PONTE DO SOR
PONTE DO SOR, UM ESPAÇO DE LIBERDADE BANHADO PELO RIO SOR
terça-feira, 29 de abril de 2008
segunda-feira, 28 de abril de 2008
A CRISE INSTALOU-SE E É PARA DURAR!...
A crise instalou-se e a factura já está passada: é para pagar em inflação, em agravamento dos impostos e, ainda pior, com a fome de muitas famílias.
M.
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ESCOLA, AUTORIDADE E HIPOCRISIA
Durante muitos anos, a autoridade dos professores era, em boa verdade, uma autoridade delegada. Para que um aluno obedecesse ou respeitasse o professor, bastava, em regra, a ameaça de chamar o pai. O medo do pai era, pois, suficientemente dissuasor. Além disso, a escola tinha as portas abertas. Quem não se portasse bem, era, pura e simplesmente, expulso da escola.
Acontece que, neste momento, não vale a pena fazer apelo aos pais. Durante os últimos trinta anos, desestruturámos completamente as famílias. Pais, no sentido de um casal que, em conjunto, tem por desígnio educar e criar os filhos, é uma espécie em vias de extinção. Hoje o único cimento da maior parte das famílias são os avós. Não tarda muito que o Estado tenha de assumir por inteiro a responsabilidade de educar as crianças, porque os pais (biológicos e afectivos) são já, na maior parte dos casos, uns indivíduos avulsos que transitam pela vida dos menores sem nunca aí se fixarem.
Por outro lado, a escolaridade obrigatória impede os indesejados de serem atirados para fora do sistema. E os indesejados (uma doença altamente contagiosa) constituem um grupo em crescimento, que detesta a escola, muitos deles não querem sequer lá andar e cujos pais ou são piores do que os filhos ou têm medo dos filhos. Aliás, hoje são já os professores que têm medo que certos filhos chamem os pais e não o contrário. Ora, como é que se lida com esta gente? Estou a falar de jovens até aos 12/13 anos porque, quando eles chegam aos 14 anos, sem qualquer orientação, já só se lá vai com a polícia.
Deviam ser obrigados a fazer trabalho cívico nas escolas, como limpar as casas de banho, etc., sugerem uns, sem explicar como se obriga esta gente a fazer trabalho cívico. Com chicote? Em regime de trabalhos forçados? Ou pede-se-lhes por favor e de joelhos?
A solução para resolver este problema teria de passar necessariamente pela coragem de expulsar da escola todos os alunos que tivessem condutas anti-sociais graves, remetendo-os para escolas especiais criadas para o efeito. A expulsão teria, ainda, o mérito de funcionar como medida disciplinar altamente dissuasora, levando muito jovens a esforçarem-se para não serem tão indesejados. Mas isso seria assim se não vivêssemos numa sociedade que tem por trave mestra a hipocrisia.
Por esta razão, direita e esquerda procuram tornear a questão, cada um a seu modo: a direita, defendendo o cheque-ensino e a liberdade de escolha (ou seja, já que eu não posso expulsar os indesejados da escola do meu filho, então quero ter o direito a escolher a escola do meu filho); a esquerda, defendendo a escola inclusiva, ao mesmo tempo que opta por colocar os seus filhos nos colégios privados.
REXISTIR
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domingo, 27 de abril de 2008
SOCORRO, ELE QUER VOLTAR!
Há uma tese que defende que também Jorge Sampaio achou que o melhor era correr aquela lebre de uma vez por todas, enquanto um PS destroçado pela investigação do caso Casa Pia (nunca saberemos se séria, se politicamente orientada) encontrava tempo e líder para poder resgatar o brinquedo ao PSD. Assim, o poder caiu na rua, que outra coisa não era a sua entrega àquela tropa fandanga de Santana Lopes. E, tal como se esperava, ele fez o que pôde para dar cabo disto em apenas nove meses: deixou o défice em 6,2% e transformou a governação e representação de Portugal num espectáculo tão indigno que o próprio Sampaio teve de se mover, de vergonha. E o resto já se sabe: tentando manter o poder, que lhe caíra nos braços por golpe palaciano, Santana foi forçado a defendê-lo em eleições, onde conduziu uma campanha eleitoral abaixo do limiar mínimo eticamente aceitável e foi despachado com o pior resultado de sempre do PSD - ele, que se gabava de ganhar eleições como ninguém. Contrariando anteriores juras públicas, regressou à Câmara de Lisboa, onde ficou sentado à espera que o tempo passasse, e regressou ao Parlamento, onde Menezes, com medo dele, lhe entregou a liderança parlamentar. Como de costume, andou por aí, ele que nunca soube fazer outra coisa na vida. Passaram apenas dois anos, mas bastaram-lhe dois dias em silêncio (que, para ele, significa uma longa reflexão) e ei-lo que se anuncia de volta para o combate - com a mesma tropa fandanga de sempre. Mais o dr. Jardim e, como se dizia de um presidente americano, com um exército de frases pomposas movendo-se pelo horizonte em busca de uma ideia.
Tudo isto seria apenas trágico-cómico, se não se desse o caso de já termos sobejas provas de que o povo do PSD, primeiro que tudo, quer é que lhe prometam o poder, e só depois é que tem um vago interesse em saber como e para quê. É chão fértil para demagogos de feira. Deve ser por isso, aliás, que se costuma dizer que o PSD é o mais português de todos os partidos.
