E se um dos bombeiros, que fazia a guarda de honra, pousasse a bandeira e saísse dizendo "como não sou dessa família não tenho que estar em formatura num comício partidário...", dava uma lição bem merecida ao Primeiro-ministro e até ao país, que já começa a ficar habituado, mal habituado, a estas confusões entre partido e governo.
José Pacheco Pereira

O DILEMA DE SAMPAIO


Com a demissão de Henrique Chaves, o Presidente da República vê-se perante um dilema em relação ao qual poderá dizer-se que não se sabe bem onde acaba o ridículo e começa o trágico. Trata-se, em qualquer caso, de uma situação muito pouco abonatória da imagem de um país que Jorge Sampaio não gostaria certamente de ver confundido com um imaginário Estado de opereta dos irmãos Marx ou uma sul-americaníssima república das bananas.Se Sampaio considera que o estrondoso bater de porta de Chaves (conhecido por ter sido um dos deputados mais desbocados do nosso Parlamento, como pôde ver quem por lá passou) não é ainda suficiente para diagnosticar a insustentabilidade de Santana Lopes á frente do Governo, corre o risco de perder definitivamente a face presidencial.Mas se Sampaio decide, finalmente, que esta é a gota que fez transbordar o vaso da sua infinita paciência e convoca eleições antecipadas, corre outro risco não menor: o de conceder a uma figura tão irrelevante e patética como Chaves o estatuto quase épico de coveiro do santanismo e criador de uma tremenda crise institucional.Tirem-me deste filme, deverá estar, por estas horas (são três da madrugada de segunda-feira), a implorar Sampaio.
Mas agora é tarde, sr. Presidente.
V.J.S.

domingo, 28 de novembro de 2004

JORGE SAMPAIO É O GRANDE CULPADO

Ministro do Desporto e Juventude apresenta demissão

O Ministro do Desporto, Juventude e Reabilitação, Henrique Chaves, anunciou hoje a sua demissão do Governo, menos de uma semana após ter assumido o cargo, acusando o primeiro-ministro de falta de "lealdade e verdade".
O pedido de demissão foi entregue cerca das 15h00, na residência oficial do primeiro-ministro. Santana Lopes, que se encontra em Vila Real, recusou-se a fazer qualquer comentário à notícia.Num comunicado citado pela Lusa, Henrique Chaves, até há poucos dias ministro-adjunto do primeiro-ministro, refere que não concebe "a vida política e o exercício de cargos públicos sem uma relação de lealdade entre as pessoas", nem "o exercício de qualquer missão privada ou pública, sem o mínimo de estabilidade e coordenação".Na sua nota, Henrique Chaves acusa directamente o primeiro-ministro, Santana Lopes, de não lhe ter concedido condições para exercer as suas funções. "Convidado para ministro-adjunto, nunca me foi dada a oportunidade de exercer qualquer função ao nível da coordenação do Governo, própria das funções inerentes a essa pasta", argumenta o ministro demissionário, acrescentando que estando as suas funções “exclusivamente dependentes do primeiro-ministro, só a este cabe a responsabilidade de conceder, ou não as condições para o exercício desse cargo”. Henrique Chaves diz que no seu caso “nunca aconteceu”."Em face do referido esvaziamento de qualquer papel de coordenação do Governo - um dos pressupostos do acordo de aceitação do cargo para que fui nomeado - e confrontado com um cenário de remodelação ministerial, era minha intenção aproveitar a oportunidade para abandonar funções de imediato", continua."Foi-me, no entanto, traçado um cenário nos termos do qual a remodelação resultaria de uma pressão de véspera, alegadamente por quem, para tanto, tem poder institucional, a qual teria por objectivo forçar a prevenção do cometimento de novos erros graves, geradores de instabilidade social e institucional, por quem, sem resguardo, os vinha cometendo", refere ainda o texto, numa referência à alegada pressão do Presidente da República para a transferência do ministro Rui Gomes da Silva para um cargo mais discreto. No comunicado, o ministro alega "dois factos novos" que levaram à decisão de se demitir: "em primeiro lugar, tenho hoje a certeza que o cenário que me foi apresentado como sendo de véspera à noite fora, afinal, delineado semanas antes. Em segundo lugar, um dia depois, foi-me comunicada a intenção, de se proceder à demissão de um outro ministro".Considerando que lhe faltaram à verdade, "de uma forma muito grave", Henrique Chaves apresentou a demissão ao primeiro-ministro. "Compreenderão que perante tão grave inversão dos valores de lealdade e verdade, não tive qualquer dúvida em apresentar a minha demissão preservando a minha dignidade", conclui.No passado dia 24, o primeiro-ministro, Santana Lopes, anunciou uma mini-remodelação surpresa do Governo, quando apenas estava prevista uma cerimónia de tomada de posse de novos secretários de Estado.
Com a remodelação, Rui Gomes da Silva passou do cargo de ministro dos Assuntos Parlamentares para o de ministro-adjunto do primeiro-ministro, Nuno Morais Sarmento acumulou as pastas dos Assuntos Parlamentares e da Presidência, e Henrique Chaves abandonou o cargo de ministro-adjunto para tutelar o Ministério da Juventude, Desporto e Reabilitação.
O primeiro-ministro justificou estas mudanças no Governo com a "avaliação" que tem feito dos quatro meses de actuação governamental e "pelo que se tem passado politicamente", preferindo falar em "reformulação no Governo" e não em remodelação, porque nenhum dos ministros em causa saiu, mas antes foi transferido de pasta.

sexta-feira, 26 de novembro de 2004

A ESQUERDA DEVE-LHE 104 ANOS DE HOMEM SÉRIO


Morreu Fernando Valle
Fernando Valle era o "maçon mais antigo do mundo, tendo sido iniciado em 1923", recordou o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano.
"A morte de Fernando Valle é uma luz que se apaga no horizonte cívico de Portugal. Ele foi um dos últimos grandes símbolos da República"
António Arnaut.

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

COMEÇA HOJE EM PORTALEGRE


Festival Cores e Sabores


Produtos protegidos com menções comunitárias, modos de produção particular (Agricultura Biológica e protecção Integrada), oficinas, exposições, palestras, música, conferências, provas, danças e desfiles, são os atractivos do Festival Cores e Sabores que arranca hoje, em Portalegre.
O Festival Cores e Sabores que decorre até ao próximo domingo, visa afirmar Portalegre como capital dos produtos protegidos, realizando-se pelo segundo ano consecutivo, nas instalações do mercado municipal da cidade.
O certame que será inaugurada quinta-feira às 17:00 pelo ministro-adjunto do Primeiro-Ministro, Henrique Chaves, integra uma mostra de produtos tradicionais de qualidade, bem como produtos de todo o mundo, como o Brasil, a Polónia, a Espanha, ou a França.
O presidente da Câmara Municipal de Portalegre, Mata Cáceres, disse que este o aproveitamento deste tipo de produtos pode contribuir para o desenvolvimento da região.
"Nós não temos nenhum poço de petróleo, nem nenhum outro tipo de riqueza para sobrevivermos e se projectar-mos este tipo de produtos poderemos estar perante uma via de rendimento alternativa".
O autarca lamentou que este tipo de produtos não sejam ainda levados a sério a não ser nestes dias festivos.
"Esta feira não pode ser banalizada porque nela só estão representados os produtos que obedecem aos critérios de qualidade previamente definidos".
O Festival Cores e Sabores que tem como principais promotores a Câmara Municipal de Portalegre, a Região de Turismo do Norte Alentejano, a Associação de Produtores Florestais do Norte Alentejano e a Natur-al-Carnes, contará ainda com a presença de um reconhecido chefe de cozinha, entendidos, artistas e figuras públicas apreciadoras destes produtos.
O programa do "Cores e Sabores" integra ainda a assinatura, na sexta-feira, de um protocolo que consagra a adesão à rede Origin, de quatro agrupamentos de produtores, dois dos quais do Norte Alentejano.
A importância desta assinatura tem a ver com o facto de estes serem os primeiros produtores portugueses a estar inseridos nesta rede internacional de protecção a produtos com indicação geográfica.
A rede Origin (Organização para um rede internacional de indicações geográficas) foi lançada em Genéve (Suiça) em 11 Junho de 2003 por produtores com indicações geográficas de África, Ásia, América Latina e do Norte da Europa, encontrando-se sedeada na Suiça e representando actualmente mais de um milhão de produtores de produtos tradicionais de mais de 30 paises.
A Origin tem como objectivos promover as indicações geográficas como um instrumento de desenvolvimento e como um forma de proteger os conhecimentos locais, bem como procurar uma melhor protecção das indicações geográficas ao nível regional, nacional e internacional.
A partir de sexta-feira os Agrupamentos de Produtores APAFNA e Natur-al-Carnes, a Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha e a Associação de Produtores de Maça de Alcobaça farão parte de uma vasta rede internacional.
Para Carlos Vacas de Carvalho, presidente dos Agrupamentos de Produtores APAFNA e Natur-al-Carnes, "os agrupamentos de produtores que vão aderir a esta rede passam a ter um espaço alargado de diálogo e de partilha de experiências importantes para conseguir projectar de forma mais eficaz os seus produtos no mundo".




terça-feira, 23 de novembro de 2004

ONDE ISTO CHEGOU...


