Confesso que há muito tempo não vinha espreitar este blog, afinal
convínhamos que realmente aqui não se aprende muito, digo isto com
bastante pena e lamento porque como já tive oportunidade de dizer
precisamente neste espaço que é lamentável que num concelho onde a pouca
comunicação social que existe está completamente concionada, pois penso
que estes espaços podiam de certa forma substituir essa lacuna e estar
ao serviço dos cidadãos que livremente querem às vezes expressar
unicamente a sua opinião.
Felizmente que hoje em dia existe as redes
sociais e isso de uma forma ou outra dá mais voz a muitos de nós.
Por isso lamento a má utilização que as pessoas fazem deste blog.
No
entanto e visto que temos aís as eleições autárquicas, pensei que isto
por aqui estivesse a fervilhar, parece que não me enganei, já começou o
role de acusações, o role de ofensas, enfim… mas assim não quero de
deixar de partilhar algumas ideias sobre este momento tão importante na
vida de todos nós.
Passados vinte anos, quase que me apetece dizer
como o atual presidente numa entrevista de campanha, salvo erro, na
anterior campanha passo a citar as suas palavras: Ponte de Sor está
muito melhor que há 50 anos atrás, fim de citação, agora podemos dizer
que Ponte de Sor está melhor que há 20 anos atrás.
Temos piscinas,
pavilhões, estádios, novos edifícios públicos, equipamentos sociais,
culturais, novas políticas de apoio aos mais desfavorecidos, aos idosos,
novos projetos educativos etc, etc, enfim um role de políticas públicas
que certa maneira vieram melhorar a vida das pessoas, isso é inegável.
Mas não será legítimo, nós perguntarmo-nos!
Mas afinal quais os
concelhos em Portugal que não tem esta realidade? Certamente nenhum, o
que quero dizer é que, o que se fez no concelho em vinte anos e não
esquecer em condições completamente privilegiadas, fez-se em todos os
concelhos de Portugal.
Quando digo em condições privilegiadas,
obviamente refiro-me aos fundos estruturais, pois não podemos ignorar
que se não fosse os fundos estruturais não se fazia obra alguma no
país., muito menos estas obras megalómanos, em grande maioria das vezes
sem qualquer equilíbrio de sustentabilidade, rentabilidade e até por
vazes de racionalidade completamente duvidosa.
Portanto os vários
executivos liderados pelo Taveira Pinto, simplesmente seguiram a
corrente de fazer obra, que é o que mais visível e claro o que mais dá
votos no futuro.
Mas será que estamos assim tão melhor hoje do que
há 20 anos atrás?
Eu diria que cosmeticamente sim, mas é só
cosmeticamente, porque as grandes mudanças que o concelho necessita
ultrapassar, vindas ainda do PCP, também não foram conseguidas pelo PS,
com uma enorme agravante, é que o PCP, não teve as condições económicas e
financeiras que o PS teve neste últimos 20 anos.
Que concelho temos
nós ?
Que tipo de cidadãos temos nós a viver no nosso concelho?
Que
sociedade criámos nós, nestas últimas décadas? Que estratégia
implementámos para melhorar o nosso concelho?
Que futuro e esperança nos
reserva o nosso concelho e a nossa região?
Já olharam bem à vossa volta!
Pois bem, então parem um bocadinho e reflitam sobre estas questões.
Eu
vejo uma sociedade fechada em si mesma, amorfa, amordaçada, sem
autonomia, sem espirito crítico, sem determinação, vejo cidadãos
completamente dependentes dos subsídios do estado, da caridade
assistencial da Câmara, vejo uma sociedade morta sem rumo, sem
expetativa de melhorar a sua condição social.
Vejo pessoas a lutarem
com toda as suas forças quase como pedintes de subsídios, de rendas de
casas, de frigoríficos, fogões, de tijolos, de cimento, de cabazes de
natal, enfim de todo tipo de bens e materiais dados pela autarquia como
caridade a que muito pomposamente apelidam de luta contra a pobreza.
Vejo
injustiças gritantes, vejo falta de solidariedade e humanização entre
as pessoas, vejo falta de cultura do mérito e do trabalho, vejo e sinto
corrupção, influências, favorecimentos, clientelismo, compadrio,
desenrascar no mau sentido da palavra.
Vejo as associações
completamente dependentes e amarradas aos subsídios do poder local para
sobreviverem, vejo as empresas cada vez mais pobres sem iniciativa de
inovar, de criar, de prosperar, enfim vejo uma sociedade civil a
definhar todos os dias.
Bem sei que o país no seu todo está com
enormes contrariedades, mas o nosso concelho, a nossa região está numa
situação gravíssima e sem precedentes.