Miguel Sousa Tavares
Etiquetas: Partido Social Democrata, Pedro Santana Lopes, PPD/PSD
sexta-feira, 25 de abril de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
25 DE ABRIL
Quando, no início dos anos 70, alguns autores tentaram uma renovação do teatro de revista, ele lá estava: É o fim da macacada, primeiro, É Pró Menino e Prá Menina e Tudo a Nu, logo a seguir, foram pedradas no charco da produção teatral desse tempo. Mas, antes e depois disso, as aventuras deste pintor anarco-surrealista decilitrante e indomável foram todas as que possam imaginar-se: lavou pratos na Holanda, foi bolseiro de Beatriz Costa na Academia Grande Chaumière de Paris e pauliteiro de Miranda em digressão pela Turquia, praticou a coreografia do amor de todas as maneiras e nos lugares mais impróprios, meteu-se em brigas – sempre atento e frontal como já não se usa.
O que se segue é uma conversa ao sabor da brisa da noite, numa esplanada de Lisboa, em que o mote abrilista acabou por ser apenas o ponto de partida para uma pequena acção guerrilheira. Uma punitiva, das antigas, que o Mário Alberto não pede licença a ninguém para dizer o que lhe vai na alma, e não é um homem fácil: fala em tons fortes e não teme ser excessivo como os personagens dos seus quadros. Exagera?
Talvez, mas o exagero não é senão uma forma eficaz de realçar a verdade, que é o alimento e a essência da sátira – como explica outro grande mestre do humor, José Vilhena.
Não se espantem, pois, com as respostas eventualmente chocantes da cavaqueira que se segue.
À cautela, e para evitar eventuais danos pelos quais o autor não se responsabiliza, os mais respeitadores da moral de Abril e dos bons costumes de Novembro deverão passar adiante e fazer de conta que não está aqui ninguém...
– Ainda te lembras do 25 de Abril?
– Então não lembro? Foi o dia mais feliz da minha vida!
– E de que é que te lembras mais?
– Eh pá!, tenho saudades daquelas coisas todas com que nós sonhamos, e que se frustaram...
– O que é que foi o 25 de Abril para ti?
– Foi uma grande esperança, um grande triunfo da esquerda, dos gajos como nós, que sempre estivemos na oposição. Mas agora o 25 de Abril é uma coisa amorfa, uma tristeza...
– E por onde é que ele anda?
– Eu acho que está na gaveta, segundo a versão de um político do PS, que foi Presidente da República...
– Esse foi o dr. Mário Soares e o que ele meteu na gaveta foi o socialismo...
– Meteu o socialismo e o 25 de Abril. Era uma época diferente, havia o Carlucci, um revolucionário americano que estava aqui exilado. Ri-te, ri-te...
– Isto está a dar para o torto, já percebi...
– Eu acho que isto está a dar para o direito. Isto é muito engraçado: o professor Freitas do Amaral, correlegionário do Dr. Oliveira Salazar, hoje é um tipo da extrema-esquerda. Isto é o país real, pá! O 25 de Abril... Eu digo-te, agora acho graça. Eu acreditei, e fui um privilegiado. Apareceu o 25 de Abril e gozei, uns dias... Mas agora...
– Foi um sonho lindo que acabou?
– Exactamente. Foi um sonho lindo, como dizia o meu admirado José Mário Branco, homem de grande talento. O Zeca Afonso, hoje, se fosse vivo também estava muito triste. Quem mais é que podia ficar triste? A Natália não, isso era uma burlona, uma aldrabona... Depois diziam que era poetisa. Uma aldrabona, pronto. Poeta era o patrício dela, lá o açoriano, das palavras, o professor...
– Vitorino Nemésio...
– Sim. Era um homem que ninguém sabia se era católico, se era de esquerda... Católico parece que sim. Agora isto está uma pouca-vergonha. Oh, Viriato!, isto agora só lá vai agora com banhos de semicúpios... Ou com pachos de borato de sódio nos colhões: colhão da esquerda, colhão da direita, vira para a esquerda, vira para a direita... Eh, pá!, isto é a realidade política!
– Isso quer dizer que estás desencantado?
– Porra, se estou! Isto foi muito grave, o que se passou! A gente estava à espera, e depois o Otelo... O grande gajo da revolução – chamemos-lhe revolução – foi o Salgueiro Maia, o outro é um charlatão, fez-se prender para ser herói, estás a perceber? Isto está muito mau, acredita! Tu és muito novo, não te dou conselhos, mas hás-de chegar a uma conclusão, daqui por mais dez anos que isto foi uma grande vigarice, o 25 de Abril foi uma grande burla. Olha, tem uma coisa boa: o restaurante lá em cima, no Bairro Alto, a Associação 25 de Abril...
– Quando tu dizes que o 25 de Abril foi uma burla, vamos lá a ver: o 25 de Abril foi um movimento de libertação...
– Eh pá!, de libertação relativa… Acabaram as guerras coloniais, isso tudo. Mas depois… Isto fez jeito à América, ao Salazar...
– O Salazar já tinha morrido...
– Pois, é defunto, mas o espírito dele ainda anda por aqui. Pergunta ao Marcelo Rebelo de Sousa se não anda. O rival do Santana Lopes. Comentaristas...
– Comentaristas sérios, não é?
– Patuscos...
– No 25 de Abril, tu ainda não tinhas cinquenta anos...
– Sim, para aí...
– E entretanto viveste mais trinta, como todos nós. Disso tudo, o que é que ficou?
– Pouca coisa. Vou-te explicar: ficou o triunfo do futebol, dos treinadores, dos balúrdios. O que é que ficou mais? A censura já existe outra vez na imprensa... O que é que ficou mais? Um parlamento amorfo... Olha, é um parlamento que o Camilo Castelo Branco chegava lá e desancava aquilo tudo à paulada! O que é que ficou? Pouca coisa, pá...