A factura de telecomunicações da Câmara Municipal de Ponte de Sor, levou um grande aumento.

Este aumento da conta telefónica da Câmara Municipal de Ponte de Sor é devido ao valor a pagar por chamadas de valor acrescentado (chamadas eróticas) realizadas por um dos telefones do gabinete do presidente da Câmara...

EM GAVIÃO



A Câmara Municipal de Gavião apresenta hoje dia 23 de Novembro (Feriado Municipal), o DVD "Moinhos da Ribeira de Margem", numa cerimónia a realizar no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a partir das 14:00.

O programa das comemorações integra ainda o descerramento da lápide da Rua "Moinho Ti Luís Couteiro" na Ferraria, às 15:00, e uma visita ao "Moinho" de Moinho do Torrão.

PROVOCAÇÕES

Um hino ridículo.
Vacuidade esculpida nos palanques: "Verdade", "Confiança" e "Geração Portugal".
Meninos e meninas, clones dos "Pioneiros" e dos "Lusitos", de laranja uniformizados.
Palcos de bancadas sorumbáticas para a Nomenclatura.
Ausentes de peso, a sugerir que estava terminada a mais radical decapitação da inteligência do partido. "Videoclips" de filhos comovedores.
Lágrimas de função.
Voz embargada a propósito.
Proclamações de elevada densidade política: "Eu adoro Portugal! Nós adoramos Portugal"! Demagogia para o país e emoções para o partido.
Fez-se a entronização do líder, devidamente legitimado por percentagens orientais.
À falta de grandes duelos, habituais com o partido na oposição, o Congresso do PSD acabou por se distinguir pelas provocações que dele saíram.
A primeira, a menos notada, mas a mais dura, tinha Jorge Sampaio como destino.
A segunda dirigia-se a Cavaco Silva.
A terceira, perversa, visava Paulo Portas e o CDS-PP.

Santana Lopes sabe, desde a tomada de posse como Primeiro-ministro, que o Presidente da República o colocou sob vigilância. É uma nova interpretação, ou antes, um novo estilo constitucional, tão legítimo como outros. Já várias vezes o Presidente alertou para eventuais desvios de acção e inspiração. Entre as condições de investidura, estavam a fidelidade ao programa do governo anterior, sufragado pelo eleitorado, assim como a consistência da política financeira. Com este orçamento e com as suas declarações durante o Congresso, Santana Lopes disse ao Presidente, directamente: não terei mais em conta as considerações então formuladas. É assim a segunda vez que desafia o Presidente a encetar uma qualquer acção contra si. Não se trata apenas de dar alegria às bases do partido. Nem só de se libertar da austeridade a fim de se preparar para as eleições. É muito mais do que isso. Santana sabe que tudo corre contra ele, desde a popularidade até às dificuldades da política, passando pela situação económica, financeira e social. Julga que só terá uma oportunidade de competir e eventualmente ganhar as legislativas se for tido como vítima e objecto de ataques do Presidente socialista. Está convencido de que só demitido à força poderá apresentar-se da maneira como sabe e gosta, com ar de vítima inocente, tal donzela ferida ou cavaleiro impoluto, com lágrimas e ranger de dentes e, já agora, com um inimigo a abater. Parece um forcado, no meio da praça, de mãos nas ancas: "Demita-me, senhor Presidente!".
Nada o autoriza a dar por encerrada a austeridade. Não há sinais de retoma segura e sustentada. O emprego, o investimento, a produção, o défice, a produtividade, a balança comercial, o ritmo das exportações, o endividamento e a situação económica internacional apenas aconselham a que se mantenha o clima de severidade e rigor nas finanças públicas. Mesmo assim, contra toda a evidência, contra o parecer de instituições credíveis, contra as opiniões dos especialistas, incluindo muitos do seu próprio partido, Santana Lopes decretou o fim da austeridade. Com duas intenções. Uma, a de provocar o Presidente. Outra, a de se autorizar a gastar o que for preciso para tentar ganhar eleições. E o desgraçado país que viva as consequências da demagogia.
Santana Lopes não suporta a ideia de ter Cavaco Silva como Presidente da República. Não se gostam, é sabido. Não se entendem, é conhecido. Têm dois estilos, dois métodos, duas maneiras de ser, duas visões do mundo e duas poses em perfeita oposição. Nada disso, que é muito, bastaria para criar uma verdadeira incompatibilidade entre eles. Os problemas são outros. Cavaco Silva é actualmente o rival claro na popularidade dentro do PSD. Os únicos alérgicos ao professor de economia são os adjuntos e próximos companheiros de Santana Lopes, sempre zelosos no excesso. Cavaco também é mais popular no eleitorado. O que, para alguém em permanente carência de afectos, não é muito agradável. Pior que tudo: Cavaco Silva, em Belém, seria uma fonte de racionalidade na política, um travão à demagogia, um filtro de trapalhices e um obstáculo à tropelia. Com a vantagem, diante da opinião, de não pertencer à oposição, de não vir de um partido rival. Santana Lopes sentir-se-ia mais ameaçado pelo seu "companheiro" social-democrata, do que por um socialista, previsível força de bloqueio. Eis por que faz a Cavaco Silva uma proposta que ele não pode aceitar: a de fazer com que a sua candidatura saia das alfurjas do partido.
Finalmente, Paulo Portas e o PP. Santana Lopes gostaria de decidir sozinho e na última hora se faz ou não coligação, se leva ou não o governo até ao fim da legislatura, se dispensa o PP mas guarda o governo. Como é evidente, tudo fará para empalmar o parceiro, para o despedir na véspera das eleições, mas terá de ser em seu tempo e com as suas conveniências. Não lhe convém abrir uma polémica agora. Nem lhe interessava que fosse o partido, as tão glorificadas bases do PSD, a dizer-lhe o que deve fazer. Mas as bases disseram mesmo e o seu desconforto foi evidente. Pior, o PP ouviu e percebeu. Se não reage, está perdido. Se reage, perdido está. Terá de estudar muito bem a estratégia e pensar num método que lhe salve a vida. Se sai do governo, como deveria, para preparar as suas eleições "contra" o PSD (onde irá este partido buscar eleitores, se não ali?), corre o risco de ser varrido. Se fica no governo, mas não tem coligação garantida, não obterá votos que cheguem, podendo vir a ser dispensável. O que lhe interessa é apenas ficar no governo até ao fim e obter a coligação eleitoral que lhe evite ser contado. Ou sair já.
Santana Lopes queria um poleiro, mas saiu-lhe um pelouro. Ainda por cima, o pior, o de Primeiro-Ministro, aquele que, entre todos, exige mais trabalho, seriedade, contenção, responsabilidade, conhecimento, concentração e firmeza no propósito. Habituado (e talentoso...) a ser candidato a tudo, seja o que for, fica-lhe mal ter chegado e não ter nova candidatura à vista. Este homem, em seu tempo e para alguns, um divertido "troublemaker", transforma-se em perigoso provocador. Mas atenção! Quem reagir primariamente às suas provocações está a prestar-lhe grande serviço. Quem não reagir de todo, está a dar-lhe os meios de que necessita para atingir os seus objectivos. Apesar de não parecer, o homem sabe o que está a fazer. Poderá não saber governar, mas, para estas coisas, tem jeito.
António Barreto

SE NÃO PERCEBES A PERGUNTA, VOTA NÃO (2)


Queixam-se os defensores do “sim” à Constituição Europeia que o debate corre o risco de acabar por ser sobre a pergunta e não sobre a Constituição. Ainda bem, porque a pergunta “diz” mais sobre as razões porque se deve votar “não” do que tudo o resto. Ela exemplifica, na sua matriz anti-democrática (esta pergunta não tem nem um átomo de respeito pelos portugueses), o que está mal no actual momento da construção europeia: défice democrático, elitismo iluminado, truques de uma burocracia longínqua e pouco escrutinada, que encontram eco nos grupos dirigentes partidários locais que não se importam, ao mesmo tempo que enchem a boca com a palavra “Portugal”, em ceder poderes nacionais que ninguém em Portugal acabará por controlar, muito menos o parlamento português. É, a pergunta é um retrato feio, não deixemos de a discutir.
José Pacheco Pereira

O IRAQUE CONTINUA ASSIM...



