quarta-feira, 30 de junho de 2010

VAI, VAI, LINDO?

Um estudo do ISCTE revela que 20% de portugueses vivem abaixo do limiar de pobreza e que isso só não acontece a outros 20% porque as ajudas do Estado ainda os vão mantendo à tona.

Mais: 31% das famílias estão no escalão logo acima do da pobreza, à bica para se tornarem também pobres; 21% vivem no limite, sem margem para qualquer despesa inesperada; e 12% não conseguem sequer comprar os medicamentos de que precisam. E, no entanto, mesmo dizendo-se desconfiados, esses portugueses consideram-se felizes.

Um outro estudo divulgado no mesmo dia, agora do Ministério do Trabalho, talvez ajude a perceber a sempre tão cantada e portuguesíssima alegria da pobreza: a população com baixas qualificações intelectuais e culturais representa entre nós mais de dois terços (69,1%) da população activa total, o triplo da média da UE.

Ou seja, o desconfiado e feliz bom povo português estará, em termos culturais, algures a meio caminho entre o homem natural de Rousseau e o de Hobbes. Talvez aconteça, pois, que seja infeliz, pelo menos de vez em quando como Alberto Caeiro; só que, se calhar, não o sabe.


M.A.P.

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

AH! ASSIM COMPREENDE-SE!

Antero

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A GRANDEZA DO JOSÉ


Havia nele, no que escrevia e dizia, mas, também, na forma como fixava as coisas e os homens, essa espécie de iluminação que diferencia, essa diferença que ilumina.
José Saramago foi um grande português, com duas pátrias amadas: Portugal e Pilar del Rio.
Não há metáfora nesta afirmação.
Pilar era a pátria redesenhada do seu próprio coração; e Portugal o desejo permanente, nunca apaziguado, da linguagem entendida como emoção e conquista.

Um português desta estirpe e desta grandeza jamais seria entendido pelo português minúsculo, sem dimensão e sem mérito - como é o dr. Cavaco. Saramago possuía a medida da pátria.
O dr. Cavaco não dispõe da altura exigida pelas suas funções.
Saramago amava o seu povo porque nos conhecia.
O dr. Cavaco despreza-nos por ignorância.

Ao ausentar-se das cerimónias nacionais ao falecimento do escritor (do grande escritor), dispensou-se de se associar ao respeito colectivo, e expôs-se como uma criatura ressentida, medrosa, escondida, cabisbaixa. Este senhor é o mesmo que recusou uma pensão à viúva de Salgueiro Maia e premiou ex-agentes da PIDE, "por bons serviços prestados à pátria."
É aquele que inventou a existência de escutas em Belém, num dos episódios mais grotescos e farsolas da II República.
É o indivíduo que presidiu ao Ministério responsável pelo impedimento de José Saramago em se candidatar a um prémio literário europeu. Refiro-me, claro!, ao facto de ter silenciado sobre a decisão do subsecretário Sousa Lara, e do secretário Santana Lopes, ambos estes "governantes" da Cultura, em impedirem que o romance "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" fosse, sequer, admitido a concurso.

A nota oficial da Presidência da República, em que se pretende explicar a ausência do Chefe de Estado no velório de José Saramago, é um documento lamentável.
Corresponde, aliás, à ambiguidade e evasivas com que promulgou a lei do casamento de homossexuais.
O dr. Cavaco não enfrenta: evita.

As "explicações" que tartamudeou nos Açores são de molde a revoltar-nos pelo que comportam de divisão social, e pelo que exprimem de incompreensão relativamente ao significado cultural de Saramago, além da hipocrisia e do cinismo de frases como esta: "Não tive o privilégio de conhecer pessoalmente o escritor, embora tenha lido os seus livros." Estamos mesmo a ver o dr. Cavaco, nos tempos livres, sentado num sofá e debruçado nas páginas de qualquer romance do autor.
Estamos mesmo a vê-lo.

É este cavalheiro de pouca estatura intelectual, minguada extensão de estadista, certamente o pior Presidente da República em democracia - é este homem sombrio e tíbio, vingativo e rancoroso que a Direita deseja manter em Belém.

Não há comparação possível, mesmo reclamando-nos de tolerância cristã e piedade sem peias, entre José Saramago e o dr. Cavaco. O primeiro orgulha-nos e enobrece-nos.
Levou o nome da pátria às sete partidas do mundo; pôs-nos a reflectir e exigiu que não nos submetêssemos, que fôssemos homens livres, que rejeitássemos e combatêssemos a servidão.
Nada devemos ao dr. Cavaco, a não ser decepções, arrogância, soberba, trapalhadas culturais.
Nada, neste homem hirto, pouco à vontade, irritadiço, colérico quando contrariado, o recomenda ao nosso respeito, consideração e estima.

E poucos gostam dele, inclusive os da sua área ideológica, se é que ele sabe, em rigor, o que isso significa.
O dr. Cavaco é um embaraço para os seus correligionários, e um pesadelo para os que admitem a democracia como uma instância de sabedoria, de compreensão, de complacência e de liberdade livre.

José Saramago esteve sempre onde devia estar.
O dr. Cavaco está a mais onde está.