– Mas houve uma mudança de mentalidades, apesar de tudo, ou não?
– Havia mentalidades que eram de direita e de repente diziam-se da esquerda...
– Tu foste sempre um libertário, um tipo fora das normas instituídas.
– Procurei estar sempre.
– E, naturalmente, isso reflectiu-se na tua vida pessoal...
– Em relação ao trabalho, por exemplo: eu abandonei o teatro com fortes razões. Evidentemente que o 25 de Abril acabou com a censura, já foi uma grande benesse. Eu tive quadros em revistas do Parque Mayer – não fiz só Parque Mayer, fiz teatro universitário, fiz teatro amador – e a censura cortava, por dá cá aquela palha cortava. Portanto, claro que ganhámos uma liberdade, mas também ganhámos muita estupidez, sabes o que é? Eu vou dar-te um exemplo, deixa-me pensar para não dizer disparates. A televisão, no estado em que está não é melhor nem pior do que a que havia. Uns concursos miseráveis, os mesmos gajos que manobram os concursos, aquela mulher – esqueço-me do nome dela – que faz interrogatórios aos presos que saem da prisão, deves saber como se chama: teve um programa em que entrevistava os presos, tratam-na também por doutora...
– A Júlia Pinheiro?
– Essa, a Júlia Pinheiro. O 25 de Abril também dá Julias Pinheiros, dá Teresas Guilhermes, quem mais?
– Mas também há coisas positivas, ou não?
– Há, isso há. Olha, há um gajo bom, que escreve bem, é um cronista notável... Um gajo que é do Porto, e doente do Futebol Clube do Porto...
– O Miguel Sousa Tavares?
– Sim. É um gajo bom, a gente vê o que ele escreve, vale a pena ler. A sério, é um tipo com tomates. Depois, o que é que há mais? O Partido Comunista, que eu apoio – não sou militante, mas apoio – está muito amorfo. Quer dizer, não é carne nem é peixe, estão para ali...
– Queres tu dizer na tua que o país ficou cinzento…
– Cinzento escuro. Muito escuro!
– E pode mudar de cor?
– Acho muito difícil, a América não o deixa mudar de cor. Tu vês as cores que há na América Latina, os americanos é que mudaram a cor àquilo, eles põem a cor que querem, são uns cabrões! Tu sabes o que é ferrar vacas e bois? Eles põem as estrelinhas da Cat'rina, e está tudo fodido! É verdade! O que se tinha que fazer aqui era, primeiro que tudo, acabar com a América. Não é a América dos índios, percebes tu?, não é a América do partido comunista americano, que existe. Mas a América à maneira do Carlucci, do chewing-gum, das Madonnas... A América ia p'rò caralho, toda! Um tremor de terra na América...
– Mesmo depois do 11 de Setembro?
– O 11 de Setembro foi uma brincadeira... Eu estava na Figueira da Foz, com um amigo meu e teu, o António Macêdo. Estávamos em casa do Lucas Serra, um apartamento que ele nos cedeu, e estávamos ali a preparar um almoço, uns carapaus de escabeche. E o filho do Macêdo telefonou, pai, pai, liga a televisão. Ainda vimos aqueles bombardeamentos, foi uma alegria! Mas foi pouco. Eu acho que a América devia ser toda bombardeada de baixo para cima, de cima para baixo... Norte, Sul, Este e Oeste, tudo!
– Mas, coitados, os americanos não têm culpa...
– Têm. Têm culpa porque são americanos. E só é americano quem quer. Eu sou de Angola. Tu és americano?
– Não...
– Tu és de Ílhavo, a terra do Castrim. Porra!, e eu sou de Angola, eu nunca quis ser americano. Só é americano quem quer.
– Achas que os americanos querem ser americanos?
– Querem. Eles são doidos, têm borbulhas na cara... Casam virgens, aqueles filhos-da-puta, estás a perceber? É um país idiota, analfabeto. Ora, quem tens tu de jeito na América? Os não americanos. Os grandes realizadores de cinema não eram americanos. Americano, naturalizado, foi aquele filho-de-puta, o Elia Kazan, que denunciou a esquerda americana, lembras-te? Eu acho que a América era para experiências nucleares. Com crianças e tudo. E tu dirás: ah, mas se há guerra as crianças morrem. Pois, mas então não se fazem guerras. Eu acho que se fazem as guerras até para matar crianças...
– Aliás, estão a morrer no Iraque...
– Aí é que já fico muito perturbado... Quem está a matar as crianças no Iraque é o sacana do imperialismo americano. Isso é que já me faz dor de dentes...
– Voltemos ao nosso 25 de Abril: o que é que faltou?
– Faltou um acordo, penso eu. O Partido Socialista foi inventado à pressão pelo Willy Brandt e pelo Mário Soares, que ficaram impressionados pela única força concorrente e organizada, que era o Partido Comunista Português... Faltou uma unidade que não houve. Depois seguimos os piores exemplos, até nos slogans – El pueblo unido jamas será vencido – de revoluções falhadas, como a do Chile. E havia aí uns gajos que em vez de gritarem unidade, unidade, diziam humidade, humidade... Tu, que és um tipo muito mais novo do que eu, deves ficar um bocado desiludido com estas minhas atitudes. Mas isto é verdade. E mais tarde chegas lá, tu és um gajo duma esquerda progressista...