segunda-feira, 22 de novembro de 2004

AVIS: CÂMARA COM GESTÃO PARTICIPADA




O Município de Avis criou um Programa Municipal de Reforço da Gestão Participada – “Participar +”, que constitui um projecto pioneiro a nível distrital e está entre os primeiros do nosso país, anunciou a autarquia. Este programa, constituído, desde já, por oito medidas, tem como principal objectivo promover a participação activa dos munícipes no processo de gestão local, tendo efeitos imediatos, uma vez que a autarquia diz que foram criados mecanismos de auscultação da população que serão determinantes na elaboração do Orçamento e restantes documentos previsionais para 2005. Uma das medidas deste projecto foi a criação de novos suportes de comunicação que têm como objectivo manter a população informada acerca da actividade municipal, habilitando-a a participar activamente nos processos de decisão. O primeiro fruto desta medida foi uma folha informativa designada de “Ponto d’Encontro”, uma publicação temática regular, cujo primeiro número foi dedicado à apresentação do Programa “Participar +”. Esta publicação pretende ser um elo de ligação entre o Poder Local e a população e dá corpo a um projecto autárquico de democracia e gestão participadas que assenta na valorização da intervenção efectiva dos munícipes na orientação da gestão local, aproximando-a das necessidades sentidas pela população. Um dos principais mecanismos de auscultação da população foi accionado paralelamente à publicação do “Ponto d’Encontro”, uma vez que a edição inaugural deste boletim, distribuído por todos os lares do concelho, foi acompanhada por um inquérito destinado a recolher as sugestões e críticas dos munícipes, averiguando as intervenções mais urgentes a incluir no Plano de Actividades e Orçamento para 2005. Para participar, os cidadãos do concelho têm apenas que preencher o inquérito, colocá-lo no envelope em anexo e entregá-lo na sua Junta de Freguesia ou directamente na Câmara Municipal de Avis até dia 18 de Novembro, podendo ainda enviar as suas sugestões através de e-mail. Além das referidas medidas, o programa “Participar +” engloba ainda o atendimento descentralizado em cada freguesia, a descentralização das reuniões de Câmara, o incentivo à participação permanente dos trabalhadores da Câmara Municipal de Avis, o reforço da delegação de competências e atribuição de meios às Juntas de Freguesia, a valorização das organizações populares e associativas e a criação e dinamização de estruturas de carácter consultivo permanente.

SE NÃO PERCEBES A PERGUNTA VOTA NÃO



A fórmula mais eficaz de fazer campanha caso a actual pergunta absurda, cozinhada pelo PS-PSD-PP para induzir ao sim e à abstenção no referendo sobre a Constituição Europeia, seja a escolhida, é: “se não percebes a pergunta vota não”.

Tem sentido? Tem todo o sentido porque os partidários do “sim” nas direcções do PS-PSD-PP estão a tentar manipular o referendo com uma pergunta deliberadamente complicada, amalgamando matérias distintas e ocultando outras, pretendendo tornar desigual o “sim” e o “não” na resposta. A pergunta pura e simplesmente não é honesta, trata os portugueses de forma indigna, mancha a democracia com a sua óbvia manipulação.

Ora basta isto para responder “não”, nem que seja para obrigar a fazer novo referendo, com nova pergunta clara, daqui a uns bons anos

José Pacheco Pereira
in:http://abrupto.blogspot.com

sexta-feira, 19 de novembro de 2004

QUE ÁGUA BEBEMOS NA CIDADE DE PONTE DE SOR?


Porque será que a água do furo do laranjal, na cidade de Ponte de Sor, não dispõe de analises há vários anos?

SUGESTÕES PARA O SEU FINAL DE SEMANA...

Em Avis
V Mostra Gastronómica do Concelho de Avis com Festival de Sabores
Quem passar pelo concelho de Avis nestes dias tem paragem obrigatória nos restaurantes “Água Doce”, “Martins”, “Mestre de Avis” e “Retiro da Ponte”, em Avis; “Tasca do Montinho”, em Alcórrego e “O Êrico”, em Benavila.

No PORTO


Paula Rego


15 de Outubro a 23 de Janeiro de 2005
A exposição apresenta uma selecção da obra de Paula Rego produzida a partir de 1996, incidindo particularmente na relação entre a sua pintura e o desenho, assim como na construção de situações ficcionais singulares e idiossincráticas.
A artista apresenta pela primeira vez os desenhos preparatórios das suas pinturas, ainda uma nova série de trabalhos, especificamente pensados para esta exposição, a partir de um tema onde surja como referência a cidade do Porto.
A exposição terá início no Museu de Serralves, com a sua itinerância por Espanha, França e Itália, sabendo-se já do interesse da Colecção Saatchi em ser a entidade co-produtora onde a exposição terá a sua última itinerância.

FÚRIA


Ainda bem que não perdi a capacidade de ficar furioso, é a palavra certa, furioso, com determinados actos políticos. A pergunta aprovada por PSD-PP-PS para o referendo europeu é um insulto a todos os portugueses, e mostra, melhor do que nenhuma outra coisa, o desprezo que quem a aprovou tem pelo povo, por Portugal, palavra com que enchem a boca na razão directa do mau trato que dão ao país onde nasceram e a todos nós.

Voltarei ao assunto, mas penso que é importante discutir já se, em vez de uma campanha para votar "não", se devia organizar um movimento cívico de recusa deste falso referendo e de contestação da sua legitimidade.

(Só depois de ter escrito esta nota comecei a ler o que se diz no mesmo sentido em vários blogues. Não são muito importantes aqui as autorias, mas o protesto colectivo e a exigência que esse protesto tenha meios de se expressar nos grandes meios de comunicação social com a mesma relevância dos defensores do "sim" que votaram esta pergunta manipuladora.)

*

A "pergunta" : "Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?"

