terça-feira, 9 de julho de 2013

BANDOS


No PSD, os elitistas, próximos de Cavaco, querem eleições legislativas no imediato. Arredados do poder pelo passismo, estão saudosos do acesso aos lugares de topo da administração pública, a que sempre estiveram habituados. Este grupo, liderado por Ferreira Leite, Rui Rio ou Pacheco Pereira, quer substituir Passos Coelho na liderança do partido, mesmo antes de eleições antecipadas. Neste cenário, terão até como aliados os caciques do aparelho mais cavernícola, os detentores dos sindicatos de voto interno. Os dirigentes ligados ao poder autárquico, que aclamaram Passos, serão os primeiros a despedi-lo. Pois não quererão ir a sufrágio nas eleições locais ligados à imagem do primeiro-ministro, à sua impopularidade e aos seus fracassos governativos.
Já no Partido Socialista, é o setor mais basista que quer a antecipação de eleições. O aparelho socialista de Seguro sabe que o equilíbrio interno é frágil e que os socratistas espreitam a primeira brecha para recuperarem o poder. Os herdeiros de Sócrates são hoje – pasme-se! – a elite socialista. Representam as ligações aos grandes negócios e à Banca, com quem o PS viveu em conúbio durante os governos de Sócrates. António Costa, Francisco Assis ou Vieira da Silva não querem eleições para já. São os melhores aliados de Passos Coelho.
Neste xadrez, o CDS hesita. O aliado de Portas será conjunturalmente Passos, num cenário de continuidade da coligação. Mas Seguro também será um bom parceiro, em caso de eleições antecipadas. Depende de quem der mais. O dilema do CDS está entre jogar pelo seguro e manter o enorme poder adquirido. Ou provocar a antecipação de eleições, apoiando Seguro... e arriscar um desaire eleitoral.
Todas estas fações partidárias desprezam os cidadãos que representam. Não passam afinal de bandos de assalto ao poder, que se organizam para aceder a negócios proporcionados pelo estado ou a cargos na administração. 

Como diria Bordalo Pinheiro, transformaram "a política numa porca em que todos querem mamar". 

Paulo Morais

Etiquetas: , , ,

sexta-feira, 5 de julho de 2013

DICIONÁRIO

irrevogável
(latim irrevocabilis, -e)
adj. 2 g.
 1. Que não se pode revogar.
2. Definitivo.
3. Que não torna atrás.

Sinónimo Geral: IRREVOCÁVEL
 
 
 

Etiquetas:

ONDE ISTO ...?



Só não é indecoroso, porque pungente. 
O Governo desmorona-se e Pedro Passos Coelho vai às televisões e diz que não abandona o País. 
Aconselhou os jovens, ainda não há muito tempo, que o melhor que eles tinham a fazer seria emigrar. 
Agora, "daqui não saio, daqui ninguém me tira." 
Não tenho como classificar este insólito. 
Mas é ele, e mais ninguém, o caso e a causa desta baderna. 
Portas lá foi embora, depois de humilhado pela centésima vez. 
Passos não lhe ligava nenhuma, e tomava unilateralmente decisões, quando elas deviam ser bipartidas e negociadas. 
É o que consta; o que não quer dizer que seja verdade.

Verdade é o facto de Passos não estar preparado, cultural, política e intelectualmente, para dirigir o País. 
Não possui estofo de estadista nem condição de dirigente. 
Apercebeu-se das limitações que o enredavam e respaldou-se nos conhecimentos de Vítor Gaspar, que lhe disseram ser o Grande Manitu da "nova" economia. 
Parece que este último é muito conhecido e respeitado "lá fora"; aqui, foi o que se viu.
Falhou na estratégia, no projecto, e nunca conseguiu acertar nos prognósticos e nas "projecções" apresentados aos portugueses. 
Passos, perplexo, não demonstrou o mínimo sinal de apreensão, dizendo sempre, como num estribilho, "estamos no rumo certo." 
O dr. Cavaco aquiescia e apoiava, com uma inconstância que raia a cegueira ou a insanidade.

Os protestos, orgânicos e inorgânicos, multiplicam-se. 
Um povo nas ruas a gritar que está farto desta política de iniquidades e de sofrimento. 
Portas demite-se, num acto sem precedentes, que põe em causa a própria natureza do regime. 
Quando Gaspar diz adeus, Passos designa Maria Luís Albuquerque substituta do ministro. 
Nada teria dito a Portas, cuja opinião era contrária.

Ora bem: quando Passos vai a Belém, para a posse da nova ministra, a farsa atinge registos inauditos. 
O primeiro-ministro já tinha conhecimento da decisão de Portas, e o Governo, portanto, estava ferido de morte. 
Porém, não avisara o dr. Cavaco, como se tudo corresse no melhor dos mundos. 
Consta que o dr. Cavaco estranhou a ausência, na solenidade, dos ministros do CDS. 
Calou-se.

A pouca vergonha e a demência moral atingiram níveis insuspeitados. 
Quem nos acode?

Estamos metidos com gente de escasso carácter e de grandeza amolgada. 
Dizem as notícias que o Presidente vai reunir-se com os parceiros sociais e outros. 
Não se sabe muito bem para quê. 
A não ser que queira, a todo o custo, manter e sustentar Passos Coelho. 
A imprensa, em todo o mundo, desatou à gargalhada e tem ridicularizado a situação portuguesa pelo absurdo que tudo isto abrange. 
A pouca vergonha e a demência moral atingiram níveis insuspeitados. 
Quem nos acode?

B.B.

Etiquetas: , , , , ,