– Mas, vamos lá a ver, nem tudo é assim tão mau...
– Não, há gente que eu admiro muito: olha, ao nível do cancioneiro, por exemplo, gosto muito do Fausto, do Zé Mário Branco, do Sérgio... Do Zeca então nem se fala.
– Mas há mais...
– Deixa cá ver... Depois, de mulheres, já viste?, é só merda! Há aí uma Não-sei-quê Veiga, uma gaja roufenha, que não sabe cantar, é uma desgraça! Olha, pronto, é o país real... Eu acho que este país está a precisar de uma chuva de merda, mas não é merda raleira, é uma coisa que rompesse guarda-chuvas, volumétrica...
– Isso é uma grande merda!
– Tu brincas, Viriato, porque ainda és um optimista. Tens fé, esperança e caridade, mas eu não.
– Não estás optimista...
– Não. Só à bomba! Até o Alentejo está morto. Está podre como as espigas de trigo, as papoilas saltitantes que o Piçarra cantava, foi o hino do Glorioso. O que é que a gente há-de dizer mais disto? Isto é um país que só lá vai à pedrada!
– Em todo o caso estás disponível para outro 25 de Abril?
– Ah! Mas desta vez era a sério. Eu juro-te uma coisa: eu não sei nada de armas, mas agora, se me dessem uma, ia logo à caça dos malandros. Palavra de honra! Ia à caça desses gajos, pá! E ainda pode haver um outro 25 de Abril...
– Achas que sim?
– Começa a haver fome, não há habitação, o serviço hospitalar é uma merda, como tu sabes. Se amanhã tens uma gripe, vais ao hospital e dão-te uma aspirina; mas depois apanhas uma pneumonia e estás fodido, já tens que ir aos tubarões! Uma cáfila! Salazaristas. O que é que a gente pode dizer mais deste país?
– Perdeu-se a esperança?
– A esperança, a fé e a caridade. Olha o Benfica: ser benfiquista é ser bom chefe de família. Eu acho que isso não está a resultar muito. O Sporting também tem a mesma filosofia...
– Se calhar até o Porto...
– E o Porto, pois. Mas o Porto é uma instituição, porra! Eu acho que o dr. Pinto da Costa é que dava um bom Presidente da República. Depois do mandato do... Como é que ele se chama?
– Sampaio. Jorge Sampaio.
– Eu acho que o sucessor dele, mas assim já numa linha mais progressista, era o Pinto da Costa.
– Portanto votavas no Pinto da Costa...
– Eu já voto. Quando vou votar, de quatro em quatro anos, eu escrevo lá Pinto da Costa. É um voto inútil, mas merecido. O Pinto da Costa é o grande descobridor, um cientista... Depois dele, há um outro rapaz no desporto que fala muito bem, o Octávio, um gajo de Palmela: um português muito civilizado, nada agressivo... De quem é que a gente pode falar mais?
Viriato Teles
In: Contas à Vida
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quarta-feira, 23 de abril de 2008
O FUTURO É HOJE
A festa acabou. Não terminou, porém, a definição daquilo que possui a faculdade de reavivar o que pretendem fazer-nos esquecer: os sonhos, a teimosia da vontade, a obstinação da esperança. Chamam-lhe utopia, e condenam-na como fautor de destruição do outro e, portanto, de si próprio, em benefício de uma verdade suspeita. A cada um a sua idiossincrasia, as suas possibilidades, a sua área de agir. Pessoalmente, sou incapaz de viver sem palavras, sem livros, sem o ajustamento desses livros e dessas palavras a uma ética que respeite o leitor, para nunca me extraviar do princípio das convicções mútuas.
Apesar de tudo, creio que não há motivos para extensas decepções. Uma releitura do que éramos e do que somos permite verificar as diferenças reais mas, também, as artificiais, registadas na sociedade portuguesa. Desejávamos mais. Esquecêramo-nos, porém, da pesada tutela exercida por uma Igreja extremamente conservadora, que exaltava a tradição e execrava a simples ideia de a questionar; e por uma classe dirigente, composta de cem famílias, que reivindicava privilégios inatacáveis.
O panorama foi muito bem exposto na melhor telenovela portuguesa de sempre: Chuva na Areia, de Luís de Sttau Monteiro, realizada pelo excelente Nuno Teixeira. Seria óptimo que a RTP a reexibisse.
É exacta a afirmação segundo a qual Abril ambicionava fazer da revolução uma máquina social, política e cultural influente. As fragilidades começaram na falta de análise das superestruturas, e no dogmatismo (natural no bulício da época) que contrariou a possibilidade de a "revolução" se compreender a si mesma.
Há um fenómeno que não esgota a claridade emocional eclodida há 34 anos: a renovação de uma bela utopia, revelada no número, cada vez mais elevado, de gente nova, atraída pelos prestígios de uma data feliz.
Venha o que vier, nada justifica o niilismo contido no desencanto. Há uma História que nos pertence, um património moral inesquecível - e um outro país que reaviva o eterno projecto de um outro futuro.
B.B.
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terça-feira, 22 de abril de 2008
ÚLTIMAS: PONTE DE SOR DELPHI ENCERRA: 500 TRABALHADORES PARA O DESEMPREGO [ XV ]
greve para
06 de Maio
A opção pela greve foi tomada, hoje à tarde, durante um plenário dos trabalhadores da fábrica, que deverá encerrar no primeiro trimestre de 2009.
As negociações não avançaram nada, disse hoje à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), José Simões.
Depois da greve, convocada para 06 de Maio, segundo o dirigente sindical, os operários admitem novas paralisações, caso a empresa não avance para negociações sérias com os representantes sindicais dos trabalhadores.