José Pacheco Pereira

in:http://abrupto.blogspot.com

O TEXTO QUE ACABEI DE ESCREVER


Na semana passada, mostrei à minha mãe um texto que tinha acabado de escrever. A minha mãe foi buscar os óculos e sentou-se. Segurou as folhas e começou a ler. Eu esperava que acabasse e, às vezes, olhava para ela. Durante o tempo em que esteve a ler, vi o seu rosto a mudar muitas vezes de expressão. Depois da última linha, pousou as folhas sobre a mesa e olhou para mim sobre as lentes dos óculos como se não precisasse de dizer nada, como se fosse óbvio aquilo que tinha para dizer. Depois desse instante, disse-me "não podes publicar isto." Como se perguntasse, disse-me "o que é que as pessoas vão pensar?" Eu olhei para a minha mãe e ri-me. Expliquei-lhe que ela não estava a entender bem. Tentei explicar-lhe que, obviamente, as pessoas ao lerem "eu" não iriam pensar que estava mesmo a falar de mim. Do mesmo modo, ao lerem "a minha mãe" não iriam pensar que estava mesmo a falar dela. A minha mãe tem o cabelo muito encaracolado e eu, como exemplo, mostrei-lhe uma frase que dizia "a minha mãe tem o cabelo muito liso". A minha mãe disse-me "mas essas pessoas não me conhecem e vão pensar que tenho o cabelo liso e que digo essas coisas que aqui escreveste". Eu perguntei-lhe porque é que ela se importava tanto com a opinião de pessoas que não a conhecem. A minha mãe passou as mãos pelos cabelos e disse que as pessoas que encontra na rua também não a conhecem mas que, mesmo assim, não deixa de se pentear quando sai à rua.
Nada disto é verdade. A minha mãe não disse nada disto. Eu mostrei- -lhe o texto, ela leu-o e disse-me "as pessoas vão pensar que eu tenho o cabelos encaracolado e que brigo contigo por causa dos textos que escreves". Eu disse-lhe que não fazia mal porque ambos sabíamos que ela tem os cabelos lisos e que nunca brigou comigo por causa de nenhum texto. Ela ficou meio triste e disse "sim, nós sabemos isso, mas as pessoas vão pensar de outra maneira". Eu tentei consolá-la, passei- -lhe a mão pelos cabelos e mostrei-lhe as frases onde estava escrito: "Nada disto é verdade. A minha mãe não disse nada disto." A minha mãe perguntou-me se eu acreditava mesmo que as pessoas iam achar que eu e ela não tínhamos dito tudo o que estava descrito naquele texto só porque tinha escrito em duas frases em que dizia que nada daquilo era verdade. Nesse momento, como se me deixasse a pensar nisso, a minha mãe levantou-se e foi fumar um cigarro para a janela.
Que eu saiba, a minha mãe nunca fumou um cigarro na vida. Só com um grande esforço da imaginação, consigo pensar na ideia de algum dia a minha mãe acender um cigarro e fumá-lo. Quando lhe mostrei o texto que tinha acabado de escrever, a minha mãe disse-me "nem penses em publicar isto". Poucas vezes vi os seus olhos tão furiosos. Disse-me "se eu souber que publicaste isto, esqueço-me que tenho filho e nunca mais te quero ver a pisar o chão desta casa". Olhei para ela sem entender de onde vinha toda aquela fúria. Continuou a falar. Era por causa de ter escrito que ela tinha ido fumar um cigarro para a janela. Falou em falta de respeito. Disse-me "não te esqueças que já tenho cinquenta e três anos, não sou nenhuma rapariga da tua idade". Disse-me "se te esqueceres disso, pelo menos não te esqueças que sou tua mãe". Voltou a falar em falta de respeito e, quando saiu, bateu a porta com toda a força.
"O que é que as pessoas vão pensar?", sussurou a minha mãe. "De certeza, vão achar que eu ando por aí com ataques de fúria, a bater com as portas". Olhou para mim preocupada e disse "pensarem que eu ando a fumar ainda é o menos". A sua preocupação era um sentimento constante que permanecia no seu rosto. "De certeza que as pessoas vão pensar que eu estou sempre a pensar naquilo que elas poderão ficar a pensar". Tentei explicar-lhe que, obviamente, as pessoas ao lerem "eu" não iriam pensar que estava mesmo a falar de mim. Do mesmo modo, ao lerem "a minha mãe" não iriam pensar que estava mesmo a falar dela. Tentei convecê-la que, num texto como aquele, "eu", "a minha mãe" eram conceitos abstractos, eram personagens de um mundo onde eu e a minha mãe entrávamos apenas muito ligeiramente. Expliquei-lhe que só eu e ela pensávamos de facto um no outro enquanto líamos aquelas palavras. As outras pessoas não nos conhecem, por isso ao lerem "eu" pensarão em si próprias, ao lerem "a minha mãe" pensarão nas suas próprias mães. Eu gosto muito da minha mãe. Saber que a minha mãe está preocupada cria em mim uma angústia muito grande. Por essa razão, segurei as páginas e apontei para a frase onde estava escrito: "Eu gosto muito da minha mãe." A minha mãe olhou para mim e sorriu um sorriso inocente.
Quando acabou de ler, a minha mãe pousou as folhas sobre a mesa, pousou os óculos sobre as folhas, olhou para mim e riu-se. "Que texto mais estranho que tu escreveste", disse-me. Por contágio, ri-me também, mas fui parando devagar porque não entendia bem a razão porque me ria. Perguntei-lhe porque achava o texto "estranho". A minha mãe disse-me que quem o lesse ficaria sem saber se ela tem o cabelo encaracolado ou se tem o cabelo liso, se fuma ou não, se é nervosa ou calma, se fica preocupada com aquilo que as outras pessoas pensam ou não. Eu disse-lhe que isso não tornava o texto estranho, disse-lhe que as pessoas ficariam sem saber isso mas que, de qualquer modo, isso seria sempre algo que nunca poderiam saber através de qualquer texto. A minha mãe perguntou-me "então, para que é que escreveste este texto?" Senti-me ofendido e humilhado. Não era evidente o motivo porque tinha escrito aquele texto?
A minha mãe, a minha mãe, a minha mãe. Atirou as páginas para cima da mesa e disse "estou muito decepcionada contigo". Fiz olhos de criança e perguntei-lhe porquê. "Então tu queres que as pessoas pensem que sou uma mãe que fica decepcionada com o filho só porque escreveu um texto?" Olhei para ela sem entender. "O que é que as pessoas vão pensar?" Ainda com olhos de criança, tentei iniciar uma frase que não sabia muito bem qual poderia ser. A minha mãe, com o mesmo olhar severo, perguntou-me "então tu queres que as pessoas pensem que sou uma mãe com um olhar severo que se preocupa com as coisas que as outras pessoas pensam depois de ler um texto?" Eu não sabia o que dizer ou o que pensar. A minha mãe gritou "então tu queres que as pessoas pensem que eu sou uma mãe que começa a gritar só por causa de um texto em que as pessoas pensam que estou a gritar por causa de elas pensarem que estou a gritar?" A minha mãe olhava para mim e já tinha acabado de dizer o que tinha para dizer. Finalmente, entendia-a. A minha mãe era muito mais do que uma mãe com um olhar severo ou com um olhar doce. A minha mãe era muito mais do que uma mãe com os cabelos encaracolados ou lisos. Dizer apenas que a minha mãe se preocupa com as coisas que as outras pessoas podem pensar é dizer muito pouco sobre a minha mãe. Finalmente, entendi-a. Agarrei as folhas. Nunca as publiquei em lado nenhum. Em vez disso, agarrei-as e rasguei-as em muitos quadrados pequenos de papel. O que é que as pessoas poderiam pensar? Eu próprio não sei o que pensar sobre esse texto que nunca publiquei. Era estranho. Não sei se era um texto sobre a minha mãe. Não sei se era um texto que não era sobre a minha mãe. Ainda assim, lembro-me da primeira frase desse texto: "Na semana passada, mostrei à minha mãe um texto que tinha acabado de escrever."

José Luís Peixoto

JOSÉ LUIS PEIXOTO


Nasceu em 1974, em Galveias.
É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Inglês e Alemão) pela Universidade Nova de Lisboa. Publicou, durante vários anos, textos de poesia e prosa no suplemento DN Jovem.
Foi, durante alguns anos, professor do ensino secundário, tendo dado aulas na Lousã, em Oliveira do Hospital e na Cidade da Praia, em Cabo Verde.

Vencedor do Prémio Jovens Criadores do Instituto Português da Juventude nos anos de 1998 e 2000, tinha já publicado, antes de Nenhum Olhar, vários conjuntos de poemas, nos cadernos Átis, e a ficção breve Morreste-me, dada à estampa em Maio de 2000, numa edição de autor rapidamente esgotada.

Em Outubro de 2000 publicou, na Temas e Debates, o seu primeiro romance, Nenhum Olhar, que lhe valeu de imediato um largo reconhecimento da crítica, plenamente confirmado com o facto de ter vencido, no ano seguinte o Prémio José Saramago, da Fundação Círculo de Leitores (destinado à melhor obra de ficção em língua portuguesa escrita por um autor com menos de 35 anos), e foi considerado finalista (facto raro para uma primeira obra) para a atribuição de dois dos mais importantes prémios literários desse mesmo ano: o Grande Prémio de Romance e Novela da APE e o Prémio do Pen Club.

Foram estes dois livros que, já traduzidos em quatro línguas e em negociação para várias outras, lhe garantiram o lugar que hoje ocupa como um dos jovens romancistas de maior destaque na Europa.

O livro de poesia A Criança em Ruínas, lançado em 2001 e com edições sucessivas, constituiu um novo êxito de público e de crítica.

O lançamento de Uma Casa na Escuridão (romance) e de A Casa, a Escuridão (poemas), feito em simultâneo em Outubro de 2002, é outro marco importante no percurso do autor, pela originalidade de uma ficção e de um livro de poemas que remetem para um mesmo e fortíssimo universo ficcional.

Tendo representado Portugal em diversos eventos literários internacionais (Paris, Madrid, Frankfurt, Zagreb, entre outros), foi em 2002 o primeiro autor português convidado para a residência de escritores na Ledig House, em Nova Iorque, encontrando-se já a preparar o seu terceiro romance.

É colaborador regular de vários jornais e revistas como o DNA (Diário de Notícias), e o Jornal de Letras.
OBRAS PUBLICADAS
Ficção:
Morreste-me. Lisboa, ed. Autor, 2000; Lisboa: Temas e Debates, 2001 (4ª edição, Outubro de 2002)
Nenhum Olhar (romance). Lisboa: Temas e Debates, 2001 (5ª ed., Outubro 2002)
Uma Casa na Escuridão (romance). Lisboa: Temas e Debates, 2002.
Poesia:
A Criança em Ruínas, Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2001.
A Casa, a Escuridão, Lisboa: Temas e Debates, 2002.
PRÉMIOS LITERÁRIOS
Prémio "Jovens Criadores" do Instituto Português da Juventude de 1998 e 2000
Prémio José Saramago, da Fundação Círculo de Leitores, 2001.
TRADUÇÕES de Nenhum Olhar:
Espanhol - Nadie nos Mira. Trad. Bego Montorio. Hondarribia: Hiru, 2001(2ª edição, 2002)
Italiano - Nessuno Sguardo. Trad. Silvia Cavallieri, Roma:La Nuova Frontiera, 2002.
Estão neste momento em curso traduções para francês (Éditions Grasset) e croata (VBZ)

UM CAFÉ, POR FAVOR...

19 DE NOVEMBRO DE 1998


Faz hoje 7 anos que oficialmente começavam as inquirições em sede do processo de "impechment” do Presidente Bill Clinton, perante a Comissão de Inquérito ao “Caso Monica Lewinsky”.

PARA QUANDO UM NOVO ESPAÇO DE DIVERSÃO NOTURNA EM PONTE DE SOR?



