CADA VEZ QUE MANUEL PINHO FALA OU ENTRA MOSCA OU SAI ASNEIRA...
É a bernarda do dia, pois sempre que Manuel Pinho fala ou entra mosca ou sai asneira.
Não é de hoje, é de sempre.
No plano formal, tal deve-se ao facto de Manuel Pinho não dispôr de muito vocabulário, de modo que está circunscrito aos balanços e balancetes que aprendeu no BES e dali não sai; depois é um desastrado nato, na medida em que não consegue distinguir uma avaliação técnica duma declaração política, e o branqueamento feito pelo deputado Vitalino Canas no sentido de atenuar os efeitos daquelas declarações, são a prova disso mesmo: nenhum problema grave, diz.
Em resultado destes dislates, ainda por cima num país que não é uma democracia pluralista como a RPC, Manuel Pinho deveria andar equipado com um mini-semáforo entre a laringe e a testa, de forma a que quando começasse a produzir o enunciado duma declaração lamentável a luz amarela disparasse automáticamente e fizesse disparar uma sirene de molde a avisar Sócrates que nas redondezas teria tempo de evitar a consumação daquelas barbaridades - carregando num botão de controlo remoto que cortaria o pio a Manuel Pinho.
Este seria o dispositivo mais eficiente de controlo de danos que Sócrates poderia implementar a fim de manter sempre Pinho em regime de rédea curta.
Se já não pensou nisso, quando regressar a Lisboa deveria integraressa rúbrica no Plano Tecnológico..
E porquê?
E agora vamos à substância do problema que subjaz a sua lamentável declaração.
Nessa situação política em que um país pequeno procura captar investimentos junto dum imenso país como a China, aquilo que se exige a um responsável político é que ele - não sendo mentiroso também não seja kamikaze, e Pinho - seja intra-muros, seja extra-muros parece concentrar em si ambas as desvantagens em quantidades industriais, fazendo dele aquilo a que já habituou os portugueses: um bronco.
Receio bem que depois desta incursão pelo governo o BES já nem o quererá de volta quando Sócrates o resolver dispensar.
Seria legítimo que Manuel Pinho seduzisse o empresariado chinês, que continua a não respeitar os direitos humanos, a desconhecer os direitos sociais e pensa que o homem só nasceu para trabalhar, empregasse outros conceitos nessa estratégia de sedução empresarial.
Como referir o facto de Portugal ser uma pequena economia europeia e muito aberta, que pode ser criativa e inovadora, adoptar um eficiente design nos seus produtos e um marketing na comercialização dos mesmos, enfim, que os portugueses podem representar uma boa aposta económica para os chineses e que, a prazo, a economia nacional faria o retorno dos investimentos feitos com imensas vantagens para os seus investidores.
Mas Pinho só se lembrou do vector salários baixos, como se os tugas fossem uns mamecos de Cantão disponíveis para trabalhar 18h por dia ganhando uma tuta e meia.
Os mais distraídos que tivessem captado o discursos de Pinho pensariam que se trataria dum ministro do Trabalho de Cabo Verde ou de São Tomé ou mesmo de Moçambique.
Em rigor, uma leitura extensiva das declarações de Manuel Pinho obriga-nos a pensar que vivemos com um sentimento contraditório e conflituoso dentro de nós, dado que podemos alimentar a máquina mundial do sistema capitalista porque somos uma espécie de chineses versão europeia, equipados com um bi-turbo e cabeça de motor rebaixada a fim de fazer a admissão e a explosão mais rápido.
O objectivo, segundo Manuel Pinho, é uma contratualização de investimento estrangeiro por via de mão-de-obra baratucha, pouco refilona e bem adestrada, logo obediente a trabalhar as tais 18 h. per day.
Este pareceu-me ser o modelo de globalização predatória e pelintra eleito por Manuel Pinho quando discursa abroad.
É assim que ele julga que a melhoria de vida dos portugueses se faz no seio da economia global...
A não ser que Pinho e o governo português tenham visto aquilo que mais ninguém ainda viu: é que por cada posto de trabalho de investimento chinês em Portugal o nosso País consiga criar mais dois na China.
Se assim for Manuel Pinho está de parabéns, apesar das calinadas crónicas, se não fôr bem pode Sócrates ir já pensando num substituto que consiga ser ao mesmo tempo um bom técnico de macroeconomia e um político eficiente.
Mas se calhar isso já é pedir muito nos tempos que correm.
Tanto mais que os economistas baseiam o seu optimismo relativamente à globalização e aos postos de trabalho nas teorias comerciais correntes da vantagem comparativa, ao tempo do velhinho Ricardo e Adam Smith.
Tais teorias estabelecem que à medida que os PVD com grandes populações passam a desenvolver actividades que usam uma grande quantidade de mão-de-obra não especializada, os países europeus terão maiores vantagens em actividades que requeiram um uso mais intensivo de capital e operários com um bom nível de preparação.
O problema é que aqueles economistas clássicos já começaram a reconsiderar as suas velhinhas teorias, vq., até os trabalhadores mais especializados nos países avançados (EUA + Europa) poderiam vir a perder face ao desenvolvimento da pujante economia chinesa, a nova fábrica do mundo que cresce cerca de 7 a 10 % ao ano.
Mas duvido que Manuel Pinho tenha equacionado todas estas variáveis quando disse aquelas bacuradas que nele já vão sendo tão crónicas que nem os chineses ligam.
Até agradecem...
Pedro Manuel