Os indicadores não enganam e
são a melhor prova daquilo que foram as políticas públicas seguidas
nestes últimos 20 anos. Só para dar um exemplo a taxa desemprego: Ponte
de Sor é o décimo sexto (16°) concelho do país com a maior taxa de
desemprego (dados de 2012) com 19,4%, sendo que no feminino ainda é mais
elevado, cerca de 22,8%.
Pois bem, é fácil comprovar estes dados na
rua, não temos industria, não temos comércio não temos turismo, não
temos agricultura, não temos artesanato, enfim não temos força produtiva
de coisa alguma, não fosse alguns serviços, por exemplo banca e
serviços públicos como escolas e claro o maior empregador do concelho, a
Câmara, estávamos de rastos.
É este o nosso cenário, mas isto tem
uma explicação e essa explicação passa muito por não ter havido uma
mudança estrutural da nossa pequena sociedade durante 20 anos.
Pelo
contrário à medida que o PS solidificava as suas maiorias absolutas mais
dependência criava em seu redor. O poder absoluto corrompe e é
duplamente corrompido. Nós por natureza temos medo da mudança porque
isso leva-nos ao desconhecido logo à insegurança, mas é a mudança que
trás desenvolvimento, novas realidades, novas formas de ser e pensar.
As
pessoas, as intuições, as associações do concelho de Ponte de Sor estão
prisioneiras do poder local, foram demasiados anos onde esse poder
manipulou, estrangulou, completamente o oxigénio duma sociedade civil
moderna, que é a liberdade de pensamento, de expressão e escolha de cada
um nós, sem que daí advenha benefícios mas também prejuízos para a
nossa vida pessoal e familiar e profissional.
Todos nós, por uma
razão ou outra estamos condicionados ao poder local que se foi
expandindo e entranhando-se entre as pessoas e as instituições ao longo
destes últimos anos, de uma forma avassaladora e voraz, sempre
silenciosamente que nós nem nos apercebemos o que nos aconteceu.
Ora é o subsídio para a escola dos filhos, ora é a esperança de emprego para nós ou para os nossos familiares, ora é os estágios para os filhos,
ora é os apoios anuais para as associações, enfim uma panóplia de
fatores que nos levam a uma vassalagem a este poder criado e por nós
consentido de modo que de democrático não tem absolutamente nada.
Foi
esta a maior obra conseguida no nosso concelho ao longo destas décadas.
Um concelho totalmente deficitário e dependente do poder instituído,
isto não aconteceu por acaso, quantos mais as sociedades são dependentes
mais difícil é a mudança.
Quando falo de mudança, não me refiro
propriamente às pessoas que estão no poder, refiro-me a uma mudança
estrutural muito mais vasta e abrangente, a mudança de mentalidade, de
cultura, de liberdade, de escolha, de ação, de ser diferente, ousar
pensar diferente.
Esta é a verdadeira mudança que nos pode fazer sair
deste marasmo social e económico em que estamos mergulhados, só assim
poderemos evoluir, não estarmos agarrados ao passado e termos medo do
desconhecido: “Tipo, confio nestas pessoas porque já lá estão há muito
tempo e sei o trabalho que fazem”.
Como sabem que outros irão fazer
um trabalho pior ou melhor? Se nem sequer lhe dão oportunidade de poder
mostrar isso mesmo. A história ensina-nos que os maiores avanços
sociais, deveram-se a fenómenos de mudança, principalmente das mudanças
que referi atrás.
Mais uma vez está na mão do povo encetar passos em
frente com vista à mudança, não sei se assim irá acontecer, mas que é
uma oportunidade todos nós sabemos que sim, ainda que por imposição
legal se verifica uma mudança de rosto, na liderança do grupo de pessoas
que nos governaram durante os últimos 20 anos, atrevo-me a perguntar?
Essa mudança, esse novo ciclo, essa nova liderança, existe mesmo?
Para
mim é obvio que não. Vejo com muita preocupação uma clara falta de
rutura positiva com o passado. Isto não quer dizer, que a atual lista do
partido do poder tenha que se envergonhar do passado e daquilo que foi
feito, pelo contrário muita coisa boa foi com certeza feita, mas era a
oportunidade ideal para iniciar uma nova vida politica no concelho.
A
lista demostra, medo, hipocrisia e até diria mais alguma falta de
respeito pela população do concelho, ou pelo menos a população mais
atenta ao fenómeno politico.
Da análise política que se pode fazer,
depreende-se que existem elementos que certamente continuam na cena
política por se julgar que tem consigo um capital político que não se
pode desperdiçar levando por isso, não haver lugar a novos atores
políticos o que a mim me faz alguma impressão pela negativa.