Para quando um novo espaço de diversão noturna em Ponte de Sor?
Os que existem estão um pouco fora de moda e ultrapassados, em nenhum sitio do mundo uma discoteca fecha ás 2 da manha, aos fins de semana esta linda terrinha está ás moscas, pois claro ou ficamos em casa ou vamos para fora,Ponte de Sor em vez de estar a evoluir cada vez está pior, em vez de se investir milhoes na zona industrial, retundas etc...e tal porque não investir num espaço publico noturno...
Isabel

quinta-feira, 18 de novembro de 2004

UM DISCO PARA AS NOITES FRIAS DO ALENTEJO


"Terra de Abrigo" é o mais recente trabalho da "Ronda dos Quatro Caminhos", um disco que conta com a participação de vários coros alentejanos, a Orquestra Sinfónica de Córdoba, e ainda Katia Guerreiro, Amina Alaoui, Pedro Caldeira Cabral, Ezperanza Fernandes e José António Rodriguez.
Um disco que cria a maior disrupção com o passado alguma vez assistida na história de um grupo de música de raiz tradicional.
Neste caso juntaram Cante Alentejano com uma orquestra sinfónica e produziram um disco inédito: pela sofistificação e pela ambição.
Este trabalho surge precisamente no ano em que a Ronda completa os seus vinte anos de existência - tempo ao longo do qual o grupo apostou na divulgação e recuperação da Música Tradicional Portuguesa - e talvez por isso tenha decidido assinalar, com um trabalho especial, esta importante data.
"Terra de Abrigo" junta pela primeira vez em Portugal, uma orquestra sinfónica e corais alentejanos, pretendendo - de certa forma - "homenagear" a música que se faz no Alentejo, não do ponto de vista meramente "etnográfico", mas através da ligação das várias raízes do "cante", estabelecendo a ponte entre o Alentejo de hoje e o Al-Andaluz de há 800 anos.
Ao todo, foram cerca de três anos de trabalho, para fazer os arranjos para a orquestra, ensaiar os grupos corais e juntar isso tudo. E é a partir desta ideia arrojada e de um trabalho laborioso e minucioso que a Ronda faz o disco de uma vida - com toda a profundidade de uma verdadeira obra prima, indispensável.
O disco conta com vários convidados. Para começar, a participação especial da Orquestra Sinfónica de Córdoba, que acompanha os vários temas tradicionais alentejanos apresentados neste registo discográfico. Vários coros alentejanos dão voz e corpo a este projecto: o Coral Etnográfico da Casa do Povo de Serpa; Rancho de Cantadores de Vila Nova de S. Bento; Cantares de Évora; Grupo Coral Baleizão; Coral Etnográfico do Ateneu Mourense; Grupo Coral da Casa do Povo de Safara e Grupo Cantadores de Saias de Campo Maior.
Ainda como solistas, a Ronda dos Quatro Caminhos contou ainda com a participação especial da marroquina Amina Alaoui, na voz; os espanhois Esperanza Fernandez, Voz e José António Rodriguez, na guitarra; a fadista portuguesa Katia Guerreiro e ainda Pedro Caldeira Cabral, na Viola Campaniça.

IMPOSTOS, MENTIRAS E VIGARICES

Os cidadãos têm direito a conhecer os números do Estado sem manipulações e truques que visam inventar sucessos fiscais que não existe, poupanças que não foram feitas ou equilíbrios que não existem.
Os cidadãos têm direito a uma política económica responsável em que os orçamentos de estados são instrumentos honestos e transparentes, reflectindo com verdade e exactidão. A economia portuguesa não pode andar ao sabor de políticas orçamentais irresponsáveis assentes em orçamentos de mentira.
Os cidadãos têm direito a que os números divulgados pelo Estado sejam verdadeiros e não falseados por truques com a retenção de reembolsos de IRS ou do IVA. É inaceitável que os mesmos cidadãos e empresas que são enganados sistematicamente pelas execuções orçamentais, estejam a suportar essas mentiras vendo a sua situação financeira degradar-se enquanto o Estado retém abusivamente e por prazos inaceitáveis os impostos que foram pagos a mais.
Os cidadãos, mesmo os que não têm posses para pagar a consultores mais ou menos televisivos, têm o direito serem tratados de igual modo pela Administração Fiscal, não sendo legítimo que o aumento da carga fiscal sirva para dar benesses fiscais a amigos no silêncio dos gabinetes governamentais.
Os cidadãos têm direito a um orçamento de verdade e a uma política fiscal justa e transparente. Não se está a pedir muito, pois não?

A M... É TODA A MESMA AS MOSCAS É QUE MUDAM!

foto: Jornal Fonte Nova
PS dá cartão amarelo ao PIDDAC
O Orçamento do Estado (OE) e o PIDDAC (Plano de Investimentos Descentralizados da Administração Central) para 2005 merecem nota negativa do PS do distrito.
O Anarca

UM GOVERNO A VER NAVIOS



O Congresso de Barcelos foi o funeral do antigo PSD. Hoje, o partido é um cadáver.
Vencido pela fadiga, pela putativa adulação ao "santo" Lopes e à sua glória, endiabrado por gente sem escrúpulos, o espírito do "velho" partido social-democrata foi exterminado na ponta da língua de Moraes Sarmento, no rinchar de António Preto, na respinga de Henrique Chaves, perante o alto "astral" de Santana Lopes.
Donde saiu toda essa gente deixa qualquer um incrédulo.
A persistência desses cavalheiros à frente do destino do país e a mediocridade a que se chegou vence de fadiga qualquer um.
A pretensão exibicionista dos comensais do PP em Barcelos, a cantilena irónica de flirt com o PS dada pelo inenarrável Coissoró e o desatino do tripulante de fragatas Portas às perguntas da comunicação social, abala a inteligência venerando do indígena luso.
Entretanto, o eleitor teve a grata visão de observar o ritmo e o movimento marítimo das reformas governamentais em terreno líquido, nova estância de veraneio do Conselho de Ministros.
Impressionado com tudo isto, o doutor Sampaio encontra-se acamado, o soba Luís Delgado reconhece que Santana domina os dossiers, em especial a autópsia "integral" da economia, enquanto o seu patrício Bettencourt Resendes confirma a "ausência do inimigo" em terreno laranja, o que deixa antever uma emocionante caminhada de Lopes & Portas, ouvindo-se já as cítaras e flautas que com vigor artístico Gomes da Silva e Pires de Lima Filho tocam.
Encantador

quarta-feira, 17 de novembro de 2004

POESIA...

Eu pego na minha viola
E canto assim
Esta vida
A correr

Eu sei que é pouco
e não consola
Nem cozido à portuguesa
há sequer

Quem canta sempre se levanta
Calados é que podemos cair
Com o vinho molha-se a garganta
Se a lua nova está para subir

Que atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir

Eu sei de histórias verdadeiras
Umas belas
Outras tristes de assombrar

Do marinheiro morto em terra
Em luta por melhor vida no mar

Da velha criada despedida
Que enlouqueceu e se pôs a cantar

E do trapeiro da avenida
Mal dormido se pôs a ouvir

Que atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir

Sei de vitórias e derrotas
Nesta luta que se há-de vencer

Se quem trabalha não esgosta
No seu salário sempre a descer

Olha a polícia
Olha o talher
Olha o preço da vida a subir

Mas quem mal faz
Por mal espere
Se o tirano fez a festa
P'ra fugir

Que atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir

Mas esse tempo que há-de vir
Não se espera como a noite
Espera o dia

Nasce da força que transpira
De braços e pernas em harmonia
Já basta tanta desgraça
Que a gente tem no peito
A cair

Não é do povo
Nem da raça
Mas do modo como vês o porvir

Que atrás dos tempos vêm tempos
E outros tempos hão-de vir



Fausto Bordalo Dias


HOJE EM ALTER DO CHÃO



O ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, Luís Nobre Guedes, inaugura quarta-feira, em Alter do Chão, uma nova célula de deposição de lixo urbano, num investimento de 2,7 milhões de euros.
Segundo um comunicado da Valnor, empresa responsável pela recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos, a nova célula tem capacidade para receber um milhão de metros cúbicos de lixo e servirá o Norte Alentejano até 2025. O investimento na nova célula, que faz parte do Centro Integrado de Valorização de Resíduos Sólidos do Norte Alentejano, foi financiado em 85 por cento por Fundos Comunitários e o restante através de recursos próprios da Valnor. A construção da nova célula implicou um aumento da capacidade da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para o tratamento das escorrências do depósito de lixo e determinou ainda a construção de um laboratório para a operação da ETAR, num investimento de 150 mil euros. A construção da infra-estrutura, ao longo dos últimos nove meses, incluiu os acessos, instalações de apoio e arranjo paisagístico. Além da nova célula, serão igualmente inaugurados, no mesmo dia, um centro oficial que serve toda a infra-estrutura e instalações próprias para tratamento de resíduos eléctricos e electrónicos, que representa um investimento superior a 270 mil euros. A Valnor adiantou que, em termos de compensação ambiental, foram plantados na área circundante mais 1.500 sobreiros, num ganho de 1.430 árvores face às existentes anteriormente. A Valnor é a primeira empresa do país dedicada à recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos a implementar um sistema integrado de gestão, obtendo a certificação de conformidade com as normas de Qualidade, Ambiente e Segurança, pela International Certification Services

A BOLHA IMOBILIÁRIA: CAUSA OU EFEITO?




Desde há algum tempo que se vêm repetindo os artigos de opinião e as declarações políticas que convergem numa tese urbanística que parece politicamente correcta e a ponto de justificar alterações legislativas ou fiscais que estariam a ser preparadas. A tese é bem simples: os problemas urbanísticos e ambientais do país devem-se à chamada "bolha", ao excesso de oferta imobiliária, sendo que esse desperdício de solos, infra-estruturas e energia seria fomentado pela inconsciência dos municípios, através do sobredimensionamento dos planos que aprovam e da permissividade do licenciamento com que enchem os cofres camarários (e, quem sabe, as bolsas dos licenciadores).

Mas a tese é simplista: uma coisa é constatar a existência da "bolha"; outra é afirmar que a solução começa por retirar aos municípios as receitas fiscais associadas ao licenciamento, como castigo pela sua voracidade.