Em causa está o processo negocial entre os representantes da empresa e dos trabalhadores para acordar o valor das indemnizações e outras eventuais compensações pelo fecho da unidade fabril.
Os operários defendem indemnizações de 2,8 salários, enquanto a administração propõe dois salários por cada ano de trabalho.
Os trabalhadores da Delphi já rejeitaram o valor apresentado pela administração, apesar de terem baixado a sua proposta de 3 para 2,8 salários por cada ano de antiguidade.
A administração da multinacional norte-americana tinha subido o montante das indemnizações a atribuir aos trabalhadores de 1,8 para dois salários por cada ano de trabalho.
A fábrica de Ponte de Sor, que emprega 439 operários efectivos, além de cerca de 80 a contrato, produz apoios, mecanismos para portas de correr automatizadas e sistemas de protecção de ocupantes para vários modelos de veículos automóveis.
MLM.
Lusa
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segunda-feira, 21 de abril de 2008
TAVEIRA PINTO SENTA-SE NOVAMENTE NO BANCO DO RÉU
às 16 horas,
no Tribunal de Ponte de Sor
mais uma sessão
de debate instrutório do processo em que
o Presidente da Câmara Municipal de
Ponte de Sôr,
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domingo, 20 de abril de 2008
ELES ESTÃO A REVIVER A INFÂNCIA...
Febre dos cromos invade os cafés de Ponte de Sor
Um adepto está quase a completar a
O mais surpreendente, segundo os dirigentes do clube, é que são mais os pais das crianças a trocar os cromos nos cafés do que os seus filhos nas escolas.
Estou mesmo a terminar, faltam só 13 cromos, regozija-se José Marques, sócio desde pequenino do Eléctrico Futebol Clube. O adepto, de 45 anos, aproveita mesmo a hora de almoço para, enquanto toma um café, puxar da sua algibeira a lista de cromos que lhe faltam para trocar com os amigos.
Não tem sido fácil conseguir completar a caderneta, mas vou acabar.
Entre um café e um digestivo, numa cervejaria de Ponte de Sor, Estêvão Sousa compra mais uma saqueta de cinco cromos com um preço de venda ao público de 50 cêntimos.
Estes já tenho na caderneta, tenho que voltar a tentar amanhã, diz, algo desalentado, o adepto a quem faltam cerca de 20 cromos para terminar a colecção.
A publicidade às cadernetas de cromos, vendidas por cinco euros, está bem exposta nos vários estabelecimentos comerciais da cidade alentejana, que acolheram a iniciativa.
A venda de cadernetas e cromos está acima das expectativas. Miúdos e graúdos aderiram em grande massa a esta colecção, garante Pedro Pranto, proprietário da cervejaria O Barril, uma das casas comerciais que mais cromos vende por dia em Ponte de Sor.
Estamos surpreendidos, afirma Américo Pereira, presidente do Eléctrico Futebol Clube.
O clube mandou fazer 400 cadernetas e cerca de 200 mil cromos, mas a forte afluência dos adeptos à iniciativa está a deixar os pontos de venda sem stock.
NUNO VEIGA
Etiquetas: Eléctrico, Ponte de Sor
sábado, 19 de abril de 2008
"SES"
Infelizmente, reparo que muitos dos que se identificam com a atitude de Menezes, no repúdio dos métodos da politiqueirice, são, agora, tentados a dizer que ele demonstrou não ter jeito para a pulhítica, e que até já sabia onde se iria meter. Apenas acrescento que, nesta encruzilhada, são tantos os ses que a análise corre o risco de não ser capaz de ver o objecto à distância.
Porque ainda não sabemos qual a verdadeira causa da demissão de Luís Filipe. Se foi mesmo uma questão privada, ou íntima. Se foi mesmo porque sentiu direito ao nojo no p'ra mim chega. Se foi mera manobra de maquiavelismo à moda do Norte, para uma posterior vaga de fundo, ou de preparação da candidatura de Pedro, o tal que tão bem sabe encenar ou que em Menezes me parece genuíno.
E os ses prosseguem quanto à eventual alternativa. Se Menezes vai acabar por recandidatar-se. Se Manuela deixa mesmo de ser um D. Sebastião de saias. Se o Rui Rio vai mesmo à luta. Se o Marcelo salta para a garupa do cavalo de poder. Se Pacheco Pereira concretiza em militância o seu corajoso pensamento.
Apenas acrescento o que tenho repetido: PSD e PS são as duas faces da esquerda moderna do Bloco Central que a direita dos interesses vai manipulando, nas teias da sociedade de corte que marca o ritmo da nossa decadência, onde abundam dossiers sobre a vida privada dos principais protagonistas da política profissional que eventualmente podem ser reabertos pelos grandes patrões da comunicação social, onde falta um Berlusconi enxertado em populismo, com o apoio dos pós-fascistas, mas onde falta uma neta de Salazar ou um césar que case com uma Carla Bruni.
Reparo também que os melhores líderes predadores dos nossos PS e PSD emergiram sempre em tempo de vésperas. De Cavaco a rodar o carro a caminho da Figueira da Foz, ou de Sócrates a chegar depois de Ferro Rodrigues. De Barroso a espreitar depois de Nogueira, ou de Guterres a aproveitar o desastre de Sampaio. Quem sempre fica são os Zeca Mendonça, as bases e os jotas, porque os mandantes continuam a querer uma direita que convenha à esquerda, bem como uma esquerda que convenha à direita, para se confirmar o sistema de mandantes, isto é, do que parte e reparte e fica sempre com a melhor parte, quando o jogo precisava de um new deal.
