sexta-feira, 3 de agosto de 2007

O GOVERNO ESTÁ A CRIAR UM DESERTO...

O Governo está a criar um deserto e chama-lhe paz.
Para a ministra Isabel Pires de Lima paz é mais do que isso: é o auto-da-fé dos que ousam pensar.
Para ela há uma verdade: o pensamento único.
O seu.
Ou o do pastor que a contratou para ser a guardiã de almas.

O afastamento de Dalila Rodrigues do Museu Nacional de Arte Antiga é o simplex da política da ministra Pires de Lima.
Um bolchevismo cultural onde só há um pensamento (o da elite do Governo) e onde é mais importante ser seguidista do que inovador.
Dalila Rodrigues dizia coisas que a ministra não gostava de ouvir?
Dizia.
Mas que se pode esperar de quem gere um museu (ou um teatro) onde se têm de debater ideias, fórmulas de financiamento ou formas de atrair público?
A cultura não é uma empresa pública de minas ou de portos.
Há afastamentos que são defensáveis.
Neste caso é um verdadeiro atentado à inteligência nacional.
É com gestos destes que se quer atrair massa crítica para o país?
Dalila Rodrigues fez do Museu, contra todos os poderes burocráticos estabelecidos, um exemplo de gestão: fez renascer um local moribundo, no ano passado os visitantes aumentaram mais de 80%, trouxe a Portugal a inexcedível colecção Rau, teve menos fundos estatais mas conseguiu criar ligações fortes ao mecenato.
Qual foi a sua culpa?
Incompetência?
Não: a discordância com o modelo de gestão.
Como antes Pinamonti, no São Carlos, Dalila Rodrigues é mais uma vítima da paz de Isabel Pires de Lima.
Para quem paz é o silêncio dos inocentes que não pensam.


F.S.

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