Em primeiro lugar, temos que nos pôr de acordo sobre o conceito de "imobiliário" (sobretudo de "construção de nova urbanização") que num dado momento possa ser considerado como desnecessário ou excessivo pela administração central ou local, de forma objectiva, transparente e não discricionária - isto é, que possa ser objecto de um regulamento administrativo limitativo de direitos. A nossa experiência diz-nos que, à luz dos conhecimentos presentes, neste e noutros países europeus, tal limite quantitativo não pode ser fixado de uma vez para sempre ("sempre" é a vigência do regulamento, seja plano, quotas ou outra forma). Podem prever-se metas; podem fazer-se discriminações positivas ou negativas que favoreçam ou refreiem determinadas tendências em relação a outras se localmente legitimadas, já que esta regulação quantitativa nunca poderá ser idêntica para todos os municípios ou regiões, quando se sabe que não se trata apenas de refrear a residência mas os serviços, as indústrias, os vários tipos de suporte do turismo, etc., com consequências óbvias para a modernização, o emprego, as mobilidades.

A tese "maltusiana" parte do pressuposto de que pode ser tecnicamente inquestionável a previsão quantitativa do crescimento numa dada região ou município com base na evolução demográfica de cada localidade, que, no último meio século, vem desafiando todos os cálculos de tipo mecanicista (por exemplo, população/famílias/casas) por uma razão principal que não posso aqui desenvolver: o crescimento ou transformação das cidades e vilas, cada vez menos separadas entre si, depende muito mais de factores de sociedade (modos e estilos de vida), das tendências de desenvolvimento económico (PIB, bacias de emprego, mobilidade dos agentes económicos, e peso do sector da construção, preferências do aforro e endividamento das famílias...) e da alteração das acessibilidades territoriais (contínuos espaciotemporais, enclaves, generalização do transporte individual...) do que dos saldos fisiológicos agregados.

Para além desta dificuldade, a tradução destas previsões em planos de usos do solo ainda é mais problemática: é que, ao contrário do que muitos pensam, não basta multiplicar metros quadrados ou número de fogos por um índice de ocupação, para estimar o solo urbanizável a prever num PDM. É sabido que a área edificada é apenas uma fracção do seu total, que inclui outras actividades, vias, espaços livres ou intersticiais, etc. Não tem, portanto, sentido dizer-se que os PDM do país, todos somados, dariam para dezenas de milhões de portugueses!

O que estes cálculos simplistas não têm em conta é que o que mais cresce (sobretudo com o PIB) é o espaço médio por habitante, porque aumentam as suas necessidades, as novas instalações das actividades e equipamentos, os espaços livres urbanos, as vias de comunicação e os estacionamentos, etc. E, para além disto tudo, nenhum plano pode ser concebido como um fato por medida: é essencial para a sua própria viabilidade que ofereça para o médio prazo várias frentes de desenvolvimento, para além de outras razões relacionadas com a incerteza das preferências, com a redução dos riscos de entesouramento ou oligopólio por parte dos proprietários ou promotores beneficiados pelo "aperto" do zonamento.

Chegamos assim à parte crucial da tese: a da responsabilidade da gestão municipal no suposto excesso de urbanização. Parece-me, no mínimo, surpreendente que alguém conhecedor do terreno - economistas, urbanistas, juristas - possa pensar e afirmar que os municípios são os principais responsáveis pela "bolha imobiliária" para auferirem mais receitas, donde a necessidade de lhas retirar quanto antes.

É que se esse raciocínio estivesse certo, quereria dizer que os promotores imobiliários deste país construíam casas só para aquecer e encher os cofres das câmaras! Ora, se há milhares de fogos novos construídos todos os anos que estão por usar, é porque alguém os compra (em prazo aceitável pelo promotor da oferta) por outras razões que não a de ir para lá viver de imediato. E é este o fenómeno que importa perceber, para que se saiba onde e como pode ser atenuado com eficácia. Para isso, é necessário avaliar os projectos de futuro das famílias e as alternativas das aplicações das poupanças que se lhes oferecem - isto é, o lado da procura -, sem o que se não podem avaliar as tendências da oferta, hoje essencialmente privada, não só nas grandes aglomerações, mas também nas cidades de menor dimensão.

Acontece também que, para além do "imposto autárquico", as taxas que as autarquias cobram, proporcionais às superfícies construídas, seja nos centros infra-estruturados, seja nas periferias com maior défice delas, não lhes podem ser retiradas, mesmo que se prometa compensá-las no bolo dos impostos retidos ou transferidos para as autarquias, sabe-se lá com que garantias.

Por razões simples: para que a nova construção contribua, proporcionalmente às necessidades, para recuperar a infra-estrutura velha e completar a nova - o que exige uma recuperação parcial da mais-valia gerada no conjunto do município. Aliás, já há muito que se devia ter consignado a arrecadação dessas taxas para um fundo de urbanização, para que os agentes económicos e os utilizadores possam avaliar o seu destino. Além do mais, os valores em causa não são sequer de monta a levar os municípios a não aprovar o que já está previsto em plano (a questão seria outra nos casos de ilegalidade). E como é sabido, retirar essa taxa prevista e praticada desde a Lei das Finanças Locais, não contribuirá sequer para baixar os valores de venda dos imóveis novos ou recuperados.

Quanto a saber se é bem ou mal aplicada, é algo que se aplica igualmente a qualquer governo central e cuja apreciação pertence, em última análise, aos respectivos eleitores.

Mas o que nos parece claro é que castigar financeiramente os municípios não terá influência na quantidade do que se urbaniza ou reurbaniza e retarda a boa gestão pró-activa e, portanto, irremediavelmente negocial (quer se goste ou não) do urbanismo municipal.


Nas entrelinhas ou expressamente, quem tem levantado este problema convoca outros fantasmas urbanísticos que tem procurado exorcizar: o do ataque à urbanização periférica (estaria aí o pior da tal "bolha imobiliária") para defender o objectivo nobre do "retorno à cidade ou ao centro", como se a periferia não fosse cidade e não pudesse ter centralidade(s). Esta ilusão é dispensável. Revitalizar os "centros" e melhorar as condições de vida nas "periferias" são acções interligadas e quem não perceber qual é a nova unidade territorial em que vivemos perde as duas. Mas esta é outra questão que passa pelo reforço técnico e participativo das autarquias, e por governos metropolitanos com legitimidade própria, que tratem (só) o que cada uma, isolada, não pode fazer. E não é substituível por medidas mágicas de engenharia fiscal, que parecem diabolizar as consequências sem querer conhecer as verdadeiras causas e, se necessário, actuar sobre elas.


NUNO PORTAS
Arquitecto

FAVORES...

Os PDM são um instrumento extraordinário. As cidades surgem desenhadas em mapas pintados de verde e variações de castanhos condizentes com áreas de edificação de maior ou menor densidade, zonas históricas, tracejados para indicar novas vias, enfim, um planeamento verdadeiramente soviético. Sim, pois que tal «Plano» organiza, atribuiu ou retira caracteristicas a terrenos e propriedades sejam estas públicas ou privadas. Sem que os respectivos critérios sejam óbvios, claros, uniformes ou, no mínimo, razoáveis.
No caso da nossa cidade, certamente por raízes históricas, basta andar um pouco pela cidade para se notar que a mesma nunca foi, felizmente, objecto de qualquer planificação estruturante.
Apenas alguns apontamentos mais modernistas, umas vias mais rasgadas, mas que obviamente não se cozem com a cidade e são estranhos enxertos. Todo e qualquer visitante afirma que o que a aldeia, a vila, a cidade de … terá de caracteristico (para além do caracter das pessoas), é essa amálgama construtiva, o emanharado das ruas, as subidas e descidas íngremes, o casario, as ruelas, os edíficos nobres, isolados, junto a velharias caducas.
Cada intervenção camarária nos últimos decénios se pauta geralmente ou por mais um bairro social, qual cancro humano a prazo, em tudo desconforme à tradicional e salutar miscelância social, ou um viaduto, uma rotunda, uma via mais larga. Nas últimas dezenas de anos, alguns PDM tem tido uma vida mais ou menos longa. Sem grandes efeitos, até porque o PDM seguinte contraria geralmente a filosofia anterior.
A actual saga para a concretização de um novo PDM da cidade não termina. Tem mais de 4 anos. Na hora H surge sempre um imprevisto. Mas as audiências são fracas e já ninguém parece muito interessado em saber quem casa com quem.

terça-feira, 16 de novembro de 2004

PORQUE SERÁ QUE A CÂMARA MUNICIPAL DE PONTE DE SOR NÃO CUMPRE?