Hoje é o tempo dos senhores Silvas que são do olhanense e querem jogar no boavista. Tal como a política corre o risco de ser marcada pelos discursos de Pinto da Costa e dos jogos imaginativos dos palradores que preparam a substituição do Luís Filipe Vieira, onde, afinal, se fica a saber que o acordo na avaliação dos professores resultou de uma conversa de Carvalho da Silva junto do ministro do trabalho, com o presidente a apadrinhar, à imagem e semelhança do que pode acontecer com o regulamento da Concordata, quando o reitor da Universidade Católica, nas jornadas parlamentares do CDS, reclama tratamento igual ao que o Estado dá à correia sindical do PCP.
Neste sentido, o epifenómeno Menezes é sintomático. A crise é o normal dos anormais da presente infuncionalidade dos nossos principais e pequenos partidos. A actual crise apenas revela, sem mantos diáfanos da ilusão, a verdade da decadência, onde um qualquer senhor Silva pode levar-nos a confundir D. Sebastião com uma mala cheia de dinheiro fresco.
Apenas concluo com aquela eterna observação de Hegel: é nos momentos de crepúsculo que costuma levantar voo a ave da sabedoria. Já foi nos piores momentos da polis ateniense que surgiram as reflexões de Sócrates, Platão e Aristóteles, tal como foi pouco antes de Alcácer-Quibir que Camões e Fernão Mendes Pinto puseram os lusíadas em peregrinação.
Aconselho a todos que mergulhem no pensamento ou que exercitem a criatividade que um empregado de uma agência de publicidade nos legou diante de um interregno psicologicamente semelhante ao dos tempos que passam. Voltem a ler os textos de Pessoa, desliguem a televisão, reparem que, na noite de quinta-feira, Lisboa sofreu a maior chuvada desde 1864, e vão até à barra do Tejo ver nesgas de sol que rompem o nevoeiro. A ave da sabedoria pode transformar-se em esperança, quando nascer um novo dia. Bom fim de semana!
JAM
sexta-feira, 18 de abril de 2008
DELPHI, YAZAKI E AUTORIDADE NACIONAL DA PROTECÇÃO CIVIL
Sugerimos, quer ao Governo, quer à ANPC, que avalie da possibilidade de contratar os bombeiros e outros voluntários que sempre deram o seu melhor ao serviço dos seus semelhantes e que agora necessitam de ajuda.
VERÃO VERDE
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quinta-feira, 17 de abril de 2008
A MINHA GERAÇÃO
O problema está na circunstância de o Estado-Aparelho começar a perder comunhão com o Estado-Comunidade e de todos sofrermos com esse rebaixamento de fins e a consequente confusão de valores e inversão da hierarquia, com os pés na cabeça, a cabeça nos pés e o coração como simples máquina de batidelas e com o corpo todo deixando de ser suporte para a procura do infinito.
Para quê viver por ter de ser, para executar ordens anónimas de um colectivo anónimo ou servir um obedecer?
Porque tempo de espera é tempo de esperança, é tempo de viajar pela distância, tempo de redescobrir quem sou, tempo de não temer quem sou.
Minha geração perdeu-se em crenças e descrença.
E sem vozes que nos congregassem, sem termos raiva nem esperança, cobardes nos fomos perdendo nas sombras longas da invernia.
Agora, os fáceis vencedores, em vingança vão crescendo, arreganhando seu desdém.
E sem versos que nos despertem, eis-nos dispersos, minguando à sombra doentia das montanhas a que subimos no passado.
Minha geração perdeu-se na crença de só haver descrenças.
Feitos folhas sem destino, fomos ao sabor do vento sem norte que nos desse rumo.
Já não sabemos inventar mar nem madrugada nas horas mais amargas.
Já não sabemos suster o peso do sonho, erguer as mãos ao sol, ou saudar o criador.
Por isso, não resistimos à ventania que da rota segura nos desviou.
E há dias que passo a pensar em meu país antigo, em meu país perdido.
E nas trovas vou procurando sinais de nevoeiro que nos livrem dos receios.
Mas as novas desesperam.
Apenas sou um português perdido no presente, sem esperanças no futuro.
Que estas mãos cansadas já não sabem construir catedrais nem caravelas.
Quem traiu o sal das lágrimas de Portugal?
Quem roubou o sonho ao meu povo universal?
Quem fez do meu país ser aquilo que não quis?
Há muitos desses dias antigos de futura saudade, quando as coisas simples da vida ainda tinham sentido e o todo acalentava cada parte.
Os navios sabiam que em suas velas havia voos de pássaro.
Que as cordas nos davam sonhos.
Que os mastros saudavam abstractamente o peso do infinito.
Quando a esfera ainda tinha contornos de esperança.
Quando havia o sonho de procurar um lugar onde, no próprio lugar da pátria.
Porque o mar ainda nos unia.
Porque o mar ainda era princípio de viagem para o outro lado do mar.
Importa, mais uma vez, chegar ao entusiasmo e ao amor só a pensar. Libertar-me dos braços abstractos da tenaz que me limita.
Mesmo que não apeteçam poemas de poetas de génio, consagrados, porque, mais do que substantivos, precisamos de um predicado.
Pode ser que voltemos a ser voz activa, capaz de convocar num só instante, todas as alegrias do passado.
Poder ser que voltemos a ser linha recta que toque em Deus.
