segunda-feira, 31 de março de 2008

RESPOSTA AO FISCO QUE ME ESCREVEU HOJE, DEPOIS DE EU TER CASADO NO SÁBADO!



Senhor engenheiro Ministro das Finanças da Repartição de Finanças de Ponte de Sôr,
Excelência:

Quim Xico & Soraia Vanessa vêm por este meio bufar junto de Vossa Excelência os gastos que fizeram anteontem, derivado ao matrimónio que contraíram, aqui, naquela Igreja - fábrica da Igreja Matriz - a que tem a cruz fluorescente em roxo, não sei se está a ver, é aquilo que parece a oficina do Chinas, mas em branco e amarela e sem pneus pendurados.
Prontos.

Então é assim, tivemos que dar uma data de dinheiro ao senhor padre, mas ele não passou recibo, pelo que achamos que é de prendê-lo e mandar vir outro.

Ao registo da conservatória, o civil, sem ser pela igreja, esse também pagámos bué, mas esses Vossa Excelência já deve estar a mancar e sobre olho, derivado a serem da família, salvo seja, de Vossa Excelência.

Passamos então ao chamado vestido de noiva, o qual foi oferecido por uma senhora chamada Dona Gertrudes que criou a minha esposa desde pequena, isto agora sou eu a escrever, o Quim Xico, porque a Soraia foi à bica à Dona Gertrudes, derivado a que a mãe dela teve de ir bulir para Paris da França e deve ter-se casado por lá, mas ninguém tem a certeza, derivado ao que não podemos, portanto, bufar junto de Vossa Excelência quanto é que custou o casório dela, se é que se casou mesmo, se não bufávamos e Vossa Excelência até era homem para nos fazer um desconto no IRS que eu sei que você era.

O dito vestido de noiva era daquela loja que vende vestidos de noiva, ali ao pé da fábrica e custou 19 euros, há quem ache caro à vista, mas até foi barato, a Dona Gertrudes diz que estava em saldos e aproveitou.
Como é quase de Verão, deve acrescentar-se ao preço do vestido uma embalagem de parasitamor, que foi para a carraspana, genéricos, adquiridos na Farmácia da Dra. ... (ficou de venda suspensa, por isso não tenho aqui a factura nem o número de contribuinte da Dra. ..., senão juro que lhe mandava, até porque essa senhora deve estar cheia à custa do dinheirão que leva em preservativos e outros géneros de primeira necessidade, mas prontos, Vossa Excelência, de gatunos deve saber tudo).

Eu levei um fato do Manecas, que é central do Puto Gatuno e mais ou menos do meu tamanho (n/c 128 396 288).
Ele não me levou nada pelo fato, porque em pequenos andámos sempre à calhoada ente o Alabaixo e o Puto Gatuno, só tive que o mandar limpar na Tinturaria ..., mas foi a minha esposa que o mandou e ela, como disse, foi à Dona Gertrudes, por isso não tenho aqui a facturazinha, mas acho que é três euros, não sei é se é por peça ou todo.

Quanto ao copo de água, foi servido na já referida Dona Gertrudes e pago pelo meu padrinho, o Toni (n/c 277 266 109), que me disse que foi um bocado caro, mas não dizia quanto, porque não se diz.
Mas é perguntar lá que a Dona Gertrudes faz-lhe a conta.

Éramos cinco homens, à média de umas quatro bujecas cada um e seis senhoras, incluindo a minha, que beberam três um compal laite, uma mini e duas só quiseram água, que foi uma seca prós brindes, derivado a que não se fazem saúdes com água.
Quatro sandes de fiambre, duas de torresmos e um bolicau prá Sandrinha que levou as alianças, as cujas eram e voltaram a ser hoje do meu pai e da minha mãe.


A noite de núpcias não teve gastos, já íamos aviados.

Espero que Vossa Excelência fique satisfeito e que não me venha cá com coimas, porque neste preciso momento a Soraia já chegou e tenho de parar de escrever.

Vossa Excelência sabe como é a vida de casado, se é que tem mulher que lhe pegue e interesse nelas (isto é eu na reinação, não leve a mal).

Pede deferimento,
Quim Xico e Soraia Vanessa.

PS: O requerimento vai a vermelho porque cá em casa não havia uma Bic de outra cor, pode Vossa Excelência ficar descansado, que eu não o quero mandar à merda, para isso escrevia a cor-de-rosa.

(recebido por e-mail)

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domingo, 30 de março de 2008

A BALBÚRDIA NA ESCOLA

As cenas de pancadaria na escola têm comovido a opinião. A última em data, com especial relevo, ocorreu numa escola do Porto e foi devidamente filmada por um colega.

Em poucas horas, o clip correu mundo através do YouTube. A partir daí, choveram as análises e os comentários. Toda a gente procura responsáveis, culpados e causas. Os arguidos são tantos quanto se possa imaginar: os jovens, os professores, os pais, o ministério e os políticos. E a sociedade em geral, evidentemente. As causas são também as mais diversas: a democracia, os costumes contemporâneos, a cultura jovem, o dinheiro, a televisão, a publicidade, a Internet, a permissividade, a falta de valores, os bairros, o rap, os imigrantes, a droga e o sexo. Para a oposição, a culpa é do governo. Para o governo, a culpa é do governo anterior. O trivial.
Deve haver um pouco disso tudo. O que torna as coisas mais complicadas. Sobretudo quando se pretende tomar medidas ou conter a vaga crescente de violência e balbúrdia. Se as causas são múltiplas, por onde começar? Mais repressão? Mais diálogo? Mais disciplina? Mais co-gestão? Há aqui matéria para a criação de várias comissões, a elaboração de um livro branco, a aprovação de novas leis e a realização de inúmeros estudos. Até às eleições, haverá alguns debates parlamentares sobre o tema. Não tenho a certeza, nem sequer a esperança, que o problema se resolva a breve prazo.

De qualquer maneira, a ocasião era calhada para voltar a ver a obra-prima do esforço legislativo nacional, o famoso Estatuto do aluno. A sua última versão entrou em vigor em finais de Janeiro, sendo uma correcção de outro diploma, da mesma natureza, de 2002. Trata-se de uma espécie de carta constitucional de direitos e deveres, a que não falta um regulamento disciplinar. Não se pode dizer que fecha a abóbada do edifício legal educativo, porque simplesmente tal edifício não existe. É mais um produto da enxurrada permanente de leis, normas e regras que se abate sobre as escolas e a sociedade. É um dos mais monstruosos documentos jamais produzidos pela Administração Pública portuguesa. Mal escrito, por vezes incompreensível, repete-se na afirmação de virtudes. Faz afirmações absolutamente disparatadas, como, por exemplo, quando considera que a assiduidade (...) implica uma atitude de empenho intelectual e comportamental adequada...! Cria deveres inéditos aos alunos, tais como o de se empenhar na sua formação integral; o de guardar lealdade para com todos os membros da comunidade educativa; ou o de contribuir para a harmonia da convivência escolar. E também os obriga a conhecer e cumprir este estatuto do aluno, naquele que deve ser o pior castigo de todos! Quanto aos direitos dos alunos, são os mais abrangentes e absurdos que se possa imaginar, incluindo os de participar na elaboração de regulamentos e na gestão e administração da escola, assim como de serem informados sobre os critérios da avaliação, os objectivos dos programas, dos cursos e das disciplinas, o modo de organização do plano de estudos, a matrícula, o abono de família e tudo o que seja possível inventar, incluindo as normas de segurança dos equipamentos e os planos de emergência!

Trata-se de um estatuto burocrático, processual e confuso. O regime de faltas, que decreta, é infernal. Ninguém, normalmente constituído, o pode perceber ou aplicar. Os alunos que ultrapassem o número de faltas permitido podem recuperar tudo com uma prova. As faltas justificadas podem passar a injustificadas e vice-versa. As decisões sobre as faltas dos alunos e o seu comportamento sobem e descem do professor ao director de turma, deste ao conselho de turma, destes à direcção da escola e eventualmente ao conselho pedagógico. As decisões disciplinares são longas, morosas e processualmente complicadas, podendo sempre ser alteradas pelos sistemas de recurso ou de vaivém entre instâncias escolares. Concebem-se duas espécies de medidas disciplinares, as “correctivas” e as sancionatórias. Por vezes, as diferenças são imperceptíveis. Mas a sua aplicação, em respeito pelas normas processuais, torna inútil qualquer esforço. As medidas disciplinares são quase todas precedidas ou acompanhadas de processos complicados, verdadeiros dissuasores de todo o esforço disciplinar. As medidas disciplinares dependem de várias instâncias, do professor aos órgãos da turma, destes aos vários órgãos da escola e desta às direcções regionais. Os procedimentos disciplinares são relativos ao que tradicionalmente se designa por mau comportamento, perturbação de aula, agressão, roubo ou destruição de material, isto é, o dia-a-dia na escola. Mas a sua sanção é de tal modo complexa que deixará simplesmente de haver disciplina ou sanção.