"Projecto Limpeza da Paisagem"
«Com a implementação do Sistema Multimunicipal de Resíduos Sólidos Urbanos e a criação da VALNOR – Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos S. A. e com o encerramento e recuperação das 22 lixeiras de grande dimensão existentes no Distrito ficaram criadas as condições necessárias a uma adequada gestão dos resíduos sólidos urbanos. Subsistem no entanto algumas situações que importa salvaguardar, estudando e disponibilizando soluções adequadas que satisfaçam as necessidades dos munícipes de forma a solucionar as questões que ainda perduram e que impeçam o alastramento de locais ilegais de deposição de resíduos. Referimo-nos neste caso ao eventual alargamento do horário de recepção dos ecocentros, onde se depositam as grandes quantidades de resíduos ou os ‘monstros’ domésticos e a adequada gestão dos circuitos de recolha. Referimo-nos também à questão dos resíduos industriais. Não pode existir uma política sustentável de atracção e fixação de investimentos se não pudermos proporcionar soluções ambientalmente correctas para o tratamento deste tipo de resíduos. Subsiste também a questão dos resíduos provenientes da indústria de construção civil, nomeadamente os entulhos e sua eventual futura reutilização nomeadamente na construção (compactação) de vias públicas.
Surge assim, por proposta da DRAOT Alentejo,
o projecto ‘Limpeza da Paisagem’ que visa por um lado terminar com a existência de locais não autorizados para a deposição de resíduos, eliminando um factor de desestabilização da paisagem alentejana e por outro lado encontrar soluções para a deposição dos resíduos provenientes das demolições e construções de edifícios (entulheiras).
Não se esquecerá também neste projecto a educação e sensibilização ambiental, nem também e parte importante deste processo a existência de Regulamentos Municipais de Higiene Urbana, prevendo medidas sancionatórias do incumprimento.
Durante o ano de 2003, foi elaborado o projecto de candidatura que foi apresentado na DRAOT e mereceu parecer favorável daquela entidade, embora necessitando de reformulação financeira. Acresce ainda dizer que é necessário programar qual a estrutura de custos que permitirá sustentar este projecto, bem como a definição da entidade gestora e respectivo enquadramento. Este processo foi iniciado no final de 2003, pelo que estas definições ocorrerão certamente durante o primeiro trimestre de 2004.»

In:http://www.amna.pt/actividades.htm#10%20-%20Energia,%20Ambiente%20e%20Metrologia

No plano de actividades da AMNA - Associação de Municípios do Norte Alentejano, presidida pelo Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, consta o texto acima reproduzido.
Porque será que a Câmara Municipal de Ponte de Sor, não cumpre o plano e projecto « "Limpeza da Paisagem" que visa por um lado terminar com a existência de locais não autorizados para a deposição de resíduos, eliminando um factor de desestabilização da paisagem alentejana e por outro lado encontrar soluções para a deposição dos resíduos provenientes das demolições e construções de edifícios (entulheiras).»?

AGONIA DA INFORMAÇÃO

A Informação televisiva encontra-se hoje cada vez mais polvilhada da notícia local, por vezes folclórica.
Não há praticamente Telejornal que não apresente o seu caso do dia, seja o do médico que aliciou sexualmente um dos seus pacientes, um urso que apareceu já não recordo em que lugar público – “Saiba como daqui a pouco”, ou uma formula no género - seja ainda uma tromba de água que se abateu sobre uma aldeia do Norte de Portugal, ou então aquela à laia de adivinha: estrela ou animal?
Descubra a seguir ao intervalo!
Ficamos mais tarde a saber que o enigmático fenómeno era afinal um limão com uma forma um tanto esquisita.
Esta promiscuidade no seio da Informação, esta fragmentação está, por definição, marcada pela intransitabilidade, dada a sua configuração em arquipélago.
Trânsito interrompido, perda de contexto, a impedir a circulação noticiosa. E assim perde a Informação o seu peso específico e autonomia, à mistura com entretenimento ou animação, com recurso ao chamativo ou ao anedótico.
Esta perda de autonomia interna vai no sentido consumista do mercado e dos interesses empresariais aos quais se verga, acorrenta e se submete a Programação informativa.
Já lá vai o tempo em que os media eram contra poder.
Este estado de coisas obedece a uma estratégia e a uma Ideologia.
A censura é hoje insidiosa.
Ela actua sobretudo de dentro para fora.
Dantes amputava-se visivelmente a informação, eliminava-se a fatia de texto ou de discurso inconveniente.
Hoje há outras formas de amputar e esconder, nomeadamente mostrando em excesso, de modo desordenado e diluente, uma outra forma de esvaziar a substância da Informação.
Mina-se o fruto por dentro embora a virulência tenha sido comandada do exterior. Dai a sua aparente invisibilidade.
A censura tradicional é uma intervenção cirúrgica que dá nas vistas em termos de liberdade de expressão. Em contrapartida, o envenenamento, a agressão viral ou a promoção da cangerigenação dos tecidos é um ataque “en douce”, “divertido” até, e tem ainda a vantagem de dificultar a identificação do agressor.
Oculta-se desnaturando, de modo perverso e virulento, mas mostrando sempre.
Assim se esconde mais e melhor.
A.B.

Conferência "Não ao Abuso Sexual de Menores"



Mesa 1 - 14.30 às 16.00 horas
FORMAS DE REACÇÃO À BARBÁRIE
Moderador: António Pedro Dores, Sociólogo (em representação da Plataforma Não ao Abuso Sexual de Crianças)

Oradores:
Cristina Soeiro, Psicóloga Clínica (Polícia Judiciária)
Pedro Namora, Advogado
Teresa Morais, Deputada (a confirmar)


Mesa 2 - 16,15 às 18.15 horas
COMUNICAÇÃO E CONHECIMENTO
Moderadora: Cristina Melo, Advogada (em representação do Movimento em Defesa das Crianças Abusadas)

Oradores:
António Balbino Caldeira, Professor
Felícia Cabrita, Jornalista
Pedro Vasconcelos, Sociólogo

PALAVRAS PARA QUÊ, SÃO ARTISTAS PIMBAS

Autarquias: 484 milhões euros de novos endividamentos
Aos quais acrescem 240,81 milhões de euros de empréstimos de médio e longo prazo.

CRIAR UM NOVO PARTIDO




Pedro Santana Lopes está a fazer ao PSD o que Paulo Portas fez ao CDS: criar dentro de um partido, um novo partido o PP. É mais difícil fazê-lo no PSD, que tem um lastro muito especial e é um partido de grande dimensão, menos plástico a “refundações”, mas, se lhe for dado tempo e oportunidade, é o que ele tentará fazer. Não é aliás um projecto novo, já tem história no muito esquecido projecto de um “partido social-liberal”, pensado por Lopes e anunciado pelo Independente de Portas.

Os sinais estão bem à vista: a tendência para o partido unipessoal, à PP de Portas, com o culto de personalidade assente na “subjectividade” do líder, a interpretação messiânica do destino manifesto, a ênfase na “geração” como mecanismo de exclusão, a identidade nacionalista entre “Portugal” e o líder, a acentuação de um princípio de comando (“eu” foi a palavra mais forte do Congresso), a tentação populista do contacto directo entre o líder e o “povo” através daquilo que, com ignorância do significado das palavras, os fãs chamam, ou “inteligência emocional” ou “carisma”, e o exercício brutal do poder de estado ao serviço não de causas, mas de pessoas. A complacência com alguns políticos pouco honestos que passeavam pela sala, sempre sem mácula partidária, façam o que fizerem, a contrastar com a violência verbal contra os críticos. A perigosa enfatuação da palavra “líder”.

Esta semana escreverei sobre tudo isto, até que a voz me doa. O que é difícil de acontecer.

José Pacheco Pereira

in:http://abrupto.blogspot.com

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

POESIA...


Sei os teus seios.
Sei-os de cor.

Para a frente, para cima,
Despontam, alegres, os teus seios.

Vitoriosos já,
Mas não ainda triunfais.

Quem comparou os seios que são teus
(Banal imagem) a colinas!

Com donaire avançam os teus seios,
Ó minha embarcação!

Porque não há
Padarias que em vez de pão nos dêem seios
Logo p'la manhã?

Quantas vezes
Interrogastes, ao espelho, os seios?

Tão tolos os teus seios! Toda a noite
Com inveja um do outro, toda a santa
Noite!

Quantos seios ficaram por amar?

Seios pasmados, seios lorpas, seios
Como barrigas de glutões!

Seios decrépitos e no entanto belos
Como o que já viveu e fez viver!

Seios inacessíveis e tão altos
Como um orgulho que há-de rebentar
Em deseperadas, quarentonas lágrimas...

Seios fortes como os da Liberdade
-Delacroix-guiando o Povo.

Seios que vão à escola p'ra de lá saírem
Direitinhos p'ra casa...

Seios que deram o bom leite da vida
A vorazes filhos alheios!

Diz-se rijo dum seio que, vencido,
Acaba por vencer...

O amor excessivo dum poeta:
"E hei-de mandar fazer um almanaque
da pele encadernado do teu seio"

Retirar-me para uns seios que me esperam
Há tantos anos, fielmente, na província!

Arrulho de pequenos seios
No peitoril de uma janela
Aberta sobre a vida.

Botas, botirrafas
Pisando tudo, até os seios
Em que o amor se exalta e robustece!

Seios adivinhados, entrevistos,
Jamais possuídos, sempre desejados!