JAM
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quarta-feira, 16 de abril de 2008
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Delphi: Operários admitem formas de luta mais rígidas
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LIBERDADE SEM MEDO
Agora o que eu nunca esperei é que se proibissem os alunos de levar o telemóvel para a sala de aula. Mas como dizia Einstein, só há no mundo duas coisas infinitas: o universo e a estupidez humana.
Seguindo o mesmo raciocínio, provavelmente não tardará muito que se comece a defender nas nossas escolas que os alunos sejam algemados às carteiras para não se levantaram sem autorização do professor ou que lhes sejam colocadas uma palas no rosto para não olharem para o lado.
Atribuir a culpa ao telemóvel é não perceber a causa do problema. Fui professor durante vinte e cinco anos. Nunca proibi nenhum aluno de levar telemóveis para a sala de aula, nunca fiz uma participação disciplinar de um aluno e nunca nenhum aluno me faltou ao respeito.
Tenho 1,92 m de altura, sou cinturão negro de karaté, castanho de judo e fui 1º classificado do curso de oficiais milicianos. Ou seja, tenho autoridade. Porque a autoridade não é nada mais nada menos do que ter meios para impor, se necessário for pela força, a ordem na sala de aula. Isto é que é autoridade. E porque os alunos reconheciam que eu tinha meios para impor a ordem, sempre me respeitaram sem que eu tivesse alguma vez tido necessidade de recorrer à força.
É óbvio que uma pessoa de sessenta anos, com 1,60m de altura e 50 Kg de peso também tem o direito a ser professora e de ser respeitada. Mas os alunos têm de saber que aquela mulher também tem meios para impor, se necessário for pela força, a ordem na sala de aula. Só que eles sabem que ela não tem e que se se virarem a ela não há ninguém na escola, professor ou funcionário, que a socorra. Este é que é o problema.
A escola, infelizmente, reflecte hoje uma sociedade cada vez mais refém dos gangs, dos marginais e das máfias, onde ao cidadão cumpridor apenas lhe resta comer e calar. Mas a escola também não pode ter por modelo os regimes autoritários. Só as ditaduras têm medo das novas tecnologias. Pior do que permitir a entrada dos telemóveis na sala de aula é proibir a sua entrada.
A sala de aula deve ser um espaço democrático de liberdade e respeito mútuo. É importante, por isso, que as regras na sala de aula sejam negociadas entre o professor e os alunos e em cada disciplina (as pessoas são diferentes e os alunos têm de se habituar a viver num mundo assim). Mas não basta, obviamente, que os alunos participem na fixação das regras, é necessário, depois, que o professor disponha de meios para as poder impor a quem não as queira cumprir. Ou seja, as regras podem ser negociadas, mas o seu cumprimento já não.
Não sou favorável, obviamente, a que se bata nos alunos. Mas, em situações extremas, sobretudo no ensino básico, não se pode excluir isso até para evitar que os alunos sejam sovados pelos seus colegas. Aliás, o próprio A.S. Neil, defensor das pedagogias não directivas, defendia que a palmada na hora certa era a melhor solução e a que causava menos traumas aos alunos.
Veja-se o caminho onde isto nos está a levar: proibiu-se a bofetada preventiva, porque traumatizava os alunos, e agora tratam-nos como se fossem criminosos, entregando-os e denunciando-os no Ministério Público… Isto, pelos vistos, já não é traumatizante. Hipócritas!
Mais importante do que a autoridade física, é, no entanto, a autoridade moral.
Como pode um país indignar-se com o facto de um aluno não desligar o telemóvel na sala de aula quando, em reuniões de notas, na missa, em conferências e acções de formação, professores, juízes, advogados, médicos, etc. atendem os seus telemóveis, apesar de saberem que os devem ter desligados?
E como pode uma escola castigar um aluno que filmou aquela autêntica palhaçada quando os telejornais exibem todas as noites gravações de teor idêntico para denunciar crimes, guerras, violência (doméstica, na sala de aula, etc), acontecimentos escandalosos ou polémicos, transformando em heróis os repórteres que têm a ousadia de registar o momento?
Sem esquecer que aquela gravação, quer se queira, quer não, foi relevante para retratar e denunciar o estado degradante a que chegou o sistema de ensino em Portugal. E quem denuncia o que tem de ser denunciado não pode ser castigado.
REXISTIR
Etiquetas: Educação
terça-feira, 15 de abril de 2008
SALAZAR E PONTE DE SÔR
Compreende-se a angústia dos trabalhadores. Numa região onde praticamente não há indústria, e onde os serviços se limitam a meia dúzia de restaurantes, lojas e empregos autárquicos, o encerramento de uma multinacional é um drama. Mas uma coisa é compreender a sua angústia; outra é pactuar com disparates. Porque nenhum Governo pode garantir postos de trabalho. Embora meio país e a esmagadora maioria da classe política acredite nesta ideia: ainda no fim-de-semana Luis Filipe Menezes dizia que as regiões do interior não deveriam pagar impostos? (uma teoria que a experiência desmente).
São atitudes como esta que explicam o atraso em que nos encontramos: se quando uma empresa fecha as portas a única coisa para que nos viramos é o Governo, apetece perguntar para que serviu o 25 de Abril?
O dr. Oliveira Salazar, do fundo da sua tumba, deve estar a rir às gargalhadas. Quase 40 anos depois da sua morte, o país continua a pensar dentro do quadro mental que nos deixou. Apesar do 25 de Abril. Apesar da União Europeia. Apesar da abertura de fronteiras?
C.L.
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POBRE PÁTRIA A NOSSA ENTREGUE...A TÃO GRANDE CORJA...
