segunda-feira, 23 de novembro de 2009

DIA 23 DE NOVEMBRO - DIA DA FLORESTA AUTÓCTONE

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domingo, 4 de maio de 2008

ENCHE-ME O CORAÇÃO DE TRISTEZA

1. Acompanhado pelo seu incontornável ministro dos Gastos Públicos, Mário Lino, José Sócrates anunciou mais uma obra estruturante para o país: investir cerca de duzentos milhões de euros do Estado para multiplicar por quatro a área do terminal marítimo de contentores de Alcântara, no coração de Lisboa. A obra é um velho sonho do Porto de Lisboa - tapar o rio com contentores ou o que seja para que os lisboetas desfrutem dele o menos possível. E é também um velho sonho da empresa que detém, por concessão, o monopólio do negócio dos contentores no porto de Lisboa: a Liscont, pertencente à Mota-Engil (sim, a de Jorge Coelho). Para servir os interesses da empresa, o Estado vai então gastar dinheiro a dragar o rio e a enterrar o comboio e redesenhar os acessos rodoviários à zona, porque não é brincadeira fazer escoar milhares de contentores diariamente do centro da cidade. Oferece-lhe ainda uma área de luxo para desfrute em exclusivo e a histórica Gare Marítima de Alcântara, com os painéis de Almada, por onde gerações de portugueses partiram para a emigração ou para a Guerra de África e gerações de turistas desembarcaram em busca da cidade debruçada sobre o rio. Mas a Liscont também investe a sua parte: 227 milhões. Condoído do seu esforço, porém, o Governo compensa-a por esse magnânimo gesto, prorrogando-lhe por mais vinte e sete anos, até 2042, o monopólio que detém e que expirava dentro de sete anos.

Portanto, saem dali os paquetes de passageiros que, desde que me lembro, desde que o meu avô me levava a vê-los em criança e eu aos meus filhos, era a única coisa de interesse em Alcântara e uma das coisas que faziam de Lisboa uma cidade diferente. E para onde vão? Vão para onde deviam ir os contentores: para uma extrema da cidade e da frente de rio, para Santa Apolónia. Parece-vos absurdo que se lembrem de pôr os turistas a desembarcar numa ponta desabitada da cidade e os contentores a desembarcarem nas Docas, junto aos Jerónimos e à Torre de Belém? Não, não é absurdo: faz parte de um plano maquiavélico do Porto de Lisboa (mais um), arquitectado passo a passo. Com o abandono da Doca de Passageiros de Alcântara e a sua transferência para Santa Apolónia, onde nenhuma infra-estrutura existe para os acolher, o Porto de Lisboa tem assim uma excelente oportunidade para lançar mãos àquilo de que mais gosta: a construção e especulação imobiliária à beira-rio. A APL propõe-se construir um contínuo de edifícios em Santa Apolónia ocupando uma frente de rio de 600 metros para o novo terminal de passageiros (até se prevê a construção de um hotel, partindo do raciocínio lógico que os turistas, uma vez acostados ao cais, abandonarão os seus camarotes já pagos a bordo para se irem instalar no hotel em frente ao navio...). De modo que, de um só golpe e com a habitual justificação do interesse público para enganar tolos, os engenheiros que nos governam acabam de roubar mais um bom pedaço de rio a Lisboa: 600 metros em Santa Apolónia e outros tantos em Alcântara. Chama-se a isto uma expropriação pública em benefício de interesses particulares.

E, como de costume, quando se trata de dispor da cidade e do rio, com pontes ou terminais de contentores, é Sócrates e a sua equipa do Ministério das Obras Inúteis quem faz a festa e lança os foguetes. Se é que Lisboa tem um presidente de Câmara, mais uma vez ninguém o viu nem ouviu.