"Oculta, pois, oculta esses objectos
Altares onde fazem sacrifícios
Quantos os vêem com olhos indiscretos"

Raimundo Lúlio, a mulher casada
Que cortejastes, que perseguistes
Até entrares, a cavalo, p'la igreja
Onde fora rezar,
Mudou-te a vida quando te mostrou
("É isto que amas?")
De repente a podridão do seio.

Raparigas dos limões a oferecerem
Fruta mais atrevida: inesperados seios...

Uma roda de velhos seios despeitados,
Rabujando,
A pretexto de chá...

Engolfo-me num seio até perder
Memória de quem sou...

Quantos seios devorou a guerra, quantos,
Depressa ou devagar, roubou à vida,
À alegria, ao amor e às gulosas
Bocas dos miúdos!

Pouso a cabeça no teu seio
E nenhum desejo me estremece a carne.

Vejo os teus seios, absortos
Sobre um pequeno ser

Alexandre O'Neill

DEPOIS DO CONGRESSO DA TRETA



No congresso de Barcelos, Santana mostrou que é o maior, ele diz que não quer impor mais sacrifícios aos portugueses, e ainda bem, digo eu.
Diz que promete uma luta feroz e sem tréguas à evasão fiscal, mas estavam no congresso os senhores Isaltino de Morais e Valentim Loureiro (deviam estar incógnitos para ele não dar por eles, e ele também não vê televisão!)...
Ele pede para confiarem nele, para haver mais investimento, para os trabalhadores terem mais segurança de emprego.
Finalmente aparece alguém a pôr ordem nesta anarquia toda!
Com esta lenga, lenga, ele vai resolver o problema dos quase 7% de desempregados que existem em Portugal,. entre eles os jovens licenciados que estão no desemprego, e em vez de 11 assessores diários que admitia para o Governo, agora vai admitir 500, portanto os jovens formados nas nossas universidades têm o problema resolvido, dentro de poucas semanas, tudo que é formado neste país estará empregado, graças à confiança que os investidores vão ter no Dr. Santana Lopes!
Os jardineiros também vão estar todos com emprego certo, não vai haver jardins em Portugal abandonados, portanto mais um problema resolvido com a classe de jardineiros, pois o nosso Dr. não quer impor mais sacrifícios ao povinho (mentiroso sou eu e não minto tanto...), portanto desemprego para eles também já foi.
Os centro de saúde e os hospitais não vão ter mais problemas de pessoal, médicos, enfermeiros, maqueiros, eu sei lá, tudo que é desemprego que existe nestas categorias está a partir de agora terminado, o grande Santana Lopes, vai resolver porque governa com sentido de responsabilidade.
Os professores desempregados vão todos ter escolas para ensinarem os nossos filhos, não vai haver menino ou menina que não tenha o seu professorzinho, porque o Dr. Santana Lopes quer estar no governo até 2014 precisamente para acabar com a bagunça da colocação de professores, e até essa data todos terem o seu emprego garantido.
Os homens do lixo, são os que vão ter o desemprego resolvido mais rapidamente, talvez hoje mesmo, é que vão todos para Barcelos porque este fim de semana houve lá muita porcaria e agora tem de se limpar tudo, já que o nosso Presidente da República não quer ser ele a estar com limpezas, os nossos amigos do lixo tratam disso!

NO CONCELHO DE AVIS



V Mostra Gastronómica do Concelho de Avis
com Festival de Sabores

O desenvolvimento local é indissociável daquilo que uma região tem de mais típico. É este espírito que preside à realização da V Mostra Gastronómica do Concelho de Avis que irá decorrer de 19 a 21 de Novembro.
O certame deste ano está subordinado ao tema “Migas da Minha Terra” e conta com a participação de seis restaurantes do concelho, que durante três dias vão incluir nas suas ementas alguns pratos típicos da região, entre os quais tem que constar, “obrigatoriamente”, um prato de migas.
Assim, no dia 20 às 16 horas, os visitantes podem degustar alguns pratos e vinhos típicos da gastronomia avisense na prova “A Tradição à Mesa”, que se realiza no Museu de Avis – Etnografia e Arqueologia, onde cada um dos restaurantes aderentes à iniciativa apresenta uma mini-ementa composta por vários pratos, entre entradas, sopas, pratos de peixe, de carne e doces.
A Mostra inclui um concurso gastronómico, que se realiza no dia 21 a partir das 12 horas, intitulado “Migas da Minha Terra”, em que o júri, composto por elementos da associação Slow Food Portugal, se deslocará aos restaurantes participantes para provar e eleger os melhores pratos de migas em concurso.Finalmente, também no dia 21, o salão da Junta de Freguesia de Avis recebe as iguarias de “Ao Sabor dos Doces e Licores Regionais”, uma exposição organizada pelo Rancho Folclórico de Avis que apresenta bolos, doces e licores tradicionais elaborados pelo grupo etnográfico e pela população, que pode, assim, participar activamente nesta iniciativa. Por um preço simbólico, os visitantes poderão deliciar-se com os acepipes expostos, cujas receitas serão reunidas com o objectivo de enriquecer o património cultural do grupo e salvaguardar a tradição gastronómica do concelho. Recorde-se que a edição de 2003 deste certame de doçaria foi organizada pela Câmara Municipal de Avis, com o objectivo de reunir receitas tradicionais para, posteriormente, elaborar um guia a ser editado.
A V Mostra Gastronómica do Concelho de Avis é organizada pelo Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Local da Câmara Municipal de Avis, com a colaboração do Rancho Folclórico de Avis.
Através desta iniciativa, o Município de Avis pretende valorizar e divulgar a riquís-sima gastronomia do concelho, que reflecte as suas remotas raízes culturais.
Quem passar pelo concelho nestes dias tem paragem obrigatória nos restaurantes “Água Doce”, “Martins”, “Mestre de Avis” e “Retiro da Ponte”, em Avis; “Tasca do Montinho”, em Alcórrego e “O Êrico”, em Benavila.
Os amantes da gastronomia ou, simplesmente, curiosos, podem aproveitar esta deliciosa oportunidade para visitar o concelho de Avis

Etiquetas:

NA VILA DE GALVEIAS



500 euros a cada bebé
Galveias paga a crianças que nascerem na vila


A Junta de Freguesia de Galveias, distrito de Portalegre, considerada a mais rica do país, anunciou que vai passar a pagar 500 euros a cada criança que nascer na vila, num incentivo à natalidade.
Em declarações à Agência Lusa, o presidente da Junta de Freguesia, António Delgadinho, explicou que a iniciativa pretende contribuir para a fixação de população e promover o crescimento demográfico na vila, actualmente com dois mil habitantes.

Localizada no concelho de Ponte de Sôr, distrito de Portalegre, a autarquia de Galveias é considerada a mais rica do país, administrando cerca de dois terços de uma herança legada à freguesia, cujo o valor global ascende a 50 milhões de euros. Com recursos financeiros e preocupada com a desertificação populacional da terra, a Junta de Freguesia tem vindo a tomar várias medidas para fixar habitantes. António Delgadinho adiantou à Lusa que a Junta de Freguesia já suporta o pagamento de uma percentagem das mensalidades das crianças que frequentam os infantários, além de atribuir bolsas de estudo a alguns alunos residentes no concelho. "Vamos agora instituir o pagamento de 500 euros por cada criança que nasça nesta freguesia para promover o aumento da taxa de natalidade", sublinhou. Segundo o autarca, a Junta de Freguesia está igualmente a apostar na criação de postos de trabalho, tendo já adquirido terrenos para criar uma zona industrial. "Sem emprego também não conseguimos fixar os habitantes", justificou. Com cerca de dois mil habitantes, a vila de Galveias está situada na encosta de uma colina, é fértil em azeite, frutas e cortiça. É atravessada pela Estrada Nacional 244, que liga Avis à Sertã. A Junta de Freguesia de Galveias é apontada como a mais rica do país, administrando aproximadamente dois terços da herança legada à freguesia pelo Comendador José Godinho de Campos Marques. A herança engloba prédios rústicos e urbanos, distribuídos pelos concelhos de Lisboa, Torre Vedras, Borba, Estremoz, Monforte, Crato, Avis e Ponte de Sor e o seu valor ultrapassa 50 milhões de euros.

Etiquetas:

sexta-feira, 12 de novembro de 2004

SUGESTÕES PARA O SEU FINAL DE SEMANA...

Em Ponte de Sor Cidade:
Passeio nas margens do Rio Sor para identificar focos de poluição provocados pela Câmara Municipal de Ponte de Sor...

Em Fronteira:
O maestro António Vitorino d´Almeida é o cabeça de cartaz da nona edição do Festival de Música «Frei Manuel Cardoso», em Fronteira, que arranca hoje...

Em Marvão:

XXI Festa do Castaheiro, Feira da Castanha, sábado e domingo. No sábado pelas 16 horas concerto dos "UHF", além de muita animação e castanha. Domingo pelas 16 horas concerto dos "Fora de Tempo", sob a batuta do Eduardo Ribeiro, além de recriações históricas (mostra de combates, jograis, história ao vivo) e muita água pé e castanhas.

Etiquetas: ,