APOSTILA 1. - Há uns anos largos, num programa de Margarida Marante, na SIC, foi apresentado um encontro aparentemente imponderável: D. Manuel Clemente, então reitor do Seminário dos Olivais, e José Saramago, já então muito conhecido e muito polémico. Foi um diálogo inesquecível. D. Manuel Clemente conhecia a obra do escritor, e este demonstrou uma atenção muito grande por tudo quanto o seu interlocutor dizia, sobretudo pelas interrogações sobre Deus e a religião que lhe formulava. Dois homens cultos, que se respeitavam e que expunham aos telespectadores uma forte dignidade nas suas opções essenciais e uma impecável decência nas suas interpelações e propostas. Ainda esperei que alguém, nos jornais e nas televisões, se lembrasse do acontecimento, e solicitasse a D. Manuel Clemente um depoimento, um artigo, um comentário sobre Saramago. Porém, a memória das Redacções parece estar irremediavelmente perdida. Na ausência desta grande figura da Igreja, perdemos todos, certamente, uma bela demonstração de pedagogia e de cultura. Paciência.

APOSTILA 2. - A hierarquia da Igreja Católica Portuguesa distanciou-se do Vaticano e do seu órgão, "L'Osservatore Romano", que, num artigo inconcebível, cobriu José Saramago de injúrias. Uma vergonha à qual os bispos portugueses recusaram associar-se, mantendo uma elevação moral que merece aplauso. Como aplauso merecem os padres Carreira das Neves e Tolentino de Mendonça pelas declarações que prestaram publicamente.



B.B.

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sábado, 19 de junho de 2010

JOSÉ POR JOSÉ


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sexta-feira, 18 de junho de 2010

NOVO PASSEIO, NOVA VIAGEM DA AGÊNCIA DE VIAGENS CÂMARA MUNICIPAL DE PONTE DE SOR




Viagens da agência de turismo Bugalheira (Câmara Municipal de Ponte de Sôr) continuam.

Hoje lá foi o mano Pinto , um dos papa viagens com a comitiva do eléctrico aos Açores.




É

FARTAR,

VILANAGEM

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JOSÉ SARAMAGO (16 de Novembro de 1922/18 de Junho de 2010)


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sábado, 5 de junho de 2010

1, 2, 3, 4, 5,6, 7, 8, 10º ANO


Quando se pensava que já estavam quase esgotadas as ideias pseudo-milagrosas deste Ministério da Educação, eis que surgiu mais uma: a passagem de um aluno do 8º para o 10º ano mediante certas condições.

Duas notas importantes que há a reter:

1. Esta passagem do 8º para o 10º ano não é um dois em um, mas um dois em… zero. Isto porque esta oportunidade é dada nada mais, nada menos, que aos alunos do 8º que ficam retidos. Ou seja um aluno que no ano seguinte deveria estar a frequentar o 8º ano, passa para o 10º ano. De facto, os malabarismos da “reforma” educativa em curso são dignas de um número de circo…

2. Não é, contudo, uma progressão automática. Para que isto suceda, para que o aluno passe de ano é preciso que o aluno tenha aprovação a TODAS as disciplinas do 9º ano através de provas escritas, seja nos Exames Nacionais de Português e Matemática, seja nos exames de equivalência à frequência das outras disciplinas (que já existem na actualidade, mas para quem frequenta o 9º ano e não faz as disciplinas necessárias)

Vamos então ingenuamente acreditar que é apenas isto e que não há mais nenhum truque na manga. Ou seja, que os exames não vão ter características especiais, não vão ser mais simples e que vai haver uma avaliação verdadeiramente rigorosa, sem directrizes, nem pressões às escolas para que os alunos acabem por passar. Sendo assim, esta medida não é facilitista, é apenas… estúpida. Acreditar que alunos de 15 ou 16 anos, que acabam de reprovar no 8º ano, estão aptos para, no espaço de um mês, terem aprovação a TODAS as disciplinas, incidentes em matérias do 9º (não só, mas principalmente) que eles nem sabem o que são, com realidades e conceitos totalmente desconhecidos, ultrapassa e muito o patamar idílico. É, pelo menos, próprio de uma tutela que, dentro das fronteiras dos seus gabinetes, vive num mundo zen e que não faz a mínima ideia do que são as escolas hoje em dia. Isto já não é propriamente uma novidade, mas fica mais uma forte confirmação.


J.T.

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terça-feira, 1 de junho de 2010

MAIS, DOS MESMOS...

Segundo o Eurostat, o desemprego continuou a subir em Portugal durante o mês de Abril, tendo atingido um novo máximo de 10,8 por cento, depois de ter sido de 10,4 por cento em Janeiro e Fevereiro e de 10,6 por cento em Março.


Não contente com os máximos históricos que o descalabro por si criado vai batendo sucessivamente, e não obstante o ritmo de crescimento do desemprego em Portugal ser muito superior ao da restante União Europeia, após ter escolhido o momento actual como o mais apropriado para cortar na protecção social ao desemprego e arrefecer a economia com o aumento da carga fiscal, o Governo decidiu completar a sua obra com um empurrão ainda mais vigoroso aos números hoje conhecidos celebrando o Dia Mundial da Criança com o anúncio do encerramento de 500 escolas do primeiro ciclo.

Ao largo, o inatacado imaculado Passos Coelho exulta em silêncio patriótico pelo trabalho que lhe é poupado.

O Estado está a encolher sem manchar o seu nome com um pingo sequer das litradas de sangue derramado.


Filipe

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