O estatuto cria um regime disciplinar em tudo semelhante ao que vigora, por exemplo, para a Administração Pública ou para as relações entre Administração e cidadãos. Pior ainda, é criado um regime disciplinar e sancionatório decalcado sobre os sistemas e os processos judiciais. Os autores deste estatuto revelam uma total e absoluta ignorância do que se passa nas escolas, do que são as escolas. Oscilando entre a burocracia, a teoria integradora das ciências de educação, a ideia de que existe uma democracia na sala de aula e a convicção de que a disciplina é um mal, os legisladores do ministério da educação (deste ministério e dos anteriores) produziram uma monstruosidade: senil na concepção burocrática, administrativa e judicial; adolescente na ideologia; infantil na ambição. O estatuto não é a causa dos males educativos, até porque nem sequer está em vigor na maior parte das escolas. Também não é por causa do estatuto que há, ou não há, pancadaria nas escolas. O estatuto é a consequência de uma longa caminhada e será, de futuro, o responsável imediato pela impossibilidade de administrar a disciplina nas escolas. O estatuto não retira a autoridade na escola (aos professores, aos directores, aos conselhos escolares). Não! Apenas confirma o facto de já não a terem e de assim perderem as veleidades de voltar a ter. O processo educativo, essencialmente humano e pessoal, é transformado num processo científico, técnico, desumanizado, burocrático e administrativo que dissolve a autoridade e esbate as responsabilidades. Se for lido com atenção, este estatuto revela que a sua principal inspiração é a desconfiança dos professores. Quem fez este estatuto tinha uma única ideia na cabeça: é preciso defender os alunos dos professores que os podem agredir e oprimir. Mesmo que nada resolva, a sua revogação é um gesto de saúde mental pública.

António Barreto

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quinta-feira, 27 de março de 2008

ONDE ESTÁ A NOVA ESCOLA?


Clique no Texto para ler na integra


Afinal, o estado não vai criar novas escolas, com condições, com cantinas, com espaços desportivos, etc...

Afinal o objectivo era fechar as "velhinhas" e juntar os meninos todos noutras também SEM CONDIÇÕES...
Afinal não vai haver dinheiro!!!
Que novidade!!!!


Só os lorpas é que ainda pensavam que haveria.


T.C.

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quarta-feira, 26 de março de 2008

A MEMÓRIA É MUITO CURTA...


Sócrates anunciou que o Governo vai baixar taxa do IVA de 21 para 20%

PÚBLICO, 26 de Março de 2008

M.

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VALORES DE IMPORTAÇÃO

Parece que o vídeo da zaragata ocorrida entre uma aluna e uma professora do Liceu Carolina Michaëlis de Vasconcelos, no Porto, sobressaltou as serenas consciências e permitiu uma resoluta série de opiniões.
Putativos culpados: a aluna, a professora, a escola, a ministra - e os pais.
Não me atrevo a juízos definitivos.
A vigilância hierarquizada, assim como a punição pelo método da pirâmide, correspondem, em última análise, a insidiosas extensões dos mecanismos de poder.
O que está em causa, modestamente o creio, é a questão do sistema, não as debilidades do regime. Este possui os desvios e as turbulências comuns às suas estruturas e instituições. Aquele nunca cedeu ao seu radical objectivo.

A verdade é que, um pouco por todo o mundo, a violência nos estabelecimentos de ensino é um dado adquirido.
Os estudantes do Maio de 68 exigiam Tudo, já!, e invocavam ser a última das gerações marcadas pela injustiça. Sacolejaram a velha doutrina. O festim durou um instante. E os seus líderes deram no que deram, com especial relevo para a teatralidade pungente de Cohn-Bendit. O mal-estar persiste porque se alterou alguma coisa a fim de tudo ficar na mesma. A fórmula de Lampedusa aplica-se, também, às situações a que temos assistido. Não há ausência de valores. Há, isso sim, outros valores de rápida importação, sobre os quais nenhuma reflexão tem sido feita. A nova ordem económica mundial modificou, substancialmente, o articulado no qual se estatuiu, durante décadas, a nossa existência comum. Tudo se tornou precário, instável e inquietante. Destruiu-se comportamentos consolidados, disposições familiares de séculos, mecanismos que garantiam equilíbrios sociais. No fundo, a organização não passava de uma dissimulada sanção normalizadora ou, se o quiserem, punitiva, por opressora. Acusam-se os pais e os professores de desatenção, negligência, falta de zelo; os alunos, de desobediência, insolência, má educação. E reclama-se a velha autoridade. As fracções mais ténues de conduta não são analisadas à luz das novas regras - nas quais o mercado e a inobservância dos laços solidários desempenham poderosos papéis.

Em todos os sectores funcionam aparelhos penais, num espaço que as sociedades deixaram vazio, por não esclarecerem a dimensão das novas regras. E estas foram estabelecidas pelo capitalismo moderno, rude e desenfreado por inexistência de alternativa credível.

Vivemos num tempo evolutivo. A escola, a Igreja, a justiça, o amor, o conceito de família, a noção de comunidade, tal como no-lo foram inculcados, são sacudidos porque emergiram outras modalidades de poder. O caso do liceu do Porto é um dos sinais do tempo. Nem mais nem menos graves do que outros.


B.B.

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terça-feira, 25 de março de 2008

DIAS MUITO NEGROS PARA PONTE DE SÔR E PARA MUITOS OUTROS CONCELHOS DO DISTRITO...[ II ]

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JOGOS DA "NBA" VIA NET



Quem gosta de basquetebol e tem uma boa ligação de banda larga já não precisa da Sport TV para assistir aos jogos da melhor época da NBA dos últimos anos, podendo seguir os jogos decisivos da temporada:
[ http://www.janeironation.5gigs.com/cc.html ].


Para todos aqueles que precisam de dormir mais horas do que o Marcelo Rebelo de Sousa, existe mesmo a possibilidade de ver em diferido os jogos das últimas semanas:
[ http://www.janeironation.5gigs.com/archive.html ] .


Atenção: Cada jogo corresponde a uns 500 ou 600 megas de download internacional.
Quem quiser aceder intensivamente a este site deve verificar primeiro o seu plano de acesso à net.


P.S.

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sexta-feira, 21 de março de 2008

DIAS MUITO NEGROS PARA PONTE DE SÔR E PARA MUITOS OUTROS CONCELHOS DO DISTRITO...


A administração da DELPHI,

convocou ontem um plenário

com todos os trabalhadores da

fábrica da cidade

de Ponte de Sor,


comunicando a estes o

encerramento da Fábrica

de Ponte de Sor

no próximo mês de Abril.


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DIA MUNDIAL DA POESIA [ II ]

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DIA MUNDIAL DA POESIA

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quinta-feira, 20 de março de 2008

A VIA LIOFILIZADA PARA O SOCIALISMO



Portugal caminha, a passos largos, para se tornar a maior sucursal de uma multinacional que quer liofilizar o mundo.
Deseja que sejamos todos clean e Sócrates é o seu apóstolo no sítio.


Já não bastava o cerco da ASAE ao que comemos (um amigo que costumava viajar pelo país e que ia comer a todas as tascas onde existia os melhores pitéus nacionais, diz que tem agora um problema: muitas delas foram fechadas pela ASAE por questões de limpeza – e eu respondi: estamos a ser encaminhados para a fast food, sob o manto de quererem a nossa saúde), à militância das corridas saudáveis do primeiro-ministro, e das múltiplas políticas light do Governo (só na Arrábida é que se pode continuar a fazer poluição, mas como é um local único, não há problema?).
Agora uma luminária do Partido Socialista decidiu que é preciso erradicar os piercings e as tatuagens do corpo dos jovens.


É a via liofilizada para o socialismo no seu esplendor.


Quem pensou nesse projecto de lei nunca deve ter sido jovem, nunca fez parte de uma tribo urbana e deve ter passado rapidamente dos bancos da escola primária para uma Jota e daí para o hemiciclo parlamentar.


F.S.

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A GRANDE REFORMA DA EDUCAÇÃO DO GOVERNO DO PARTIDO SOCIALISTA

E DA MINISTRA DA EDUCAÇÃO MARIA DE LURDES RODRIGUES

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ELOGIO DA INTELIGÊNCIA

Já se chegou longe de mais na barafunda política portuguesa. E a invocação constante dos méritos do dr. Cavaco como primeiro-ministro revela que o recurso flébil ao passado envolve, quase sempre, uma doentia nostalgia acrítica – como é o caso. No entanto, temos de reconhecer a incomodidade por ele nunca dissimulada relativamente à pessoa e à acção de Santana Lopes.