A Economia a divergir da Europa há dez anos.
O fosso entre ricos e pobres a aumentar.
A criminalidade a prosperar.
A Educação transformada numa desgraça nacional.
E, segundo dados revelados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação homóloga a acelerar para os 3,1% no mês de Março, muito longe dos 2,1% que serviram de base às actualizações salariais deste ano.
Tudo se conjuga, pois, para mais um rombo nas depauperadas poupanças da maioria das famílias portuguesas.
Assim, bem pode o primeiro-ministro desfazer-se em proclamações extenuantes de optimismo...
M.
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segunda-feira, 14 de abril de 2008
A VER PASSAR OS AVIÕES!
Até agora, a falta de uma norma europeia deixava a responsabilidade da montagem do modelo MCR-4S da Dyn'Aero (empresa participada da Aleia), fabricado em Ponte de Sor, a cargo dos seus proprietários.
Essa norma [com a designação NPA21] foi entretanto publicada. Agora vamos pedir a certificação do avião e instalar uma linha de montagem na Covilhã, que deverá começar a produção em Junho de 2009, explicou o presidente da empresa, Jean Quiquempoix.
O MCR-4S é um avião de quatro lugares equipado com motor a hélice de 100 cavalos, com uma carga máxima de descolagem de 750 quilos e com preços a partir de 110 mil euros, consoante as configurações.
A produção deverá alcançar as 250 centenas de ultra-ligeiros por ano no prazo máximo de 18 meses, com um volume de negócios a rondar os 32 milhões de euros.
Isto é apenas o início, realçou aquele responsável. A partir de 2011 está prevista a produção de aviões a jacto, integralmente concebidos, construídos e montados na Covilhã, acrescentou.
Nessa altura, o investimento na fábrica da Covilhã pode chegar aos 10 milhões de euros e criar 100 empregos. O primeiro protótipo pode estar no ar já em 2010.
A Aleia vai funcionar num edifício semelhante a um hangar industrial junto ao aeródromo da Covilhã, cuja ocupação foi hoje protocolada entre Jean Quiquempoix e o presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto.
Terá inicialmente 2.000 metros quadrados e irá crescendo à medida do projecto até aos 10.000 metros quadrados, nos primeiros cinco anos.
Carlos Pinto, autarca da Covilhã, acredita que este pode ser um impulso decisivo para criar um cluster ligado à aeronáutica na Covilhã.
Merece ser acarinhado por nós e pelo Governo para que possa dar origem a algo de novo, realçou.
A Aleia vai trabalhar em colaboração com a Universidade da Beira Interior (UBI), para realização de trabalhos de engenharia e captação de finalistas do único curso de aeronáutica do ensino superior público português.
Cerca de 90 por cento da investigação e desenvolvimento em Portugal passa pelas universidades e, além do mais, há muito que apostávamos nesta área. Por isso, esta ligação é uma ligação natural, destacou o reitor da UBI, Santos Silva.
A empresa Aleia nasce da junção de esforços da da Dyn'Aéro, sociedade francesa que concebe aviões ligeiros e que já está presente em Portugal (Ponte de Sor), e da a Equip'Aéro, uma empresa francesa de equipamentos aeronáuticos com sede em Toulouse.
Do lado português, estão incluídas a Spinworks, gabinete português de estudos aeronáuticos sediado em Lisboa, e a Plasdan, empresa portuguesa ligada à indústria de moldes na Marinha Grande.
LFO.
Lusa
Etiquetas: Aeródromo Municipal de Ponte de Sor, Aviões, Covilhã, Dyn'Aéro
OS INIMIGOS DA ESCOLA
Como pode um sindicato representar e defender toda esta gente, quando, é certo, os interesses deste grupo heterogéneo de pessoas são, regra geral, conflituosos?
É óbvio que os sindicatos de professores ao quererem representar toda a gente acabam por não representar ninguém. E não me venham com a velha máxima socialista: «somos todos professores, logo somos todos iguais». O problema é que não somos.
E como toda a gente já se apercebeu (inclusive, os professores), o albergue espanhol em que se transformaram os sindicatos impede-os de serem um parceiro credível em qualquer reforma educativa. Aliás, os sindicatos de professores e as associações de pais foram os principais responsáveis pelo fracasso das últimas reformas educativas (designadamente a de Fraústo da Silva), na medida em que as alterações que impuseram e vieram a ser aceites subverteram e destruíram completamente o espírito da reforma.
Há mais de 15 anos que toda a gente que conhece, por dentro, a realidade da Educação em Portugal sabe que uma das principais causas da degradação do nosso sistema de ensino reside na irracional sobrecarga lectiva dos horários dos alunos. Isso não só contribui decisivamente para o insucesso escolar (na medida em que impede a assimilação das matérias, por falta de tempo, por parte dos alunos com menos capacidades intelectuais ou com pais com menos capacidade económica) como também impossibilita qualquer estratégia de remediação, por não haver espaço disponível para o efeito no horário do aluno.
E já que se gosta tanto de falar da Finlândia, comparem-se os horários dos alunos finlandeses com os horários dos alunos portugueses e o número de disciplinas que cada um tem. Só que, quando se chega aqui, sindicatos, associações de pais e comentadores (também pais), assobiam para o lado e fingem que não percebem.
REXISTIR
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sábado, 12 de abril de 2008
ÚLTIMAS: PONTE DO SOR DELPHI ENCERRA: 500 TRABALHADORES PARA O DESEMPREGO [ XIII ]
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EXPRESSO
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