Alguém
de bom senso, poderá depositar a confiança do seu voto em personagens
políticos que nos últimos anos, pouco mais fizeram que estar debaixo dos
arcos do edifício da Câmara velha, dias inteiros à conversa com os
amigos e afins, quem poderá depositar a confiança do seu voto em
personagens políticas que não fazem mais que andar em almoços e
jantaradas pelas freguesias com os velhotes e colocar fotografias nas
redes sociais, como que uma espécie angariação manipulada de votos.
Tenho
plena consciência que muitos de nós vamos votar, naquilo que sempre
votamos, ainda não chegamos ao estádio humanizado mais evoluído da
liberdade de escolha, sem que estejamos intoxicados por fatores
manipuladores que nos levam inconscientemente a fazer essa escolha,
(veja-se a ética vergonhosa das inaugurações em tempo de eleições).
Mas de uma coisa tenho a certeza não é com cosmética politica, que vamos
mudar o rumo em que nos encontramos, é com ideias, é com envolvimento, é
com dinamismo, é com inovação, é com vontade de fazer sem ter
subjacente um interesse por trás, é com persistência e relacionamento
com todas as instituições e coletividades do concelho e da região, não
podemos estar sós, porque somos muitos bons sozinhos.
Para dar um
exemplo do que digo, alguém sabe o que fez a Câmara Municipal nestes
últimos 20 anos para melhorar as vias rodoviárias que atravessam o
concelho?
Bem sei que não é da competência dos Municípios fazer estradas
nacionais, mas é competência dos municípios fazer pressão sobre as
entidades governamentais, para que essas mesmas rodovias possam a vir a
ser uma realidade.
Este é um fator é um fator determinante para o
desenvolvimento duma região e dum concelho.
O que fez a Câmara
Municipal em prol do IC9 (O IC 9 é um itinerário complementar de
Portugal que, quando concluído, ligará Nazaré a Ponte de Sôr1 numa
extensão aproximada de 104 km.
É uma via ainda em construção - só o
troço Nazaré/Alcobaça/N 1 e os troços entre Porto de Mós (junto a Porto
de Mós, Fátima, Alburitel,Ourém) e o IC 3 em Tomar se encontram
concluídos.
À parte dos troços já referidos existe ainda um outro
troço do IC 9 não construído que não deverá ficar directamente ligado
aos restantes.
Trata-se do troço entre Abrantes e Ponte de Sôr, de 35
km, que se encontra suspenso, visto a concessão Ribatejo, onde estava
integrado, ter sido suspensa no início de 2010.
A ligação entre Tomar e
Abrantes não deverá ser executada devido à complexidade da obra, que
teria que atravessar em viaduto a Barragem de Castelo de Bode.
O
perfil transversal tipo do IC 9 será globalmente de 2+2 vias nos nós de
ligação e de 1+1 nos restantes lanços, sendo acrescentada uma via para
ultrapassagem nas zonas de elevada inclinação.
O troço já construído a
norte de Tomar conta ainda com cerca de 5 km em perfil de auto-estrada
Estado dos Troços
Troço Estado (04/2012) km
Nazaré - São Vicente de Aljubarrota ( N 1 )
Em serviço (04/2012)
(Concessão: Litoral Oeste) 17,1
Porto de Mós ( N 1 ) - Fátima
Em serviço (04/2012)
(Concessão: Litoral Oeste) 19,6
Fátima - Alburitel
Em serviço (04/2012)
(Concessão: Litoral Oeste) 20,0
Alburitel - Carregueiros
Em serviço (10/2009)
(Concessão: Litoral Oeste) 4,3
Carregueiros - Tomar ( IC 3 )
Em serviço (05/2008)2
(Concessão: Litoral Oeste) 8,5
Abrantes - Ponte de Sôr
Adjudicação do projecto suspensa devido à crise económica
Estudos concluídos e validados ambientalmente 34,6
Ou
do IC13?
Que eu tenha conhecimento a Câmara não desenvolveu grandes
esforços para contrariar esta triste realidade, é esta mudança que falo,
de entender a política, de fazer politica, de servir o bem comum
através da política.
Quando a população do concelho conseguir
ultrapassar este síndroma de cegueira coletiva, propiciado por um
punhado de pessoas que não fazem mais que um jogo politico pouco honesto
e credível, então tenho a certeza que encontrarão as pessoas certas
para vos melhor governar.
Não tenhais medo do futuro, votem com a
convicção que estão a votar nas pessoas mais capazes mais competentes,
mais honestas e idóneas para melhor servir a causa pública.
Bem hajam.
(comentário deixado no post anterior)
Etiquetas: Câmara Municipal de Ponte de Sor, Concelho de Ponte de Sor, Eleições Autárquicas de 2013