Só a lembrança de que esta criatura chegou a dirigir um Governo causa arrepios. E a actual evidência da sua ressurreição permite considerar que é capaz de haver vida para além da morte.

O descrédito da sociedade política provém das insistentes malfeitorias de sucessivos Executivos, apoiados por bancadas servis de parlamentares com os quais nos não identificamos, cujo trabalho ignoramos porque não sabemos, rigorosamente, o que estão ali a fazer.


No sábado, 16, p.p., Maria Filomena Mónica esteve na SIC-Notícias, e, com a veemência própria de quem estuda, reflecte e analisa, esclareceu o que está em causa nesta questão dos professores.

Leio, com interesse e proveito, o que esta mulher tem escrito, em jornais e livros.
O registo polémico, o ardor com que defende causas e a variedade dos seus interesses atraem a minha curiosidade.

Há, nela, um ímpeto complexo e uma procura de informações capitais que sobrelevam a superficialidade de muitos comentadores do óbvio.
A intervenção dela, naquele sábado, foi um admirável momento de instigação à nossa inteligência. E a intensidade latina fez esquecer aquele toque oxfordeano com que, ocasionalmente, sublinha o que diz e irrita quem a escuta.


Maria Filomena Mónica discorreu não só acerca da oposição entre a ministra da Educação e os docentes, mas também, e sobretudo, sobre o deplorável estado em que a democracia portuguesa se encontra.

Clarificou, com meia dúzia de frases claras, o que no-lo tem sido inculcado em nebulosa sintaxe. E não hesitou em colocar-se ao lado dos professores, sem deixar de revelar que Maria de Lurdes Rodrigues não estava a proceder bem.
Revelou que a ministra fora sua aluna; disse-o sem pesporrência ou soberba, apenas para colocar as coisas no seu sítio.

O problema não surge isolado do contexto mais alargado da sociedade portuguesa, notoriamente enferma – e cada vez mais.

Insistiu num fundamento irrefragável: o da urgência em se modificar a estrutura das leis eleitorais para se compreender a necessidade dos círculos uninominais.
Disse: não sabemos sequer o nome daqueles senhores que se sentam no hemiciclo, indicados pelos partidos, de origem desconhecida, grande parte dos anos calados e quedos, afinal de duvidosa representatividade.

Atrasados, um pouco perdidos numa Europa que nos não conhece ou nos observa espevitada pela curiosidade benevolente de quem se lhe depara uma coisa exótica, vamos existindo entre o provisório e a resignação, entre a ausência de significado identitário e a miséria que mascara a impotência. Maria Filomena Mónica adiantou que esta democracia não está submetida ao perigo de um golpe de Estado (militar, supõe-se) porque pertence à União Europeia.
Estamos a deixar de ser um país para nos transformarmos em provérbio.

A presença desta mulher na televisão resgatou-me da mediocridade impante e das cassetes ideológicas, oportunistas ou preguiçosas, com tenores cujas vozes não só nos aborrecem como nos deprimem.

Que adiantam ou atrasam as opiniões de António Barreto, José Miguel Júdice, Jorge Coelho, Marcelo Rebelo de Sousa, José Pacheco Pereira, António Lobo Xavier, Miguel Sousa Tavares, António Vitorino, Luís Delgado?, outros, muito mais outros, uma infinidade de outros, certamente estimáveis, mas que somente falam – e nada dizem porque nada têm de novo para dizer.
O azebre da rotina, nas televisões, nas rádios e nos jornais favorece a conformação e a desistência dos cidadãos. Sabemos, de antemão, aquilo que vão dizer.
Conhecemos os seus verdetes, as suas paixões, as suas inclinações e os seus pequenos ódios.
Dêem voz aos mais novos.


Na política como na literatura, na crítica cinematográfica como na de artes plásticas.
A imposição de um gosto pessoal sem se aplicar à análise o paradigma do criador.
A mediocridade atrai a mediocridade.
E a ignorância é atrevida, como se sabe.

Insinua-se, não se nomeia.
Diz-que-disse, não se afirma.

O debate é inexistente.
O vazio cultural é assustador.
Os autores que a Imprensa promove devolvem a mentalidade dos promotores.


Maria Filomena Mónica suscitou, certamente, em numerosos espectadores, amplos motivos de reflexão.
No fundo, ela sugeriu que pensássemos.

Num discurso a que nunca faltou o sal da indignação e do confronto, a base da informação e do conhecimento, a socióloga demonstrou a necessidade de uma outra ética e a simpatia por quem exerce uma crítica implacável e íntegra à sociedade do abandono.
A legitimidade do julgamento deve sustentar-se na interpelação que cada um deve fazer a si mesmo. E, claro!, na paixão do estudo, na força da vontade, na consciência moral da cidadania.
Esta mulher tem de ir mais vezes às televisões.
É inteligente e, ainda por cima, bonita.


APOSTILA – Completaram-se cinco anos sobre a reunião, nas Lajes, que constituiu o acertar das linhas para a invasão do Iraque. É uma data vergonhosa.

Não só por Durão Barroso ter servido de sorridente e obsequioso mordomo dos senhores da guerra (Bush, Blair e Aznar), como pelo que comporta de criminoso. Recuperam-se as imagens desse dia da infâmia, enquanto alguns apoiantes fervorosos do sinistro acto procuram esgueirar-se às cumplicidades antigas. Um pouco por todo o mundo, os protestos contra a invasão fizeram-se ouvir.
Nos Estados Unidos, assumiram aspectos impressionantes.
Aqui se regista
.



B.B.


Esta música, de Kadhim Al-Saher, o mais popular cantor iraquiano (a viver no exterior) e um dos mais conhecidos cantores árabes, foi composta para o documentário My Country, My Country.
É um hino ao sofrimento dos iraquianos.


Oh meu país, que possas acordar feliz.
Reune todos; cura as tuas feridas.
Anseio por ver um dia o teu sorriso,
quando é que a tristeza te vai deixar?
Sunitas, xiitas e curdos,
Recebe-os debaixo das tuas asas.
És o seu pai; és a sua mãe.
Mantem-te firme, não interessa como sopram os teus ventos
Jesus e o profeta Maomé disseram,
A unidade deles é a tua arma,
Amor, paz, inteligência e construção,
Que Deus no céu abençoe o teu sucesso, meu país.
Oh meu amado Iraque; oh Iraque;
Oh meu amado Iraque

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quarta-feira, 19 de março de 2008

O DINHEIRO DA INFÂMIA

São imagens deprimentes, recordadas pelas televisões. Bush sai do avião nas Lajes, acena, ignora-se para quem, gesto maquinal, sorriso levemente tolo. Aparece, face escancarada, comovida de efusão, o inevitável Durão Barroso. Bush, paternalmente, coloca-lhe a mão no ombro e estugam os passos. Depois, os abraços entre Blair, magnífico socialista; Aznar, piedoso membro da Direitona espanhola; e o Imperador impante. Durão indica o caminho para lá, e fica à porta de cá. Enquanto os outros conversam amenamente sobre mortos e feridos, danos colaterais e outras trivialidades, Durão Barroso, numa esplanada, toma uma bica.

Fez cinco anos que, em território português, três cavalheiros premeditaram a invasão do Iraque, cujas trágicas consequências adquiriram inaudita extensão. Para nosso escarmento, o então primeiro-ministro de Portugal desempenhou o papel de porteiro. O cortejo de misérias, ainda hoje ininterrupto, não recusou a tortura e a condenação à morte, justificadas como resposta ao terrorismo pela consciência doente de articulistas estipendiados e de políticos abjectos.

A concentração ética do que havia de mais fecundo na civilização ocidental foi depredada em pouco mais de uma hora. As vozes que se ergueram, condenando o previsível genocídio, foram abafadas pelo coro proclamador de uma falaciosa cruzada da liberdade contra o tirano. E, apesar de relatórios volumosos e de investigações prolongadas terem provado a inexistência de armas de destruição maciça, e de não haver nenhuma ligação entre o Iraque e a Al-Qaeda, a sentença estava ditada. Bush, reeleito através de uma fraude, desencadeava uma guerra com base em uma mentira. Depor Saddam foi o pretexto seguinte. Também adulterado. Os Estados Unidos detêm um rol numeroso de ditadores por eles sustentados e caucionados. E igual quantidade de sangrentos golpes contra democracias instituídas, e assassínios de dirigentes políticos que lhes são desafectos. Testemunhei alguns, em países da América Latina, e assisti à admiração funesta de quem havia traído os testamentos morais e aceitado os 30 dinheiros da infâmia. Não há transcendência no mal, assim como devemos condenar a sua banalização mediatizada. A sequência filmada do enforcamento de Saddam Hussein eleva a circunstância do horror à desumanização total dos sentimentos.