2. À falta de outros interessados no assunto e face à suprema nulidade política dos governantes do mundo desenvolvido, é a ONU apenas que parece preocupada com a escalada avassaladora do preço dos alimentos, a acrescentar à da energia. Entregues a si próprios, os mercados e os governos reagem de acordo com a lei do salve-se quem puder, dando um lindo exemplo prático das delícias da globalização: os países exportadores de alimentos fecham as portas de saída para evitar problemas políticos internos; os países exportadores de petróleo recusam-se a intervir no mercado para fazer estancar a subida do crude, empolada artificialmente; e os que não têm petróleo, como a Itália e a Inglaterra, regressam em força ao carvão e que se lixe o aquecimento global, com o incremento da mais poluidora fonte de energia. Assim entramos numa espiral de loucos: a alta do preço do petróleo faz subir o preço dos alimentos e o preço destes o do petróleo; os especuladores da finança e do imobiliário, cuja ganância mergulhou a economia mundial em crise, fogem agora das bolsas para as matérias-primas, como o petróleo, os alimentos e a água, fazendo aumentar ainda mais o seu preço; os países que têm dinheiro mas precisam de energia dedicam-se a comprar terras aos pobres de África e da Ásia para nelas produzir biocombustíveis, a partir dos cereais; menos terras agrícolas, menos comida ainda: aqueles que não têm nem alimentos, nem energia nem terras disponíveis, só podem esperar morrer de inanição - segundo a ONU são trezentos milhões em todo o mundo ameaçados de morrer de fome.

Mas a crise do preço da alimentação é também um momento de ajuste de contas com o passado recente, em países como Portugal. Antes de entrarmos na UE produzíamos mais de metade do que comíamos, tínhamos ainda um mundo rural e agrícola e um país relativamente equilibrado entre o interior e o litoral, a província e as grandes cidades. Mais de duas décadas depois, o que vemos? Produzimos menos de um quarto daquilo que comemos; à força de subsídios, desmantelámos a frota pesqueira e deitámos fora toda uma cultura e saber que demorara gerações infinitas a apurar, passando a importar todo o peixe que vem à mesa; gastámos fortunas a pagar aos agricultores para eles abandonarem os campos ou ficarem sentados a ver em que paravam as modas, sem investir, sem inovar, sem arriscar - até lhes demos uma barragem, a maior da Europa, para eles se distraírem a fazer regadio, já que diziam que as culturas de sequeiro não davam, mas, assim que se viram com a barragem feita, venderam as terras aos espanhóis, agarraram nas mais-valias que os contribuintes lhes tinham facultado e agora só querem regressar ao local do crime para fazer urbanizações turísticas à beira de Alqueva; de caminho, desmantelámos a fileira florestal tradicional, substituindo-a por um oceano de pinheiros e eucaliptos, contribuindo ainda mais para a desertificação e os incêndios de Verão, porque um ex-ministro, hoje muito bem na vida, declarou solenemente que os eucaliptos são o nosso petróleo verde; enfim, como resultado último de toda esta clarividência, gastámos os rios de dinheiros europeus que nos poderiam e deveriam ter garantido a solvabilidade e independência económica para sempre, a construir auto-estradas e duas megacidades onde as pontes e os terminais de transportes de toda a ordem nunca são suficientes para acolher o Portugal que fugiu do interior morto.

Demos cabo do país e não foi por falta de avisos nem por particular estupidez dos governantes. Foi, claramente, para servir os interesses particulares que vegetam perpetuamente à sombra do Estado. Essa clique infecta dos falsos empresários e dos traficantes de influências que sugam toda a riqueza do país.

Não me admira nada que até o presidente da Companhia das Lezírias - uma empresa estatal que ocupa as melhores terras agrícolas de Portugal e que o empresário Américo Amorim tentou há tempos privatizar a seu favor - venha dizer que não pode deixar de aproveitar a oportunidade do futuro aeroporto de Alcochete para se lançar também na especulação imobiliária em parte dos terrenos que lhe cabe administrar. A bem do ordenamento do território, é claro. A sua desfaçatez é um exemplo eloquente das razões pelas quais chegámos a este ponto de desesperança. Mas será que o senhor, ao menos, não lê jornais e não sabe que estamos à beira de uma severa crise alimentar? Será que não lhe explicaram que o objectivo da Companhia das Lezírias é a agricultura e não a especulação turística? Ou achará, como o eng.º Sócrates, que, no futuro vamos todos comer betão e jogar golfe?