Qual o grau de sofrimento infligido a um povo que nos faz reavaliar a noção de vítima e de mártir, a fim de podermos julgar a dimensão infernal do algoz? Tudo é relativo; porém, nem tudo resulta de um mal-entendido. O carácter da invasão do Iraque resulta da premeditação de uma violência que, um pouco por todo o lado, vai alimentando a sede de domínio do Império.

B.B.

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segunda-feira, 17 de março de 2008

É CRIME... FALAR, ESCREVER, PENSAR...

O homem é o único animal que discursa, tal como é o único animal que sabe rir...
Dizia-se isto no tempo em que não havia teleponto, telemóvel e televisão, quando discurso ainda tinha a ver com a dimensão logos, isto é, com a razão, com a palavra posta em comunicação, onde a complexidade dos músculos que permitem a gargalhada até levava Bergson a concluir que não há nada de cómico fora do que é propriamente humano.
É que o cómico nasce quando os homens reunidos em grupo voltam a sua atenção para um deles, calando a sua sensibilidade e exercendo só a sua inteligência.


Assim, tenho de recordar José Ortega y Gasset, para quem quando a paixão invade as multidões, é crime de lesa-pensamento o pensador falar.
Porque para falar tem que mentir. E o homem que aparece antes de mais entregue ao exercício intelectual não tem o direito de mentir.


Não, não estou a pensar no Dalai Lama e nos actos de policiamento dos chineses sobre o território Tibetano, sob a soberania de Pequim.
Não vou continuar a dizer que a perestroika, que nos dá lojas de trezentos, jogos olímpicos, comércio, diplomacia, casinos e fundações do Oriente, pode ser interrompida pelos incómodos da glasnot.


Os mil e duzentos metros quadrados do pavilhão bem ginasticado não são um salão do Portugal dos Pequeninos, onde se prometia a baixa dos impostos, a redução das prestações sociais, o aumento da carga fiscal. Abaixo os sindicalistas, os funcionários públicos, os professores, os magistrados, os farmacêuticos, os médicos, os notários, os enfermeiros. Estamos contra todos, mas não estaremos contra todos ao mesmo tempo, nem deixaremos de comprimir os chamados direitos adquiridos.

Prefiro convidar os portugueses a espreitar para o hall da minha casinha, que não foi desenhada quando eu apenas era desenhador na autarquia da Serra da Estrela.
Esqueçam o espelho com moldura dourada, esqueçam que não vos apresentei os meus pais, os meus filhos e a minha namorada, como fez o outro.
Nem sequer vos convido para se sentarem no sofá da sala.
Apenas uma biquinha no café da esquina, que os meus assessores de comunicação hão-de pagar.


Não estou para aturar intelectuais que não aceitam reconhecer o Pinto Ribeiro como nomeador, os tais que recordam os actos de tirania dos mitificados príncipes perfeitos e que continuam a dizer que as luzes da iluminação especulativa não devem assentar na rotina do despotismo.
O Charrua que se lixe.
A tipa de Vieira do Minho que se esqueça, o Balbino que gaste o dinheirinho com o Zé Maria Martins.
Um reformador como deve ser pode continuar a ter os muitos pés de barro dos muitos directores-regionais do Norte e do Sul, essses aparelhismos verbeteiros dos micro-autoritarismos sub-estatais, com direito a advogado e a avençado pago pelas verbas do orçamento de Estado contra os protestantes, huguenotes e quejandos.


Qualquer João Figueiredo sabe para que servem as meras rodas dentadas do anónimo mecanismo do Leviathan e do PRACE.
O Estado é isto, meus senhores, a abstracção de um discurso de estadão, no tempo da folle du logis e da teledemocracia.
Os indivíduos, infelizmente, são meros elementos fungíveis de uma tabela estatística que suporta as regras das sondagens e dos estudos de opinião pública.


Aliás, quanto mais à esquerda se pensa o poder, mais ilusão têm os detentores do mesmo quanto à bondade dos meios que utilizam, dado que se deixam elevar pela altitude dos fins que julgam prosseguir.
Os tais instrumentos ditos inquisitoriais, com excessos ditos purgas, porque os chefes e engenheiros de almas, abrasados pelos fins dos superiores interesses do país, se desleixam das correias de transmissão e das rodas dentadas do Estado-Aparelho.


Se os chefes têm, com eles, a doutrina, nenhuma parcela da força do estadão lhes pode fugir, e todos os opositores que não queiram comer à mesa do orçamento passam à categoria de filhos das trevas.
E este é o país do rigor, da competência, de mais qualidade, de mais qualificações, de modernização, onde, infelizmente, até nos acusam de irmos depressa demais.
Quando o país estava atrasado demais, parado demais, sem compreender a urgência da mudança.
O mundo está a mudar e os país tem de mudar com o mundo.


Nós, chefes, somos a força da modernização, o futuro que precisamos de construir e não somos dos que vão para onde sopra o vento, atrás de qualquer protesto.
Nem sequer somos dos que alimentam a descrença e fomentam o pessimismo, como dizia Marcello Caetano, antes de ser metido na Chaimite. Somos o partido progressista de Portugal.

Temos connosco o Jorge Coelho, que bem sabe fazer oposição à oposição, sem se comprometer com apoios à Maria de Lurdes.
Temos o principie Almeida Santos, que sempre apoiou a Ota por causa das pontes que podem ser dinamitadas por terroristas e que ainda é capaz de juntar cem mil pessoas na rua.


Nós somos o novo estado, o rigor, a modernidade, a Europa, o mundo, a competência, o aborto, a luta contra os berloques na língua, o Lemos de Castelo Branco, o Teixeira dos Santos, o Mariano Gago, o Santos Silva, mesmo que já não sejamos o Campos Cunha, a SEDES, o Freitas do Amaral. E até podemos vir a ser o Vital Moreira, o José Miguel Júdice e o Pedro Mexia.
Somos como sempre fomos, o Costa Cabral, o Fontes Pereira de Melo, o Afonso Costa, o António de Oliveira, o Cavaco Silva, mesmo sem uma ideia de Portugal e sem uma ideia de Europa.
Mesmo sem qualquer ideia de ideias.


Por mim, voltando a Ortega, apenas repito: reivindico inteiramente o direito de me manifestar tal como sou. Ingresso na política, mas sem abandonar um átomo da minha substância...
Reclamo o pleno direito de se fazer uma política poética, filosófica, cordial e alegre.
Outra coisa seria coarctar-me injustamente.


JAM

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sábado, 15 de março de 2008

NEM SALAZAR FARIA MELHOR!


O engenheiro quer tudo afinadinho e a uma só voz, como nos tempos de antigamente.
É a atitude cobarde de uma seita de medrosos e merdosos:



Espera-se que a coisa corra bem e que os militantes, de tão entusiasmados, não desatem a gritar: salazar! salazar! salazar!


L.

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sexta-feira, 14 de março de 2008

O PODER DA "RUA" [ II ]

As impressionantes manifestações registadas
A descida à rua de milhares e milhares de manifestantes irritou alguns articulistas com pigarro, para os quais a existência do facto moral é um anacronismo absurdo.
Um deles, que se diz historiador, chega classificar de ausência da razão as demonstrações de pura repulsa dos professores, cercados pelas imposições precipitadas.

A artigalhada apareceu num matutino fundado para resistir à l’air du temps, e, agora, ideologicamente neoconservador, com assinalável quebra de credibilidade – e de tiragem.

Na verdade, os professores não contestam as avaliações, sim o que lhes subjaz de improviso e de ligeireza.
Os velhos mestres da suspeita estabeleceram as confusões habituais a fim de enxovalhar uma profissão admirável e tão vilipendiada.
O poder da rua foi (tem sido, é) de tal modo persuasivo que o Governo tem vindo a alterar decisões até agora inabaláveis.
É razoável que assim proceda.
A nossa História próxima recente está pontuada de episódios de idêntica natureza, que nobilitam os políticos e engrandecem a substância da democracia.

A imponente manifestação dos cem mil assinalou, de novo, à luz das urgências contemporâneas, a consciência moral de uma população, preocupada com as derivas políticas mas que age impulsionada por motivos cívicos. E quando alguns preopinantes estipendiados e ex-trotsquistas convertidos aos prestígios do capitalismo declamam um anticomunismo protozoário, como justificação das próprias debilidades de carácter, a atoarda já não cola.
O que os obsidia é ver como os ofendidos se revoltam e como a sua revolta os qualifica de indignos de um combate que lhes não pertence.
Afinal, esses ex, que estavam à esquerda de tudo, constituíram-se como ponte de passagem para a organização da sua própria vidinha. E não são tão poucos quanto isso.

A rua foi, no fascismo, a explicação veemente e extremamente corajosa da indignação de um povo, perante um Governo ilegal porque não saído do voto. É uma história exaltante.
Nos dias 5 de Outubro (comemoração da República) e 1.º de Maio (Dia do Trabalhador) grupos de pessoas iam-se juntando, concentrando-se nas praças e nos largos principais das cidades.
Em Lisboa, no Rossio. Fui espectador e até protagonista de alguns episódios dramáticos.
Quando o Rossio apresentava um aspecto significativo, pela quantidade de gente, agentes da PSP e da PIDE/DGS tapavam as ruas circundantes.
Os manifestantes começavam, então, aos gritos de Abaixo o fascismo!, Viva a Liberdade!, Viva a Democracia!
Eram violentamente espancados por polícias à paisana e por legionários espalhados por aqui e por além.
Entendiam, os resistentes, que o acto de estar possuía uma forte componente moral. E era verdade. O antifascismo não representava nenhuma corrente ideológica: era uma posição moral; por isso reuniu republicanos, monárquicos, socialistas, comunistas, anarquistas, católicos.

Contra o delírio histórico, a barreira de homens honrados e livres, independentemente de serem de Direita ou de Esquerda.
O regresso da Democracia, com a II República, advinda do 25 de Abril, recompôs o tecido político, e cada qual foi para o partido que correspondia às suas convicções.
Quando, há tempos, alguém disse que os antifascistas dispunham de excesso de memória histórica, a afirmação estava certa: evocava o horror que se viveu, e que, até hoje, se não restituiu, na sua totalidade, à pedagogia do conhecimento.
Como se fez em França, e está a fazer-se, por exemplo, em Espanha. E a rua foi o local exacto (como, em Democracia, o é também) para a exposição dos nossos desagrados.

Quem tem medo da rua?
Os que desprezam a evidência dos factos.
Aqueles que o decurso da História aponta à execração popular.
A sociedade do silêncio e da traição.
É instrutivo verificar que aqueles dos governantes saídos da abdicação e do perjúrio, outrora inflamados gritadores, deixaram de comemorar, na rua, a data que nos reentregou a liberdade.
Há, nesta gente, uma estranha e doentia mortificação, que a impele ao insulto, à injúria, à mentira e à calúnia.
Claro que, quando saem do Governo, são alojados em lugares seguros com salários chorudos; porém, estão ferrados com a ignomínia e repelidos pelo nojo que causam.

Os jornais dizem que o Governo tem recuado.
Não será a palavra mais rigorosa.
Diria que o Governo tem reflectido melhor e emendado a mão.
As opiniões críticas que se têm registado em alguns jornais, não em todos, em alguns, conseguiram atenuar e, até, abafar, o alarido de comentadores obedientes ao solfejo do suserano.
A rua, na sua trivial realidade, é consequência e concentrado de todas as vozes.
O individualismo teatral sempre foi contrário à vontade de felicidade e ao cuidado de coerência testemunhados por aqueles que não andam na vida com esfuziante leviandade.
Dentro de pouco tempo, esses que tais ajeitar-se-ão às modalidades do momento.
Como na invasão do Iraque, os que a apoiaram já tentam remanejar o que afirmaram. A conivência, neste último caso, atinge territórios malditos. Porque o que aconteceu e acontece no Iraque configura as dimensões dos crimes de guerra.

Num belíssimo verso de um belíssimo poema, Vitorino Nemésio escreveu: A hora do extensível força a possibilidade.
Nada mais certo.
A possibilidade das coisas torna extensível as infinitas possibilidades do nosso querer. E o homem, quando quer, consegue tudo quanto quer.


B.B.

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quinta-feira, 13 de março de 2008

ESTÁ ACONTECER NO MUNICÍPIO DE PONTE DE SOR



Quem são os funcionários

do município de Ponte de Sor




a quem o

presidente Taveira Pinto




quer tirar

impressões digitais

e porquê?



ALGUÉM NOS É CAPAZ DE DIZER?

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A LIBERDADE DA DRE DO ALENTEJO

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quarta-feira, 12 de março de 2008

PELA ORDEM E PELA AUTORIDADE, TODOS AO GRANDE COMÍCIO DE APOIO AO GOVERNO NACIONAL!





Como resposta à contestação e às manifestações, o Partido Socialista marcou para 15 de Março de 2008, no Porto, um grande comício nacional de apoio ao governo.


Daniel Oliveira

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O PASTOR E O LOBO

José Sócrates só foi eleito, recorde-se, primeiro-ministro porque o povo português, cansado do discurso da tanga de Durão Barroso e do combate ao défice de Manuela Ferreira Leite, acreditou no regresso ao paraíso de Guterres pela mão do seu delfim que lhes garantia 150.000 empregos, sem subida de impostos e sem pagamento de taxas moderadoras ou de portagens nas Scuts.

A forma como José Sócrates traiu o povo que o elegeu, esquecendo todas as promessas que lhe fizera, colheu, no entanto, o aplauso unânime de toda a comunicação social que via, em cada cambalhota do primeiro-ministro, um pragmatismo cheio de espírito de missão e de amor à pátria. O país precisava urgentemente de reformas e José Sócrates ia, finalmente, levá-las a cabo. Doesse a quem doesse. E até as suas mentiras, a sua manifesta falta de carácter e o seu autoritarismo doentio eram olhados pelo rebanho como qualidades necessárias ao bom desempenho do pastor.

O rebanho sempre acreditou em homens providenciais. E a fé era tanta que acabou por confundir o lobo com o pastor. Agora, restam-nos apenas, como recordação destes três anos de governação, os nossos ossos porque a carne já os lobos a comeram.

REXISTIR

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3 ANOS DE GOVERNO DE JOSÉ SÓCRATES - ESTÁ TUDO PORREIRO, PÁ!




P.S.

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O PODER DA "RUA"

As impressionantes manifestações registadas nas últimas semanas, e continuadas um pouco por toda a parte, assumem a forma e o conteúdo de um severo depoimento contra o Governo.
Não se trata de turbulências comunistas, como já o disse José Sócrates e, iradamente, o repetiu Augusto Santos Silva, cujas verdades surgem cada vez mais avariadas.
A rua foi a demonstração categórica do desequilíbrio entre quem pensa em termos estatísticos e quem é vítima desse equívoco. E uma vigorosa afirmação de civismo.
Há dias, conversei com Raul Solnado sobre a natureza do Estado e o domínio pelo domínio exercido, repetidamente, pelo Governo, esquecido de que a força da República é a virtude, e a sua fraqueza a soberba. Sobre ser um amigo de há mais de 40 anos, Solnado é homem sábio, de frase pensada e advertida inteligência, com quem apetece discretear. Disse: Gostaríamos de sentir que este Governo tem vontade de transformar e de modernizar o País. Por outro lado, a sua arrogância e autismo quer arrastá-lo para uma democracia musculada, o que é assustador. Eles distanciaram-se de nós.


A tentação de se construir contra o outro destrói o laço social, fonte e apoio do tecido colectivo, assinalado por Solnado como silogismo. E essas regras perturbadoras têm por objectivo limitar a interferência cívica e proteger o autoritarismo governamental. O facto de este Governo dispor de maioria absoluta não significa que actue em absolutismo. Há, manifestamente, ausência de diálogo e um poderoso dispositivo autoritário que liquidam a coexistência de duas sinalizações fundamentais em democracia: a dos governantes e a dos governados.

Perdeu-se de vista o reconhecimento da igualdade, do direito de protesto e do dever de memória.
Este Governo criou uma tensão dramática de tal ordem e um destempero de tal jaez que levaram o primeiro-ministro a afirmar-se indiferente para com a imponente manifestação dos professores, invocando uma razão cuja natureza só poderá ser explicada através da nebulosa em que ele parece viver.


A arrogância é uma deformação moral; o preconceito, uma doença de educação; o desdém, uma chaga de quem se presume superior.
Sócrates criou uma criatura que escapou ao seu controlo.
Não pode mudar: de contrário, deixa de ser quem julga ser. E, sendo-o, na obstinação de quem não tem dúvidas, perde o respeito daqueles para os quais a democracia não existe sem comunicação.


Ao contrário de alguns preopinantes, suponho que, se a ministra da Educação fosse embora, abrir-se-iam as portas ao diálogo.
Porque (é inevitável) irão aparecer novas regras de jogo e outras instâncias de organização que terão em conta as específicas oscilações históricas.

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terça-feira, 11 de março de 2008

É O PS QUE TEMOS?