Miguel Sousa Tavares

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

PONTE DE SOR COM GABINETE TÉCNICO FLORESTAL

Agência apoia criação de Gabinetes Técnicos Florestais nos concelhos


Os concelhos do distrito de Portalegre passam a ficar dotados com Gabinetes Técnicos Florestais, cujo funcionamento é suportado pela Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais.
Os primeiros protocolos para constituição dos Gabinetes Técnicos Florestais concelhios foram celebrados sexta-feira, no salão nobre do Governo Civil e apadrinhados pelo governador, Cristóvão Crespo, ele próprio directamente empenhado na sua criação.Vários municípios celebraram já o respectivo protocolo com a Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais, representada ao nível máximo pelo seu coordenador, professor doutor Luciano Fernandes Lourenço, que aproveitou a ocasião para dar a conhecer aos representantes de autarquias e outras entidades um trabalho sobre o estudo e fenomenologia dos incêndios, que aconselha a que sejam tomadas algumas decisões.De facto “o município é a base territorial que tem de ter uma resposta mais pronta, caso contrário não funcionam depois as estruturas de âmbito distrital”, declarou o governador civil.


Numa projecção, Luciano Lourenço mostrou a todos os presentes um conjunto de informações sobre os incêndios de Agosto de 2003, em que perante a simultaneidade de sinistro “os dispositivos ficaram sem capacidade de dar resposta face à área ardida – 50 mil hectares só num dia”.Na opinião de Luciano Lourenço, “os Gabinetes Técnicos devem avançar já com o trabalho antes dos Planos Nacionais”.Dos muitos exemplos do que pode ser feitos, há aspectos tão simples e práticos como “gerir o combustível perto dos agregados populacionais”, o que se torna importante “até para libertar os bombeiros para a floresta”, que assim deixam de ter a necessidade de ficar a fazer protecção aos aglomerados populacionais.Assim, uma atribuição dos Gabinetes pode ser a do levantamento exaustivo do território, promoção de correctas políticas florestais, estudo e informação permanente sobre incêndios rurais e meios de combate disponíveis, etc..
Através deste protocolo a Agência comparticipa o funcionamento dos referidos gabinetes em 2 mil euros por mês. No final foi dada a palavra aos presentes no intuito de poderem ser apresentadas questões ou observações, tendo intervindo o vereador Francisco Louro, de Gavião, o vice-presidente da Câmara de Alter, José Reis, o vice-presidente da Câmara de Portalegre, Fernando Biscainho, e o presidente da Câmara de Marvão, Manuel Bugalho, que considerou “a verba insuficiente face ao que é pedido” aos Gabinetes. Em resposta o coordenador da Agência considera que “os 2 mil euros são insuficientes para a grandeza da tarefa mas o protocolo estava negociado”. Todavia no futuro, o cálculo poderá “vir a fazer-se incidir sobre variantes, como por exemplo a área florestal de cada município”, acrescentando no entanto que “o gabinete não vai intervir no combate”, pois tem como “função recolher informação”.Os protocolos foram assinados por representantes de vários municípios, nomeadamente Nisa, Elvas, Alter do Chão, Gavião, Arronches, Portalegre, Marvão, Fronteira, Ponte de Sor, Sousel e Crato, sendo posteriormente celebrados outros que se encontram em preparação.
Diversas entidades marcaram presença nesta cerimónia, como o coordenador Distrital de Socorro, Belo Costa, ou o novo comandante da Brigada Territorial nº.3 da GNR, general Marcos.
in: Jornal Fonte Nova

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