Para o bem, mas, também, em larga medida, para o mal, o PS de hoje é apenas uma nova versão das características de sempre.

Há uma velha asserção que diz que as instituições têm memória. Contudo, se pensarmos nos partidos portugueses, somos levados a pensar que tal não é verdade. Esta semana temos mais uma prova disso mesmo, desta feita com o PS.

Numa altura em que a contestação de rua assumiu particular intensidade, o PS agendou um comício para o próximo fim-de-semana. Se bem que marcado para assinalar os três anos de Governo, ao fazê-lo coincidir com a manifestação impressionante dos professores, foram dados sinais de que o objectivo é responder à rua com rua. Esta opção não só contraria a história recente do PS, como tem pouco a ver com a identidade do partido.

É sabido que, ao contrário dos seus congéneres europeus, o PS não foi criado de baixo para cima, através de movimentos sociais, mas, pelo contrário, nasceu de cima para baixo, resultando da vontade de elites, muitas delas ligadas às profissões liberais.
Isto deveu-se à existência de uma ditadura que não só proibiu a criação de partidos livres, como reprimiu qualquer forma de organização da sociedade civil não tutelada. O código genético do PS ficaria indelevelmente marcado por este acto fundador. E ficou marcado com aspectos negativos, mas que coexistem também com um legado positivo.

Entre as dimensões mais negativas da ausência de um movimento social organizado da qual emanou o PS, encontra-se o carácter pouco ou nada orgânico da representação de interesses no partido, ao qual estão associados níveis significativos de volatilidade ideológica e de plasticidade programática.

Mas há outra face desta moeda. Ao contrário dos partidos onde o encastramento social é mais forte, o PS, sempre que quis modernizar a sua agenda governativa, encontrou poucos pontos de veto e, no que é mais importante, pôde fazê-lo abrindo-se à sociedade. Não por acaso, os governos socialistas caracterizam-se pela presença de muitos independentes, no que é uma singularidade europeia que se tem revelado instrumental para compensar a fraca representação social do partido. Neste sentido, se dividirmos os partidos de matriz socialista entre mais conservadores (isto é, aqueles que menos se afastaram da sua matriz fundadora) e mais modernizadores (os que mais mudaram), o PS sempre fez parte do segundo grupo.

Este legado explica, em importante medida, que o PS tenha organizado a sua presença no espaço público com autonomia face a alguns dos mecanismos tradicionais dos partidos de massas (por exemplo, os comícios, mas, também, as manifestações de rua).

Com excepção dos anos quentes da transição democrática, o PS nunca utilizou a rua como arma. E nunca o fez porque, realisticamente, não o consegue fazer. Por exemplo, a manifestação que o PCP organizou há um par de semanas em Lisboa, seria impensável para o PS.

Neste contexto, José Sócrates escolheu acentuar o que foi tradicionalmente a marca do PS, em lugar de tentar alterá-la. Aliás, é isto que faz com que não façam sentido as críticas que dizem que este PS é muito diferente do do passado. Para o bem, mas, também, em larga medida, para o mal, o PS de hoje é apenas uma nova versão das características de sempre. Foi assim que o Governo construiu a sua imagem através de uma agenda modernizadora, apoiando-se numa maioria silenciosa, que não se expressa na rua, mas que encontra eco nas sondagens. Enquanto cada grupo profissional reagia à vontade reformadora do executivo, este procurava respaldo no interesse geral. Ainda que isto tivesse ocorrido com fraca capacidade para produzir um sentido global para a sua acção.

É por isso que não pode deixar de ser visto com perplexidade que, no momento de mais intensa contestação à sua acção, o Governo procure responder à rua com rua. O PS nunca foi um partido de massas e essa tendência intensificou-se. A aposta numa resposta de rua, aliás, só pode ser vista como sinal de alguma desorientação estratégica. Algo que este Governo nunca havia revelado e onde reside grande parte do seu potencial eleitoral, designadamente na capacidade de captar votos para além do seu núcleo duro de eleitores. Mas, desde a opção sobre a construção do novo aeroporto e em particular desde a remodelação do ministro da Saúde, há sinais de que o Governo aparenta ter escolhido a opção conservadora por relação à modernizadora. Ora, as mudanças de identidade a meio do percurso não costumam trazer vantagens eleitorais e esquecer a memória partidária muito menos.


P.S.

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MARCHA DA INDIGNAÇÃO [ II ]

A senhora que aparece na imagem, em protesto veemente e de gritos, contra a ministra da Educação e a política do governo socialista, é mulher de António Costa, antigo ministro do mesmo governo, putativo nº 2 do partido e candidato futuro a um cargo de relevo em executivos de pendor socialista.
Aí a vemos a protestar contra a política que supostamente o próprio marido, ajudou a aplicar.
António Costa fez parte da equipa que elaborou o programa do Governo, incluindo o da Educação que agora a própria mulher contesta.
Que se pode dizer disto?
Que António Costa e a mulher não aceitam a política de Educação deste governo?
Que aquele aceita e esta não?
Ainda há uma terceira hipótese:
A de que... se nem em casa, o antigo ministro Costa, consegue convencer a própria mulher da bondade e acerto destas políticas educativas, poderão vir todos os ministros e mais o primeiro deles, para a tv, tentar explicar ao povo a excelência da avaliação proposta para os professores, o estatuto da carreira e a modificação operada que será tudo em vão.
Como de facto, parece ser.
Aliás, não foi a própria ministra, Maria de Lurdes, quem declarou publicamente que compreendia as razões dos protestos dos professores?
Um dia destes, ainda a veremos numa manifestação contra as suas próprias políticas...de estatísticas e quadros sinópticos, com matriz ISCTE.


José




Fotos de Photoman

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ZÉ SÓCRATES PODES FICAR DESCANSADINHO


Antero

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FORAM 100 MIL...

No último sábado teve lugar, em Lisboa, a maior manifestação de sempre de professores contra um Governo.
Foram perto de 100 mil os manifestantes que desceram a Avenida da Liberdade em direcção ao Terreiro do Paço, e neste número, ao que se sabe, estiveram mais de dois terços dos docentes do ensino público básico e secundário.

Já nas semanas anteriores as manifestações de professores tinham sido uma constante de Norte a Sul do País e a luta promete não ficar por aqui.

Tenho para mim que este clima de guerrilha instalado na educação portuguesa era a última coisa de que o país necessitava para que o nosso sistema educativo pudesse progredir e qualificar os portugueses como tão desesperadamente precisamos. Como a literatura científica da especialidade mostra, a qualificação dos recursos humanos de um País é o factor de desenvolvimento sustentado mais importante. Sem uma população qualificada, nunca Portugal conseguirá ser um país da primeira divisão europeia e atingir um grau de desenvolvimento que é, hoje, e cada vez mais, uma miragem.

E, contudo, creio que o Governo até começou bem a sua acção na educação. Dou como exemplos a manutenção das escolas abertas até mais tarde (adequando a abertura dos estabelecimentos ao horário laboral dos pais), a criação de aulas de substituição, a redução de buracos nos horários dos alunos, ou a aprendizagem do inglês para todos a partir do terceiro ano do ensino básico.

Mas estas ideias, simples e positivas, coexistiram com propostas que deixaram (e continuam a deixar) muito a desejar.

Desde logo porque a tão inicialmente propalada (quer pelo primeiro-ministro, quer pela ministra da Educação) cultura de rigor nunca chegou, na verdade, a ser colocada em prática – e a terrível cultura facilitista do eduquês, em vez de ser combatida foi, ao invés, tragicamente reforçada. Quando se devia ter introduzido a realização de exames nacionais no quarto e sexto anos de escolaridade, complementando os já existentes no nono ano, o que sucedeu foi que não só aqueles exames nunca viram a luz do dia, como estes (os do nono ano) foram mais facilitados: hoje, no final do ensino básico, apenas duas disciplinas (Português e Matemática) são avaliadas e as provas globais que existiam em outras disciplinas acabaram? E os exames existentes continuam a não ser comparáveis de ano para ano – pelo que não podem mostrar com fidelidade o progresso dos alunos nem orientar positivamente os estudos. Praticamente todos os estudantes chegam, assim, ao ensino secundário (ao décimo ano) não por mérito seu, mas porque o sistema está montado para que assim aconteça. Não será difícil perspectivar que, uma vez no ensino secundário, estes jovens não progridam como até aí? Está-se, assim, não a formar uma população melhor preparada para abraçar mais tarde uma carreira profissional (como Portugal bem necessitaria), mas apenas a trabalhar para melhorar artificialmente as estatísticas do abandono escolar, mascarando uma situação que continua a ser trágica. Por exemplo, tenho as maiores dúvidas que a introdução do ensino do Inglês no terceiro ano do ensino básico venha a dar frutos? sem um sistema de avaliação rigoroso e exigente. Pois não é já verdade que a Matemática e o Português são disciplinas obrigatórias?... Mas não é por isso que a maior parte dos estudantes atinge nestas disciplinas um conhecimento sequer sofrível (por exemplo, sabe-se que cerca de 30% das crianças terminam o primeiro ciclo do básico sem saberem ler?).

Aliás, se o leitor (ainda) tem dúvidas sobre a cultura facilitista do Governo, basta lembrar-se
1. das Novas Oportunidades, que em muitos casos é um embuste feito à medida para acolher aqueles que, a partir da conclusão do ensino básico, não conseguem ter aproveitamento (e que, com uns mesitos de frequência de aulas – mas sem avaliação –, ganham direito a um diploma? que, assim, claro está, nunca lhes devia ser atribuído;
2. do novo Estatuto do Aluno, que praticamente acaba com as reprovações por faltas, sendo, portanto, um claro convite à ausência das aulas por parte dos alunos, e deixando de lado o desejável caminho da exigência, do rigor e da justiça.

Mas também ao nível dos professores as opções do Governo têm deixado, em minha opinião, muito a desejar.
Primeiro, pelo clima de guerrilha e crispação sempre crescente – para o que muito contribuiu um Estatuto da Carreira Docente que menoriza claramente os professores – e que atingiu, agora, as proporções que se conhecem. No fundo, os professores são, desde há muito, apresentados como os maus da fita.
Quem não se recorda da afirmação da Ministra da Educação, perdi os professores, mas ganhei o País?...
Ora, a batalha da qualificação dos portugueses nunca poderá ser vencida contra os professores.
Nenhum general, por melhor que seja, pode ganhar uma batalha em conflito com os seus soldados?

Mas com as relações entre o Governo e os docentes em deterioração acelerada, entrou em cena a avaliação dos professores. A cereja no topo do bolo, o que fez transbordar o copo. Quero deixar muito claro que sou totalmente favorável à avaliação dos professores (como, afinal, sucede em qualquer outra profissão). Mas, dito isto, como é possível propor-se que os pais intervenham na avaliação dos docentes? Ou que as classificações dos alunos contem para a folha de serviços dos professores que as atribuíram? Ou que o processo de avaliação seja integrado por colegas que claramente não têm competência na área em questão (como, por exemplo, professores de Trabalhos Manuais tomarem parte na avaliação de professores de Português)?...
Não é absurdo, caro leitor?...

Isto para além de o modelo de avaliação proposto não ter sido debatido como podia e devia; ter sido implantado à pressa e sem qualquer tempo experimental; e ser uma enorme teia burocrática, complexa e centralizada que obstaculiza o trabalho dos professores, diminui a autonomia das escolas e impõe a mesma grelha de avaliação para todos os estabelecimentos, independentemente da sua natureza (ensino pré-escolar, básico ou secundário), da sua dimensão (terem poucos ou muitos alunos), de as turmas serem mais ou menos problemáticas?

Porquê esta fúria centralizadora – quando o que se devia era reforçar a autonomia das escolas e dos seus directores (que, depois, responderiam perante o Estado – representado pelo Ministério da Educação – quais empresas perante os seus accionistas) e partilhar com as comunidades locais a sua gestão e orientação, ficando para o Ministério apenas a definição estratégica e o rumo geral a seguir?

Por que razão o modelo de avaliação proposto encontra paralelo com o que se passa na Grécia e se afasta das melhores práticas europeias, comuns quer nos países da Europa Ocidental, do Norte, ou mesmo de Leste, em que o papel do professor é ensinar mais e melhor e não perder tempo com a avaliação de colegas?...

E por que razão a avaliação dos docentes não é proposta à luz de critérios objectivos e comparáveis (e, como tal, inatacáveis) como, por exemplo e entre outros, a realização de exames nacionais que permitiriam aferir os resultados do trabalho dos professores?...

Perante todas estas interrogações, é difícil de perceber a obstinação do Governo e, em especial, do primeiro-ministro e da ministra da Educação em continuar com estas opções.
Menos difícil é entender a manifestação de sábado passado, bem como a contestação que, ao que se sabe, os professores vão prosseguir?
Mas fácil, fácil mesmo de perceber é que, nesta conjuntura, é a educação portuguesa que marca passo.
Contribuindo de forma decisiva para que o país não saia da cepa torta.


M.F.

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segunda-feira, 10 de março de 2008

SAL & AROMAS CONQUISTA TROFÉU DE PRODUTO DO ANO

Através de uma eleição feita por milhares de consumidores, os produtos Sal & Aromas foram galardoados com o Prémio de Marketing Inovação - Eleito Produto do Ano.


Com apenas quatro anos de existência, esta empresa de Ponte de Sor prima pela sua capacidade de inovação e aposta na qualidade dos seus produtos.

Foi no Casino de Lisboa que, a 18 de Fevereiro, Pedro Pranto e Humberto Lobato, sócios gerentes da firma Sal & Aromas receberam o troféu de Produto do Ano, na categoria de Temperos e Condimentos. O evento distinguiu mais de 70 produtos, nas mais diferentes categorias, desde a alimentação, passando pela bricolage e produtos de higiene, entre outros.



Encontrando-se neste momento a desenvolver o canal Horeca (hotéis e restauração), Pedro Pranto conta que a Sal & Aromas foi convidada a apresentar um produto para se candidatar ao Prémio de Marketing e Inovação - Eleito Produto do Ano pelos consumidores. Lançado em França em 1987 e presente em toda a Europa, o Produto do Ano
é a única iniciativa em que o consumidor decide quais são os produtos mais inovadores em cada mercado e categoria. Pedro Pranto revela que os produtos da Sal & Aromas foram competir com uma série de outras empresas internacionais, mas com produção em Portugal. Numa primeira fase, através da Associação Industrial Portuguesa e de outras entidades que fazem a apreciação do produto e elegem aqueles que melhor capacidade têm de apresentação e qualidade e que, posteriormente, vão mesmo para o posto de venda para fazer uma apreciação junto dos consumidores e foi nessa terceira fase que nós chegámos às semi-finais com quatro concorrentes, onde acabámos por ganhar, recorda.

Afirmando que tínhamos muita vontade de ganhar e, por isso, o esforço foi nesse sentido, o sócio gerente afirma que ser eleito Produto do Ano é uma recompensa, uma vez que a empresa tem apenas cerca de quatro anos de mercado. Não há nada mais reconfortante do que poder ver, de alguma forma, que há um reconhecimento e
uma apreciação pelo trabalho que se faz, frisa. Pedro Pranto salienta ainda que Ponte de Sor, apesar de não ter salinas nem mar, tem uma grande tradição na indústria de temperos. Assim, isto nasce um bocado de tentar trazer um produto que nós já tínhamos e trabalhávamos há muitos anos, mas sem valor acrescentado. Tendo como objectivo principal a comercialização de sal, esta empresa retira a sua matéria-prima directamente das costas típicas portuguesas, nomeadamente numa salina que pertence à família e que se encontra no Algarve. Nós estávamos a vender no circuito tradicional do sal (conservas, indústrias cárnicas e o sal de menor qualidade para rações de animais) e sem dúvida que isto é o tentar dar a volta ao prego e tentar acrescentar um pouco mais à empresa e valor acrescentado ao produto, declara Pedro Pranto.



Depois de ter conquistado o Prémio do Ano, a Sal & Aromas foi convidada para participar numa feira em Parma (Itália). Lamentando que, neste momento, não temos condições de responder, porque estamos a desenvolver as embalagens e isso requer uma atenção extrema, o sócio gerente revela que, para o ano vai fazer os possíveis para ingressar neste certame italiano, bem como em Madrid, cidade para a qual a empresa também já foi convidada.

Aposta na qualidade e inovação

A 28 de Abril de 2004 nascia em Ponte de Sor, pela mão de Pedro Pranto e Humberto Lobato, a empresa Sal & Aromas - Indústria e Comércio de Temperos. A empresa surge com uma ideia de tentar enriquecer o circuito e comercialização do sal marinho, um produto desvalorizado comercialmente pelas normas de higiene e segurança alimentar. Pedro Pranto salienta o facto de a família ter umas salinas com um produto puro e certificado e que, comercialmente, não estava a ser favorecido pelo preço. Neste sentido, nasceu a necessidade de tentar enriquecer o produto, aliado ao facto de o sócio ter muita experiência na indústria de temperos e condimentos. Aliou isso ao produto que seria o sal temperado que permite hoje em dia, como as pessoas têm cada vez menos tempo quando chegam a casa, poderem temperar os pratos de uma forma tradicional e com os produtos num único só, explica o sócio.

Pedro Pranto avança que, em conjunto com o seu sócio, tentaram criar uma empresa com uma imagem de inovação e daí uma certa insistência em tentar conseguir um rótulo diferente que chamasse a atenção às pessoas, porque o sal, uma vez misturado com as ervas, aparentemente é todo igual. Neste sentido, tentaram diferenciar-se através das cores, logótipos, recomendação e fim para o qual é utilizado. A Flor de Sal é, por excelência, o produto da gama que a empresa desenvolve, aquele que mais define a sua imagem e, acima de tudo, a sua qualidade. Para além da Flor de Sal, a Sal & Aromas apresenta combinações de sal marinho com as mais variadas ervas aromáticas. Destas junções surge a gama de sal temperado que confere sabores e paladares únicos aos pratos de carne e peixe, bem como sopas, massas e até no tempero de saladas. Pedro Pranto realça ainda o Tempera Tudo Especial Gourmet. Na sua opinião, este é o campeão, porque permite de alguma forma passar por cima dos outros e é preciso ter cuidado porque depois as pessoas podem pensar que compram este e não os outros.

A Sal & Aromas começou por concorre a mercados que já tinham alguma tradição nos temperos, mas não tinham em Flor de Sal, caso do Canadá, Estados Unidos, Holanda e mais tarde o Luxemburgo. Iniciámos com amostras nas feiras e mais tarde degustações para as pessoas e começou a correr bem. Fomos refinando a apresentação e fomo-nos centrando nas vendas e, em determinada altura, começámos a ver que, se calhar, tínhamos que diferenciar, pois a apresentação já não era a mais adequada e já não estávamos a dar o valor acrescentado que queríamos ao produto, revela Pedro Pranto, acrescentando que, em 2006, a empresa começou a modificar as embalagens e os rótulos, porque o produto, sendo sempre o mesmo, a apresentação, para quem não conhece, pode ser susceptível de interpretações várias ou não, depende da linha do supermercado onde estiver colocado. Com a nova apresentação as vendas aumentaram e o canal Gourmet começou a demandar menores quantidades com uma apresentação tradicional que era o vidro. Para o sócio gerente, hoje em dia, já não se justifica utilizar o vidro, porque o preço do transporte varia em função do peso, e uma embalagem de PET é tão digna ou mais do que a de vidro, e para a exportação era muito melhor trabalhar uma embalagem de PET que sofre menos quebras. Pedro Pranto e Humberto Lobato começaram a pensar que deveriam entrar no canal Horeca e, por isso, iniciaram a procura de embalagens com um peso superior, pois não tem sentido pagar uma embalagem pequena quando se necessita maior quantidade. O sócio gerente destaca também o canal Gourmet, para o qual especializam uma embalagem mais pequena, em menor quantidade e melhor apresentação, essencialmente para o estrangeiro, porque é o mercado que o exige. Aeroportos e lojas especializadas em Gourmet são as primeiras a pedir-nos e a empurrar-nos e que, de alguma forma, alentam um bocado o nosso sonho, afirma.

Futuro: nova fábrica e mais postos de trabalho

A Sal & Aromas é uma empresa jovem e dinâmica, sempre na vanguarda da inovação. Consciente de que só apostando na qualidade vai continuar a surpreender o mercado com os seus produtos, Pedro Pranto anuncia que, dentro em breve, serão introduzidos mais quatro aromas. Contando actualmente com pessoas a trabalhar na produção, quatro na comercialização e quatro em administrativos, o sócio gerente revela que, com o nascimento da nova fábrica, dentro de cerca de dois anos, estes números irão para o dobro.


Note-se que a exportação começou por ter um peso muito significativo no início da formação da empresa, porque exista uma apetência maior nos mercados internacionais a este tipo de produto.
Temos vindo a fazer o acompanhamento e as conclusões são que a exportação, que tinham um peso inicial na ordem dos 60 por cento, neste momento tem 40. Isso não significa que tenha diminuído, antes pelo contrário, continua a aumentar, só que o mercado interno começou a acordar para este tipo de coisas e o peso da facturação aumentou muito devido à procura interna, admite Pedro Pranto que considera que este produto é um êxito e funciona. O sócio gerente avança que o volume de negócios aumentou, mas aumentou muito mais o mercado interno, e hoje em dia já se podem encontrar em qualquer tipo de superfície. No exterior, anuncia que há dois ou três projectos que ainda estão numa fase de apreciação interna, pois não se podem divulgar os objectivos porque já se começa a copiar muita coisa.

Neste momento, a Sal & Aromas, que nasceu com capital próprio, já factura, já se vêm alguns números, é muito saudável, e sem endividamentos, manifesta Pedro Pranto. Apesar de ter apostado, no início, em capitais próprios, o sócio gerente acredita que, no futuro, com o aumento da facturação e com a renovação da fábrica, talvez tenhamos de recorrer a capitais alheios.

Produtos

A Sal & Aromas apresenta a Flor de Sal, que é o que se pode considerar um presente raro da natureza, pois é fruto de uma harmoniosa associação entre a água do mar, o sol e o vento. A sua composição, à base de 82 minerais diferentes, apresenta propriedades que, para além de realçarem o sabor dos alimentos, são indispensáveis ao organismo humano. A Flor da Rosa da empresa de Ponte de Sor é recolhida nas salinas típicas da costa portuguesa e aromatizada naturalmente com ervas, temperos e especiarias.
Na gama dos produtos Sal & Aromas, comercializados pela empresa Pimensor, encontram-se ainda várias combinações de sal com diferentes ervas aromáticas conferindo, desta forma, excelentes sabores aos mais diversos pratos de carne, peixe, aves e massas, bem como no tempero de saladas.




Catarina Lopes
Fonte Nova

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TRAPALHADAS DO GOVERNO DE JOSÉ SÓCRATES

Multiplicam-se as trapalhadas do Governo e as situações pouco aceitáveis.

José Sócrates veio dizer agora que a Ministra da Educação fica. Não é surpreendente, porque a contestação dos professores tem a ministra como alvo directo, por ser titular da pasta, mas no fundo a quem a contestação visa é o Governo e este tem um responsável: José Sócrates.

José Sócrates acaba por dizer que quem fica é ele... Pois ...

A problemática é muito mais vasta: O Governo age contra os professores; contra os reformados; contra os doentes - ainda ontem vimos um individuo à espera cerca de uma hora e meia por assistência do INEM, à espera sentado numa rua de Lisboa.Quando o INEM foi chamado pela Polícia Municipal. por se ter sentido mal na via pública,

Há uns dias foi um médico que morreu em Samora Correia esvaído em sangue, quando os bombeiros estavam a 400 metros foi chamada uma ambulância de Almeirim, a cerca de 54 Km!!!

Depois o Governo governa contra os portugueses ,desde a classe média aos mais desfavorecidos.

Para quem governa então o Governo de José Sócrates?

Governará para os funcionários do PS, para os membros dos órgãos do PS?

Lamento esta miséria em que se tornou Portugal!

Não seria bom que José Sócrates pedisse a demissão ao Presidente da República?
José Sócrates já viu para onde leva Portugal?


Então os portugueses não têm o direito a ser felizes e a ter governantes que sejam competentes, que previligiem o interesse nacional?

O Partido Socialista precisa de uma limpeza muito grande.
De ter novas caras, novos dirigentes, formados em gestão pública, com elevada competência.


José Sócrates tem algumas ideias boas, é inegável, em certos aspectos merece consideração, mas no global está a anos luz dos Primeiros Ministros dos outros Países da União Europeia.

José Sócrates não tem o traquejo e a experiência necessárias para governar Portugal.
Pode vir a ter daqui a 4 ou 5 anos, mas agora está desfasado.


Pode não gostar de ouvir, mas é a realidade.
No Governo há pessoas com competência.
Há bons elementos ,mas um governo não vive de meia dúzia de pessoas competentes , têm de ser todas o que não é o caso.


José Sócrates começou mal quando disse que a política portuguesa iria ser Espanha/Espanha/Espanha e agora quando disse que Zapatero é o seu melhor amigo!!!

O Governo perdeu a legitimidade, deve ir embora.
Perdeu a confiança dos portugueses pelo que a propaganda do Governo não passa disso mesmo, e, nós portugueses, merecemos mais.


Merecemos um Primeiro Ministro que goste de fado o que não e o caso de José Sócrates, o que é tão pouco natural como o Primeiro Ministro de Espanha não gostar de flamengo!

E a ignomínia é que José Sócrates pensou com esse desamor ao fado mostrava modernidade!

Só que quem não gosta do que é característico de um Povo não lhe pertence!


José Martins

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